por Eli Halfoun
Existe um velho ditado que sintetiza
perfeitamente a importância de cada profissional exercer o trabalho para o qual
está foi preparado. Não é exatamente o que acontece atualmente na televisão que
em vários programas ditos de entretenimento confundem jornalismo com concurso
de beleza, ou seja, não abrem espaço para os verdadeiros profissionais e preferem
utilizar mulheres bonitas e supostamente famosas para funcionar como repórteres.
É verdade que não se faz necessária nenhuma grande formação jornalística para
fazer as perguntinhas tolas que as agora “repórteres” costumam ensaiar nas
rápidas conversas (não se pode chamar aquilo de entrevistas) quer mantém em
festas badaladas e encontros sociais nem tão badalados assim. Mulheres bonitas
atraem mais atenção dos telespectadores, mas isso não justifica que se jogue para
escanteio os jornalistas que estudaram no mínimo quatro anos para adquirir formação
universitária em Comunicação.
Do jeito que esse tipo de aproveitamento acontece, daqui a
pouco para estudar jornalismo será necessário em primeiro lugar passar em um
vestibular de beleza. Há quem argumente que as belas transformadas em “repórteres”
têm mais intimidade (muitas vezes de todos os tipos) com as celebridades e estão
preparadas para fazer perguntas. Não estão não e o que se tem visto nesses programas
que acham que badalação é jornalismo é um festival de inutilidades que nada
acrescenta para quem pergunta, para quem responde e principalmente para o
público que no mínimo espera jornalismo de programas que se intitulam de jornalísticos
do entretenimento.
O mesmo fenômeno ocorre no futebol e está
sendo reforçado com a Copa do Mundo. É praticamente impossível encontrar nas transmissões
esportivas um jornalista de verdade exercendo a função de comentarista que
passou a ser exclusiva para ex-jogadores de futebol. No caso do futebol é até
compreensível porque não há ninguém mais autorizado para falar de futebol do
que quem esteve em campo e foi bom de bola. Quer dizer: estudante de jornalismo
que tem ambição de um dia ser comentarista esportivo (mais especificamente de
futebol) precisa ter dois diplomas: o de Comunicação e o de ter sido um dia bom
de bola. Concordo e aceito que a televisão e o rádio têm espaço para todo
mundo, mas isso não é justificativa para que se abra mão dos verdadeiros profissionais.
Desse jeito não demora muito a medicina estará sendo exercida por enfermeiros
que sem dúvida conhecem a rotina dos hospitais melhor do que qualquer médico, o
que é bom, mas não os torna capazes de exercer um trabalho par o qual não foram
preparados. (Eli Halfoun)
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