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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Mercado de luxo do Rio perde dinheiro sujo e entra em crise... E conheça aqui a agência independente de jornalismo investigativo que revelou há seis meses alguns petiscos do menu da corrupção

Reprodução Sportlight
Há quase seis meses, o site de jornalismo investigativo Sportlight, divulgou uma grande reportagem sobre o vertiginoso sucesso de um empresário ligado a Sérgio Cabral e membro destacado do elenco da "Turma do Guardanapo" e da "República de Mangaratiba".

Marco Antonio de Luca, o empresário guardanapeiro,  é um dos proprietários de uma "joia" cravada em plena orla do Leblon: o super quiosque de luxo Riba, uma espécie de point dos coxinhas.

O Riba, que tem mais três filiais, é apenas parte do "império" Luca, do qual fazem parte as empresas de alimentos Masa e Milano, principais fornecedoras de refeições e merendas para a prefeitura e o estado do Rio de Janeiro.

O empresário finalmente caiu na Lava Jato e foi preso na última quinta-feira pela Polícia Federal.

A reportagem do Sportlight era sustentada por documentos, mas, curiosamente, a grande mídia chegou atrasada ao caso que envolve o Riba ou não achou que merecesse espaço. Ponto para o Sportlight que, em janeiro, mostrou o cardápio suspeito do quiosque chique que, ironicamente, tem entre sua clientela muitos dos manifestantes champanhotas que foram para as ruas com a camisa da CBF pedindo o "fim" da corrupção. A investigação prossegue e muita sujeira ainda pode aparecer debaixo dos croquetes.


O Globo publicou ontem matéria sob o título "Efeito Lava-Jato esvazia mercado de luxo do Rio".  A reportagem focaliza restaurantes, especialmente. Mas, além da crise e dos problemas de segurança que afetam o Rio, grande parte do segmento comercial que atende ao chamado topo da pirâmide social entrou em parafuso por um motivo mais relevante: virou chave de cadeia. Acontece que ex-ilustre parcela da população que sustentava o milionário mercado de luxo está mais suja do que valão de esgoto da Baixada. Muitos restaurantes, joalherias, imobiliárias, agências de automóveis, locadoras de helicópteros e jatinhos, representantes comerciais de lanchas e grifes de moda sofisticada acusam, literalmente, o golpe. Conhecidos políticos e empresários, seus clientes, estão presos, investigados ou com contas bloqueadas. A prisão ou o afastamento de muitos corruptos e corruptores abala toda uma cadeia de beneficiários, desde aqueles que auferiam lucros com o superfaturamento de obras e serviços à estrutura comercial que se beneficiava dos esquemas, direta ou indiretamente, na ponta do consumo.
E esse pessoal trambiqueiro carregava no bolso um atrativo a mais para o mercado de luxo: os fulanos corruptos e suas famílias pagavam em dinheiro. Sujo, mas dinheiro.

Em tempo: o jornalismo independente fica devendo essa à Sportlight.
(Para conhecer outras pautas da agência, acesse AQUI)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Revista Alterjor: os novos caminhos do jornalismo independente


Saiu o novo número da revista Alterjor – Jornalismo Popular e Alternativo, publicação semestral do Grupo de Pesquisa da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. O foco é o jornalismo-cidadão e os coletivos de comunicação. A revista discute experiências independentes e práticas jornalísticas realizadas pelos movimentos sociais e populares, além de temas relacionados à mídia em geral.

VOCÊ PODE LER A ALTEJOR CLICANDO AQUI

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Jornalismo independente avança na web


O jornalismo, no Brasil, é notoriamente controlado por meia dúzia de grupos monocórdicos. Como tais clãs influem no direcionamento da publicidade privada e pública, os veículos independentes têm históricas dificuldades para respirar. E não são poucos os que foram, e são, asfixiados .

A Internet abriu um importante campo para a comunicação e a informação plural. Redes sociais e blogs independentes já dão valiosa contribuição ao jornalismo tanto na divulgação do contraditório quanto na publicação de opiniões e reportagens sobre temas frequentemente omitidos pela mídia dominante.

Não por acaso, essa vertente do jornalismo é fortemente combatida pelos grupos monopolistas.

Mas, aos poucos, alguma luz é lançada sobre essa penumbra.

Nos últimos meses, surgiram no Brasil iniciativas de checagem de reportagens e dados. São grupos de jornalistas experientes que montaram sites com o objetivo de passar um rigoroso scanner na veracidade do que é publicado e na legitimidade das fontes que abastecem determinadas apurações.

O crowdfunding (financiamento colaborativo) também dá bons sinais por aqui: estão disponíveis na internet várias reportagens investigativas sobre escândalos ignorados pela grande mídia por comprometer poderosos aliados dos barões da comunicação. Nesses casos, como a ação sugere, o esforço para trazer a público os assuntos "proibidos" é bancado pelos leitores através de contribuições on line.

Há poucos dias, o jornalista Gleen Greenwald lançou o site independente The Intercept Brasil, dedicado a reportagens originais sobre política, economia, questões sociais e culturais.

Greenwald detectou que há um grande interesse no jornalismo alternativo. Fato constatado até por fóruns internacionais. Há menos de três meses, a organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou em seu relatório anual que o Brasil caiu para a 104° posição no ranking de liberdade de imprensa. Parte desse recuo foi atribuído à prática do jornalismo submetido e subjugado a uma agenda política de interesse dos grandes grupos dos "coronéis midiáticos".  Em resumo: para o RSF, os veículos hegemônicos simplesmente espelham, cada um e cada qual, as opiniões e o noticiário sob o mesmo viés e coreografado viés.

Jornalista, escritor e advogado, o britânico Greenwald mora no Rio de Janeiro. Em 2013, foi ele quem tornou públicas no jornal The Guardian as denúncias de Edward Snowden sobre as operações de espionagem do programa secreto de vigilância global dos Estados Unidos. Recentemente, Greenwald desmascarou fraude em interpretação de pesquisa publicada pela Folha de São Paulo. Uma manipulação de dados depois admitida pela ombusdman do jornal.

Em seu texto de apresentação do The Intercept Brasil, Gleen Greenwald conta como vai funcionar o novo site. Leia, abaixo: 

por Gleen Greenwald

Quando começamos a escrever sobre a crise política que assolou o Brasil, não tínhamos a menor ideia do impacto que isso geraria. Mas a reação foi extraordinária. Nossos artigos sobre o Brasil (em inglês e português) têm aparecido entre as matérias mais lidas do The Intercept com frequência e nosso público tem crescido rapidamente.

Ficou claro para nós que há um enorme apetite por formas alternativas de jornalismo no país. Há muito tempo, o quinto país mais populoso do mundo é dominado por um número reduzido de veículos de comunicação, dos quais a grande maioria apoiou o golpe de 1964 e os 21 anos da violenta ditadura de direita que se seguiram. Essas instituições ainda pertencem às mesmas cinco famílias extremamente ricas e poderosas que tiveram um papel central nesse período. Em um país de tamanha diversidade  e pluralidade, esse monopólio resultou em um mercado de comunicação que asfixia a diversidade e a pluralidade de opiniões.

Acreditamos que a sede por um jornalismo mais independente, pluralístico e destemido vai além da crise política pela qual passa o país. Ao simplesmente ignorar grande parte da população, os grandes veículos de comunicação brasileiros mascaram os principais desafios sociais e econômicos presentes, assim como a diversidade de opiniões e movimentos existentes no país.

Mais especificamente, o grupo observou que “de forma pouco velada, a mídia nacional dominante encorajou o povo a ajudar a derrubar a Presidente Dilma Rousseff” e “os jornalistas que trabalham nesses grupos midiáticos estão evidentemente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esses conflitos de interesse permanentes são obviamente prejudiciais à qualidade do jornalismo produzido.”

Embora o Brasil desfrute de um dos conjuntos de jornalistas independentes e blogueiros mais dinâmicos e talentosos do mundo, eles normalmente enfrentam uma carência no apoio institucional necessário para que se atinja um impacto social amplo.

Com o intuito de ajudar a preencher essa lacuna, anunciamos hoje o lançamento do The Intercept Brasil. Para este projeto piloto, reunimos uma excelente equipe de jornalistas e editores brasileiros (conheça nossa equipe aqui) que produzirão matérias originais sobre as questões políticas, econômicas, sociais e culturais a serem publicadas na versão em português de nosso site. Também trabalharemos com jornalistas freelance de destaque e outros veículos independentes. Além disso, vamos traduzir nossos artigos de interesse internacional para o inglês, além de publicar outras traduções de matérias do Intercept em português. Siga-nos no Facebook (aqui) e no Twitter (aqui).

Neste mês, nosso foco inicial será o julgamento e a votação final do impeachment da Presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, assim como matérias sobre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Além da publicação de conteúdo original, vamos implementar os mesmos princípios de proteção de fontes que ocupam um espaço central na missão do Intercept. As mesmas tecnologias adotadas para que nossas fontes forneçam informações confidenciais contando com a máxima proteção contra vigilância e ataques on-line (como o SecureDrop) também serão disponibilizadas para nossas fontes de informação brasileiras.

A crise política do ano passado enfatizou como a homogeneidade da mídia brasileira é uma ameaça à democracia e à liberdade de imprensa. Por ser um país vasto e diversificado, o Brasil agora ocupa um espaço importante no cenário internacional, e a maioria de seus problemas e conflitos são extremamente relevantes no âmbito internacional.


Assim, o Intercept Brasil tem dois objetivos: alavancar o reconhecimento deste país imprescindível por todo o mundo e fornecer uma plataforma para que os excelentes jornalistas e escritores brasileiros compartilhem informações essenciais com seus compatriotas sobre as questões políticas, econômicas e sociais de seu país.

VISITE THE INTERCEPT BRASIL E CONHEÇA O "SECURE DROP" UM GUIA PARA O ENVIO DE DADOS E INFORMAÇÕES AOS JORNALISTAS DO SITE. CLIQUE AQUI

terça-feira, 12 de julho de 2016

Por achar que a mídia conservadora não representa os 48% da população que votaram contra a Brexit, jornalistas britânicos lançam The New European, uma voz contra o atraso...

Reprodução Twitter

por Jean-Paul Lagarride
A ressaca da Brexit está aí e não vai passar tão cedo. Mas, pelo menos para o jornalismo, há boas notícias em torno da drástica decisão dos conservadores ingleses. A parcela que não apoia a saída do Reino Unido do bloco da União Europeia não se desmobilizou. Os 48% da população que foram contra a Brexit (52% votaram a favor do isolamento) dão sinais de que a luta continua.

Um novo jornal chegou às bancas de Londres. Lançado por um grupo que considera que a mídia tradicional não os representa, The New European pretende veicular fatos e opiniões do país que surge após a surpreendente vitória da direita, do neoliberalismo, da intolerância, do medo da imigração e até do racismo.

Os idealizadores do novo jornal avaliam que apenas dois veículos ingleses firmaram posição clara contra a Brexit e mesmo assim na reta final da campanha quando pouco poderia ser feito para mobilizar a população.

The New European tem apenas quatro edições programadas, com tiragens de 200 mil exemplares. Se vai continuar, depende do apoio dos leitores. E não pretende falar só de política e economia, mas de futebol, literatura, moda, comportamento etc.

The New European bate uma espécie de recorde: segundo o editor Matt Kelly, que idealizou o jornal ao lado de outros jornalistas, intelectuais, universitários e jovens economistas, da ideia à concepção do site e a chegada em bancas passaram-se apenas nove dias.

Segundo Kelly, o verão de 2016 será lembrado "como um momento zeitgeist na história política e social britânica e toda sexta-feira, durante quatro semanas, um novo jornal vai desempenhar o seu papel neste momento de discussões críticas". O editor avisa que The New European não está alinhado com partidos políticos mas com o "entusiasmo pela Europa". A redação reúne importantes profissionais da Inglaterra e da Europa e jornalistas independentes, como Peter Bale, do Centro para a Integridade Pública, grupo que revelou os Panama Papers.

Para tentar ultrapassar o limite de sobrevivência - as quatro edições programadas - The New European abriu uma site para venda tanto da edição impressa quanto da versão digital.
Agora é com os leitores.


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