por Eli Halfoun
O homem está sempre em busca do novo. Afinal, são as novidades que movem nossa curiosidade e incentivam o prazer das descobertas e das emoções. O homem precisa estar mudando sempre em busca do desconhecido. Talvez esse seja um dos motivos que faz com que os chamados lugares da moda tenham prazo de validade: depois de um período ficam desinteressantes e repetitivos. É como um casal de namorados que precisa se reinventar e redescobrir diariamente para não entrar em uma rotina geralmente fatal. Um grupo de empresários do ramo de bares e restaurantes de Copacabana parece ter entendido isso e decidiu revitalizar o Lido, que já foi ponto de encontro obrigatório da boemia em (e de) Copa. Inicialmente a idéia é devolver ao local as saborosas receitas que, em outros tempos, fizeram a alegria do paladar boêmio. Pode ser que funcione, mas como não se pesca o freguês apenas pela boca é preciso oferecer mais, muito mais. É fundamental incluir no cardápio um clima de segurança que permita que o local possa ser freqüentado em medo. A praça do Lido é hoje um triste retrato da realidade transformada em endereço de moradores de rua, de meninos também de rua fumando crack e cheirando cola como se estivessem em uma luxuosa tabacaria, e de prostitutas que oferecem seus já cansados e debilitados corpos, muitas vezes em troca de um prato de lasanha. Aliás, as belas praças do Rio não permitem mais a presença de crianças brincando e de casais de namorados trocando inocentes carícias. Tem sempre o perigo de qualquer momento um ladrão cair do galho de uma árvore direto na nossa carteira e relógio. Revitalizar é criar o novo, mesmo que esse novo seja apenas uma releitura do passado. Devolver ao velho Lido os encantos da boemia é devolver ao Rio uma de suas tradições, como deveriam fazer em muitos outros badalados pontos da cidade, mas não basta oferecer comida, o que pode ser uma boa nesses tempos de comida a peso, ou melhor, aquilo de comida). É preciso também ofertar bebida honesta, higiene e acima de tudo tranquilidade. Só assim o Lido (e isso vale para todo o Rio) voltará a ter o sabor carioca que o fez famoso.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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