por Eli Halfoun
A cidadania começa a ser exercida
desde o momento em que nascemos se, é claro, tivermos uma certidão de nascimento, de preferência com os nomes da mãe e do pai. É essa certidão que nos fará ser, nos
acompanhará pela vida e será de fundamental valor mesmo quando estiver amarelada
e transformada em um papel amassado. Ainda assim será a prova de que existimos.
Sem certidão de nascimento não somos ninguém e nem existimos legalmente. O Brasil
tem hoje 5,5 milhões de certidões sem o nome do pai (no Rio são 666.676 e em São Paulo também cerca
de 700 mil) e ainda milhares de meninos e meninas que nem certidão (o registro
é gratuito e, portanto, não há desculpa) têm, ou seja, nasceram de uma suposta
relação de amor, mas simplesmente não existem porque os pais não os fizeram
existir. É difícil entender o que passa pelo sentimento e pela cabeça de pais
que não se importam com os filhos e nem querem assumir a paternidade que é mais
um ato de amor e de responsabilidade diante da vida e do mundo.
A covardia está acabando: a Comissão
de Constituição e Justiça do Senado aprovou projeto de lei dando para as mulheres
o direito de registrar seus filhos no cartório sem a presença do pai. O mais justo
com o recém-nascido é que ele passará a ter obrigatoriamente o fundamental nome
dos pais em sua certidão, em sua existência. As mulheres já podem fazer constar
da certidão o nome do pai que só conseguirá escapar de sua responsabilidade se
provar judicialmente e através de exame de DNA que não é o pai da criança.
O projeto não quer beneficiar mães e
nem prejudicar pais: quer apenas dar às crianças o direito de não precisar
enfrentar a vida com a vergonha e o desgosto de não de ter como a maioria das
crianças o nome do pai em seu registro de existência. Um pai irresponsável que
abandona e não reconhece o filho não permite que a criança tenha cidadania dede
o momento em que passa a ser e existir. Pais que não reconhecem filhos também não
reconhecem nenhum tipo de amor simplesmente porque não enxergam e sentem o
maior de todos (o único definitivo) que é o amor pelos filhos. Fazer filhos
é um prazer e um prazer que deve perdurar por toda a vida. Inclusive fora da
cama. Inclusive fora da cama. (Eli Halfoun)
Nenhum comentário:
Postar um comentário