Rua Marquês de Sapucaí, 1920. Reprodução Internet |
É comum no Rio de Janeiro e em outras cidades espalhadas pelo Brasil autoridades batizarem praças e ruas com nomes de pessoas que o povão desconhece totalmente: o Barão da Torre, na zona sul, o Conde de Bonfim, na Tijuca e o Marquês de Sapucaí, no centro, esses apenas para dar um exemplo. Ninguém sabe o motivo pelos quais esses nobres ilustres desconhecidos da maioria se notabilizaram para mereceram tal honraria - se isso possa ser uma honraria como a do Ayrton Senna, na Barra, Pres. Vargas, no centro, D. Helder Câmara, na zona norte e agora Tim Lopes. Existem muitos outros que realmente foram lembrados pelo que realizaram em suas trajetórias de vida. O Marques de Sapucaí só é lembrado durante o carnaval nas letras de sambas-enredos e nas vozes de locutores de rádios e tevês durante os desfiles das escolas de samba. O samba da Império Serrano que marcou época dizia em seu estribilho: "....bum bum baticumbum prugurundum contagiando a Marques de Sapucaí" e o samba Liberdade Liberdade da Imperatriz dizia: "... tem verde e branco por aí, sambando na Sapucaí". E vai por aí...
Essa rua, que chamam de avenida, fez parte da minha infância. Nela, eu me divertia pegando carona nos estribos do bonde (saltando com ele em movimento), indo às matinés no cinema Catumbi e me lambuzando, chupando o picolé que comprava na sorveteria do seu Miguel. Desde os anos 40, ela foi ligada ao carnaval. Era uma via obrigatória para o Rancho União dos Caçadores, e mais tarde o bloco Bafo da Onça, ambos com sede no Catumbi, quando se dirigiam ao centro da cidade para as suas apresentações.
Para tristeza de seus moradores, quis o destino, e por conta do progresso, que a rua fosse demolida para dar lugar ao sambódromo (ideia há muito defendida pelos sambista) e vias para o acesso ao Túnel Santa Bárbara que liga o bairro Catumbi a Laranjeiras.
Se a r rua não tem história, deixou muitas saudades nas pessoas que nela nasceram e moraram por muitos anos. Era uma atração para as senhoras que ficavam nas janelas esperando, não a banda passar, mas os bondes e lotações, levando e trazendo trabalhadores com destino a cidade ao Rio Comprido.
Por tudo isso - não sei por que cargas d'agua - somente agora fiquei curioso em saber quem foi esse tal Marquês. Descobri num volume "Memórias do Carnaval", editado pela Riotur, que se tratava de um Governador das Capitanias de Minas Gerais chamado Cândido José de Araújo. O que ele fez, ou deixou de fazer, nada constava. Pesquisando mais à fundo, descobri apenas que ele pertencia a uma família da nobreza portuguesa. Nada mais.Me aprofundei na História da Inconfidência Mineira, e nada do nome desse tal Marquês. Será que ele foi um rival do João Fernandes de Oliveira no coração da escrava Xica da Silva? Quem sabe?... Na minha opinião, acho que ele não era muito chegado aos festejos de Momo.
Ainda bem que a rua Marquês de Sapucaí, que saiu do mapa, não tinha o nome de um brasileiro ilustre ou um herói nacional... (Alberto Carvalho)
Rua Catumbi, anos 60. Reprodução Internet |
4 comentários:
Alberto, a sua curiosidade me levou a lembrar do nome da Rua Visconde Niterói, que acho que fica em São Januário. Como se tronou um pesquisador de de nomes de ruas, que tal pesquisar mais esse? Visconde Niterói?
e Mena Barreto, alguém sabe quem foi? Melhor era o nome que o povo dava. Av Passos era Rua da Lampadosa, A Presidente Vargas era Rua do Sabão, Rua Uruguaiana era Rua da Vala, a Evaristo da Veiga era Rua dos Barbonos, Largo do Machado era Campo das Pitangueiras, Rua do Russel era Praia de Pedro I, e por aí vai.
Após ler a matéria a respeito do Marquês de Sapucaí, fiquei muito curiosa sobre a bibliografia do mesmo. E após pesquisa, via net, constatei que o fidalgo Marquês, batizado como Cândido Jose de Araújo Viana,foi ministro da fazenda, ministro da justiça, conselheiro, deputado, presidente de província, senador (presidente do senado 1851 -1853). Além de ser bacharel em Direito, mestre de literatura, cuidou pessoalmente da educação da Princesa Isabel.
E mais, foi condecorado como dignitário da Imperial Ordem de Cristo, Grã Cruz da Ordem Militar,Gentil Homem da Imperial Câmara e Cavaleiro da Casa Imperial.
Concluí então, que com essa bibliografia, poderia render um bom enredo de carnaval!!
Alô Rosa Magalhães,Comissão de carnaval da Beija Flor e Paulo Barros, entre outros...
Márcia Carvalho - BA
Tio Alberto, corrija, por favor, o meu comentário, pois a palavra bibliografia tem que ser substituída por biografia...rsrs na pressa saiu errado, e depois que percebi. Grata...Márcia
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