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Foi há 60 anos. Em 1956, o Botafogo partiu para uma longa excursão à Europa. Foram 22 jogos contra os principais times da época. Eram amistosos, mas o pau comia direitinho. Contra o Barcelona, vitória do Botafogo, a partida nem chegou ao fim tantos foram os jogadores expulsos.
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Dizem que Garrincha - dono das canelas e tornozelos mais visados da história desde que o homem passou a andar em pé e a ostentar o apelido de Erectus -, chegava a usar duas "meias" emborrachadas em cada perna.
O nome do adereço? Tornozeleira.
Hoje os jogadores também usam protetores para as pernas importados das artes marciais, mas Garrincha não era desse tempo.
Pois é, ela, a tornozeleira, já teve funções mais edificantes.
Atualmente, se alguém falar em tornozeleira no metrô lotado ninguém vai perguntar em que posição você joga, mas em qual operação da PF foi indiciado. O velho protetor de metatarsos, astrágalos, tíbias e fíbulas dos atletas deixou as páginas esportivas e foi admitido nas seções policiais.
Nas arenas políticas e empresariais é tal a demanda por tornozeleiras eletrônicas que o produto está em falta no mercado. Nesses círculos, a calça boca-de-sino, que disfarça o equipamento, está voltando à moda e deixando doutores, excelências e CEOs mais confortáveis na medida do possível.
A geringonça não os impede de fazer nada. Podem caminhar, roubar normalmente e até transar, é só ter cuidado pra não contundir a canela da patroa. Os indiciados apenas evitam engraxar sapatos em público. Aí pega mal.
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Além dos escândalos da Fifa, investigações sobre sonegação fiscal na venda de Neymar ao Barcelona e a condenação de Messi por fraude fiscal e falsidade ideológica sinalizam cartões amarelos e vermelhos no mundo da bola.
Há uns dez anos, o futebol brasileiro sofreu um abalo semelhante. Na época, o esquema de apostas ficou conhecido como a "Máfia do Apito". A polícia chegou a prender vários envolvidos. Ninguém foi punido. Os processos foram arquivados por minúcias jurídicas.
Embora escândalos esportivos não sejam "privilégio" do Brasil - as autoridades italianas e inglesas também já estouraram propinodutos alimentados por casas de apostas - a tornozeleira eletrônica entra em campo no momento em que o futebol brasileiro vive sua pior fase.
Melhor acreditar que a grande maioria - o time dos sem-tornozeleiras - vai virar esse jogo.