domingo, 25 de agosto de 2013

Gilmar, o goleiro-simbolo da Seleção Brasileira

Gilmar abraça o menino Pelé: vibração na conquista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia.. Foto: Manchete Esportiva/Reprodução
Gilmar em ação contra a Suécia, em 1958. Nesta imagem também aparece o lateral De Sordi, também da seleção de 58, que morreu ontem no Paraná. Foto Manchete Esportiva/Reprodução
Com o treinador Feola e a Jules Rimet. Foto Manchete Esportiva/Reprodução
A chegada ao Brasil. Foto O Cruzeiro/ Reprodução
por José Esmeraldo Gonçalves
Na segunda metade dos anos 50, dois goleiros disputaram o título de melhores do mundo: Gilmar e Yashin. Jogaram três Copas seguidas. Gilmar foi bicampeão. O russo Yashin brilhou, mas nunca levou a Jules Rimet (seu maior título internacional foi a medalha de ouro para a União Soviética na Olimpíada de Melbourne, em 1956).. Tinham estilos parecidos, eram especialistas em "pontes" memoráveis, elegantes, até "frango" tomavam sem perder a pose.
Depois de um vida dedicada ao futebol, Gilmar morreu neste domingo, aos 83 anos, em um hospital paulista neste agosto de 2013, 55 anos depois de dar ao Brasil sua primeira Copa do Mundo, na Suécia. Ele sofreu um infarto, seguido de uma infecção generalizada.
Gilmar jogou no Corinthians de 1951 a 1961 ou 1962, quando se transferiu para o Santos. Assim como Andrada, o goleiro do Vasco que ficou famosos por tomar o gol 1000 de Pelé, Gilmar também ganhou uma marca na chuteira do rei: o 10 do Santos fez seu histórico primeiro gol como profissional, em 1956, no Parque São Jorge sob as traves daquele que viria a ser seu grande amigo e conselheiro.
E é famosa a foto em que o menino Pelé, chorando, é abraçado pelo parceiro mais velho logo depois da conquista na Suécia.
Gilmar encerrou a carreira aos 40 anos, em 1967. Foi eleito pela revista Paris Match como o maior goleiro de todos os tempos. De fato, o currículo é forte. Entre outros títulos, ganhou duas Copas do Mundo, dois Mundiais pelo Santos, duas Libertadores, cinco estaduais, quatro torneios Rio-São Paulo, cinco Taças Brasil, e a Recopa dos Campeões Mundiais. Só pela Seleção Brasileira, foram 12 títulos.
O goleiro costumava dizer que sua jogada mais importante foi contra a Espanha, em 1962, na Copa do Chile.O Brasil perdia por um a zero e a Espanha jogava em contra-ataques. Cruzamento na área, Puskas sobe com Gilmar. O goleiro corta e cai. A bola sobra para um atacante espanhol, que manda um balaço pro gol vazio. Gilmar consegue levantar-se e toca para a linha de fundo. Puskas não acredita, olha pro céu ou, talvez, pra Cordilheira dos Andes ali perto.. "Os próprios espanhóis justificaram a eliminação naquela jogada", contou ele ao Jornal da Tarde. O resto da história é conhecido. Amarildo, que substituia Pelé, virou o jogo com dois golaços.
E o Brasil seguiu a rota que levaria ao Bicampeonato Mundial e garantiria a Gilmar mais uma Jules Rimet.

11 comentários:

Pedro Antonio disse...

Gilmar, grande Gilmar, e grandes lembranças de um tempo em que o futebol era risonho e franco...

J.A.Barros disse...

O herói não morre. A sua imagem permanecerá eterna na memória dos nossos filhos e dos filhos de nossos filhos.

Nelio Horta disse...

Pura ilusão Barros! Os filhos dos nossos filhos, jamais se lembrarão de quem foi Gilmar, "goleraço" da seleção brasileira, do Corínthians e do Santos. Somente nós, velhos torcedores, lembraremos do Gilmar. País sem memória, ninguém lê, poucos estudam, país da Internet e dos automóveis, do oportunismo e da corrupção, só pensam "naquilo". Resta a nós, como disse o Pedro Antônio as "lembranças de um tempo em que o futebol era risonho e franco"...

Alberto disse...

Oi, Esmeraldo! Acabei de ler o nosso blog. O teu texto sobre o goleiro Gilmar está muito legal! Apenas uma coisa me deixou cabreiro. Você diz que o húngaro Puskas jogou pela seleção da Espanha na Copa de 62. Achei estranho porque ele também disputou a copa de 54 pela seleção da Hungria - que a falecido Armando Nogueira cansou de elogiar em suas crônicas. Acontece que tem uma lei da Fifa que proibe um jogador, mesmo sendo naturalizado, disputar outra copa do mundo por outro país. Pode ser que essa lei tenha surgido depois de 62, não sei.. Como a Copa de 58 foi a primeira conquistada pelo Brasil, eu fiquei mais por dentro. A de 62, eu tenho poucas lembranças. Na verdade, não lembro do Puskas jogando pela Espanha. Eu lembro muito bem que ele jogou pelo Real Madrid com Di Stefano, Del Sol e até com o nosso Canário e Didi. E por falar nesse jogo contra o Brasil, a Espanha foi garfada vergonhosamente! Lembra? Gol anulando, pênalti não marcado e o escambáu!

Esmeraldo disse...

É isso mesmo, Alberto. Puskas jogou a Copa de 62 pela Espanha.Nem a Espanha nem Puskas, que estava com 35 ou 37 anos, foram bem. Ele jogou as três partidas que a Espanha fez. Derrotas para a Tchecoslováquia, para o Brasil e uma vitória contra o México. Me lembro da polêmica, com o juiz favorecendo o Brasil, mas na verdade a Espanha nem chegou às quartas de Final. E Puskas, que chegou a ser4 o maior goleador em seleções na sua época, não fez nenhum gol na Copa do Chile. Quando a fato de ter jogados duas copas por dois países, não sei de quando é a lei da Fifa, mas acho que o Mazzola jogou 58 pelo Brasil e depois, como Altafini, naturalizado italiano, jogou pela Itália. Estava também no Chile na copa de 62

J.A.Barros disse...

Ness jogo contra a Espanha, o Juiz foi o Ramon Barreto que saiu do estádio com uma enorme mala preta cheia de dólares, disseram algumas almas pecadoras.
O tesoureiro da Comissão da Copa de 62 foi o Adolfo Marques que na época trabalhava na empresa Gráfica O Cruzeiro e muitas histórias contou quando voltou dessa Copa.

J.A.Barros disse...

Acho que o Puskas se naturalizou espanhol e jogou na Copa de 62 na Seleção Espanhola. Na epoca elejogava no Real Madri O Di Stefano, argentino, ainda vivo acho que é naturalizado espanhol.
Nélio Horta, não deixa de ter razão. a geração de hoje não sabe nem quem foi Getúlio Vargas e muito menos João Goulart. Mas, o meu filho sabe quem foi Leonidas e Domingos da Guia.

Edição disse...

Barros, tem muita história de bastidor dessa Copa. Mas teve um juiz peruano que tentou derrubar o Brasil no jogo contra o dono da casa, o Chile, na semifinal. Foi quando Garrincha foi expulso. Mas aí entrou Paulo Machado de Carvalho que sei lá como, talvez com a "mala preta", evitou que Garricha fosse punido e ele pôde jogar a final com a Thecoeslováquia. Mas na verdade, foi uma Copa até de jogo violento (o Brasil era o "inimigo" de todos, o time a ser batido) mas sem nenhuma seleção que chegasse perto do Brasil, que era a equipe de 58 mais experiente, com Garrincha endiabrado. Politicagem existe em Copa, mas ali a Seleção ganhou na bola, Barros, Inglaterra, Itália, Espanha, tudo meio mais ou menos na época

Alberto disse...

Esmeraldo, agora eu me lembro! Você tem razão. A nosso Mazzola, o Altafini para os italianos, realmente defendeu a Itália na Copa de 62. Não tinha atentado para esse detalhe. Por falar em Mazzola, ele só foi convocado para a Copa de 58 porque o técnico Vicente Feola era paulista. Jogou dois jogos: Áustria e Inglaterra. Em todas, não jogou bem. Na copa do Chile, também ficou devendo. A Copa de 58 me trás muitas recordações. Muita gente acha que o Pelé substituiu o Dida, mas na verdade foi ao Mazzola. O ataque era formado por Joel, Didi, Vavá, Mazzola e Zagalo. Didi, Nilton Santos e cia, armaram um barraco e fizeram pressão para substituírem os dois jogadores que jogavam pelo Palmeiras (Dino Sani e Mazzola) e do Flamengo, Joel, colocando o Garrincha, Pelé e Zito. À partir daí, a seleção deslanchou e foi o que se viu: Pelé e Garrincha se tornaram os heróis da Copa. Os franceses se renderam ao talento do garoto de 17 anos e o elegeram Rei. A França era a favorita para conquistar o título. Levaram de 5 a 2 na final. Show de Pelé e Didi. Um detalhe: O De Sordi foi titular até a semifinal quando se contundiu e foi substituído pelo Djalma Santos. Por que será que ele não foi convocado para a Copa seguinte? Depois da Copa de 58 não se ouvia mais falar do lateral do São Paulo. Estranho, né?...

Esmeraldo disse...

De Sordi foi substituido na final, estaria machucado, entrou Djalma. Mas term a versão de que o dr. Hilton Gosling aconselhou Feola a substituir por que De sordi, na véspera do jogo contrea a Suécia, estava muito nervoso. Mas não sei por que não foi convocado em 62, estava em má fase? Boa pergunta.

SILVIO CARDOSO DE DEUS disse...

" RETIFICANDO O NOME DO ARBITRO DE BRASIL X ESPANHA; 1962: NAO FOI O URUGUAIO RAMON BARRETO, E SIM O CHILENO SERGIO BUSTAMANTE;MAS O JUIZ DA PARTIDA FOI SULAMERICANO REALMENTE."