O Carnaval acende uma polêmica no Rio: uma repulsa crescente a expressões racistas e de intolerância nas letras das marchinhas. Os religiosos, que sempre estiveram atentos à folia, já reagiram e reagem, poderosos que são, ao menor indício de "agressão" aos seus símbolos e valores. O caso mais famoso é o do Cristo proibido no desfile da Beija Flor, de Joãozinho Trinta, mas incidentes menores ocorrem quase todos os anos.
Já há algumas décadas, mulheres, homossexuais, judeus, nordestinos, asiáticos e outros grupos-alvo costumam se manifestar quando se sentem ofendidos. A atual polêmica começou quando um bloco decidiu não cantar músicas sobre mulatas - um termo reconhecidamente formulado por racistas do passado e usado inadvertidamente em sambas e marchinhas por ter caído na linguagem popular. Excluiu também do repertório deboches a gays e letras que desrespeitam as mulheres.
O bloco é formado por mulheres e tem o direito de escolher as canções que vai cantar. Ao que se sabe, não tentou impor tal regra a qualquer outro que vai para as ruas do Rio. Manifestou uma posição, apenas isso. Reações iradas nas redes sociais e na mídia é que se apresentam como um bloco de intolerâncias conservadoras e ataques ao "pessoal do politicamente correto". Por acaso, estigmatizar movimentos antipreconceituosos é uma das bandeiras de Donald Trump.
Tudo a ver. (F.S.)
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