terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Os jovens bebem cada vez mais. E agora?

por Eli Halfoun
Todos nós que estamos vivendo o tempo dos “enta” tivemos aquela etapa da adolescência em que cheios de natural curiosidade queríamos descobrir a vida e experimentar quase tudo, o que incluia bebidas alcoólicas. Quem não tomou seu porrezinho adolescente que atire o primeiro copo. Nesses tempos modernos e de variadas ofertas de bebidas, a garotada anda exagerando. É verdade que essa turminha nova não tem muita consciência do que está fazendo com o próprio corpo e a própria vida. Assim ficam mais preocupantes os números de um estudo do IBGE mostrando que mais de 70% dos estudantes brasileiros, portanto jovens entre 13 e 15 anos, já experimentaram bebida alcoólica. Tudo bem que se pode até dizer que é apenas uma fase. Mas, ao contrário do que acontecia antes, hoje a bebida representa perigo maior: quando a bebida deixa satisfazer esse mesmo adolescente, que geralmente bebe e fuma para sentir-se mais seguro e mais adulto, parte para outras experiências e é aí que entra a droga e quando a droga não encontra espaço o jovem passa a beber e fumar (o cigarro inseparável amigo da bebida) muito mais. Lembro sempre de uma amiga psicóloga, especializada no tratamento de dependentes químicos dizia que os dois mais difíceis vícios de tratar são o álcool e o fumo, que são drogas vendidas legalmente em qualquer esquina.
Os dados do IBGE mostram também que 22,1% dos estudantes já se embriagaram e que 73,1% das meninas já beberam. As meninas bebem mais do que os meninos: o percentual feminino supera os 69,5% da porcentagem de meninos que já experimentaram álcool. Os números são alarmantes: cerca de 24, 2 % dos jovens já fumaram cigarro e 8,7% usam droga ilícita. A porcentagem deve ser maior porque o consumidor de drogas não assume nem para ele mesmo que as utiliza. O estudo mostra claramente que todos nós que chegamos a fase dos “enta” precisamos estar mais atentos com a nossa juventude e não apenas com nossos filhos. É vital orientar os jovens mais e melhor para que eles possam chegar saudavelmente aos “enta” a que nós chegamos

Um comentário:

deBarrros disse...

Os jovens sempre beberam muito. No meu tempo, não existiam esses bares sofisticados como Bracarense, Belmont e tantos outros espalhados em lugares estratégicos por toda a cidade, tanto nas áreas urbanas como nas suburbanas. Existiam eram os botequins, com suas mesinhas de tampos de mármore, com pés de ferro e quatro cadeiras em volta e uma copa ou balcão onde o português – os portugueses eram os donos dos bares na sua maioria – exercia o seu mando. Com um ou dois garçons, os alcoólatras inveterados eram atendidos, servidos e bebâdos logo ficavam. Nas sextas e sábados era a vez dos jovens que começavam a beber por volta das 20 horas, traçando o famoso "Samba em Berlim", que não era senão a cachaça brasileira misturada com, imagina, Coca Cola. Tinha um gosto horrível, mas era uma bebida barata e alcoolizava o freguês rapidamente.
Com o tempo e a modernidade esses botequins foram cedendo espaço àqueles bares sofisticados, que serviam uisque, vodka e um chop super gelado, que diziam ser o melhor da cidade. Tudo propaganda, porque o chop servido na zona sul era o mesmo servido na zona norte. Sabe, desconfio que os jovens da minha época bebiam até mais que os jovens de hoje.
Quanto a beber muito ou não, não me preocupa tanto como o crescimento da homosexualidade entre os jovens como vem ocorrendo nos tempos atuais. Esse crescimemto é tão grande que está sendo percebido por mulheres e jovens meninas na idade escolar. Assustadas com esse comportamento tendencioso para a "viadagem", como acentuaram algumas amigas, passaram a se sentir traidas nas suas expectativas femininas. Poderia até se fazer um slogan: "Bebam mais e deem menos".