por Eli Halfoun
A declaração de um médico
brasileiro formado na Argentina e “importado” agora pelo Brasil parece ser a
melhor definição da discussão em torno da “importação” de médicos determinada
por uma necessária medida provisória. O médico brasileiro que enfim desembarca
para trabalhar em seu país disse que é ‘melhor minha mulher ser atendida por um
médico de foram do que morrer na fila de um hospital sem médicos. Bingo: isso
define perfeitamente a situação: o Brasil pode até ter muitos médicos, mas não
tem médicos suficientes que aceitem trabalhar longe dos grandes centros do
país. Pesquisas recentes mostram que a população aprova a “importação” provisória
de médicos. Só quem não quer os médicos de outros países trabalhando por aqui é
a abastada população que pode pagar por um milionário plano de saúde e os
próprios médicos que sabem perfeitamente que essa importação de estrangeiros
coloca em questão não a competência de nossos médicos, mas sim a incapacidade
humana de atender pacientes necessitados e que não podem pagar por tratamentos
em consultórios particulares ou em hospitais particulares que sem dúvida funcionam
em melhores condições do que os nossos falidos hospitais públicos. Os médicos
importados não estão tirando os empregos de ninguém até porque irão atuar em
municípios nos quais os médicos brasileiros não se dispuseram a atender
pacientes como, aliás, deveriam fazer porque esse é o juramento que prestam quando
se formam. Uma questão de saúde está se transformando em uma briga jurídica que
como sempre afeta o povão que continua sendo tratado pela medicina como se
fosse um pedaço de gaze usada e descartada no lixo. É evidente que os médicos
estrangeiros não resolverão o problema de saúde no país, mas sem dúvida poderão
melhorar muito situações calamitosas que se repetem onde mais se precisa de
médicos, de saúde e de atenta atenção de todos. Medicina não é só para faturar
alto em consultórios. Pelo contrário: é para ser exercida em benefício das
pessoas. De todas as pessoas. (Eli Halfoun)
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