por Eli Halfoun
É a velha história de só reforçar a tranca depois da casa arrombada: toda vez que chove repetem-se as desumanas cenas envolvendo gente que já não tem nada ficar com menos ainda porque a casa foi invadida pelas águas, pela lama e, principalmente pela irresponsabilidade do poder público cansado de saber que com qualquer chuvisco o Rio está literalmente ameaçado de transbordar levando em suas águas um punhado de lágrimas de moradores carentes. A chuva que acaba de novamente massacrar a Baixada Fluminense, especialmente Caxias mostrou uma vez mais que a porta continua sem tranca.
Há sempre quem se defenda com a desculpa de que chuva forte é uma fatalidade contra a qual nada se pode fazer. A cidade tem sido vítima constante de chuvas contínuas. Ninguém espera por elas e pede que se fechem as torneiras do céu, mas se é impossível evitar a chuva não é impossível evitar as tragédias que se repetem da mesma forma, como se fossem um festival de reprises de filmes na televisão. É esse filme que desabriga pessoas e as condena a umas pobreza ainda maior, a uma subvida, apavorada a cada trovoada.
As cenas são sempre as mesmas: encostas caem, casas desabam, móveis bóiam em águas sujas, gente morre engolida pela lama. Todo mundo, inclusive as autoridades, sabe que quando a chuva chega maiores serão as tragédias nos locais de sempre. Fica claro, mesmo quando falta luz, que a única solução é partir para prevenção. Não é preciso esperar chover para socorrer as vítimas - vítimas que certamente seriam bem menores se nos períodos ensolarados fossem feitas as fundamentais obras de prevenção e a população, principalmente a carente, estivesse informada de como proteger-se e evitar danos maiores dos que os que ocorrem. Nada se faz simplesmente porque em dia de sol todo mundo quer ir para a praia.
A cada pingo mais forte a Defesa Civil atende centenas de pedidos de ajuda para imóveis com infiltração, desprendimento de esboço/reboco, deslizamento de barreira, queda de muro, inundação/alagamento e outros danos que poderiam ser perfeitamente evitados se necessárias providências fossem tomadas antes da casa arrombada. São medidas urgentes que certamente evitarão maiores estragos e desnecessários prejuízos aos cofres do município e do estado.
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