quarta-feira, 21 de agosto de 2013

É preciso aprender a respeitar a nossa própria casa

por Eli Halfoun
Lembro que há muitos anos, quando fui aos Estados Unidos (Washington) pela primeira e única vez, foi impossível deixar de reparar como por lá as ruas eram (ainda devem ser) limpas. Não havia uma única ponta de cigarro no chão. A limpeza e o comportamento das pessoas fazia qualquer visitante porcalhão constranger-se em jogar um cisco na rua. No carro em que estava acendi um cigarro, joguei a cinza no cinzeiro e ao final não tive coragem de atirar a guimba pela janela como certamente teria feito por aqui. A limpeza das ruas é um problema cultural e por isso mesmo levará um tempo até que nos acostumemos a guardar no bolso ou em sacolinha apropriada o lixo que sem a nova campanha “Lixo Zero” descartaríamos disfarçadamente em um canteiro, uma árvore ou um poste. Não sei se a cidade oferece lixeiras suficientes para que se possa jogar nelas o que geralmente descartamos no chão. No primeiro dia da campanha “Lixo Zero” no centro do Rio foram aplicadas até às 15h30m 98 multas que variam de R$ 157 a 3 mil. Segundo O Globo ninguém protestou ou se recusou a identificar-se para que a multa pudesse ser aplicada – se a multa será realmente paga é outra e confusa história.

É triste saber que para que os cidadãos se comportem civilizadamente em relação a sujeira pública seja necessário mexer em seu bolso que é sem dúvida a única maneira de mobilizar e ensinar as pessoas pelo menos e ainda no Brasil A primeira etapa do “Lixo Zero” será complicada: demorará um tempo até que nos acostumemos a jogar o lixo em seu devido lugar: a lixeira. Talvez agora também seja o fim do amontoado de entulhos nas ruas - entulho descartado por um operário que realiza uma pequena obra em qualquer casa. É certo que durante a obra, por menor que seja o vaso o vaso sanitário trocado, os canos substituídos e outras sujeiras típicas de pequenas obras sejam descartadas nas calçadas como se o lugar pelo qual circulamos seja uma lixeira. O trabalho de conscientização (por enquanto e inevitavelmente com aplicação de multa) apenas começou. Tenho esperança de que com o tempo todas as pessoas fiquem constrangidas de jogar um palito que seja na rua. Como fiquei quando estava na casa dos outros. É preciso aprender a organizar e a respeitar a nossa própria casa. (Eli Halfoun)

2 comentários:

Mendonça disse...

Em todos os países, mesmo os mais desenvolvidos, a educação vem da multa. Lá fora, nas áreas principais das grandes cidades, centro, bairros históricos ou de classes mais altas,há guardas que multam que joga lixo fora. Dái, todo mundo é educadinho. Agora via ver os bairros populares de Washington, onde nem é bom ir corre-se risco de assaltos,lixo direto na rua. E isso vale para qualquer grande cidade do primeiro mundo. Resumindo: a educaçaõ vem do respeitos às leis e do medo da multa que doi no bolso. O Rio está certíssimo em reprimir e tirar dinheiro dos porcalhões.

J.A.Barros disse...

Tudo está certo mas o estado precisa dar a alternativa aonde jogar o lixo, porque essas cestinhas amarradas no poste não são suficientes para receber a quantidade de lixo que é jogada fora nas ruas das cidades.
Multem os cidadãos que forem pegos por sujarem as ruas com os seus lixos, mas deem educação aos filhos desses cidadãos e eles nunca serão multado por sujarem as ruas.