quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ano Novo?

deBarros conta
Eli,
tava respondendo ao seu email contando uma história, quando deu um "boot"no computador, a tela ficou preta e tudo que tinha escrito foi pro cacete. Não sei se vou conseguir repetir o que estava escrevendo. A gente fica velho e esquece o que acabou de dizer no minuto anterior. Fazer o que. É a vida. Estava dizendo que de uns tempos para cá , essas passagens de ano se tornaram para mim tão iguais e chatas que me parecem a cada ano o papel carbono da que passou e uma é igual a outra que é igual a outra e assim por diante. Desisti de festejar o Ano Novo.
Nos meus tempos de jovem e solteiro gostava de atravessar a passagem do ano nos braços da namorada da ocasião num quarto de Hotel ou no escuro da varanda de sua casa – Na época não existiam os Motéis – ou então nos braços de uma puta qualquer do Bola Preta.
Naquele tempo não havia essa FORMIDÁVEL queima de fogos nas praias do Rio. A passagem do ano era comemorada nas casas dos amigo, sempre muito alegres, ou em clubes de bairros.
Depois das trocas de beijos cheios de amor, íamos atrás dessa festas onde nos divertiamos e bebíamos muito e quando acabavam voltávamos para nossas casas, bêbados alguns, carregados por amigos outros mas felizes. Essas festas acabavam lá pelas 4 ou 5 horas da madrugada e lá íamos nós rapazes e moças, sozinhos atravessando praças e ruas sem medo de sermos assaltados, estuprados, mortos pelos bandidos ou pelas balas perdidas, que zigue-zagueando pelas abas dos morros, pelas vielas escuras, pelas avenidas e praças dessa cidade assassinada na procura de um corpo inocente e doce para se alojar e matar.
Hoje Eli, tenho muita saudade daqueles anos quando passei e curti a melhor época da minha vida. Quando chegam esses dias de fim de ano é quando essa saudade mais aperta e uma pequena dor no coração se faz sentir. Na verdade a vida mudou muito nesses anos e desconfio de que mudou pra pior, sob o meu ponto de vista.
Bem, de qualquer maneira vou cumprindo esse meu contrato com a vida, que aos poucos vai terminando sem direito a indenização. Até lá, muita coisa ainda vai mudar nesse ano que vai entrar.

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