quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gravidez na adolescência 2: pobres meninas grávidas

por Eli Halfoun
Às vezes é preciso ser repetitivo para criar consciência. A sempre duscutida gravidez na adolescência é, queiramos ou não, um problema de saúde porque lota hospitais e coloca em risco a vida de muitas jovens e seus bebês. Com base nas Estatísticas de Registro Civil o IBGE chama atenção para o número de adolescentes que ainda engravida: 20,5% dos nascimentos registrados (um em cada cinco gestações) ocorrem entre meninas com menos de 20 anos.
Não resolve ficar olhando e lamentando os números: é urgente uma política mais abrangente de orientação. A educadora sexual Maria Helena Vilela lembra que “diversos fatores contribuem para a gravidez na adolescência, mas é certo que meninas com projetos de vida, escolaridade, objetivos e orientação em casa engravidam muito menos”.
A educadora diz ainda que as adolescentes nas classes sociais mais favorecidas têm melhores condições de fazer abortos com mais garantias e por isso mesmo a gravidez precoce registrada na classe social mais baixa é alta. A constatação confirma que o aborto é praticado livremente em consultórios ou clínicas luxuosas, mas só é permitido aos que podem pagar caro. A hipocrisia, não permite que adolescentes mais pobres tenham direito e liberdade de escolher se querem ou não a maternidade.
Uma das soluções é a conscientização da prevenção: segundo especialistas quase a totalidade dos jovens sabe do que tratam as pílulas e camisinhas, mas não necessariamente usam esse conhecimento em seu benefício.
Para a ginecologista Vera Fonseca, “a pobreza é fator determinante para a gravidez entre as adolescentes, não apenas por conta da dificuldade de acesso à informação e aos métodos contraceptivos. Quando elas não têm perspectiva de vida a maternidade lhes parece um bom negócio”.
Além de acesso a informação é fundamental dar às meninas perspectivas de vida, de futuro: a gravidez não pode ser uma válvula de escape, uma espécie de bolsa família para quem nada mais tem a perder e acredita que com um filho vai ganhar. Perde mais: em geral os pais não assumem a responsabilidade e a mãe adolescente passa a viver em condições até piores do que as de antes.
Definitivamente não é o que queremos para as meninas do Brasil. Gravidez precoce é problema de saúde que precisa de solução urgente com ampla e definitiva discussão, inclusive sobre o aborto, que pé feito por aí aos montões, mas só por quem pode pagar..e pagar caro.

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