por José Esmeraldo Gonçalves
O ano de 2017 marca duas datas importantes da Bossa Nova.
O movimento musical recebeu o nome Bossa Nova em 1957, na sede do Grupo Universitário Hebraico, no Rio de Janeiro.
E ganhou o mundo em 1962, no Carnegie Hall, em Nova York.
Nara Leão, em rara foto no show no Grupo Universitário Hebraico, no Rio. Arquivo Pessoal Moysés Fuks. |
Na época, para promover o show, Fuks redigiu em estêncil (para quem está chegando agora, era um papel-matriz para impressão em mimeógrafo) um pequeno release anunciando os artistas convidados "e um grupo bossa nova". Em seguida, a nota foi transcrita no quadro-negro à porta da sede da organização, um casarão de dois andares na Rua Fernando Osório, no Flamengo: "Hoje, Sylvia Telles e um grupo bossa nova".
"Era um grupo que juntava músicos de jazz e de samba. Pensei: como rotular essa apresentação que mesclava os dois gêneros? Eu já conhecia a palavra bossa, e na minha cabeça aquilo passou a ser uma bossa nova. Ou seja, criei o termo, como jornalista, na Última Hora, para batizar esse encontro", complementa ele sobre o origem de adequação da expressão.
Com aquele estêncil, Fuks tornou-se o primeiro jornalista a vincular a expressão Bossa Nova a um movimento que revolucionaria a música popular brasileira. Só um ano depois, em 1958, João Gilberto lançaria o compacto simples com as canções Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e Bim Bom, de sua autoria.
Em 2010, quando foi comemorado pela primeira vez o Dia da Bossa Nova (25 de janeiro), Moysés Fuks (visto aí ao lado da família, na Toca do Vinicius, em Ipanema) foi homenageado na Calçada da Fama, onde gravou suas mãos como um registro da sua participação na história da Bossa Nova.
Em 2010, Fuks voltou à sede do Grupo Universitário Hebraico, o espaço que recebeu o show de Bossa Nova. Reprodução UTV |
No mesmo ano, em entrevista à repórter Fabíola Ribeiro, da UTV, o jornalista falou sobre sua trajetória, a ligação com a Bossa Nova e voltou ao local onde aconteceu o show histórico.
Atualmente, Moysés Fuks, que acaba de comemorar seus 80 anos, faz uma participação às quartas-feiras no programa Rede Live, de Haroldo de Andrade Junior e é Assessor de Divulgação e Acervo do Iate Club do Rio de Janeiro.
A outra data histórica da música brasileira em 2017, além dos 60 anos do nome, são os 55 anos do célebre show do Carnegie Hall, em Nova York, no dia 21 de novembro de 1962, quando a Bossa Nova se lançou para o mundo e levou junto a expressão criada por um carioca de 20 anos, mais ou menos a idade dos jovens que protagonizaram o show pioneiro que ele promoveu no Grupo Universitário Hebraico. Nara Leão era uma adolescente, Carlos Lyra tinha 18 anos, Roberto Menescal tinha acabado de completar 20 anos. Mesmo João Gilberto, já profissionalizado, tinha 26 anos.
Acredite: a Bossa Nova, um fenômeno musical que se globalizou, foi criada e promovida por garotos.
Agora, respeite os cabelos brancos da rapaziada.
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Veja entrevista de Moysés Fuks sobre sua trajetória e o ano zero da Bossa Nova. A entrevista tem três partes. Clique, abaixo, na sequência.
PARTE 1 - AQUI
PARTE 2 - AQUI
PARTE 3 - AQUI
PARA VER O PROGRAMA REDE LIVE, DE HAROLDO DE ANDRADE JUNIOR, COM A PARTICIPAÇÃO DE MOYSÉS FUKS, CLIQUE AQUI
4 comentários:
Esse termo "Bossa Nova" foi extendido a outros eventos e até no visual de algumas revistas da época a diagramação foi também batizada de "Bossa Nova"pelas novas formas de montagem e arrumação gráfica de suas páginas. Moysés Fuks, criador por acaso desta expresão jamais pensava que ela teria repercução e marcaria o nascimento de uma nova era na música e em tantos outros eventos e até no cinema esse termo foi emprestado ao cinema francês que acabava com o filme em estúdios câmeras fixas. Moysés Fucks, jornalista e professor desta matéria se perpetuou na criaç'ào de vernáculos novos que marcariam história a música brasileira.
Duas grandes figuras, dois bons amigos, Haroldinho e Fuks. Tive a oportunidade de estar com os dois nos estúdios dá Rede Live no início deste mês. Parabéns pela matéria !!!
Adoro ler sobre pequenos acontecimentos que se tornam históricos por caprichos do destino. Que bom se o Rio tivesse um museu interativo da Bossa Nova. Vamos esperar que o MIS em construção na Av Atlântica quando a crise um dia deixar concluir tenha todos esses registros.
O Museu da Imagem e do Som Carioca deveria ter pelo menos um andar destinado a Bossa Nova
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