por Eli Halfoun
Pode procurar o quanto
quiser que dificilmente alguém encontrará entrevistas de Roberto Carlos emitindo
opiniões sobre qualquer assunto (sabe-se, por exemplo, que ele é torcedor do
Vasco porque alguém contou: ele mesmo jamais disse ou assumiu isso.) Precavido, RC sempre foi de poucas palavras e suas entrevistas eram e são limitadas à sua
careira. Agora ele resolveu quase falar ao Fantástico sobre a polêmica das biografias
(devem ou não ter autorização?) da qual é de certa forma a figura central com a
retirada das livrarias do livro de 502 páginas “Roberto Carlos em detalhes’,
que segundo consta teve sua tiragem incinerada, o que é um crime contra qualquer
obra literária - crime que, aliás, foi cometido muitas vezes durante o nazismo,
mas essa já é outra e também vergonhosa história.
Como sempre Roberto quase
não falou. É evidente que ele já tinha as respostas preparadas (fez o dever de
casa) e a repórter estava orientada a perguntar apenas o que foi combinado. Com
Roberto Carlos sempre foi assim.
O importante é que ele
reconheceu que biografias não autorizadas podem ser publicadas desde que haja
ajustes entre biografado, biógrafo e editora. Desde o início da polêmica tenho
rescrito que o importante não é simplesmente proibir, mas sim conversar para
digamos satisfazer todas as partes. Roberto mostrou-se a favor do diálogo, mas
está claro que em relação a biografias que envolvam sua vida e carreira (fiz
uma com crônicas de sua vida, mas a editora desistiu antes que fosse proibida)
ele só aceitará (se aceitar) o que não comprometa e não ultrapasse ao bom senso.
Quer dizer: permitirá biografias desde que possa dar as ordens. É como ele
mesmo diz uma questão de diálogo. De qualquer maneira RC abriu uma enorme porta
para que se chegue a uma conclusão que depende acima de uma boa conversa já que
está mais do que provado que em tudo na vida é conversando que a gente se
entende. A vida precisa e precisará sempre de ajustes, ou seja, em qualquer
relação de vida é preciso chegar um pouquinho para cá um pouquinho para lá para
que todos caibam no mesmo espaço sem apertos e sem desnecessárias restrições.
Com as biografias, que são retratos de vida, também deve ser assim.
Roberto Carlos revelou também
que está ele próprio escrevendo sua biografia. Não acredito que isso venha a
acontecer porque RC não tem tempo para ficar debruçado durante horas diante de
um computador ou com uma caneta e um caderno na frente. Se tiver tempo ditará
para alguém. É verdade que como também disse ninguém jamais saberá sobre sua
vida e sentimentos como ele próprio. O cantor mostrou-se contrário a que as
biografias sejam consideradas obras do autor, já que mostram a vida de uma pessoa,
que é sim a dona da obra de sua própria vida. Autores de biografias não querem
ser donos de vidas ou de obras. Querem apenas ser os donos dos livros, donos de
seus trabalhos que sempre consomem muito tempo para pesquisar, escrever e
reescrever. Importante mesmo é que RC abriu a porta do diálogo e certamente
exercerá influência nos outros integrantes do movimento “Procure saber”. Eles
devem mesmo procurar saber para conversar mais e mais e enfim chegar a um fim
que seja benéfico para todos. Principalmente para os leitores. (Eli Halfoun)
6 comentários:
É enganação. Ele já proibiu e proibe tudo o que se refere a trabalho e vida. O que o Congresso deve fazer é atender aos brasileiros não a meia-dúzia de celebridades que só pensam em dinheiro e em faturar com a Lei Rouanet, que é do que ele vivem agora. Pode anotar: qualquer turnê e dvd hoje é feito com nosso dinheiro. Virou a fonte de renda dessa turma.
Os ajustes a que RC se refere, está muito claro no caso dele, é a sua participação no lucro das vendas. Ora, uma biografia chancelada por ele vai vender milhares de cópias. Toda essa polêmica gira em cima de dinheiro. Essas celebridades acham que no Brasil se vende muito livro e é um negócio rendoso.
O Rei Roberto Carlos deveria rever seus conceitos. Depois de tantos anos demonstrando uma vida ilibada, agora por causa da sua biografia, está demonstrando egoismo e falta de bom senso.
Continuo a achar que no fundo dessa polemica está o dinheiro. Por entender que é a sua vida que está sendo contada, nada mais natural para esses cantores e compositores, o direito de "copywrite" lhes seja respeitado e compensado financeiramente ou
"ajustado ".
De qualquer maneira, dinheiro ou não envolvido, não deixa de ser um ato de censura. A exigência de uma autorização está no fato de um biografado censurar alguma coisa que não lhe seja conveniente.
Não sei o que é pior, se a censura ou a cobrança de pedágio. Acontece que direito autoral pertence ao autor. E o autor de uma biografia não-autorizada é o escritor que a faz e não a personagem retratada. Se for assim, vai ser inviabilizado até o jornalismo ou livros sobre políticos. As famílias vão querer botar uma grana no bolso até se o seu ente querido aparecer no Jornal Nacional. A liberdade deve ser irrestrita, não tem preço. Se figuras públicas se sentirem ofendidas, o caminho é a justiça, como em todo o mundo. Outra coisa: essa discussão só interessa a um grupo de famosos. O país está se lixando para essa pendenga e o quer é liberdade para ler, escrever, produzir filmes, dvds, jornais, revistas, sites. Como em qualquer país civilizado
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