segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Jornal coloquial

por Omelete
De uns tempos pra cá, a Globo resolveu orientar seus âncoras a dar à narração de notícias um tom coloquial, supostamente inspirado nos telejornais americanos. A ABC e a NBC criaram ainda no fim dos anos 60 a clássica figura do âncora, da qual o jornalista Walter Cronkite foi o melhor exemplo. Saia o locutor, o simples leitor de notícias, entrava o Cronkite "inteligente", capaz de analisar o fato que acabava de narrar, de entrevistar um presidente, de questionar um senador ou dirigente de uma grande empresa. A fórmula se espalhou pelas TVs de todo o mundo. Nos anos 90, a CNN inovou mais ainda e ampliou a ação do âncora. Manteve o apresentador-pivô na central do telejornal mas transformou cada repórter em um comentarista, capaz de dialogar com o âncora e, assim, tornar mais clara e contextualizada a informação. O telejornal ganhou nova dinâmica. Aparentemente, a Globo pretende trilhar essa rota. Mas há algumas pedras no caminho. William Bonner e Fátima Bernardes simulam diálogos no meio ou ao fim de determinadas notícias. Mas parecem vacilantes, olham para o telespectador, olham um para o outro, mas não podem perder de vista o teleprompter (há uma facção, no jornalismo da Globo que pretende restringir o uso desse aparelhinho), e temem errar de câmera. Para o telespectador, parece exatamente isso, uma simulação. Não dialogam, apenas encenam um diálogo. Os âncoras americanos improvisam. Bonner e Fátima não fogem do script. Os âncoras americanos emitem opiniões. O próprio Bonner já disse em entrevista que guarda para si a opinião e limita-se a difundir a opinião da emissora. Fica difícil mostrar espontaneidade e ao mesmo tempo não se soltar do texto. Na falta desse improviso e para ressaltar o tal tom coloquial, apresentadores e repórteres agora também se chamam pelo nome. Às vezes, em excesso,. ninguém, em uma conversa normal, intercala o diálogo com o nome do interlocutor tantas vezes. Fátima vira-se para o marido e diz, por exemplo, "Bonner, hoje São Paulo sofreu com um engarrafamento de 150km". Bonner rebate: "Fátima, mas isso não foi nada comparado à Anchieta que registrou um congestionamento de 250km". A Globo News não fica atrás. Acabei de ver Em Cima da Hora. Em uma notícia relativamente curta sobre uma pesquisa eleitoral, ouvi uma dúzia de vezes "Leilane" pra cá, "Camarotti" pra lá, "Leilane" foi isso, 'Camarotti" foi aquilo o que houve... e por aí foi o "bate-papo" entre a apresentadora Leilane Neubarth e o repórter Gerson Camarotti. Soa falsa essa "intimidade", parece coisa ensaiada, sem naturalidade. Daqui a pouco, para mostrar descontração, vai rolar um "meu irmão" por aqui, um "mano" em São Paulo, um "queridão" em Brasília. "'Queridão' como foi o dia do presidente?" "Foi maneiro" gata..."

Um comentário:

deBarrros disse...

Gente, tudo que vem da Tv Globo ta ficando chato. O casal do Jornal da Globo, esses então a gente muda logo de canal. O Jornal do meio-dia, além de só trazer notícias de desastre, tinha uma música de fundo de arrepiar os cabelos do nariz de tão chata que era.
No Globo esporte puseram uma moça que fala pelos cotovelos, ri muito, não sei se ela acha o que ta fazendo muito engraçado ou muito triste e para disfarçar ri muito. Para implantar a nova grade mandaram muita gente embora,inclusive o Sérgio Noronha. Enquanto isso, nos sábados, para cobrir o descanso dessa moça, entra o Leó que – sozinho – dá um banho em todos eles. A Tv Tupi, gente, começou assim.