quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Olha só, debarros, um flash back nas imediações do Russell...

por Gonça
Debarros comenta logo abaixo sobre a Rua do Catete. Pois aí vai um revival. O bar do Novo Mundo, Palácio do Catete, Rua Silveira Martins, o restaurante Amazônia, o botequim do Leo... eram uma espécie de extensão do Russell. De passagem, no intervalo do almoço ou no fim do dia, a turma da Bloch circulava por essa área. Os jardins do Catete há muito perderam o pesado muro-fortaleza, com guaritas, que isolava os presidentes e ganharam a leveza das grades que abrem o visual; o bar do Novo Mundo continua lá, com nova decoração, mas o portal do hotel perdeu um dos dois leões de bronze que guardavam a portaria; o restaurante Amazônia não mais existe. Virou um depósito. Até a escada que dava acesso ao primeiro andar, onde almoçamos, muitas vezes, durante três décadas, sumiu. (Fotos Gonça). Confira o revival logo abaixo, em fotos feitas ontem.

Os jardins do Palácio do Catete, trecho da Praia do Flamengo...

   ...estão bem cuidados, como se vê a partir da Rua Silveira Martins.

No começo da Silveira, o Novo Mundo, de antigos encontros e velhas histórias.

Na Rua do Catete...


...o local onde funcionava o restaurante Amazônia. Na fileira de janelas do primeiro andar, hoje um depósito, ficava o salão que recebeu dezenas de funcionários da Bloch, durante décadas.

Um comentário:

deBarrros disse...

A Silveira Martins de nossas vidas. Existem ou melhor, existiram ruas que por vivermos nelas durante anos, passam a integrar a nossa personalidade. Até hoje, me lembro, com muitas saudades da rua da minha infância e começo da minha juventude. Sabe, aquele momento em que você começa a sair dos seus oito, nove, dez e entra nos dez em diante e o mundo, o seu pequeno mundinho começa a se desmoronar e um outro mundo se abre a sua frente, cheio de primessas, novidades e aventuras., A rua continua a mesma, mas você começa a ver de outra forma e passa a prestar atenção em tudo o que a cerca e o que nela acontece. A rua, cada vez mais, vai te impregnando com os fatos e as pessoas que nela habitam ou que nela trabalham. Descrever a rua de sua infância daria um livro. Por enquanto vou me deter na Silveira Martins, porque a frequentei durante longos e preciosos 25 anos de minha vida, enquanto trabalhei na Bloch Editores, que ficava logo alí, hoje praça Adolpho Bloch, quase esquina com essa abençoada rua. A gente entrava nela por dois monumentos que ficavam na sua esquina com a Praia do Flamengo, o Hotel Novo Mundo – se não existise teria que ser inventado – e os Jardins do Palácio do Catete. Aí começava a jornada Silveira Martins a dentro, passando pelo Hotel do Ingleses, logo a seguir por imensos prédios residenciais, chegando ao Palácio do Catete, um prédio, que foi por muitos anos a sede da República do Brasil e residência oficial dos Presidentes. Por aí já se sente a importância desta rua. Atravessando a rua do Catete, que tem sobrados datados do final do séçulo XIX, chegamos ao outro lado da Silveira Martins. Lado esse desprovido de histórias mas ainda se destacando por alguns restaurantes, um colégio e um eficiente Posto de Saúde e alguns "puteiros", que sobreviveram à época de ouro dos grandes "rendez vous" que existiram nessa rua rua e arredores e chegamos à Bento Lisboa. Aí termina a saga gloriosa da Silveira Martins que encheu a minha vida. Vim a trabalhar na Bloch Editores em 1975, mas em 1954, na noite de 24 de agosto desse ano para o dia 25, com a morte do dr. Getúlio Vargas eu e milhares de pessoas passamos acordado, numa fila imensa, para vermos por alguns segundos o seu corpo, numa passagem rápida, no leito de morte desse Presidente, que num gesto final, "saiu da vida para entrar para a História". Não acredito em fatalismo mas alguma coisa me ligava à Silveira Martins, muito antes de vir a conhecê-la. Ave!