por José Esmeraldo Gonçalves
Para Carlos Marighella, a luta continua.
Executado há 50 anos, o líder revolucionário, fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), enfrenta, in memoriam, uma batalha para chegar às telas de cinema do Brasil.
"Marighella", de Wagner Moura, exibido no exterior e premiado em vários festivais, deveria estrear no dia 20 de novembro, a próxima quarta-feira, Dia da Consciência Negra. Em nota recente, a produtora O2 Filmes informou que o lançamento do filme, que tem no elenco, entre outros, Seu Jorge, Adriana Esteves e Humberto Carrão, foi cancelado porque a produção não conseguiu “cumprir os trâmites” exigidos pela Agência Nacional de Cinema.
E, aparentemente, não se fala mais nisso.
Assim como os golpes de Estado, a censura no Brasil agora atua travestida de inúmeros pretextos. Basta ler notas semelhantes das mais diversas instituições a propósito de apreensão de livros, de vetos a exposições, a palestras em universidades, de barreiras políticas, morais ou religiosas no acesso a financiamentos públicos e até agressões, intimidações e invasões de espaços culturais por milícias neofascistas.
A justificativa para o cancelamento da estréia de "Marighella" parece apenas uma versão construída para disfarçar o que já era esperado no atual ambiente político do Brasil. Aliás, "versão" é um recurso de dissimulação e fake news que tanto os órgãos de segurança da ditadura quanto o baronato da grande mídia, na época, usou para desconstruir os fatos na vida do guerrilheiro.
Em 2012, o fotógrafo da Manchete, Sérgio Jorge, denunciou na Istoé, a farsa montada pelo delegado Sérgio Fleury, que era uma espécie de capo executor oficial da ditadura, ao criar a versão oficial para a morte de Marighella, em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969. "Eu vi os policiais colocando o corpo no banco de trás do carro", revelou o fotógrafo sobre a montagem da cena de confronto. Segundo dois frades dominicanos que iriam encontrar o guerrilheiro, este foi executado no meio da rua, a queima-roupa. Não houver confronto. Marighella estava desarmado e foi fuzilado ao se encaminhar para o Fusca onde os policiais haviam colocado os dominicanos e onde seu corpo foi depositado em seguida. Os frades foram protagonistas involuntários da segunda farsa montada pela ditadura e divulgada pela mídia: a versão da "traição", segundo a qual os religiosos foram os responsáveis por dedurar Marighella.
A jornalista e escritora Leneide Duarte-Plon publicou semana passada na Carta Maior o artigo "50 anos da execução de Marighella e a farsa da "traição" dos dominicanos", que desmonta mais essa fake news da ditadura em parceria com os jornais. Conta a jornalista: "Logo depois da execução de Marighella, cujo corpo foi colocado dentro do carro depois de morto para compor a narrativa das fotos que a imprensa receberia, os órgãos de segurança da ditadura começaram uma sórdida campanha, bombardeando a mídia com fake news, atribuindo aos dominicanos uma suposta 'traição'. Eles teriam traído o antigo aliado, dando informações que permitiram a morte de Marighella. O que hoje chamamos de fake news sempre existiu. Os regimes totalitários desde sempre utilizaram a mentira para justificar invasões de territórios, prisões de dissidentes políticos ou mesmo para convencer a população que uma reforma traz benefícios quando, na verdade, representa perda de direitos. No Brasil de hoje, a mentira (fake news) é o combustível de toda ação governamental. Na época da ditadura não era diferente. No nosso livro "Um homem torturado, nos passos de frei Tito de Alencar", lançado em 2014, Clarisse Meireles e eu reconstituímos o episódio da prisão dos dominicanos e da mentira de Estado, que se impôs através dos órgãos de imprensa da época".
Testemunhos como o de Sérgio Jorge, livros como o de Leneide e Clarisse, além da obra de Mário Magalhães, "Marighella, o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", em que se baseou o filme, recolocam os fatos diante da história. O brasileiro tornou-se uma referência revolucionária em todo o mundo. Seu livro "Manual da Guerrilha Urbana" virou um tutorial famoso para muitos focos de luta popular. Que o diga Sebastião Salgado, que também trabalhou para a Manchete. Em matéria publicada na revista MIT, quando entrevistou Salgado, o jornalista Roberto Muggiati conta como Marighella indiretamente salvou a vida do fotógrafo. Leia o recorte abaixo.
Enquanto "Marighella" permanece sem data de lançamento nos cinemas, a Rede Globo anuncia sua transformação em uma série de quatro episódios a ser exibida no ano que vem.
Caso "entraves" burocráticos não atropelem o projeto.
PARA LER A REPORTAGEM COM SÉRGIO JORGE NA ISTOÉ, CLIQUE AQUI
PARA LER O ARTIGO DE LENEIDE DUARTE-PLON NA CARTA MAIOR,
CLIQUE AQUI
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Marighella: o filme sem tela pode virar série na TV
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terça-feira, 12 de novembro de 2019
O Pasquim, 50 anos. Agora com um clique você viaja no tempo. A coleção do semanário que desafiou a ditadura foi digitalizada pela Biblioteca Nacional
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O Pasquim número 1, junho de 1969. |
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Uma edição que faz um link entre a ditadura e o Brasil de hoje: jornalistas ameaçados pelo governo e pelas milícias digitais. |
Ao completar 50 anos (foi lançado em junho de 1969), O Pasquim ganha um ponte digital para as novas gerações e para o futuro. A Biblioteca Nacional acaba de digitalizar as 1072 edições do histórico semanário. Textos, fotos e charges poderão ser acessado na plataforma da Seção de Periódicos da BN.
A nova plataforma será lançada no dia 19 de novembro durante a abertura da exposição "O Pasquim 50 Anos", no Sesc Ipiranga, em São Paulo.
O Pasquim digitalizado chega, coincidentemente, em uma época difícil para a liberdade de expressão. Jornalistas são perseguidos e alguns veículos "chapa-branca" demitem, a pedido do governo da direita radical, profissionais que criticam a republiqueta bolsonarista.
A nova censura afeta a cultura, com registro de exposições, filmes e peças vetados por instituições oficiais.
O Pasquim volta, pelo menos em forma de memória jornalística, mais atual do que nunca.
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
América do Sul sob alta tensão
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Bolívia |
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Lula no New York Tines |
Ao libertar Lula, em respeito à Constituição, o STF lançou o nome do ex-presidente nos TTs globais e na imprensa. O STF agiu dentro da lei e a reação da direita radical já se faz sentir com as pressões para encaminhamento ao Congresso de um emenda que restabeleça a prisão antes do fim dos processos.
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Chile |
As manifestações no Chile estão há dias nas primeiras páginas. Os fatos têm relação com a persistente presença da direita elitista no continente. Os processos de Lula, que gravações mostraram ser plenos de irregularidades, além da ausência de provas, estão no contexto do golpe que derrubou Dilma Rousseff e impediu a candidatura do ex-presidente.
O Chile sofre as consequências de uma brutal política econômica formulada pela ditadura de Pinochet. O povo nas ruas exige vigorosamente um nova Constituição, sem as marcas da sangrenta ditadura.
Agora, um golpe abala a Bolívia e derruba Evo Morales, o presidente que implantou no país uma bem sucedida política econômica e social que permitiu a ascensão dos mais pobres, o que a elite em geral abomina.
A Argentina, que acaba de destronar o neoliberalismo predatório dos direitos sociais, que se cuide.
domingo, 10 de novembro de 2019
Chile hoje, Brasil amanhã: a crise do neoliberalismo galopante...
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O jornal ouviu pessoas comuns. "Minha mãe paga meu tratamento com dívidas", disse uma. "O custo da faculdade expulsou minha filha" queixou-se outra. "Ou temos comida poupamos para a velhice", protestou uma chilena que teme que o pai não consiga se aposentar. "Os novos políticos encheram os bolsos", denunciou um idoso.
Já ouviu isso em algum lugar?
São falas perfeitamente reproduzíveis no Brasil onde o drama é até pior. Em comum, os dois países têm a política econômica enquadrada no neoliberalismo selvagem e um nome: Paulo Guedes.
O atual ministro bolsonariano foi assalariado da ditadura chilena e a convite do governo Pinochet deu aulas em universidade chilena nos anos 1980 como parte da política de impor ao país o liberalismo galopante às custas da pobreza e das políticas sociais. Deu nisso.
Muro de Berlim, 30 anos da queda: Manchete estava lá
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Gil Pinheiro e Ney Bianchi. Berlim, 1989. Reprodução |
Na noite de 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim começou a cair. Manchete logo enviou a dupla Ney Bianchi e Gil Pinheiro para testemunhar a queda da barreira que separava as Alemanhas Ocidental e Oriental.
Junto aos escombros, os repórteres registraram o day after, a euforia dos berlineses e a semente da reunificação que começava a germinar e que, finalmente, aconteceu
em 1990.
O texto brilhante de Ney Bianchi tangenciava a política e retratava a nova rotina e a redescoberta da cidade.
De volta ao Brasil, Ney e Gil colocaram na mesa de edição da Manchete, texto, fotos e alguns souvenirs especialíssimos: pedaços do concreto do muro que os soviéticos construíram em 1961. Os pedregulhos foram atração na redação. Todos tocaram as pedras e sopesaram a história.
Ney contou que ao longo do muro, a cada 100 metros, havia camelôs vendendo o próprio. "Pedras de todos os tamanhos arrancadas a golpes de picaretas nas fronteiras da Porta de Brandenburgo, do Checkpoint Charlie, da Invalidestrasse, da Postdamer Platz - onde quer que os guardas fingissem não ver os garimpeiros da muralha - eram negociadas", escreveu. Não havia preço de mercado. O cálculo era de acordo com a cara do freguês. Para americanos era mais caro: 45 dólares o quilo. Esse era o pedaço maior, o calhau. A lasca era vendida a 20 e a pedrinha a 2 dólares.
E, naquela noite, a saideira no bar do Novo Mundo foi com as pedras do Muro de Berlim pousadas na mesa.
Brindamos à história on the rocks.
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
Em Portugal, vinho vira pó...
Segundo a OCDE, os portugueses estão bebendo menos. A pesquisa não esclarece se incluiu os brasileiros residentes ou clandestinos na terrinha. Outras fontes informam que aumentou o consumo de antidepressivos em Portugal assim como cresceu a apreensão de cocaína.
Se uma coisa tem a ver com a outra, só perguntando à OCDE.
Para as milícias digitais, Augusto Nunes é o "Chuck Norris" nacional
A cena lamentável que bombou na internet, ontem, foi o tapa que o bolsonarista Augusto Nunes deu no jornalista Glenn Greenwald, do Intercept.
Em setembro, Nunes agrediu Greenwald via twitter ao insinuar que o americano e o seu marido, o deputado federal David Miranda, seriam negligentes nos cuidados das crianças que adotaram, já que um ficava em Brasília e o outro "trabalhava como receptador de mensagens roubadas".
Nunes, na nota, apelava até para as autoridades: "o Juizado de Menores devia investigar".
Dessa vez, partiu para a porrada. Convidado para participar do programa 'Pânico" da Jovem Pan, emissora assumidamente da direita fundamentalista, Greenwald relembrou o episódio e chamou Nunes de covarde por usar as crianças para atacá-lo. Foi quando Nunes surtou e deu um tapa no jornalista. A turma do deixa disso entrou em ação e mesmo quase imobilizado, Greenwald ainda tentou dar um soco no agressor, mas não acertou. O âncora do programa, Emílio Surita, fez piada machista sobre a briga - "Nem mulher briga tão feio que nem você”, disse.
A baixaria repercutiu nas redes sociais.
A tropa de choque bolsonarista e seus robôs vibraram com a atitude do "herói" Augusto Nunes, mas agressão foi vigorosamente condenada por instituições e muitos internautas.
A atitude de Augusto Nunes, o novo Chuck Norris da direita, foi vista com um estímulo a mais às já frequentes agressões a jornalistas e aos meios de comunicação
Em setembro, Nunes agrediu Greenwald via twitter ao insinuar que o americano e o seu marido, o deputado federal David Miranda, seriam negligentes nos cuidados das crianças que adotaram, já que um ficava em Brasília e o outro "trabalhava como receptador de mensagens roubadas".
Nunes, na nota, apelava até para as autoridades: "o Juizado de Menores devia investigar".
Dessa vez, partiu para a porrada. Convidado para participar do programa 'Pânico" da Jovem Pan, emissora assumidamente da direita fundamentalista, Greenwald relembrou o episódio e chamou Nunes de covarde por usar as crianças para atacá-lo. Foi quando Nunes surtou e deu um tapa no jornalista. A turma do deixa disso entrou em ação e mesmo quase imobilizado, Greenwald ainda tentou dar um soco no agressor, mas não acertou. O âncora do programa, Emílio Surita, fez piada machista sobre a briga - "Nem mulher briga tão feio que nem você”, disse.
A baixaria repercutiu nas redes sociais.
A tropa de choque bolsonarista e seus robôs vibraram com a atitude do "herói" Augusto Nunes, mas agressão foi vigorosamente condenada por instituições e muitos internautas.
A atitude de Augusto Nunes, o novo Chuck Norris da direita, foi vista com um estímulo a mais às já frequentes agressões a jornalistas e aos meios de comunicação
"Testamento" da falecida Playboy (Abril) é dívida...
A Editora Abril foi vendida, mas deixou um 'pendura". O STJ acaba de dar ganho de causa a Camila Pitanga em processo contra Playboy. Não cabe mais recurso. Em 2012, a revista, então editada pela Abril, publicou fotos da atriz nua em cenas do filme do filme "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios". Foram três imagens publicadas sem autorização, apesar de Camila Pitanga ter sempre se recusado a posar nua para a revista. Não foi divulgado quanto a atriz receberá de indenização. Sabe-se apenas que no começo do processo o valor requerido era de R$ 330 mil.
sábado, 2 de novembro de 2019
É rock! O que o navio Bouboulina tem a ver com Bop-A-Lena?
por Ed Sá
O navio grego Bouboulina é apontado pelas autoridades brasileiras como o suposto responsável pela derramamento de petróleo nas praias do Nordeste. É impossível não associar o sonoro nome do superpetroleiro ao rock, a Jorge Ben Jor e a Raul Seixas.
A referência ao rock vem da associação com o rockabilly Bop-A-Lena, o histórico hit de Ronnie Self que incendiou o verão de 1957. Já a pronúncia abrasileirada que Ben Jor dava ao refrão da música - "Babulina" - liga o brasileiro ao Bouboulina.
Segundo a Wikipedia, Laskarina Bouboulina foi uma comandante naval e heroína da Guerra da Independência Grega em 1821. Capitã, foi postumamente nomeada para contra-almirante. Acredita-se que tenha sido a primeira mulher almirante da Marinha Imperial Russa.
Raul Seixas cantou Bop-A-Lena em 1973. Ouça AQUI
E ouça Bop-A Lena na voz do seu criador Ronnie Self, AQUI
ATUALIZAÇÃO em 05/11/2019 - O jornalista e cinéfilo Roberto Muggiati (ver comentários) acrescenta mais uma importante referência boubouliniana.
A do filme Zorba, o Grego, de 1964. Bouboulina é o apelido carinhoso que Antony Quinn (Zorba) dá à Madame Hortense (Lila Kudrova). A atriz, aliás, ganhou o Oscar de Melhor Coadjuvante pela criação do personagem, uma ex-cortesã francesa que teve na sua cama as "Quatro Potências", os almirantes-chefes das armadas russa, inglesa, francesa e italiana no Mediterrâneo.
Mais Bouboulina: em agosto último, antes do nome do navio surgir no noticiário, foi inaugurado em São Paulo o bar-restaurante Laskarina Bouboulina. Pura premonição. Fica na Barra Funda. No cardápio, pratos que rementem à mesa da Bouboulina: mezzes de cafta crua, homus de feijão-fradinho, grão-de-bico assado, coalhada, pizza em formato de barca, escabeche de sardinha etc.
O navio grego Bouboulina é apontado pelas autoridades brasileiras como o suposto responsável pela derramamento de petróleo nas praias do Nordeste. É impossível não associar o sonoro nome do superpetroleiro ao rock, a Jorge Ben Jor e a Raul Seixas.
A referência ao rock vem da associação com o rockabilly Bop-A-Lena, o histórico hit de Ronnie Self que incendiou o verão de 1957. Já a pronúncia abrasileirada que Ben Jor dava ao refrão da música - "Babulina" - liga o brasileiro ao Bouboulina.
Segundo a Wikipedia, Laskarina Bouboulina foi uma comandante naval e heroína da Guerra da Independência Grega em 1821. Capitã, foi postumamente nomeada para contra-almirante. Acredita-se que tenha sido a primeira mulher almirante da Marinha Imperial Russa.
Raul Seixas cantou Bop-A-Lena em 1973. Ouça AQUI
E ouça Bop-A Lena na voz do seu criador Ronnie Self, AQUI
ATUALIZAÇÃO em 05/11/2019 - O jornalista e cinéfilo Roberto Muggiati (ver comentários) acrescenta mais uma importante referência boubouliniana.
A do filme Zorba, o Grego, de 1964. Bouboulina é o apelido carinhoso que Antony Quinn (Zorba) dá à Madame Hortense (Lila Kudrova). A atriz, aliás, ganhou o Oscar de Melhor Coadjuvante pela criação do personagem, uma ex-cortesã francesa que teve na sua cama as "Quatro Potências", os almirantes-chefes das armadas russa, inglesa, francesa e italiana no Mediterrâneo.
Mais Bouboulina: em agosto último, antes do nome do navio surgir no noticiário, foi inaugurado em São Paulo o bar-restaurante Laskarina Bouboulina. Pura premonição. Fica na Barra Funda. No cardápio, pratos que rementem à mesa da Bouboulina: mezzes de cafta crua, homus de feijão-fradinho, grão-de-bico assado, coalhada, pizza em formato de barca, escabeche de sardinha etc.
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sexta-feira, 1 de novembro de 2019
Halloween - Sabia disso? Bruxos atendiam clientes em agência bancária... Foi ontem, em Botafogo
por O. V. Pochê
O bordão "Halloween é o cacete" é da coluna do Ancelmo Góis, no Globo, a propósito do excesso de estrangeirismos de linguagem. Mas além do idioma, a invasão 'alienígena' também assedia comportamentos. O halloween, comemorado ontem, começa a ganhar ares e vassouras de festa popular.
Em pelo menos uma agência bancária do Rio, caixas atendiam os clientes vestidos de bruxas e bruxos. Aposentados que foram receber os caraminguás do fim de mês podiam pensar que já haviam sido teletransportados dessa para, espera-se, uma melhor. Para os jovens, o programa foram as centenas de festas particulares ou pagas que assombraram noites e madrugadas
Pensando bem, o Brasil já vive um ano de terror - às vezes tão ridículo que beira o terrir - liderado por duendes políticos ensandecidos.
Halloween, como se sabe, era inicialmente um festival celta que marcava o fim do verão, não tinha relação com bruxas. Essa ligação foi feita pelos católicos, a partir do Século II, para afastar os cristãos das celebrações pagãs e marcá-las como "coisa do diabo". Com o tempo, o Haloween ganhou conotação de "festa dos mortos". Foi levado pelos colonos para os Estados Unidos e, retrofitado, virou diversão.
O que não se esperava é que viesse parar em um caixa bancário de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Bom, faz sentido: com as taxas de juros que os bancos cobram dos seus clientes, ser atendido por bruxos não é fantasia: é puro terror. Trick or treat?
O bordão "Halloween é o cacete" é da coluna do Ancelmo Góis, no Globo, a propósito do excesso de estrangeirismos de linguagem. Mas além do idioma, a invasão 'alienígena' também assedia comportamentos. O halloween, comemorado ontem, começa a ganhar ares e vassouras de festa popular.
Em pelo menos uma agência bancária do Rio, caixas atendiam os clientes vestidos de bruxas e bruxos. Aposentados que foram receber os caraminguás do fim de mês podiam pensar que já haviam sido teletransportados dessa para, espera-se, uma melhor. Para os jovens, o programa foram as centenas de festas particulares ou pagas que assombraram noites e madrugadas
Pensando bem, o Brasil já vive um ano de terror - às vezes tão ridículo que beira o terrir - liderado por duendes políticos ensandecidos.
Halloween, como se sabe, era inicialmente um festival celta que marcava o fim do verão, não tinha relação com bruxas. Essa ligação foi feita pelos católicos, a partir do Século II, para afastar os cristãos das celebrações pagãs e marcá-las como "coisa do diabo". Com o tempo, o Haloween ganhou conotação de "festa dos mortos". Foi levado pelos colonos para os Estados Unidos e, retrofitado, virou diversão.
O que não se esperava é que viesse parar em um caixa bancário de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Bom, faz sentido: com as taxas de juros que os bancos cobram dos seus clientes, ser atendido por bruxos não é fantasia: é puro terror. Trick or treat?
Mídia - Folha revela como foi feita a perícia mais rápida do Sudeste...
Depois de publicar matéria exclusiva sobre os "mistérios" do polêmico condomínio "presidencial", na Barra da Tujuca, no Rio de Janeiro, o Globo não parece demonstrar apetite para ir além dos documentos vazados. Após a reação de Bolsonaro e a velocidade inusitada com que instituições tentaram desmentir o que o JN revelou, a atitude jornalística seria pisar fundo na apuração para encontrar falhas na operação-desmonte da reportagem que surtou Bolsonaro e o levou fazer um live descontrolada e transoceânica. O Grupo Globo limitou-se a rebater às agressões que sofreu com nota oficial quando deveria reagir com mais jornalismo. Foi o que a Folha fez ao apontar falhas na perícia do material gravado na portaria do tal condomínio feita em questão de minutos em cópia do sistema e sem acesso ao computado em questão, o equipamento que registra diálogos no interfone do tal condomínio. The Intercept também foi buscar uma revelação que mostra militância política por parte de uma promotora bolsonarista que investiga precisamente o... assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ponto central do imbloglio que envolve os suspeitos endereços da Barra da Tijuca. Tudo indica que há muita história para contar em torno dessa pauta.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Publimemória: quando um anúncio foi capaz de comparar o 147 a uma Ferrari
por José Bálsamo
Logo que foi lançado, nos anos 1970, o Fiat 147 ganhou o apelido de Cachacinha. Era o primeiro modelo em série do mundo a beber álcool. Mas também ficou famoso por ser um carro-encrenca e ganhar a imagem de frágil. Nada disso impediu a Fiat de lançar o anúncio acima que induzia o freguês a comprar o 147 e sonhar com uma Ferrari. Tudo porque desde 1969, a Fiat passou a ser dona de metade das ações da Ferrari. Daí, um publicitário em devaneio criou a página que prometia na Manchete um 147 com "a mesma raça, estabilidade e desempenho" de um Fórmula 1. Publicidade também faz fake news.
Mídia: Jornal Nacional X Bolsonaro, o caso que virou 'case'
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A guarita que virou notícia. Reprodução Twitter |
Sob qualquer ângulo, o embate entre a Rede Globo e Jair Bolsonaro tem seu lugar garantido como objeto de estudo em salas de aulas das faculdades de Comunicação e Direito.
Virou "case". Há lambanças para todos os gostos e apetites.
Do ponto de vista jornalístico, o Jornal Nacional acertou e errou sobre o que aconteceu no Condomínio Vivendas da Barra no dia 14 de março de 2018, não por acaso o dia em que a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados no Estácio, bairro da zona Central do Rio de Janeiro. É fato que não mentiu: existe a declaração do porteiro, segundo a qual um elemento suspeito de participar do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes pediu acesso à casa do então deputado, obteve autorização de "Seu Jair", mas se dirigiu para a residência de outro suspeito de participar do atentado à vereadora. A Globo também informou, na mesma matéria, que havia uma contradição: naquele dia dia e hora Bolsonaro estava em Brasília e não poderia autorizar a entrada de quem quer que fosse. Pelo menos não via interfone, acrescente-se.
O Jornal Nacional tem o argumento válido de que apenas noticiou um fato e se baseou em informações colhidas em um inquérito policial. Mas qualquer jornalista sabe que editar um jornal ou uma revista é fazer escolhas. Determinados fatos são noticiados, outros não. Os motivos podem ser muitos, entre os quais questões políticas, ideológicas, comerciais, religiosas, pessoais e até jornalísticas.
Aquele fato envolvendo o Condomínio Vivendas, era, para os editores do JN, uma notícia importante. Pelo que se sabe, a Globo teve acesso a um documento vazado. Se todo fato deve ser exaustivamente apurado antes de ser noticiado, uma pauta vazada, mais do que qualquer outra, deve ser investigada. Até por cautela. Vazou porque? Quem teve interesse em vazar? A quem serve o vazamento? Quais as circunstâncias? Aparentemente, o JN não verificou o fundo desse poço.
Para grande parte da audiência, o vídeo de um Bolsonaro emocionalmente descontrolado e, em seguida, a divulgação dos arquivos de áudio do controle de entradas de pessoas no condomínio onde mora o ex-deputado funcionaram como um eficiente "desmentido". A gravação mostraria que o porteiro teria obtido autorização para a entrada do visitante diretamente ao morador da casa 65, a de um dos suspeitos de matar Marielle, e não com a casa 58, a do Bolsonaro.
Talvez tenham sido negligentes por força de um hábito recente. Ao longo de anos de divulgação de denúncias contra o ex-presidente Lula, a palavra de delatores, os vazamentos selecionados da Lava Jato e até pré-combinados com a força-tarefa - como mostram os conteúdos do grupo do Telegram dos revelados pelo Intercept - chegavam em proporções industriais às mesas do Grupo Globo e eram rapidamente embrulhados e oferecidos aos fregueses. A máquina institucional dos governos do PT, que isso seja reconhecido, não foi posta a serviço dos então presidentes Lula e Dilma, ou de qualquer ministro da época, para intimidar ou conter jornalismo ou a própria investigação da Lava Jato ou do Mensalão. Para obter desmentidos, os alvos dessas etapas tiveram que recorrer à justiça, um direito que a lei dá a todos os cidadãos. Bolsonaro, ao contrário, agiu rapidamente. Mobilizou instituições de Estado como se fossem suas. Acionou publicamente o ministro da Justiça, que tem a PF sob seu guarda-chuva, o Advogado Geral da União, a Procuradoria Geral da República e o MPRJ. Em poucas horas, o caso, pelo menos no que se refere a Bolsonaro, foi aberto e arquivado pela PGR e perícias teriam sido realizadas. Ao mesmo tempo, um dos filhos de Bolsonaro revelava os áudios da portaria do condomínio.
Com a velocidade de um Fórmula 1 em retas, respostas foram obtidas e o grande "culpado", o porteiro, foi logo apontado e praticamente "sentenciado". Se o Caso Marielle se aproxima de dois anos sem todas as respostas, o Caso Condomínio foi velozmente autopsiado. E se o MPRJ, a Polícia Civil, o STF já tivessem essas respostas prontas no inquérito, então quem vazou o documento para o JN entregou apenas parte do material e deixou o filé ao ponto - os áudios - para a mesa de outros interessados.
Apesar dos indícios de ligações perigosas entre o clã no poder e os poderes de alguns milicianos, inclusive de óbvia vizinhança e de relacionamentos públicos, o JN, pela precipitação, acabou dando a Bolsonaro a chance de exibir para suas tropas de choque uma espécie de "atestado de boa conduta". Nesse caso específico, ressalte-se.
Faltou jornalismo investigativo, sobrou o vício do jornalismo declaratório, aquele que se contenta com documentos e aspas oficiais ou oficiosas e simplesmente os passa adiante.
Ainda há tempo de corrigir a mancada. Há muito a apurar. Mas há que tirar os repórteres, os bons repórteres, do ar condicionado.
Resta observar que nunca tantas e tão convictas autoridades apontaram o dedo-duro tão rapidamente para um porteiro. E o funcionário do Vivendas da Barra jamais imaginou que sua guarita seria atingida por um poderoso míssil político.
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
John Legend e Chrissy Teigen: o casal que Trump odeia é capa da Vanity Fair
por Clara S. Britto
O cantor, compositor e produtor John Legend, no momento jurado do The Voice, a mulher e modelo Chrissy Teigen e os filhos estão na capa da Vanity Fair de dezembro. Falam sobre o amor, a infância e até sobre o "ser humano de merda" que atualmente está na Casa Branca. Ele mesmo, Trump. A revista acrescenta que eles formam "a primeira família que merecemos", em alusão ao atual clã que habita a Casa Branca. Trata-se de uma resposta ao presidente americano que, em setembro, tuitou que Legend era um "chato" e Chrissy "uma boca suja". Teigen deu uma resposta antológica: “lol what a pussy ass bitch. tagged everyone but me. an honor, mister president”.
O ensaio reproduzido acima, capa e miolo, é assinado por Mark Seliger.
Fim de uma era - Fábrica Ford do ABC desliga os motores...
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Itamaraty, carro lançado pela Willys. Posteriormente a Ford adquiriu a marca. |
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Rural: outro Willys que virou Ford, |
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A Ford herdou da Wyllis o projeto do Corcel, que desenvolveu. Foi um sucesso de vendas. |
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A Fatos & Fotos registra o lançamento do Ford Galaxie, em janeiro de 1967. Era o carro mais luxuoso fabricado no Brasil. |
por Ed Sá
No ano em que comemora 100 anos de Brasil - foi fundada em 1919 para montar os modelos de automóvel T e o caminhão TT - , a montadora Ford apaga a luz e fecha os galpões da unidade Taboão, no ABC Paulista, inaugurada há 52 anos. A informação
está nos jornais de hoje.
Menos empregos e fim de um longo ciclo. A empresa chegou a ter quase 3 mil funcionários na unidade. Os últimos 600 serão demitidos nos próximos dias.
Antes de tirar definitivamente a chave da ignição, a Ford Brasil pôs nas ruas e jipes e automóveis que marcaram época nas ruas e nas páginas das revistas, como a Fatos & Fotos.
O mistério da Casa 58
por O. V. Pochê
Pode até render uma série do cineasta José Padilha na Netflix. A Casa 58, encravada em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é o mais novo mistério nacional ao lado do sumiço dos ossos de Dana de Teffé, do roubo da Taça Jules Rimet, da ziquizira de Ronaldo Fenômeno na Copa da França e do destino dos processos de Aécio Neves. Algo ronda o endereço particular de Jair Bolsonaro muito além do pão com leite condensado, a iguaria principal do cardápio da residência. Antes, descobriu-se que um dos amigos do clá, o PM Ronnie Lessa, um dos chefes da milícia e suspeito de matar Marielle Francose Anderson Gomes, segundo as investigações, é vizinho do capitão inativo-presidente. Agora, a polícia revela que no dia do assassinato da vereadora e do seu motorista, em março de 2018, o segundo acusado do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio dizendo que iria à Casa 58, de Bolsonaro. Registros da portaria mostram que ele foi autorizado a entrar, embora o capitão-presidente, então deputado, estivesse em Brasília, na Câmara. O porteiro disse quee "seu Jair autorizou a entrada". O caso foi revelado, ontem, pelo Jornal Nacional. Bolsonaro, em viagem ao exterior, reagiu com um vídeo onde aparentemente descontrolado acusa a Rede Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
As crises políticas no Brasil teimam em apresentar um elemento imobiliário sempre intrigante. Para Fernando Collor foi a Casa da Dinda; O MP não provou mas acusou Lula de ser dono do triplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia; Sérgio Cabral se enrolou com a mansão de Mangaratiba; Temer teria recorrido a um "laranja" para reformar a mansão da filha; Geddel Vieira guardava mais de 50 milhões de propinas em um apartamento-cofre; Fernando Henrique teria um apartamento milionário em Paris; José Sarney ocupou um convento tombado para guardar seus pertences e foi obrigado a devolver o patrimônio público: e Bolsonaro foi flagrado recebendo auxílio-moradia embora tivesse apartamento próprio em Brasília. Ele alegou que o imóvel estava à venda. “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava pra comer gente”, justificou ele.
Atualização em 31/10/2019 - Áudios revelados ontem, além de informações do MPRJ em coletiva, comprovam que a autorização dada ao suspeito de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, Élcio de Queiroz, para acesso ao condomínio Vivendas da Barra, não partiu da casa 58, de Jair Bolsonaro, mas da casa 65, de Ronnie Lessa, o outro suspeito por participar do atentado à vereadora. Os áudios contradizem, segundo o MPRJ, a versão do porteiro dada em depoimento.
Pode até render uma série do cineasta José Padilha na Netflix. A Casa 58, encravada em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é o mais novo mistério nacional ao lado do sumiço dos ossos de Dana de Teffé, do roubo da Taça Jules Rimet, da ziquizira de Ronaldo Fenômeno na Copa da França e do destino dos processos de Aécio Neves. Algo ronda o endereço particular de Jair Bolsonaro muito além do pão com leite condensado, a iguaria principal do cardápio da residência. Antes, descobriu-se que um dos amigos do clá, o PM Ronnie Lessa, um dos chefes da milícia e suspeito de matar Marielle Francose Anderson Gomes, segundo as investigações, é vizinho do capitão inativo-presidente. Agora, a polícia revela que no dia do assassinato da vereadora e do seu motorista, em março de 2018, o segundo acusado do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio dizendo que iria à Casa 58, de Bolsonaro. Registros da portaria mostram que ele foi autorizado a entrar, embora o capitão-presidente, então deputado, estivesse em Brasília, na Câmara. O porteiro disse quee "seu Jair autorizou a entrada". O caso foi revelado, ontem, pelo Jornal Nacional. Bolsonaro, em viagem ao exterior, reagiu com um vídeo onde aparentemente descontrolado acusa a Rede Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
As crises políticas no Brasil teimam em apresentar um elemento imobiliário sempre intrigante. Para Fernando Collor foi a Casa da Dinda; O MP não provou mas acusou Lula de ser dono do triplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia; Sérgio Cabral se enrolou com a mansão de Mangaratiba; Temer teria recorrido a um "laranja" para reformar a mansão da filha; Geddel Vieira guardava mais de 50 milhões de propinas em um apartamento-cofre; Fernando Henrique teria um apartamento milionário em Paris; José Sarney ocupou um convento tombado para guardar seus pertences e foi obrigado a devolver o patrimônio público: e Bolsonaro foi flagrado recebendo auxílio-moradia embora tivesse apartamento próprio em Brasília. Ele alegou que o imóvel estava à venda. “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava pra comer gente”, justificou ele.
Atualização em 31/10/2019 - Áudios revelados ontem, além de informações do MPRJ em coletiva, comprovam que a autorização dada ao suspeito de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, Élcio de Queiroz, para acesso ao condomínio Vivendas da Barra, não partiu da casa 58, de Jair Bolsonaro, mas da casa 65, de Ronnie Lessa, o outro suspeito por participar do atentado à vereadora. Os áudios contradizem, segundo o MPRJ, a versão do porteiro dada em depoimento.
Caneta Azul, o hit da nova era...
por O.V.Pochê
Confirmado em mais de 3 milhões de acessos: a era Bolsonaro tem finalmente uma trilha sonora intelectual e musicalmente à altura e o Ministério da Educação tem seu hino. "Caneta Azul" é o hit do momento.
Postada no dia 3 de outubro, a canção composta pelo maranhense Manoel Gomes virou sucesso desbancando medalhões em números de cliques na internet. O refrão é algo como
"Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra/Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra". A letra descreve um "drama popular": o triste extravio de uma caneta. "Eu perdi minha caneta e eu peço, por favor/Quem encontrou, me entrega ela/A professora, ela veio brigar comigo/Porque eu perdi a última caneta que eu tinha/Não brigue, professora, porque eu vou comprar outra canetinha".
Caneta, aliás, é aparentemente um fetiche da nova era. Bolsonaro ostentava um Bic até se indispor com Emmanuel Macron e descobrir que a caneta é francesa. Resolveu trocá-la por uma Compactor alegando ser produtor brasileiro. Não é. É alemã, terra de outra desafeta do Bozo, Angela Melker.
Tá difícil. Nem o Curinga dá jeito na bagunça.
Para livrar os ouvidos do passado musical do país, registre-se que já houve outros azuis em nosso céu (que não eram de anil, nem de índole varonil...)
Que o digam Tim Maia (AQUI) e Elis Regina (AQUI)
Confirmado em mais de 3 milhões de acessos: a era Bolsonaro tem finalmente uma trilha sonora intelectual e musicalmente à altura e o Ministério da Educação tem seu hino. "Caneta Azul" é o hit do momento.
Postada no dia 3 de outubro, a canção composta pelo maranhense Manoel Gomes virou sucesso desbancando medalhões em números de cliques na internet. O refrão é algo como
"Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra/Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra". A letra descreve um "drama popular": o triste extravio de uma caneta. "Eu perdi minha caneta e eu peço, por favor/Quem encontrou, me entrega ela/A professora, ela veio brigar comigo/Porque eu perdi a última caneta que eu tinha/Não brigue, professora, porque eu vou comprar outra canetinha".
Duvida? Ouça AQUI
Caneta, aliás, é aparentemente um fetiche da nova era. Bolsonaro ostentava um Bic até se indispor com Emmanuel Macron e descobrir que a caneta é francesa. Resolveu trocá-la por uma Compactor alegando ser produtor brasileiro. Não é. É alemã, terra de outra desafeta do Bozo, Angela Melker.
Tá difícil. Nem o Curinga dá jeito na bagunça.
Para livrar os ouvidos do passado musical do país, registre-se que já houve outros azuis em nosso céu (que não eram de anil, nem de índole varonil...)
Que o digam Tim Maia (AQUI) e Elis Regina (AQUI)
Rosa Freire D"Aguiar, ex-Manchete, lança "Celso Furtado - Diários Intermitentes"
Em uma época em que predominam os economistas e jornalistas "de mercado", é mais do que recomendável ler Diários Intermitentes de Celso Furtado lançado por Rosa Freire D'Aguiar.
A autora é viúva do economista e foi correspondente da Manchete em Paris nos anos 1970/1980 e colaboradora da Fatos & Fotos e Pais & Filhos. Com reprodução de documentos e fotos, o livro revela anotações dos diários de Celso Furtado.
A propósito, ele defendia a ideia de que o subdesenvolvimento não é um rito de passagem para o desenvolvimento e sim uma condição de dependência crônica frente aos países industrializados. Para superá-la é necessário redirecionar a economia rumo a um desenvolvimento social.
Mais ou menos o oposto do que prega o neoliberalismo que leva a concentração de renda a índices selvagens.
A autora é viúva do economista e foi correspondente da Manchete em Paris nos anos 1970/1980 e colaboradora da Fatos & Fotos e Pais & Filhos. Com reprodução de documentos e fotos, o livro revela anotações dos diários de Celso Furtado.
A propósito, ele defendia a ideia de que o subdesenvolvimento não é um rito de passagem para o desenvolvimento e sim uma condição de dependência crônica frente aos países industrializados. Para superá-la é necessário redirecionar a economia rumo a um desenvolvimento social.
Mais ou menos o oposto do que prega o neoliberalismo que leva a concentração de renda a índices selvagens.
sábado, 26 de outubro de 2019
Fotografia: um monumento à democracia
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Plaza Itália - Santiago do Chile - Foto de Susana Hidalgo/Instagram |
A foto é da chilena Susana Hidalgo, publicada no Instagram @su_hidalgo.
É mais uma imagem que viralizou nas redes sociais, especialmente nas páginas dos brasileiros que sentem nas pele a ofensiva rentista do atual governo, com resultados muito mais graves em desemprego e supressão de direitos, em um processo ainda mais violento e criminoso de transferência de renda para os mais ricos.
Fotografia - Chile: o violinista no protesto
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O violinista. Foto de Cristobal Venegas. (links no textos) |
Cristobal Venegas é o autor dessa foto publicada pela BBC Brasil. Segundo ele, o violinista tocava em meio aos protestos na capital chilena.
A polícia atirava nos manifestantes, enquanto médicos voluntários ajudavam os feridos.
O músico tentava incentivá-los.
Venegas é um fotojornalista freelancer que aponta as lentes para as violações de direitos humanos, a violência contra os gêneros e as agressões ao meio ambiente em países da América Latina
Fotografia: essa imagem viralizou no mundo
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Everton, o pequeno herói. Foto de Leo Malafaia publicada na Folha de São Paulo (link da matéria abaixo) |
O derramamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste comprometeu praias, mangues, a vida animal e pessoas. O que um governo odioso trata como questão ideológica, quase como se dissesse "toma essa ambientalista, vire-se", é um drama profundo. Um fotógrafo da AFP, Leo Malafaia, fez a foto acima, que a Folha de São Paulo publicou ontem. O texto descreve: "um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado de óleo".
Everton Miguel dos Anjos, 13 anos, ajudava os voluntários a retirar petróleo das praias.
VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO FOLHA, AQUI
Na capa da Women's Health: o verão é de Paolla Oliveira
Paolla Oliveira na capa da Women's Health. A revista, que já pertenceu à Abril, é hoje da Rock Mountain Sports Content especializada no segmento esporte, bem-estar e vida ao ar livre.
Chile: a face dramática do neoliberalismo selvagem. O mesmo que o Brasil agora abraçou...
Chega a ser comovente o esforço do neoliberalismo brasileiro encastelado na mídia conservadora para desvincular as manifestações no Chile do impacto selvagem da política econômica dos chamados Chicagos Boys - os filhotes intelectualmente molestados por Milton Friedman -, que tiveram forte participação na ditadura de Pinochet. As imposições do radical Consenso de Washington, cujos resultados se tornaram dramáticos em várias economias, são hoje contestadas. Menos no Brasil. Paulo Guedes, o atual ministro da Economia, é egresso dos porões acadêmicos de Pinochet e aplica aqui as políticas que na imaginação dos "boys" deveriam fazer do Chile um paraíso neoliberal. Da mesma forma que aqui, lá trocaram artigos da Constituição por "leis" do mercado financeiro especulativo.
Na Folha de hoje, Roberto Simon arruma uma explicação prosaica para a crise chilena. Diz que o país não conseguiu dar conta das demandas criadas por uma nova classe média. Nova classe média? A pobreza, a concentração de renda e a desmonte das políticas sociais levam a população às ruas. Não é que a "nova classe média" sinta falta de Paris e da Disney, é empobrecimento mesmo. No começo dos anos 2000, enquanto o "milagre" chileno era exaltado pelos neoliberais, os subúrbios das grandes cidades já exibiam os sinais da tragédia social como produto final da era Pinochet. Quem fosse a Concepción, no sul do país, veria o drama em favelas, algumas com barracos de papelão, sob os rigores do inverno.
O futuro te espera na próxima esquina, Brasil
O desastre ecológico no Nordeste e a cenografia do ministro...
Federico Fellini popularizou a palavra "paparazzi" ao focalizar em "La Dolce Vita" os fotógrafos de celebridades que gravitavam em torno da Via Veneto, em Roma. Com imensa capacidade de desmoralizar qualquer coisa - até o VAR sucumbiu aos trópicos - o Brasil acaba de comprometer a dura labuta dos "paparazzi".
Veja a foto acima publicada hoje no Globo. É assinada por Genival Paparazzi. Mostra o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, do PSL, e que é formalmente acusado pelo MP de apropriação de recursos eleitorais e associação criminosa, "testando" e aprovando a praia de Muro Alto, em Pernambuco, em plena maré de óleo que assola o Nordeste.
O ministro quis dar a impressão de que o desastre ecológico que o governo levou quase um mês para combater e ainda combate mal acabou. Tentou passar o recado fake de que turistas e locais já retomam a doce rotina praieira. Não é verdade. Enquanto ele posava nesse ponto do litoral, mais óleo desembarcava em muitas outras regiões.
Mas a foto é que é curiosa. Observem o "flagrante". A praia pernambucana parece, na verdade, muçulmana ou evangélica fundamentalista. A maioria dos banhistas está vestida. Alguns até agasalhados, de mangas compridas. O ministro finge que desafia a poluição mas, precavido, botou apenas os pezinhos na água supostamente, segundo ele, limpa.
Situação ridículo, se não fosse poluída.
ATUALIZAÇÃO - 27/10/2019 - A praia de Muro Alto, em Pernambuco, no momento em que o ministro do Turismo posou de fake news, estava imprópria para banho. Havia óleo na água. A informação é da Agência Estadual de Meio Ambiental de Pernambuco.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Mídia: o jogo do contente...
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Reprodução |
O Globo afirma que o trabalho do governo "tem sido quase sempre louvável". Isso mesmo, o jornal fala da atuação oficial na tragédia do derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Não foi nada "louvável" o governo agir quase um mês depois. Preferiu, antes, atacar Ongs e se apressar em atribuir a lambança a Maduro. Já ontem, Ricardo Salles, do Meio Ambiente (ele deve detestar até o nome do cargo que ocupa) apontou mais um "culpado": o Greenpeace. Segundo o ministro, um navio da organização supostamente circulava ao largo do Nordeste no período do vazamento. Esse navio deve ser maior do que o Titanic já que carregaria cerca de 200 toneladas de petróleo.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
América do Sul abre as veias. Mas no Brasil, como canta Zé Ramalho, faz um "tempo confortável". Hei, boi...
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Reprodução Twitter |
Há poucas horas, na Bolívia, o presidente e candidato à reeleição Evo Morales convocou uma entrevista coletiva na manhã de hoje para denunciar um golpe de Estado em marcha. Em seguida declarou "estado de emergência e mobilização pacífica para defesa da democracia". Morales diz que os sinais de golpe estão no impedimento da contagem de votos e na destruição de dependências dos tribunais regionais eleitorais.
A Argentina decidirá no domingo se manda pra casa o atual presidente, o empresário Maurício Macri, e sua política econômica neoliberal que sufocou o país e fez explodir a pobreza.
Enquanto isso, a mídia oligarca brasileira comemora hoje a aprovação do confisco da Previdência no moldes do que o Chile fez décadas atrás e que foi um dos motores da grave crise social atual, ao lado do aumento da concentração de renda, das privatizações que favorecem corporações e encarecem ou eliminam os serviços públicos. O mesmo gatilho que levantou o povo do Equador.
No Brasil, já há alguns anos, o povo vem sendo conduzido para o mesmo buraco. Aparentemente, a maioria está contente apesar de fodida e mal paga, mais até do que chilenos, equatorianos e argentinos.
O reforma da Previdência aprovada teve o desfecho esperado. Os cortes se dão em cima dos trabalhadores. A Câmara, o Senado, o ministério da Economia e Bolsonaro pouparam categorias, cederam gentilmente ao poder de pressão dos privilegiados. Além disso, se a reforma é confisco para a maioria, será benefício para outros setores que até aumentos de proventos "compensatórios" terão. Da mesma forma, os outros poderes - o Judiciário e o Legislativo - em seus vários níveis, não estão ao alcance desse arrocho, ao contrário, continuam sacando a caneta que cria mais benesses.
Mas as ruas estão calmas. A trilha sonora que se ouve é Zé Ramalho: "Êh, ô, ô, vida de gado / Povo marcado / Êh, povo feliz!"
terça-feira, 22 de outubro de 2019
Paris 2024: os Jogos Olímpicos apresentam seu símbolo
O Comitê Organizador dos Jogos Olimpicos e Paralímpicos de 2024, em Paris, apresentou sua marca-símbolo. O design oferece várias leituras: a chama, o ouro da medalha, e o rosto de uma mulher, Marianne, que representa a República e os valores franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O logotipo incorpora mais uma homenagem: a tipologia utilizada remete às placas de estações de metrô, como a Abesses, em Montmartre, em estilo art nouveau, que viveu seu auge entre 1905 e 1911. Trata-se de uma referência às estações que estavam em funcionamento durante a última Olimpiada de Verão que Paris sediou, a de 1924.
domingo, 20 de outubro de 2019
The Economist: a traição de Trump
Segundo análise em The Economist, Donald Trump acaba de passar um recado ao mundo: os Estados Unidos não são um aliado confiável.
A revista refere-se ao caos que o milionário arrumou na Síria ao abandonar os curdos, a quem vinha apoiando.
Após a decisão e ao ver que a retirada resultou em ataque imediato dos turcos e na fuga de apoiadores do Estado Islâmico que estavam em prisões vigiadas pelos curdos, Donald Trump apenas foi para o twitter e digitou: "Espero que todos saiam bem, estamos a 12.000 quilômetros de distância!". Em outras palavras: ligou o foda-se.
A Europa, vítima preferencial dos terroristas do Estado Islâmico, teme que a inesperada ordem de Trump faça ressurgir o grupo jihadista que estava praticamente derrotado.
A revista refere-se ao caos que o milionário arrumou na Síria ao abandonar os curdos, a quem vinha apoiando.
Após a decisão e ao ver que a retirada resultou em ataque imediato dos turcos e na fuga de apoiadores do Estado Islâmico que estavam em prisões vigiadas pelos curdos, Donald Trump apenas foi para o twitter e digitou: "Espero que todos saiam bem, estamos a 12.000 quilômetros de distância!". Em outras palavras: ligou o foda-se.
A Europa, vítima preferencial dos terroristas do Estado Islâmico, teme que a inesperada ordem de Trump faça ressurgir o grupo jihadista que estava praticamente derrotado.
Pensa que a vida tá fácil? Revista Caras lança o Caras Bank:
Agora são as próprias revistas sobreviventes que estão diversificando as fontes de faturamento. Algumas montaram lojas digitais para vendas de produtos diversos. A Caras, que já associou a marca a produtos como talheres e louças oferecidos como colecionáveis na compra ou assinatura de exemplares, lançará em breve um banco digital, um tipo de instituição financeira em alta no mercado.
Em parceria com o BTX Digital, o Caras Bank oferecerá conta digital gratuita, cartão de débito e crédito, saques na rede 24 Horas, empréstimos, maquininhas de cartão, aplicações financeiras, entre outros serviços. Quem nunca pôs os pés na ilha e no castelo das celebridades, pelo menos poderá ter na mão o cartão dos famosos.
Carne artificial - Se a Veja tivesse esperado 35 anos não pagaria o mico do "Boimate": a mancada mais saborosa do jornalismo brasileiro
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Reprodução |
Na semana passada O Globo anunciou um novo colunista: Eurípedes Alcântara, ex-Veja. O jornal apresentou o articulista aos leitores e descreveu seu currículo. O próprio jornalista, ao comentar a nova função, contou que costuma se ligar em novidades que "realmente mudam o nosso dia a dia". Acrescentou que "pretende ser um antena para levar utilidades ao leitor". Nada mais inerente à condição de jornalista. Mas ter critério é sempre recomendável. E faltou um item importante no currículo.
Em 1984 Eurípedes se apressou a levar um novidade ao leitor e causou uma das maiores mancadas da revista Veja. O feito se tornou conhecido em redações e faculdades como o "Caso Boimate". Na ocasião, o agora colunista do Globo leu uma matéria da revista britânica New Scientist sobre um cruzamento de genes do boi com células do tomate e se empolgou com o "avanço científico". No texto, detalhou que o novo fruto, chamado "Boimate", tinha "50% de proteína vegetal e 50% de proteína animal" e saudou a experiência dos cientistas: "permite sonhar com um tomateiro do que já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate".
O jornalista fechou a matéria e, enquanto a Veja era impressa, provavelmente dormiu embalado pela perspectiva de um mundo de "boimanga", "jabutivaca", "boicaxi" e outros frutos híbridos.
Soube-se depois que a reportagem original da revista New Scientist era apenas uma brincadeira de 1° de Abril, tradição na imprensa inglesa que Eurípedes levou a sério e fez a Veja pagar um dos maiores micos da história do jornalismo.
Em 2015, o ilustrador Paulo Nilson revelou no Facebook que desenhou mas não assinou a ilustração acima: achou a história tão fantástica que preferiu dispensar o crédito.
E Eurípedes Alcântara ficou com as subidas honras de segurar o "boimate" sozinho.
Se tivesse esperado uns 35 anos, o jornalista escaparia, em parte, da gozação. Recentemente, revistas científicas, fora do 1° de Abril, revelaram técnicas de produção de carne artificial a partir do cultivo de células animais em laboratórios.
Sem o delirante molho de tomate da Veja.
sábado, 19 de outubro de 2019
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Edifício Palace II: a foto do fato...
Há poucos dias, a jornalista Behula Spencer, que foi repórter da revista Manchete, publicou no face Virou Manchete, uma extensão deste blog, o post abaixo:
O caso do Edifício Palace II aconteceu no Rio de Janeiro em fins de fevereiro de 1998. A foto da implosão, que foi capa da Manchete, é do fotojornalista Alex Ferro. Foi também abertura da matéria, um total de 20 páginas.
A tragédia do Palace II mobilizou vários repórteres da Manchete. Nas páginas internas um crédito coletivo nomeou a equipe que participou da cobertura.
Foram, na verdade, vários desabamentos. O primeiro, no dia 22 de fevereiro, quando se romperam colunas de sustentação e parte do edifício ruiu. Oito pessoas morreram. O segundo, no dia 27, quando caíram mais 22 apartamentos. Talvez a foto a que Behula se refere seja a dessa ocasião.
No dia seguinte, houve a implosão completa do resto da estrutura registrada por Alex Ferro.
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Reprodução Facebook |
O caso do Edifício Palace II aconteceu no Rio de Janeiro em fins de fevereiro de 1998. A foto da implosão, que foi capa da Manchete, é do fotojornalista Alex Ferro. Foi também abertura da matéria, um total de 20 páginas.
A tragédia do Palace II mobilizou vários repórteres da Manchete. Nas páginas internas um crédito coletivo nomeou a equipe que participou da cobertura.
Foram, na verdade, vários desabamentos. O primeiro, no dia 22 de fevereiro, quando se romperam colunas de sustentação e parte do edifício ruiu. Oito pessoas morreram. O segundo, no dia 27, quando caíram mais 22 apartamentos. Talvez a foto a que Behula se refere seja a dessa ocasião.
No dia seguinte, houve a implosão completa do resto da estrutura registrada por Alex Ferro.
O padre, a moça, a batina e o chicote
por Ed Sá
1999 foi o último ano completo da Manchete nas bancas. A revista ainda virou o milênio até agosto, quando os últimos a sair apagaram a luz. Talvez os tempos já difíceis e o clima ainda carnavalesco - era fevereiro - expliquem essa estranha capa: padre Marcelo Rossi e Tiazinha. Mas a Manchete encontrou um pretexto para juntá-los. Como a chamada explicava, "usando batina e chicote" os dois eram o grande fenômeno de mídia da época. Em simetria com o título principal, Anatomia do Sucesso, a fotomontagem deixa bem claro os atributos que levaram cada um ao mundo das celebridades: as mãos postas do padre - na imagem aparecem perigosamente próximas do pecado - e as curvas da moça criadas por Deus.
Repare que na Manchete o açoite e a fé convivem harmoniosamente. Nem sempre foi assim. Dê uma olhada nessa gravura de Charles Monnet (1732-1808). Chama-se "The Flagellation of the Penitents".
Um adendo: essa capa, na época, não provocou comoção nacional.
No Brasil de hoje as milícias religiosas provavelmente chicoteariam os editores "infiéis".
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Fotografia - Moro é vítima de bullying
A capa do Estadão (16/10/2019) estampa uma dessas fotos que não precisam de legenda para assinalar uma situação política. Durante cerimônia de hasteamento da bandeira, em Brasília, a fotógrafa Gabriela Biló registrou um gesto típico de Bolsonaro fazendo "arminha" em direção a um cabisbaixo ministro da Justiça Sergio Moro. Ao lado, Paulo Guedes, ministro da Economia, mostra um riso babão sobre a encenação do chefe. Embora obediente ao Planalto, Moro tem recebido algumas estocadas políticas, a maioria vinda do próprio Bolsonaro. Se ambos estivessem na escola, Bolsonaro seria o bully (que em inglês corresponde ao aluno que frequentemente atormenta e intimida um colega) e Moro seria a vítima do bullying.
Gabriele Biló não fez apenas uma imagem. Ela enquadrou a mediocridade política tão atual que nem um photoshop cavalar deixaria o Brasil bem na foto.
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