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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Glenn Greenwald, do Intercept: Enquanto a corrupção assombra o Temer, caem as máscaras dos movimentos pró-impeachment



por Glenn Greenwald (do Intercept)

O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE do Brasil democraticamente eleita, Dilma Rousseff, foi inicialmente conduzido por grandes protestos de cidadãos que demandavam seu afastamento. Embora a mídia dominante do país glorificasse incessantemente (e incitasse) estes protestos de figurino verde-e-amarelo como um movimento orgânico de cidadania, surgiram, recentemente, evidências de que os líderes dos protestos foram secretamente pagos e financiados por partidos da oposição. Ainda assim, não há dúvidas de que milhões de brasileiros participaram nas marchas que reivindicavam a saída de Dilma, afirmando que eram motivados pela indignação com a presidente e com a corrupção de seu partido.

Mas desde o início, havia inúmeras razões para duvidar desta história e perceber que estes manifestantes, na verdade, não eram (em sua maioria) opositores da corrupção, mas simplesmente dedicados a retirar do poder o partido de centro-esquerda que ganhou quatro eleições consecutivas.

Como reportado pelos meios de mídia internacionais, pesquisas mostraram que os manifestantes não eram representativos da sociedade brasileira mas, ao invés disso, eram desproporcionalmente brancos e ricos: em outras palavras, as mesmas pessoas que sempre odiaram e votaram contra o PT. Como dito pelo The Guardian, sobre o maior protesto no Rio: “a multidão era predominantemente branca, de classe média e predisposta a apoiar a oposição”. Certamente, muitos dos antigos apoiadores do PT se viraram contra Dilma – com boas razões – e o próprio PT tem estado, de fato, cheio de corrupção. Mas os protestos eram majoritariamente compostos pelos mesmos grupos que sempre se opuseram ao PT.

É esse o motivo pelo qual uma foto – de uma família rica e branca num protesto anti-Dilma seguida por sua babá de fim de semana negra, vestida com o uniforme branco que muitos ricos  no Brasil fazem seus empregados usarem – se tornou viral: porque ela captura o que foram estes protestos. E enquanto esses manifestantes corretamente denunciavam os escândalos de corrupção no interior do PT – e há muitos deles – ignoravam amplamente os políticos de direita que se afogavam em escândalos muitos piores que as acusações contra Dilma.


Claramente, essas marchas não eram contra a corrupção, mas contra a democracia: conduzidas por pessoas cujas visões políticas são minoritárias e cujos políticos preferidos perdem quando as eleições determinam quem comanda o Brasil. E, como pretendido, o novo governo tenta agora impor uma agenda de austeridade e privatização que jamais seria ratificado se a população tivesse sua voz ouvida (a própria Dilma impôs medidas de austeridade depois de sua reeleição em 2014, após ter concorrido contra eles).

Depois das enormes notícias de ontem sobre o Brasil, as evidências de que estes protestos foram uma farsa são agora irrefutáveis. Um executivo do petróleo e ex-senador do partido conservador de oposição, o PSDB, Sérgio Machado, declarou em seu acordo de delação premiada que Michel Temer – presidente interino do Brasil que conspirou para remover Dilma – exigiu R$1,5 milhões em propinas para a campanha do candidato de seu partido à prefeitura de São Paulo (Temer nega a informação). Isso vem se somar a vários outros escândalos de corrupção nos quais Temer está envolvido, bem como sua inelegibilidade se candidatar a qualquer cargo (incluindo o que por ora ocupa) por 8 anos, imposta pelo TRE por conta de violações da lei sobre os gastos de campanha.

E tudo isso independentemente de como dois dos novos ministros de Temer foram forçados a renunciar depois que gravações revelaram que eles estavam conspirando para barrar a investigação na qual eram alvos, incluindo o que era seu ministro anticorrupção e outro – Romero Jucá, um de seus aliados mais próximos em Brasília – que agora foi acusado por Machado de receber milhões em subornos. Em suma, a pessoa cujas elites brasileiras – em nome da “anticorrupção” – instalaram para substituir a presidente democraticamente eleita está sufocando entre diversos e esmagadores escândalos de corrupção.

Mas os efeitos da notícia bombástica de ontem foram muito além de Temer, envolvendo inúmeros outros políticos que estiveram liderando a luta pelo impeachment contra Dilma. Talvez o mais significante seja Aécio Neves, o candidato de centro-direita do PSDB derrotado por Dilma em 2014 e quem, como Senador, é um dos líderes entre os defensores do impeachment. Machado alegou que Aécio – que também já havia estado envolvido em escândalos de corrupção – recebeu e controlou R$ 1 milhão em doações ilegais de campanha. Descrever Aécio como figura central para a visão política dos manifestantes é subestimar sua importância. Por cerca de um ano, eles popularizaram a frase “Não é minha culpa: eu votei no Aécio”; chegaram a fazer camisetas e adesivos que orgulhosamente proclamavam isso:


Evidências de corrupção generalizada entre a classe política brasileira – não só no PT mas muito além dele – continuam a surgir, agora envolvendo aqueles que antidemocraticamente tomaram o poder em nome do combate a ela. Mas desde o impeachment de Dilma, o movimento de protestos desapareceu. Por alguma razão, o pessoal do “Vem Pra Rua” não está mais nas ruas exigindo o impeachment de Temer, ou a remoção de Aécio, ou a prisão de Jucá. Porque será? Para onde eles foram?

Podemos procurar, em vão, em seu website e sua página no Facebook por qualquer denúncia, ou ainda organização de protestos, voltados para a profunda e generalizada corrupção do governo “interino” ou qualquer dos inúmeros políticos que não sejam da esquerda. Eles ainda estão promovendo o que esperam que seja uma marcha massiva no dia 31 de julho, mas que é focada no impeachment de Dilma, e não no de Temer ou de qualquer líder da oposição cuja profunda corrupção já tenha sido provada. Sua suposta indignação com a corrupção parece começar – e terminar – com a Dilma e o PT.

Neste sentido, esse movimento é de fato representativo do próprio impeachment: usou a corrupção como pretexto para os fins antidemocráticos que logrou atingir. Para além de outras questões, qualquer processo que resulte no empoderamento de alguém como Michel Temer, Romero Jucá e Aécio Neves tem muitos objetivos: a luta contra a corrupção nunca foi um deles.

LEIA NO INTERCEPT, CLIQUE AQUI

terça-feira, 5 de abril de 2016

Viu isso? Bizarro. Faculdade de Direito da USP vive noite de pastor Jim Jones. Advogada que assina o pedido de impeachment dá a impressão de que queimou a placa-mãe durante discurso a favor do golpe



por Flavio Sépia
Acho positivo que, no meio da atual crise, o Brasil esteja se revelando: a direita saiu do armário, a esquerda busca a identidade perdida, o centro anda meio sumido. Tudo fica mais claro quando posições são assumidas e não confortavelmente dissimuladas. Mas o campo está minado e cheio de armadilhas. Quer ver uma? Há intelectuais e artistas, por exemplo, que admitem ir a manifestações a favor do golpe mas se preocupam em passar a mensagem de que não são de direita, não apoiam o Bolsonaro, não pedem a volta da ditadura. Ok, registramos a ressalva.

Mas eles devem concordar que se engrossam a multidão, estão na mesma trincheira do Bolsonano, do Marcos Feliciano, do Cunha, do Temer.

Bom, a turma do golpe agora ganha mais uma figura exótica. A advogada Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment, fez um discurso na histórica Faculdade de Direito, em São Paulo. É punk. O vídeo está viralizando na internet. Tirem as crianças da sala. É espantoso. Na minha cabeça, imaginei algo como um pastor Jim Jones apoplético e apocalíptico falando aos seus seguidores pouco antes de ordenar um suicídio coletivo na Guiana, há algumas décadas.

Janaína teve uma espécie de furor que a ciência define como messiânico. Não dá para saber o que é mais bizarro, se o discurso ou o aplauso do "pastor assistente" Hélio Bicudo.

Se o impeachment precisava de uma musa, Taí a moça.
Veja o vídeo do discurso. Clique AQUI.


SE PREFERIR, NA INTERNET CIRCULA UM VÍDEO DA JANAÍNA EM COVER DO IRON MAIDEN, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Enquanto muitos se distraem com o impeachment, a caravana do atraso vai passando tranquila e favorável. Deputados anunciam projetos de lei para controlar a internet. Querem calar a boca das redes sociais!

por Flávio Sépia
O povo está nas ruas, contra ou a favor do golpe. 

E você acha que os deputados estão parados? Não. 

A desarticulação política do governo deu aos blocos de parlamentares conservadores a oportunidade que há muito esperavam. Durante quatro eleições, as propostas da direita foram derrotadas nas urnas. Com a crise, o cerco midiático a Dilma Rousseff, a falta de ação do governo junto ao Congresso, e o jogo político de Eduardo Cunha sob aplausos da oposição, de parte da volúvel "base aliada" e de instituições patronais, surgiu a chance para fazer andar projetos para controle moral das famílias e dos cidadãos, geralmente leis de inspiração religiosa e propostas destinadas a atender a interesses corporativos. Os porões do Congresso não param de dar luz ao atraso.

Agora, está em curso uma ameaça maior: o controle da informação nas redes sociais da internet. 

São oito projetos que pretendem tirar de você o direito de opinar livremente. E não é que a internet seja um covil de impunidade, como eles alegam. Já há leis - muitas delas já suficientemente aplicadas - para conter abusos e ofensas. 

O que suas excelências que impulsionam tais projetos pretendem é tornar mais difícil, quase impossível, que os eleitores conheçam seus movimentos.  

Por enquanto, apenas blogs e uns poucos jornalistas e sites especializados estão alertando o país para o furor censório contra a web. 

Espera-se que a grande mídia divulgue a grave ameaça até para não passar a impressão de que é a favor do controle político das redes sociais que, cada vez mais, publicam o que não é informado pelos veículos empresariais e são uma alternativa democrática de informação para milhões de leitores. 

Veja, abaixo, matéria detalhada sobre os projetos que pretendem calar a boca da web, no Brasil. Está no site do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), uma associação civil sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de pesquisas e projetos sobre o impacto social, jurídico, cultural e político das tecnologias de informação e comunicação. 

Reprodução/ITS


(do site ITS)
Preste atenção no que acabou de acontecer: o Congresso Nacional acabou de divulgar o relatório final da CPI dos Crimes Cibernéticos. O relatório propõe a criação de 8 projetos de lei para controlar a internet. Esses projetos são bombásticos: eles atacam diretamente direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito à privacidade e mutilam as partes mais importantes do Marco Civil da Internet, justamente aquelas que protegem os internautas contra a vigilância e a censura.
Dentre as propostas que estão previstas no relatório final da CPI dos Cibercrimes estão:
a) Transformar as redes sociais em órgãos de censura para proteger a honra de políticos. Se alguém falar mal de um político em uma rede social, a rede social será obrigada a remover o conteúdo em no máximo 48 horas. Se não remover, a empresa será co-responsabilizada por aquele conteúdo e terá de indenizar o político ofendido. Em outras palavras, as redes sociais se tornarão agentes de vigilância e censura permanentes dos seus usuários.
b) Mandar para a cadeia por 2 anos quem simplesmente violar os “termos de uso” de um site. Entrou em um site ou aplicativo e desrespeitou alguma cláusula daquele documento enorme que todo mundo clica sem sequer ter lido: cadeia para você por 2 anos.
c) Desviar 10% dos arrecadados pelo Fistel, que têm por objetivo melhorar a qualidade das telecomunicações no Brasil, para financiar a polícia. As telecomunicações que já são caras e precárias no Brasil ficarão ainda piores. O recurso que é arrecadado para fiscalizar a qualidade do acesso à internet, telefonia e outro serviços será desviado para financiar a polícia. É claro que esse financiamento é importante. Mas para isso já pagamos nossos impostos. Não precisa desviar recursos essenciais para isso.
d) Atribuir competência à Polícia Federal para qualquer crime praticado usando um computador ou celular. Em outras palavras, o garoto ou a garota que baixar uma música da internet poderá receber a visita do japonês da federal. Alguém que escrever algo considerado “difamatório” ou “injurioso” contra um político nas redes sociais poderá ter de se explicar à Polícia Federal. Em outras palavras, vários milhões de brasileiros que fazem essas atividades todos os dias poderão ser vigiados e até mesmo presos pela Polícia Federal sob suspeita de de terem cometido “crimes mediante uso de computador”, mesmo que sejam crimes de baixo potencial ofensivo.
e) Obrigar os provedores de internet a revelarem automaticamente quem está por trás de cada endereço de IP na rede, informando para a polícia o nome, filiação e endereço domiciliar da pessoa, sem a necessidade de ordem judicial prévia. Em outras palavras, todos serão presumidamente “culpados” na internet brasileira e poderão ser constantemente vigiados. Se falou mal de um político na internet, na hora será possível saber a sua identidade e a Polícia Federal poderá ser acionada contra você.
f) Estabelecer a censura pura e simples na internet. O projeto de lei altera o Marco Civil, que proíbe a censura, criando um novo artigo que permitirá “determinar aos provedores de conexão bloqueio ao acesso a a aplicações de internet por parte dos usuários” para “coibir serviços que sejam considerados ilegais”. Em outras palavras: qualquer site poderá ser derrubado da internet brasileira. Lembra do bloqueio do WhatsApp? Isso será fichinha perto do que irá acontecer. Qualquer aplicativo, site ou serviço poderá ser bloqueado e censurado diretamente pelos provedores de internet e os brasileiros ficarão privados de acessá-lo sem qualquer defesa, afetando a vida de milhões de pessoas.
O relatório da CPI que propõe essas mudanças abre com a assinatura do deputado Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara. A CPI foi presidida pela Deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) e o texto preparado pelo deputado Espiridião Amim (PP-SC) e pelos deputados Sandro Alex (PSD-PR), Rafael Motta (PSB-RN), Daniel Coelho (PSDB-PE) e Rodrigo Martins (PSB-PI).
O que mais pasma nesse relatório da CPI dos cibercrimes é como a internet é vista apenas como se fosse um “antro de perdição” e não como uma fonte de empregos, de inovação, de desenvolvimento, ou um instrumento essencial para o futuro do Brasil.
Em outras palavras, estão criminalizando a internet e colocando a rede sob o controle estrito do Estado. Esse é o mesmo caminho trilhado por países como a Arábia Saudita, Irã, Turquia, Coreia do Norte e Rússia.
É uma lástima que o Brasil, nesse momento em que a liberdade de expressão e a internet são ferramentas essenciais, tenha sua internet ameaçada por iniciativa da CPI dos cibercrimes. É claro que o crime na internet precisa ser combatido. Mas isso deve ser feito respeitando-se direitos fundamentais. O que estamos assistindo agora não é uma tentativa de se combater os cibercrimes, mas sim uma tentativa de controlar a internet, que tanto tem incomodado os políticos corruptos no Brasil.
Se você não quer a que internet seja censurada, compartilhe essas informações e manifeste-se contra a CPI dos Cibercrimes e os oito projetos de lei que ela propõe para controlar a internet. Censura nunca mais.

Assine a petição para frear essas propostas. Clique AQUI

Veja essa e outras matérias no site do ITS, clique AQUI

segunda-feira, 14 de março de 2016

Crise política: o golpe foi às ruas no domingo. Na próxima sexta, será a vez da defesa da democracia...

Rio: As manifestações pela queda de Dilma reuniram a classe média, majoritária e visivelmente. Milhões de pessoas foram à rua em centros urbanos. Segundo pesquisa do Datafolha na Avenida Paulista - que recebeu o maior número de pessoas - mais da metade declarou renda entre 5 e 20 salários mínimos (números que ultrapassam em três vezes a média geral da capital paulista) e 12% se identificaram como empresário.  Foto de Tania Rego/AG Brasil. 

A ditadura foi lembrada. Como em 1964, às vésperas do regime militar, grande parcela da classe média convocada pela mídia conservadora lotou avenidas.
Foto André Tambucci/Fotos Públicas
Trio elétrico em Copacabana pede a volta dos tempos do choque elétrico. Reprodução DCM

Pressão pelo impeachment. Foto Andre Tambucci/Fotos Públicas

O fantasma do comunismo ainda assusta os conservadores. Fotos Públicas

Revoltosas na Av.Paulista. Foto André Tambucci/Fotos Públicas 

Alegoria de Lula morto. Foto André Tambucci/Fotos Publicas

Aécio Neves, citado várias vezes na Lava Jato,  e Geraldo Alkmin, à frente de um governo que acumula escândalos como o da merenda escolar, metrô, máfia de impostos etc, foram hostilizados ao tentar participar da manifestação pelo golpe em SP. Reprodução Facebook

Gucci em selfie no protesto. Foto Andre Tabucci

Bolsonaro em Brasília. Foto Wilson Dias/Ag Brasil

Marcha da Família em Brasília. Foto Wilson dias/Ag Brasil
A foto acima, no Rio, viralizou na web como uma espécie de símbolo colonial da classe alta indignada: família vai ao protesto com bebês e babá uniformizada. Debret faria disso uma gravura dos tempos da Corte. Reprodução Instagram

O golpe é fashion. Fotos Públicas




NO PRÓXIMO DIA 18, BRASILEIROS EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DAS POLÍTICAS SOCIAIS, CONTRA A ESPECULAÇÃO FINANCEIRA E O GOLPE DE ESTADO VÃO ÀS RUAS.
ONTEM, EM VÁRIAS CAPITAIS, LONGE DAS MANIFESTAÇÕES PELA QUEDA DE DILMA, TRABALHADORES, ESTUDANTES, MOVIMENTOS SOCIAIS E CIDADÃOS QUE NÃO CONCORDAM COM A DERRUBADA DE UMA PRESIDENTE ELEITA SE REUNIRAM EM VÁRIAS CIDADES PARA UMA PRÉVIA DAS MANIFESTAÇÕES MARCADAS PARA A PRÓXIMA SEXTA-FEIRA.
ASSIM COMO NESTE DOMINGO QUANDO  OS QUE DEFENDEM A DEMOCRACIA NÃO SE APROXIMARAM DOS PROTESTOS DOS CONSERVADORES, ESPERA-SE QUE, NO DIA 18, OS MILITANTES DO GOLPE NÃO INTERFIRAM NAS PASSEATAS.
A DEMOCRACIA AGRADECE.   
Jovens na rua contra a ameaça golpista. Foto Elifas Simas/Ag. PT

A convocação para as passeatas do dia 18 de março. Foto Elifas Simas/AG PT

E São Bernardo, manifestantes se solidarizam com Lula. Foto Paulo Pinto/PT

Disposição para lutar contra o golpe. Foto Adonis Guerra/SMABC
Foto Adonis Guerra/SMABC

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Várias: "jogos vorazes" entre Dilma e Cunha, massacre nos Estados Unidos, tropa de choque contra jovens e o exterminador de escolas...

Cunha versus Dilma, 'meme' que circula nas redes sociais. Reprodução
por Flávio Sépia
* Ontem e hoje, os jornais brasileiros estão temáticos: a notícia é quase que só impeachment. Talvez nem às vésperas da ditadura militar de 1964 tenham sido escritas tantas colunas em apoio à derrubada de um presidente eleito. Os colunistas políticos e de economia também foram mais contidos no episódio Collor de Mello, afinal, a mídia ajudara a eleger o "caçador de marajás". Ontem, soltaram a franga nas "pretinhas", apelido das teclas das máquinas de escrever hoje incorporado aos desktops e assemelhados. O encaminhamento da questão também foi diferente. Em maio de 1992, Pedro Collor acusou PC Farias de chefiar um esquema de corrupção como testa-de-ferro do então presidente. Em junho, a Câmara dos Deputados instalou uma CPI para investigar as denúncias. Em agosto daquele ano, a CPI concluiu que Collor tinha ligações com o Esquema PC. Em setembro, só após o fim das investigações e a aprovação do relatório da CPI,  o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade de um pedido de impeachment contra Collor. Em outubro, o Senado abriu o processo de impeachment e em 30 de dezembro de 1992, aconteceu a votação que destituiu o presidente. Collor, certo da derrota, havia renunciado um dia antes. O rito agora é diferente. Um certo Hélio deu um Bicudo nessa liturgia e já partiu pra cima de Dilma com o pedido de impeachment rascunhado e do tipo fast food, jogo rápido. Foi esse o documento admitido por Cunha. Era um papelucho a mais entre a cesta de pedidos semelhantes que jaziam sob a mesa do presidente da Câmara até que seu próprio rabo começou a pegar fogo. Cunha, que tem estado sob pressão, ontem teve um dia feliz: foi saudado e exaltado por dar andamento ao golpe. Coxinhas e oposição estão andando com seu retrato nas carteiras e sua imagem é proteção de tela nos mais ilustres computadores. Já se dizia que o Brasil está dividido. Agora os times ganham um novo nome; Dilma Futebol Clube x Cunha Futebol e Regatas. Suspeita-se em Brasilia que no momento em que o impeachment for realmente votado no plenário o time de Cunha passará a se chamar Cunha-Temer FR. Façam suas apostas.
* Dilma diz que vai lutar. Teoricamente, teria, hoje, maioria na Câmara e no Senado. Na prática, a teoria pode ser outra. O vice-presidente Michel Temer, por exemplo, não se pronunciou contra o impeachment. Brizola diria que ele está, já há algum tempo, "costeando o alambrado" para pinotar. Temer dá sinais de que está ao lado de Eduardo Cunha e não abre. Talvez abra apenas ao assumir a presidência. Quanto a Cunha, pode acabar ministro do novo governo, por que não?, tudo é possível. Frise-se que os adeptos do impeachment vão precisar dos votos da bancada pessoal do Cunha, que não é desprezível tanto que até aqui tem brecado a denúncia no conselho de ética - sim, existe isso - da Câmara. E já há ministro do PMDB anunciando que vai deixar o governo. A tática do PMDB é essa, desde sempre, pular da canoa para descolar um lugar no barco que vem vindo, mas, ao mesmo tempo, deixar uma tripulação no Titanic para o caso de, vá lá, o governo não cair e partido continuar botando a mão no timão. E na nave do pessoal a favor do golpe cabe de tudo, de Cunha a Bolsonaro, passando pela grande mídia, por empresários, viúvos e viúvas da ditadura, filósofos, cineastas, roqueiros, compositores, humoristas, coxinhas, pastores e bancadas da bala, do caramelo e do sorvete. Daí, a "maioria" de Dilma pode fazer água. Dias movimentados virão.
* Curiosamente, o governo quer votar o impeachment o mais rápido possível. O setor produtivo do país também, já que muitos avaliam que a economia não aguenta esperar, mas a oposição e seus analistas defendem adiar o processo e já se fala abertamente que é melhor esperar a situação piorar, o desemprego aumentar, o endividamento angustiar as pessoas, o país parar de vez, sem orçamento, Congresso obstruído etc. Eles acreditam que o caos favorecerá o golpe. A imprensa inglesa está chamando essa guerra entre Dilma e Cunha "jogos vorazes".  Por aqui também é conhecida como briga de foice no escuro.
* A polícia de Geraldo Alckmin botou pra quebrar, literalmente. O PSDB tem aparentemente métodos especiais para lidar com a educação e manifestações divergentes. Nem é surpresa, o figurino é repetido. Os professores de São Paulo já experimentaram o porrete tucano. Professores do Paraná já foram massacrados pela polícia de outro tucano, o Beto Richa. Os protestos de junho de 2013, lembram?, desandaram em mais violência a partir do momento em que a PM paulista baixou o cacete. Agora, as forças tucanas deram porrada em estudantes que protestam contra o fechamento de dezenas de escolas, como parte de uma inacreditável política (des) educacional e elitista. Ontem, o ex-governador Sergio Cabral, sem que isso implique em defesa do próprio, deve ter constatado como foi injustiçado pelo Jornal Nacional. Em 2013, o JN destacava a violência da PM, caprichava na edição dramática, entrevistava manifestantes que levantam a camisa e mostravam marcas de balas de borrachas, mandava ao ar até vídeos feitos por black blocs denunciando a pancadaria. Ontem, o JN foi "fofo" na cobertura das manifestações dos estudantes em São Paulo. Evitou ênfase nas cenas de violência da PM,. não levou ao ar qualquer entrevista com manifestante ferido e privilegiou depoimentos oficiais de pelo menos três secretários de estado que também deram declarações "fofas". A informação mais recente: com a força das manifestações dos jovens, a péssima repercussão entre especialistas em educação e com a Justiça impedindo em várias cidades a "reorganização' pretendida por Alckmin, e especialmente com a brutal queda de popularidade do tucano, segundo o Data Folha, a aprovação ao governador caiu em mais de 20%, resolveu suspender, por enquanto, o desastrado projeto. Os estudantes querem ver para crer e dizem que vão permanecer mobilizados. O Secretário de Educação, Herman Voorwald, pediu demissão, já que não teria concordado com o recuo.
* De um modo geral, a mídia conservadora blindou o governador Geraldo Alckmin. A Folha recebeu a visita do próprio e, coincidentemente, retirou do ar, no site, em seguida, vídeo com cenas da violenta atuação da tropa de choque da PM. Na edição impressa, o jornalão omitiu prisão de estudantes e cacetadas policiais em meninos e meninas.
* Após mais um massacre nos Estados Unidos, Obama tenta reabrir a discussão sobre o controle de armas de fogo no país. Possivelmente, vai perder mais essa batalha. A facilidade com que americanos podem comprar pistolas, rifles, fuzis e munição tem as costas quentes e bem abastecidas do financiamento privado de campanhas eleitorais. A poderosa Associação Nacional do Rifle monta, a cada legislatura, à custa de milionárias doações de empesas, uma poderosa bancada no Congresso formada por republicanos (a grande maioria) e democratas. Até aqui, nenhum presidente conseguiu impor um mínimo de controle à comercialização de armas. Nem as poucas exigências da lei em alguns estados são cumpridas. Segundo matérias na imprensa americana, 40% das armas são vendidas sem qualquer comprovação de identidade. Houve casos em que até indivíduos arrolados em inquéritos do FBI puderam adquirir pistolas e rifles. O próximo massacre não tem data nem hora para acontecer. Só se sabe o que as estatísticas dizem: inevitavelmente, acontecerá em alguma escola, universidade, instituição pública, loja, praça ou rua. Os principais jornais avaliam que passou da hora de mudar a legislação sobre armas. E levantam uma grave questão: os Estados Unidos, que tanto controlam aeroportos, são o país onde um eventual "lobo solitário", o típico terrorista do Estado islâmico, pode adquirir armas como quem compra um big mac. As lojas de vendas de armas pessoais, como se viu na Black Friday, fazem até promoções vantajosas do tipo pague-uma-e-leve-duas. E ainda financiam o pagamento "na parcela"...


sábado, 22 de agosto de 2015

Vá lá, essa matéria é da rubrica Humor: Jornalista da revista Época quer tirar a roupa de Dilma Rousseff. A direita está excitada...


por Omelete
Não chega a ser uma matéria "investigativa". Saibam os voyeurs que não há links para vídeos nem fotos. Aparentemente, a direita desenvolve uma espécie de fixação sobre a intimidade mais profunda de Dilma Roussef. Recentemente, a cúpula "coxinha" produziu um adesivo que colado sobre o bocal do tanque de combustível dos carros simulava penetração. Não se sabe se já foi desenvolvida uma boneca inflável da ex-guerrilheira. Provavelmente, a peça ainda está em estudos nos laboratórios instalados nos subterrâneos da Av. Paulista.
Trecho do artigo que transforma
a crise política em objeto sexual.






LEIA NO PORTAL IMPRENSA SOBRE A REPERCUSSÃO DA MATÉRIA
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Mas não é porque a Dilma Doll ainda não chegou ao mercado que a revista Época deixaria de pegar uma carona na erotização da campanha do impeachment. Com toques rascunhados de sexologia avançada, a revista vai acabar descobrindo que a solução para o atual impasse político é uma grande manifestação de sexo grupal no gramado da praça dos Três Poderes. E, claro, com a participação de alguns representantes do Quarto Poder, que, pelo visto, andam excitados.
A MATÉRIA QUE ANALISA A SEXUALIDADE DE DILMA FOI RETIRADA DO SITE DA REVISTA, MAS JÁ EROTIZOU A INTERNET. CLIQUE AQUI

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A hora da onça beber água...

Falta pouco para o Brasil levar à urna o voto mais disputado desde as eleições de 1989, quando Collor e Lula era os candidatos da redemocratização, nas primeiras diretas após a ditadura. Claro que não vale aqui qualquer menção a Sarney e Tancredo, irrelevantes pela circunstância de terem chegado lá de maneira não democrática, sem a participação do povo, alçados pelo famigerado colégio eleitoral dos militares. Redemocratização é outra história. Em 1985, o país vinha de uma derrota, perdeu a Emenda Dante de Oliveira e ganhou o circo da "Nova República", com direito a fantasia, picadeiro e palhaços e comandado por um fiel servidor da ditadura, o notório Sarney, Mas essa é outro capítulo. Seja lá quem vencer no domingo, há lições a tirar da campanha, pro bem e pro mal. De saída, vamos esquecer essa besteira de que o país está dividido. Eleição é para isso, para contar votos e há vastos de exemplos de presidentes em vários países que venceram até com pouco mais de 40% dos votos descontados os nulos e brancos. Aqui, o buraco em mais embaixo e esse suposto "equilíbrio" pode até ser creditado, em parte, ao nosso confuso sistema político travado pela reforma que não vem, que permite coligações sem sentido em um vale-tudo que leva um candidato a subir em três palanques regionais sendo que, não raro, em um deles, ou dois deles, apoia o oponente na eleição nacional. 
O país está dividido, sim, entre duas propostas de governo diferentes. Ou não é grande diferença o governo atual e todos anteriores terem a Caixa Econômica, só para dar um exemplo, como banco de fomento da casa própria, aspiração de milhões de brasileiros, e o futuro ministro de um eventual governo da oposição, operador de mercado financeiro, onde circula com o conforto extra de ter cidadania americana e ligado a bancos e corretoras intencionais ameaçar torpedeá-la, falando em "mudar o modelo"? Modelito, aliás, por demais manjado.
A mídia tem falado também na 'baixaria" dos debates, e que o PT "dividiu o país". Outra besteira, sem falar na mentira. Contra Lula, em 1989, Collor, o candidato dos grandes grupos, uma espécie de Aécio da vez, mídia e marqueteiros colocaram nas primeiras páginas dos jornais uma enfermeira que "denunciava" que a filha de Lula tinha feito um aborto. Se isso não foi o marco zero da baixaria... O "país unido" que a elite quer é unido em torno dela, com o povo subserviente e disposto a lamber botas em troco de migalhas. Daí, a baixaria crônica contra qualquer candidato que represente ideias opostas à "Casa Grande". Colunistas chamam ex-presidente de "moleque", publicam acusações sem qualquer prova, detonam reputações, mentem, inventam, negam direito de resposta. Uma revista chega a antecipar a chegada nas bancas para melhor funcionar como panfleto eleitoral. Isso aí está mais para um tipo de "milícia jornalistica" do que exatamente liberdade de expressão. Posturas como essa e mais a crescente influência das mídias sociais acirraram os debates e as posições. Eleição nunca mais vai ser como antes. Descontadas as muitas inverdades que a rede absorve, é muito bom que mais pessoas manifestem suas opiniões, diretamente, sem a intermediação da mídia comercial. A justiça está aí mesmo como instância legal para que as mentiras e acusações sem provas sejam punidas.
O que preocupa é a radicalização do bloco de colunistas da direita nos últimos dois dias. Especialmente depois que as pesquisas mostraram um pequeno avanço da Dilma. Nem chega a ser um onda capaz de decidir uma eleição - Aécio continua com grandes chances de vencer -, mas deixar o "empate técnico" foi o suficiente para fazer cair algumas máscaras. Um defende perigosamente que Dilma, se eleita, não terá legitimidade; outros já pedem impeachment, em côro, cassação, tapetão, após o depoimento de um doleiro que não oferece provas. O mesmo doleiro, aliás, que operou valores monumentais no chamado escândalo do Banestado, um dos itens no grande armário do PSDB no final dos anos 90. Reportagens que não se sustentam por não oferecer documentos e nem mesmo a credibilidade do verbo, tudo é "seria", "teria", junto com uma técnica de levantar "fontes" que lembra uma brincadeira de criança, a do "telefone sem fio", com a "informação" sendo maltratada até virar a ficção mais conveniente. 
Esse tipo de campanha não chega a ser novidade na história do Brasil. Lacerda nos anos 50, Ibad, Ipes, com milhões de dólares à disposição no começo dos anos 60, e a grande imprensa, praticaram com desenvoltura esse jogo da vergonha. Deu no que deu. 
Mas agora, já "protocolando" pedido de impeachment em um eventual futuro mandato, partiram para o deboche. Talvez por isso, como se constata hoje em comentários nas redes sociais, Dilma esteja ganhando alguns indecisos. Gente que não acredita nem em um nem em outro mas que tem a convicção de que não estará com a "milicia" anti-democrática. 
´São os brasileiros que pensam como José Régio, o autor de "Poemas de Deus e do Diabo", que diz:  
Não sei por onde vou, 
Não sei para onde vou 
- Sei que não vou por aí!