por Eli Halfoun
Autores de teledramaturgia vivem repetindo que novelas são obras de ficção e, portanto, a imaginação pode fluir livre, leve e solta, o que acontece com situações consideradas absurdas, se bem que a realidade muitas vezes é bem mais cruel e inacreditável do que a ficção. O telespectador aceita, mas reclama do excesso de situações sem qualquer explicação ou sentido. Talvez por isso a imaginação do público seja muito mais ágil e absurda do que a dos autores: nos últimos dias ouvi de pelo menos três (boatos correm como praga) assíduas espectadoras da novela a mais inacreditável versão sobre a morte do personagem Totó (Tony Ramos) em “Passione”. O que essas espectadoras achem é que Totó não morreu coisa nenhuma: está vivinho da silva e se fez de morto para assim descobrir toda a verdade sobre os assassinatos. Para quem argumenta que as cenas dos tiros assim como a do enterro foram exibidas a resposta da imaginação é imediata e com um argumento interrogativo: todo mundo viu os tiros e o enterro, mas quem viu o corpo no caixão? O público tem o direito de imaginar o que bem entender, mas sem esquecer que esse excesso de imaginação permite que os autores também busquem o que de mais absurdo possa ser inventado para suas obras de ficção. Afinal, novelas são uma mentira em capítulos. Muitas vezes a televisão também.
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