"Quanto de perversão sexual será responsável pelo assédio imoral à República?", pergunta Arnaldo Jabor na abertura do capítulo Amor e Sexo de seu novo livro Amigos Ouvintes. E vai além: "Quanto desejo de poder e manipulação se esconde sob o amor?". São questões como essas que Jabor, um "louco que ainda acredita neste país", como se autointitula, levanta nas mais de 320 páginas, divididas em sete capítulos: Além de Amor e Sexo, Política Nacional, Política Internacional, Cinema, Dia a Dia, Personagem e Violência. Temas que debate em seu programa de rádio e que geraram esse volume, o primeiro título da Coleção CBN Livros.
Sobre violência, todos os tipos que imperam no país, Jabor admite que há um novo tipo de crueldade em vigor: mata-se por nada. E que o Brasil, tão festejado por seu Carnaval, colorido e vibrante, está virando um carnaval de psicopatas. A reflexão que faz sobre uma série de assassinatos, como o da menina Isabella Nardoni, estende-se à emoção que o brasileiro sente diante desse tipo de morte. Diz Jabor: "Cresce em nós uma pele de rinoceronte na alma".
Em Dia a Dia, o comentarista põe ainda mais fogo em assuntos considerados polêmicos, como o das células-tronco embrionárias. "Quem é contra tem a ignorância como fé", afirma ele. E lança uma pergunta ao leitor para tentar definir a importância de algumas personalidades, entre elas, Oscar Niemeyer, Antônio Carlos Jobim, Glauber Rocha e a mulher-objeto Marilyn Monroe: "O que seria de nós sem eles?".
Os comentários de Jabor no capítulo Cinema têm a ver com certa nostalgia que sente acerca de filmes de um passado recente, salpicados com boa dose de poesia. Jabor acha que, não por acaso, filmes como Ônibus 174 e Tropa de Elite fazem tremendo sucesso, porque o que mudou foram os olhos do espectador. "Os filmes que esses olhos desejam são brutos, rápidos demais, violentos", escreve.
E como tudo no Brasil sempre acaba em sexo, o assunto volta à baila porque Jabor tem saudade dos tempos em que não se falava de orgasmo. "Era quase um pecado. Hoje, tem algo de descarrego, virou uma espécie de recorde esportivo, um gol." (Da assessoria de imprensa da Globo Livros)
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