por Gonça
Em outros tempos, havia um editor carioca que detalhava a pauta de uma determinada matéria, rascunhava o título e, só então, chamava o repórter e dava a ordem: "quero que você vá para a rua e me traga uma matéria que combine com esta manchete". O jornalistas pegava seu caderninho, botava pilha nova no gravador, e saia em campo para provar a "tese" do editor. Fatos e entrevistados que a contrariassem seriam descartados ou minimizados. A interpretação de números, opiniões e fotos que "sustentassem" a "tese" do editor seriam destacados. Simples assim, a "tese" se comprovava e virava "notícia". Basta ler com certa atenção e isenção os jornais, praticamente qualquer jornal, para identificar técnica semelhante. Este blog já levantou algumas em post anteriores. O recente apagão, coisa séria que atinge milhões de brasileiros, virou mote de campanha política. Esse bate-boca é o caminho que desvia o foco da discussão. Por exemplo, porque o setor elétrico tem que ser entregue a um político que mal sabe acionar um interruptor? No governo Lula, a eletricidade é do PMDB; no governo FHC, foi do DEM. Agora, apagão. Antes, racionamento (lembram-se, os jornais "esqueceram") e apagão. Pena que o consumidor/eleitor também esquece e continua votando nos políticos de sempre, os mesmos que adiam as reformas políticas e transformaram o Congresso em agremiações pessoais. Se o debate tiver como foco os problemas de infraestrutura do país, há muito o que discutir (por acaso, vamos sediar uma Copa e uma Olimpíada e já pensou em uma final ou um pódio a luz de velas?). Há linhas licitadas e privatizadas e não construídas (e o setor privado é responsável hoje por 44% das linhas de transmissão e subestações), há projetos do governo que não sairam do papel, há falta de investimento, questões que deveriam estar acima dos partidos. (registre-se que o apagão e racionamento na era FHC foram motivos de exploração política na campanha eleitoral seguinte mas não na mídia, até porque a mídia estava, como permanece, alinhada com os projetos políticos do clã FHC). Falta dizer, por exemplo, que as regras da privatização impedem que a Eletrobrás invista em lnihas novas. Ela só pode melhorar aquelas de que já dispõe. Para novas linhas, tem que disputar licitação com empresas privadas. Veja um exemplo no jornal de hoje sobre a leitura "conveniente" dos números. O título aí reproduzido focaliza apenas um dos pontos da matéria publicada lá dentro (curiosamente, não analisa o período antes de 2000, quando os investimentos cariam e as estatais foram praticamente sucateadas para a famosa venda em troca de "moedas podres").
Leia a reportagem completa e conclua que não é bem assim: o tal do setor elétrico não sai bem na foto em nenhum dos dois governos. Em tempo, mesmo os números da manchete principal são contestados no texto da reportagem. O apagão, agora, pelo visto e lido, deu-se foi no bom e autêntico jornalismo.
O problema agora, no meu entender, não está mais no APAGÃO, mas na postura do governo, que não pretende negar o fato mas afirmar que ele nem existiu. Um Minisro do governo veio à público – me pareceu estar nos tem;os negros da Ditadira Militar – que o assunto estava encerrado e não se falava mais nisso. Meu Deus, isso foi um total desrespeito ao povo brasileiro, que ficou sem explicação para tal fato e milhares tiveram prejuizos enormes em decorrêcia deste malfadado APAGÃO. Quantos perderam seus eletrodomésticos queimados, suas casas incendiadas com perdas incalculáveis.
ResponderExcluirO governo para justificar a sua incompetência quer jogar a culpa no governo passado. O passado já passou há muito tempo senhor Ministro e senhora, sem doutorado e sem mestrado, que chama de "barbeiragem", o racionamenteo de luz do governo anterior, obrigado pela seca, a tomar esse procedimento. Não foi ráio nem trovão, que obrigou o governo a fazer o racionamento de luz no Brasil. – Será que eles entendem isso? –
Agora vem o Ministro com aquela cara de ameixa seca, chupada pelo tempo, dizer: – O assunto está encerrado. Foram os raios que causaram o APAGÃO.
E fica tudo por isso mesmo. Incompetêcnia e safadeza agora se chama : "raios"