sábado, 25 de fevereiro de 2017

Goleiros na marca do pênalti, doleiros na mira da lei...

"Tempi durissimi para goleiros e doleiros". Carlos Heitor Cony é o autor dessa frase e já a usou para comentar outros dias de coincidente evidência dos personagens acima.

Para uns, os goleiros, os tempos quase nunca são fáceis, a vida embaixo das traves costuma ser uma pena. Para os doleiros, são fáceis demais até que carros pretos com logotipos dourados e um sugestivo design fúnebre adentram condomínios de luxo.

Hoje, uns e outros, goleiros e doleiros, estão junto nas páginas dos jornais e nos sites.

Defendendo as cores dos atravessadores de dólares e lavadores de verdinhas, perfilam-se agora os irmãos Marcelo e Renato Chebar, que faziam viajar as propinas de Sérgio Cabral, segundo revelaram em delação premiada. Outros representantes da categoria "operadores", acusados de lobistas e de exportar pixulecos para contas nas Bahamas,  foram detidos em Miami: eram o pai e o filho nada brilhantes Jorge e Bruno Luz.

Os guarda-redes, como se diz em Portugal, são representados por Edson do Nascimento, o Edinho, filho de Pelé, que teve prisão decretada hoje por conta de uma condenação por lavagem de dinheiro supostamente proveniente de tráfico de drogas. Edinho, atualmente era treinador do Tricordiano, time da cidade de Três Corações, onde nasceu o seu pai. Ele nega o crime. Admite a imprudência de manter amizade com traficante mas rejeita a acusação de manipulação de dinheiro do tráfico.

O outro é Bruno Fernandes, o goleiro Bruno, ex-Flamengo. Bruno foi condenado em primeira instância a 22 anos e três meses pelo assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, com quem teve um namoro. Eliza deixou um filho recém-nascido. Bruno era o pai da criança. Ele estava preso desde 2010. O STF acaba do soltá-lo. Nas redes sociais, predomina a indignação. Acham que ele até saiu no lucro diante do crime hediondo.

Dizem os jornais que Bruno aguardará em liberdade a apreciação de um recurso contra a condenação. Ele chorou de alegria - destacam.

Já Eliza, a vítima, jamais terá a chance de voltar a sorrir.

Já a bola e o dólar certamente voltarão a rolar dias desses.

4 comentários:

Diana disse...

Entre doleiros picaretas e goleiros, sou mais esses. Lutam com dignidade pela vida

J.A.Barros disse...

Realmente está difícil de entender que é justiça, atualmente, neste país. Ora, um homem julgado e condenado a 22 anos de prisão por um tribunal de Justica vê a sua sentença e pena derrubada por um Ministro do STF, que põem em liberdade esse criminoso julgado e condenado há mais de 10 anos. Esse criminoso vai recorrer de sua pena em liberdade. Quer dizer: é um homem livre na verdade. Na minha opinião esse ato do Minsitro do Supremo abre um precedente muito grave porque cria, pelo ato em si, jurisprudência e não há dúvida que no rastro dessa sentença, requerendo a mesma sentença, centenas de casos criminais já julgamos e condenados. Tudo isso é muito triste para Brasil.

Antonino disse...

O Brasil tem alto indice de assassinatos. Vejo que nos Estados Unidos assassinos ficam presos anos e anos. Aqui, dão um passeio na cadeia e um juiz solta logo. Ao mesmo tempo li que tem nãos sei quantos mil presos na cadeia sem julgamento. E a Justiça em vez de cuidar disso que criar a bolsa-cadeia para presos com multa por superlotação de presidios. Tudo errado. Soltam assassinos e traficantes. Acho que os políticos e elite criam as leis pensando neles, tem o foro especial, tem a prisão melhor para quem tem diploma, quem pode pagar advogado consegue habeas corpus, quem cumprir um sexto da pena , um sexto!, isso é desmoralização da pena, fica livre. Acho que criam essas leis pensando nos próprios crimes que cometeram ou vão cometer. Veja o caso dos dois goleiros: um cometeu um crime de menor gravidade e está preso, o outro um assassino condenado já está solto.

J.A.Barros disse...

É, não dá para entender os rumos que está tomando Justiça brasileira. Hoje, o criminoso é beneficiado pela lei "progressão da pena", quer cumprido i/3 da pena o condenado, por exemplo, 20 anos é solto para cumprir o resto da pena em casa. Ora, e os parentes da vítima ou mesmo a vitima, como é que ficam? Consta que parentes do criminoso ainda recebem ajuda financeira para se manterem. E os parentes da vítima? Recebem alguma coisa? Não recebem nada. Neste país, vale a pena ser criminoso. Um Al Capone aqui ficaria – rico o resto da coda e impune – se dando muito bem, afinal o país onde os bandidos mandam e desmandam por que não deverão surgir centenas de Al Capones?