segunda-feira, 13 de junho de 2016

A seleção triste



por Flávio Sépia 

Está difícil voltar a inflar a bola murcha da seleção. Dunga - agora pendurado no paredão, quase sem a escada - tentou investir em jogadores que não participaram do trágico sete-a-um.  Ontem, contra o Peru, assim como ao enfrentar o Equador (Jamaica não valeu), o time mostrou inicialmente algum avanço, boa movimentação, toques rápidos, mas apenas nos respectivos primeiros tempos de ambas as partidas. E, mesmo assim, com falhas repetitivas no penúltimo passe ou no chute a gol. No segundo tempo dos dois jogos, caiu o padrão de jogo ou as jogadas se repetiram monotonamente, sem mais surpreender o adversário.

O Peru ganhou ontem com um gol de mão, claramente. Mas, se o Brasil tivesse se classificado com um mero empate, isso também seria um vexame.

Se bem que um empate teria poupado o torcedor de assistir àqueles minutos pós-gol do Peru, quando a seleção perdeu-se em campo e lembrou muito o apagão do fatídico sete-a-um.

Em plena campanha das Eliminatórias, onde já não está confortável, a seleção corre o risco de ter que começar tudo do zero. Caso o Dunga caia, quem virá? Saldanha, para chamar as "feras", não há mais. E qualquer outro treinador sem o básico, o tempo para treinar, terá dificuldades em tirar o time do atoleiro que vai enfrentar na estrada para a Rússia 2018.

Outro dia, uma matéria de jornal falava que a seleção tem um "motivador". Fico imaginando, o mesmo e saudoso Saldanha acharia de jogadores que precisam de "motivadores". Caramba, se jogar na seleção não for um motivo forte o suficiente, "motivador" algum vai dar um jeito nessa depressão. Se vários jogadores dessas novas gerações já apelam pra fé quando entram em campo e nada disso tem funcionado, como um mortal comum vai consertar o caos? Tá difícil.

Recorrer ao além ou a "fazedores de cabeça" talvez seja reflexo de um um fato real, este sim, ainda mais preocupante. Muitos dos jovens jogadores brasileiros estão bem nos seus clubes europeus. Bons contratos, títulos, reconhecimento, boas atuações, boa estrutura etc. Convenhamos: para eles, vir dos seus clubes, onde sofrem as críticas e pressões normais, para cair direto no sufoco e na instabilidade da seleção brasileira, atualmente, é como trocar um resort na Riviera por aldeia na Síria.

A mensagem irada que Neymar enviou aos jogadores é um indício desse estado de ânimo. A seleção parece ter se tornado um peso, um fardo. Ao mesmo tempo, é a vitrine que tem sistematicamente mostrado que os jovens craques que atuam em clubes milionários da Europa têm seus dias de vexame. Acho que não tem ninguém feliz com isso.

Em meio a tudo , estranho uma coisa: a Argentina, com ótima geração de jogadores nos últimos anos, não ganhou títulos (é forte candidata a ficar com o caneco dessa Copa América Centenário), mas os hermanos demonstram mais vontade e aparentam ter mais prazer em entrar em campo. Até Messi, que até a Copa de 2014 era visto por muitos torcedores argentinos como não muito vibrante ao vestir a camisa da sua lendária seleção, está se divertindo, e divertindo a audiência, com suas fantásticas exibições.

Na mensagem,o próprio Neymar diz que "ninguém sabe o que vocês sofrem". Se os caras "sofrem" para estar ali, sabe quando vai dar certo? Nunca. Neymar também fala em "orgulho". Acho isso meio "patriótico" demais.

Preferia que os jogadores voltassem a demonstrar o prazer e a alegria de jogar, que tem mais a ver com a arte da bola. Claro que não depende só deles. Só que a atual seleção nem orgulhosa é. Parece apenas triste.

3 comentários:

J.A.Barros disse...

Não vi o 1º tempo do jogo e alguns comentaristas disseram que foi bom. Vi o 2º tempo, e confesso que fiquei triste e decepcionado. O que vi foi a seleção peruana jogar com gana e vontade de vencer. Não deram mais espaço à Seleção brasileira e para ajudar os nossos "craques" pareciam distantes do jogo errando passes de 3 a 4 metros. O Miranda, que é pardo, ficou branco, acho que se encagaçou, como o resto dos jogadores. O gol peruano viria com mão mão ou sem mão, jogando na marcação homem a homem e nos velozes contra-ataques chegaria ao gol da vitoria naturalmente. Quando o Peru fez o gol desliguei a TV e fui deitar cheio de raiva por ver uma Seleção brasileira tão acovardada. Agora fica a pergunta: o Dunga tem culpa deste mais um desastre? Na verdade não entendi porque ele aceitou a voltar a ser técnico da Seleção. Sabe que a Imprensa esoecializada detesta ele, tem raiva dele e mesmo assim ele aceita esse convite? O novo técnico já está encomendado desde o primeiro dia que Dunga voltou a ser técnico: Tite. O técnico tão sonhado e nomeado pelos comentaristas esportivos.

Editor disse...

Vai mudar de treinador e não vai adiantar nada. para treinar só se convocarem mais jogadores que atuam no Brasil e podem fazer isso já que os clubes europeus não liberam. Mano Menezes já foi o queridinho da midia esportiva e deu no desastre que deu. Felipão também.

J.A.Barros disse...

Como estava previsto e encomendado pelos "cronistas" de futebol o técnico da imprensa por fim foi convocado:ninguém nada menos que Tite, técnico do Corintians. Já nomeado e empossado, Tite não irá dirigir a Seleção da Olimpíada. Claro, porque se expor em uma competição que sabe que o Brasil não irá vencer? Vamos esperar e ver o que o Tite poderá fazer de milagroso e montar uma Seleção, primeiro se classificar para a Copa de 2018 na Russia e segundo ganhar a Copa se tornando Hexacampeão. Em sendo o "quindin" dos cronistas do futebol o senhor Tite terá a obrigação de ganhar essa Copa.