domingo, 13 de outubro de 2013

Mídia impressa está longe de ser sufocada pela mídia digital. Afinal, não é só no jogo do bicho que vale o que está escrito

por Eli Halfoun
Não poucos os jornalistas que por necessidade ou hábito profissional costumam recortar dos jornais diários as reportagens e informações que lhes interessam guardar como fonte de consulta. Esse é também um hábito conservado por muitos leitores. Penso nisso cada vez que ouço a discussão em torno do jornalismo impresso que, segundo especialistas, será (e não demora muito) engolido pela internet. Essa história do fim do jornalismo impresso lembra bastante a de que as novelas vão acabar - afirmação que se repete há anos e que está cada vez mais longe de se confirmar. As novelas estão se renovando para manter o antigo público e para evidentemente conquistar novos telespectadores. O jornalismo impresso também tem de se reinventar para não perder os velhos e conquistar novos leitores. A internet representou sim um impacto na venda do jornal de papel, mas foi só uma pancada inicial provocada ela curiosidade de ler o jornal, ou seja, a novidade virtual que convenhamos, não é e nunca será a mesma coisa (o Jornal do Brasil praticamente deixou de existir depois que ficou somente digital). O manuseio do papel impresso nos dá um prazer que dificilmente a internet conseguirá com a utilização do mouse e de outros mecanismos necessários para ler ou consultar qualquer coisa na internet. Se é verdade que os jornais impressos estão investindo mais em formatos digitais é verdade também que perderam sim muitos leitores das edições impressas, mas não em número tão grande para ser assustador e um ameaça e muito menos para bater o martelo e garantir que o fim da mídia impressa está próximo. Nada disso: mesmo que já se acostumado a consultar diariamente os jornais digitais o leitor ainda faz questão de também comprar a edição impressa que é mais completa. Para os profissionais de imprensa que nem conseguem tantas vagas na mídia digital quanto conseguem na mídia impressa o jornalismo virtual ainda é incompleto e uma grande curiosidade para os leitores. Resta saber até quando essa curiosidade resistirá. A mídia impressa está solidificada em todo o mundo e acredito que dificilmente perderá seu lugar. Jornais impressos oferecem vantagens de leitura que a frieza da internet ainda não conseguiu: quem consegue ler um grande texto na internet sem torcer para que chegue logo ao final porque é desconfortável ficar com o olhar fixado no monitor para ler um artigo. Já o jornal impresso permite que a leitura tenha um olhar mais diversificado: você pode ler e conversar ao mesmo tempo ou pode simplesmente interromper a leitura para retomá-la mais tarde sem a necessidade de novamente manusear um botão. Além do mais os grandes anunciantes ainda preferem estampar seus produtos e ofertas em jornais e revista de papel e não na internet, que também é importante como mídia, mas tem menor importância do que o anúncio impresso que cria mais impacto e não deixa de existir quando, como na mídia digital, o leitor desliga o computador e se desliga. O anúncio impresso resiste por mais tempo, chama mais atenção e não perde o impacto no mesmo dia e na mesma ora já que pode circular de mão em mão e ser visto por vários dias mesmo que esteja apenas forrando o chão ou embrulhando alguma coisa. Não acredito, mas até aceito a possibilidade de um dia a mídia impressa perder sua total importância. É muito difícil - –tão difícil quanto ficar discutindo o assunto (haverá muita discussão) sem informações concretas e ainda e apenas na base da “achologia”. Como acontece sempre nas grandes discussões. E essa é sem dúvida uma discussão que precisa ser impressa para ter mais valor no futuro. (Eli Halfoun)

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Concordo plenamente com você Eli Halfoun, A Internet , pelo menos até agora, apenas noticia o fato, não se aprofundando no tema com mais informações. A mídia impressa, pelo contrário, esgota os fatos com a quantidade de informações neles contidos deixando o leitor plenamente bem informado e abalizado o suficiente para formar sua opinião. Não basta apenas noticiar o fato é preciso enriquece-lo com os acontecimentos que levaram ao surgimento desse fato em si.