por Omelete
O baixo astral parece que vai continuar. "Não vai ter Copa", "Não vai ter Olimpíada" e,agora, dizem que "Não vai ter 450 anos do Rio". Na semana passada saiu o resultado do concurso que escolheu a símbolo doa 450 anos da cidade, data a ser comemorada em 2015. O pessoal já está criticando porque o boneco parece "feliz". "Tá rindo de quê", perguntam. Bom, deve ser porque é uma comemoração, se o logotipo não fosse um pouquinho animado, a coisa estaria mais para lamento e velório.
Em todo caso, os 450 anos parecem ser o novo alvo das manifestações cívicas nas ruas e na mídia. A galera problemática, como diria o velho Dadá Maravilha, quer que a tristeza seja a solucionática. Então, tá.
Entre outras coisas, agora pretendem convencer não o leitor mas o eleitor que o Brasil está afundado em caos, falido, com briga de foice no escuro. Há quem diga que é um quadro que parece estar mais na mídia e nos marketeiros do que nas ruas. Pode ser, mas ninguém alivia, a barra é pesada. A Folha outro dia publicou que a inflação não vai explodir neste ano só por causa da Copa e das eleições. Mas, ano que vem, promete o jornal, teremos uma bela inflação nas alturas, em espiral, como diziam os economistas do passado, vale dizer estoquem água e comida, construam abrigos subterrâneos, protejam as virgens, guardem em segurança suas queridas mães, vem aí a depressão econômica anunciada. Nem as agências que analisam "cenários" - e que quase sempre são suspeitas e alinhadas com especuladores - ousaram prever um 2015 tão apocalíptico. A Folha deve ter boas fontes, deve saber o que está dizendo, embora não explique como chegou a tal cataclisma.
Dizem que a bossa nova surgiu porque um grupo de compositores estava incomodado com as canções dos anos 50 que só falavam "ninguém me ama, ninguém me que", choravam mágoas, cantavam os cornos, enchiam o saco com a "mulher ingrata" que, bem compreensível, abandonava sujeitos tão insuportáveis. Foi preciso brincar um pouco com o pato que "vinha sorrindo alegremente". Era descontrair um pouco ou tomar logo cianureto na veia.
Mal comparando, vivemos agora algo parecido. A mídia tá na "fossa", para usar um termo da época, ou quer que todo mundo se convença de que a deprê é coletiva. Sei não, apesar do tempo chuvoso, a galera nas ruas me parecia normal pelo menos no último fim de semana, circulando, papeando, namorando.
Se a mídia fosse um amigo ou amiga, estava na hora de alguém dar uma força: "Sai um pouco, tome uns chopes, curta uma companhia, visite uns museus, faça uma viagem, vai ver uns shows, namore um pouco que seja, jogue conversa fora num fim de tarde. Você é inteligente, deve criticar, faz parte do jornalismo, mas calma aí, tenta uma certa isenção, muda um pouco esse 'ó, vida, ó mundo cruel' o tempo todo. Fica chato, a rapaziada vai se levantar da mesa e vai embora. Se o caso for crônico, procure ajuda. Uma daquelas reuniões de "anônimos", por exemplo, onde você vai começar falando: 'meu nome é fulano, estou infeliz'. Dizem que reconhecer o problema é o primeiro passo. Ah, o problema é a eleição? Relaxa, o mundo não vai acabar seja lá quem ganhar. Se o povo quiser uns ou outros, vai lá cravar na urna. Vocês já derrubaram tantos governos, ganharam tantas eleições, perderam umas três só, acho, quem sabe as urnas voltam a sorrir para vocês"?
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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2 comentários:
Quem tah contra a Copa vejo que eh mais jornal, revista, tv e radio não, ganham grana com a Copa e tao falando de futebol bem.
Tem uns babacas na rua mas é tão pouca gente e falam como se todo o país estivesse protestando. Mais um mentira nacional
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