sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Dilma na lista das mulheres do ano do Financial Times

por Jean-Paul Lagarride
Em um ridículo momento institucional em que Michel Temer vaga sem autoridade nem rumo e lidera um governo de trêfegos, o Financial Time aponta Dilma Rousseff como uma das dez mulheres que se destacaram no ano.
Quase no mesmo dia, Temer era apontado do "homem do ano" pela revista Istoé que, não sei bem porque, é apelidada nas redes sociais de "Quantoé". Não deixa de ser uma coincidência simbólica e precisa nas proporções abismais entre os veículos e seus respectivos homenageados.

A cada minuto, olhar para o retrovisor da campanha que afastou a presidente, mostra o cenário de terra arrasada que os usurpadores estão construindo para a maioria da população, que é quem está pagando a bilionária conta do golpe.

Dilma foi detalhe e pretexto. O objetivo das milícias políticas que ocupam Brasília está na mídia, claramente, todos os dias, em todos os espaços. Foi essencialmente econômico e financeiro, com um foco preciso na acelerada transferência de renda pública e privada (no caso, confisco de renda traduzido em arrocho salarial, cassação de direitos trabalhistas e previdenciários) para os detentores do capital financeiro.

A presidente legitimamente eleita e depois afastada por um golpe parlamentar-jurídico-midiático deu uma longa entrevista ao jornal britânico. O jornal destaca que Dilma - que foi lembrada ao lado da primeira-ministra britânica, Theresa May, a ex-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton, a presidente sul-coreana Park Geun-hye, a parlamentar britânica Jo Cox, assassinada em junho, a cantora americana Beyoncé, a ginasta Simone Bailes, entre outras - não cometeu nenhum crime e não é acusada de corrupção. Leia alguns tópicos da entrevista ao FT:

- "Quando você é uma mulher no poder, eles dizem que você é dura, fria e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador".
- "É um governo de homens brancos, velhos e ricos, ou que pelo menos querem ser ricos.
- "Durante uma recessão, uma política de austeridade é suicídio. No curto prazo, você tem que aumentar o investimento público".
- "Eu acho que a oligarquia tradicional brasileira ficou chateada com uma pequena redistribuição da riqueza após séculos de exclusão, este foi um esforço muito pequeno na inclusão. Não foi fantástico; Precisa ser muito mais do que o que fizemos ".
- "A crise financeira global está por trás dos problemas da economia".
- "O neoliberalismo está ruminando os fundamentos da democracia. A melhor maneira de enfrentar essa ameaça é usar instituições democráticas".
- "A melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate. A verdade é o oxigênio da democracia". - "Eu não pretendo concorrer a mandatos eleitorais, mas continuarei a ser politicamente ativa".
- "Vou deixar como legado para as mulheres minha trajetória. Eu digo que nós, mulheres, não somos pessoas que desistem, que se dobram sob adversidade. "

Um comentário:

LG disse...

Não acho que Dilma foi uma grande administradora, faltou ousadia e mais firmeza na defesa dos menos favorecidos. Mas é uma mulher honesta. Foi vítima de um golpe mesmo, não há como negar.
E a confusão que está aí, com um presidente medíocre cercado de tubarões es´ta muito pior