domingo, 11 de agosto de 2013

O toma lá, dá cada da novela não estabelece nenhum amor à vida

por Eli Halfoun
Não existe novela que não reflita através de seus personagens o comportamento dos telespectadores, ou seja, de grande parte da população. São muitas vezes comportamentos preocupantes porque mostram na ficção um desgaste mortal presente na realidade diária. “Amor à Vida” não foge da regra: é duro de engolir o comportamento do personagem Felix (excelente trabalho do ator Mateus Solano) em suas relações pessoais e diante da vida - e não falo aqui de sua opção sexual que não é nenhum defeito e deve ser exercida do jeito que ele, como qualquer pessoa, preferir. O que preocupa em Felix, que reflete bem uma cruel realidade diária, é o jogo de interesses que estabelece em qualquer relação, inclusive com a mãe protetora. O personagem nos mostra que as relações de hoje, sejam pessoais, comerciais, passageiras e até religiosas se desenvolvem apenas como uma troca, um negócio do toma lá, dá cá que nos tem feito cada vez mais interessados em levar vantagem em tudo e com todos. Felix não tem, como acontece e cada vez mais com muitas pessoas, o menor respeito por nada e por ninguém. Nenhum de seus gestos, incluindo os raros de carinho, é sincero: ele só faz as coisas se puder receber algo em troca e levar vantagem. Cobra isso na oportunidade que acha melhor e cobra sem a menor preocupação de estar afetando e agredindo emocionalmente as pessoas das quais cobra quase tudo e muitas vezes por nada.

Felizmente o personagem Felix (repito que não falo aqui de homossexualismo) não representa a totalidade do comportamento humano nos difíceis dias de hoje, mas de qualquer maneira é um significante alerta para que estejamos atentos e não nos deixemos engolir pelo jogo de interesse que é o mais comum atualmente. A vida não pode continuar sendo conduzida d um toma lá, dá cá que massacra qualquer emoção. Sem emoção real não há amor à vida.  (Eli Halfoun)

Um comentário:

J.A.Barros disse...

O conflito do bem e do mal que deveria ser enfocado nas novelas é desviado para outro conflito mais social, que é ficar retido em torno da família pobre que no fim fica rica e na família rica que fica pobre.
As novelas quando são de épocas são muito melhores porque trazem no seu enredo a cultura social da época e no fundo a história deste pais que sofre pela perda de suas memórias. A novela abordando esses temas passa a ter um sentido educativo mostrando a sociedade de hoje como se formou e se estruturou o Brasil. Em vez de enfocar a maldade e a crueldade dos homens contra seus semelhantes porque não trazer através dessa invenção infernal, que é a televisão, a história do homem brasileiro no seu pioneirismo, nas suas descobertas, nas suas aventuras históricas em terras até então desconhecidas e da sua generosidade na relação com a mãe terra, que o criou o fez brasileiro.