domingo, 22 de novembro de 2009

O cajueiro do Vieira (do Lamas)



por Gonça
Vieira, o mais antigo garçom do Lamas, comemorou 70 anos de idade, 35 de casa, e anuncia sua aposentadoria neste fim de ano. Durante anos, gerações de jornalistas da Manchete frequentaram o Lamas no endereço original, no Largo do Machado, e no atual, na Marquês de Abrantes. Ney Bianchi, Carlinhos de Oliveira, Henrique Diniz, Monteirinho, Ronaldo Bôscoli, Sérgio de Souza, Wilson Pastor, Sergio Ryff, muitos e saudosos amigos foram atendidos pelo bom Vieira. Em torno de um chope bem tirado e pratos como os famosos filé mignon à francesa ou à oswaldo aranha, o filé à milanesa ou a canja especial, reuniam-se outros colegas das revistas da Bloch como Machadinho, Alberto Carvalho, Orlandinho, Marcelo Horn, Jussara, Regina d'Almeida, Egberto, Maria Alice, Deborah, Raul Silvestre (da TV Manchete)...
Há quase 20 anos, um fotógrafo da Manchete trouxe do Nordeste uma caixa de cajus, que distribuiu na redação. Levei alguns ao Lamas, pedimos uma boa cachaça e ali mesmo demos um destino honroso ao caju nordestino como excelente tira-gosto que é. O Vieira, que nos atendia, tinha acabado de comprar um sítio no interior do Estado, esse mesmo aonde deve ir agora desfrutar da sua merecida aposentadoria, gostou do visual do caju: "Não joguem as castanhas fora. Guardem pra mim que vou plantar no meu sítio".
Dependendo do solo, um cajueiro leva de três a cinco anos para dar frutos. Voltávamos ao Lamas nos anos seguintes e o Vieira não esquecia de dar notícia: "Vingou!"; "Tá lá crescendo"; "Tá florando!".
Deixei a Manchete, fui trabalhar em outras redações, as idas ao Lamas se tornaram raras, infelizmente. Estive lá depois de uma das saídas do tradicional bloco dos jornalistas, o Imprensa que Eu Gamo, há uns três anos, mas naquele dia não encontrei o Vieira. Fiquei sem notícias do cajueiro. Mas torço para que ainda esteja lá, com seus frutos, à espera do dono do sítio. Saúde, amigo Vieira!          

Um comentário:

Aloisio disse...

O Velho Lamas... quantas histórias. Sou de Beagá, morei no Rio durante quase 20 anos. A Lamas é a minha melhor referência carioca.