por Gonça
Ontem, o JN mostrou a rede de equipamentos desativada destinada a captar informações para alertas meteorológicos na Serra Fluminense. Poderia, se estivesse operacional, detectar aumento de níveis de rio, formação de temporais, ventos etc. Faltou, segundo a reportagem, uma verba de 900 mil reais para a operação e manutenção anuais do sistema. O dinheiro que não veio para o alerta está inudando, multiplicado por milhões, em forma de salários e uma penca de benefícios, os bolsos de senadores, deputados, vereadores, magistrados, figuras recentemente contemplados com aumentos exorbitantes, e tantos outros integrantes da casta para a qual o povo trabalha e paga impostos. Enquanto milhares de brasileiros choram seus mortos, esses privilegiados de todos os níveis do poder público caem no real, a moeda não a a realidade da vida como ela é para os mortais comuns, como diria Nelson Rodrigues. A tragédia deixa muitas lições. A principal é a união e a solidariedade demonstradas por milhões de brasileiros. Talvez essa união, à margem dos políticos, seja um caminho para botar abaixo essa estrutura viciada que se instalou em instituições que deveriam representar os cidadãos e não às próprias senhorias públicas e suas digníssimas famílias. Outra: o que o eleitor pode fazer diante de um prefeito - e são de vários partidos - que deixa de receber verba federal para contenção de encostas simplesmente porque não apresentou projeto? Ou como reagir àquela autoridade que não deslocou famílias das margens dos rios para não perder votos ou que facilitou a construção de condomínio milionários à custa de desmatamentos? A quem procurar? Os escombros ainda estão à vista, o resgate de corpos continua mas a enxurrada agora é de cinismo. Em um momento bem "oportuno" surge essa vergonhosa questão da pensão vitalícia para ex-governadores. Você acha que tais denúncias envergonharam suas ex-excelências? Longe disso. Ao saber do benefícios, a turma que até hoje não mamava rapidamente entrou com seus pedidos. Mais uma vez, movimento de representantes de vários partidos, sem discriminação. De Pedro Simon a Álvaro Dias. É impossível deixar de destacar este pela surpreendente justificativa. Dias pede R$1,56 milhão (e quivalente a pensão de pouco mais de 24 mil reais mensais e atrasados de cinco anos. Como senador, ela já recebe R$26,7 mil fora os adereços de gabinete, auxílio moradia ou residência funcional, despesas etc. Segundo o Globo de hoje, questionado o tucano declarou: "Acho que o governo usa muito mal um dinheiro que me pertence". A frase diz tudo: eles se sentem os donos da República. O século é o 21 mas o país ainda é do "sinhô", do "dotô", do "patrão"... (Gonça)
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