quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quem canta os males não espanta

por Eli Halfoun
Desde que o carnaval passou a concentrar-se apenas no desfile das escolas de samba, as deliciosas marchinhas carnavalescas perderam força até porque perderam também a ingenuidade crítica que as faziam cantar com bom humor os problemas da cidade nos. Sem animados bailes de salão, que hoje são apenas um desfile de bundas (calma aí: nada contra as bundas, as belas bundas) e de corpos “marombados” e sem carnaval de rua, as marchinhas acabaram engavetadas e por mais que se tente recupera-las até através de com concursos não há uma única música de carnaval (exceção, é claro dos samba-enredos) dos últimos anos que o folião realmente conheça. O que baila na memória carnavalesca do nem tão animado folião de hoje são as alegres marchinhas de antigamente. De antigamente, mas sempre atuais, como é o caso de, entre outras, “Vagalume” que acerta em cheio em um problema atual e que pelo visto também existia há mais de 20 anos, o que de certa forma mostra cantando que as chamadas autoridades não fazem e nunca fizeram nada. Composta em 1954 por Vitor Simon e Fernando Martins, veja só como a letra de “Vagalume” é atualíssima: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz/ de dia falta água/ de noite falta luz”. Pode ser mais atual?

2 comentários:

Gonça disse...

As marchinhas fizeram história e deixaram saudades. Apesar de muitas iniciativas para revivê-las, como concursos em programas de televisão e uma festival que todo ano acontece na Fundição Progresso, este bem sucedido, as marchinhas já não ganham as ruas e os saloes.
Em complemento qo que diz o Eli, o carnaval, evidentemente, é outro. Há quem não goste, mas as micaretas se espalharam pelo país e atraem milhões de jovens. No Rio, o espetáculo das escolas de samba continua belíssimo mas transformou-se em... espetáculo. Mas o que há de positivo, nos últimos anos, é o ressurgimento do carnaval de rua no Rio de Janeiro. Aos poucos, geralmente de forma espontâneas,organizados por moradores, os blocos antigos ganharam nova força e novos blocos surgiram. Muitos revivem as marchinhas de antigamente. Outros, como o Simpatia Quase Amor, que desfila há mais de 20 anos em Ipanema e hoje atrai cerca de 30 mil pessoas (o que é um excesso e até se transforma em um problema, mas é inevitável, as pessoas querem se divertir), tem a cada ano um samba-enredo próprio, geralmente bom samba-enredo. O Suvaco, que sai no Jardim botânico, passou a não anunciar mais a hora em que desfila, apenas o pessoal mais chegado fica sabendo, para evitar excesso de gente, já que nem as ruas do bairro suportam tanta multidão. Ou seja, o carnaval mudou mas continua sendo a maior festa popular desde país. E vamos ao Simpatia (que este ano terá camisetas desenhadas pelo fo´tógrafo e artista plástico Vik Muniz).

deBarrros disse...

A verdade é que, na minha opinião, o Carnaval dos tempos atrás deixou de existir há tempos. No ano 2 mil, o último Carnaval, que a revista Manchete deu cobertura, vim a descobrir que os Carnavais nos clubes de bairro tinham acabado.
Aconteceu que, no sábado de Carnaval tendo de ir para a Redação da Manchete, à meia-noite para trabalhar, resolvi passar pela praia de Icaraí, Niterói, onde moro, para dar uma espiada nos clubes onde se realizavam os bailes. Gente, tive uma enorme surpresa ao ver esses clubes fechados e com as luzes todas apagadas. Esses clubes não davam mais os bailes de Carnaval há alguns anos – foi quando fiquei sabendo então dessa decisão.
Na década de 50,o Rio tinha Caranval nas ruas, nos Clubes e nos desfiles das Sociedades: os Democráticos, Tenentes do Diabo, e outras mais associações carnavalescas, que – não me lembro qual era a noite certa – com enormes carros alegóricos decorados com motivos alguns políticos e outros a natureza e cheios de mulheres bonitas, desfilavam pela Avenida Rio Branco com enorme sucesso.
Com o crescimento das Escolas de Samba, essas Sociedades, que enfeitavam os Carnavais daquelas épocas, se acabaram e o grande Carnaval do Rio se transferiu para o desfile das Escolas de Samba. Mas ao mesmo tempo que as Escolas se tornavam o maior sucesso carnavalesco as outras comemorações, como o Carnaval de rua, dos clubes dos pequenos blocos de bairros foram se apagando deixando de existir em muitos casos e o Carnaval do Rio ficou liimitado a esse grande evento, empolgante e grandioso que se tornou famoso internacionalmente, atraindo turistas de todos os cantos do mundo, trazendo dólares para os cofres do Municipio.
Hoje, estão tentando recuperar o Carnaval de rua e dos Blocos. Acho dificil mas não custa nada tentar.