quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A volta dos mortos-vivos?

por Gonça
São positivas muitas iniciativas do governo do presidente Lula. Muitas, mas não todas. Alianças viciadas, acordos que reunem a mesma patota que formou a base de apoio do governo anterior, concessões, falta de firmeza no combate aos privilégios etc, tudo isso compõe o refugo do atual governo.
Agora mesmo, em função do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), Lula ameaça empreender um vergonhoso recuo. Segundo os jornais, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediria demissão, no que seria seguido pelos três comandantes das Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha), caso o presidente aprove o PNDH proposto pelo ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
Há quem diga que o Brasil teve uma ditadura militar. Na verdade, sofreu foi uma ditadura comandada por civis e militares. Outro dia mesmo morreu o embaixador americano Lincoln Gordon, aquele que dava ordens por aqui nos anos 60 e foi o homem que, como revelam documentos, intermediou o financiamento do golpe e botou na estrada as tropas brasileiras e os líderes políticos e empresariais que derrubaram Jango. No Brasil, os generais voltaram para os quartéis mas a ala civil da ditadura continuou na ativa, daí a manutenção dos esqueletos autoritários na legislação. Querem um pequeno exemplo? O Congresso ainda tem sua composição política tal como foi formulada pelo Pacote de Abril do general Geisel. Argentina, Chile, Uruguai, com muito mais dignidade, buscaram e buscam punir culpados por assassinatos, torturas, estupros e corrupção (sim, muitas empresas foram prejudicadas e até destruídas em função de interesses ligados à ditadura e há fortunas por aí que foram regadas nos governos militares). Aqui, os ditadores ganharam tapinhas nas costas e viraram nomes de ruas e cidades. E Lula concorda em abortar um plano que, entre outras coisas, revoga algumas leis da ditadura ainda vigentes e contrárias aos direitos humanos. Agora é capaz de "o cara " alcançar os 100% de aprovação: vai ser aplaudido de pé também pela ala que tem saudade da ditadura.

2 comentários:

deBarrros disse...

Você não acha que seria a hora do presidente de num gesto de coragem e independência, ignorar esse estremecimento de orgulho ferido desses generais falidos e de um Ministro de fantasia e confirmar a sua aprovação nesse projeto? Seria coroar, realmente com coroa de ouro e diamantes, esse seu mandato tão badalado e com o maior indice de aprovaçào, que um governo já teve neste país? Será que ele vai recuar. Aliás, recuar dos seus propósitos parece ser uma tônica no PT. Haja visto o senador do PT , Aloisio Mercadante, que jurou pela sua mãesinha, que iria pedir demissão do cargo de líder do governo e sei lá o que mais. Pediu demissão?

Gonça disse...

Como previ acima, Lula ganha editorial elogioso, hoje, de um jornal que apoiou com entusiasmo a ditadura e suas consequências. Deve ser o primeiro editorial elogioso que recebe em sete anos. Obviamente, os elogios serão redobrados se o presidente ceder e abortar o decreto. Que Lula reflita, aproveite a tranquilidade da praia baiana, e apoie os direitos humanos. Deixa o Nelson Jobim renunciar e ir pra casa junto com os comandantes. Aliás, se eu fosse o Lula não passaria o Ano Novo em uma base naval, sei lá. Por aqui a mídia também achou normal e democrático prender presidente de pijama em casa. Foi em Honduras, mas Honduras é bem ali.