segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Prefeitura do Rio promove o caos em Copacabana

Reprodução You Tube
Moradores de Copacabana bem que avisaram e até entraram na Justiça para pedir a proibição do tal show de abertura do carnaval carioca, ontem. Mas havia altos interesses em jogo, da Riotur, Bloco da Favorita, promoters, artistas, hotéis etc e Copacabana não conseguiu se defender.

A Justiça foi cega, surda e deu aval para o caos. Não apenas os moradores de Copacabana foram prejudicados. O show colocou em risco a multidão que disparou em pânico, as pessoas que foram vítimas de bandidos e perderam celulares, dinheiro e documentos, foram expostas a bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo e enfrentaram o sufoco de um metrô superlotado, sem esquema especial.

Milhares levaram horas tentando voltar para casa.

Reprodução Twitter
A grande mídia noticiou, mas não deu tanto espaço assim ao caos, principalmente os principais veículos digitais. Pelo menos em um primeiro momento, a maioria das matérias fez questão de ressaltar, embarcando na defesa dos organizadores, que o tumulto começou uma hora após o fim do show. E daí? O evento atraiu uma multidão e é também responsável pela segurança das pessoas na dispersão. É como se um circo pudesse pegar fogo desde que o espetáculo já houvesse se encerrado.

A triste realidade está nos comentários, fotos e vídeos publicados nas redes sociais e na imprensa internacional.

No mesmo instante em que Copacabana era uma praça de guerra, o Centro da cidade estava deserto e adormecido. Seria o local ideal para o show.  Tem espaço, cinco estações de metrô, avenidas não residenciais e não expulsaria da praia, já por volta da 1 hora da tarde, boa parte dos cariocas de todos os bairros e suas crianças que desfrutavam de um habitual domingo de lazer.

Já que o poder público é inconsequente, artistas e patrocinadores deveriam ter um pouco mais de consciência e não se tornar coadjuvantes desse tipo de caos previsível. Alguma porção da imagem deles também ficou espalhada pelas ruas caóticas e sujas de Copacabana.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Racismo e assédio da mídia explicam "asilo" do casal Harry e Meghan Markle no Canadá.

Ao anunciar que deixa de representar a Família Real em protocolos e vai trabalhar para viver, dispensando o subsídio público e as mordomias que sustentam os royals, o casal Harry e Meghan expôs a mídia britânica a novos episódios de racismo.

Megan Markle, na BBC, é apresentada
como "barraqueira". Reprodução 

Pela segunda vez, a BBC é acusada por caricaturar com estereótipos um personagem que representa a americana. No programa Meghan Markle’s Royal Spark, da emissora, ela aparece como uma "barraqueira" que usa linguagem grosseira. Antes, a BBC comparou o recém-nascido herdeiro Archie, a um chimpanzé.

Os tabloides ingleses, principalmente, estão caindo de pau em Harry e Meghan e assumindo a versão de "desrespeito" com a rainha e "traição".
As primeiras análises demonstram que ao decidir pelo afastamento - que as redes sociais apelidaram de Megxit - o casal aponta como motivo precisamente essas duas questões: o racismo e o assédio da imprensa.

Harry carrega o trauma da vida e morte de Diana, sempre perseguida por paparazzi. Meghan admite que não suporta mais as agressões racistas. Eles esperam que ao abdicar da realeza possam criar o filho no Canadá longe do assédio dos tabloides e da intolerância racial. Na prática, optaram por um "asilo" que esperam seja protetor.

sábado, 11 de janeiro de 2020

A mídia neoliberal e o jornalismo de mercado na ilha da fantasia





por Flávio Sépia

Em relação ao governo Bolsonaro, a mídia neoliberal tem, como se vê, duas linhas claras; apoia ferozmente a política econômica, o ajuste fiscal selvagem, os cortes de programas sociais e a supressão de direitos trabalhistas, previdenciários etc, e reserva algum espaço para críticas nos campos ambientais, de educação, política externa e temas de comportamento.

No fim de dezembro, essa mídia exaltou um suposta recuperação da economia, saudou previsões do mercado e passou dias soltando fogos de artifício editoriais a estatísticas, inclusive uma sobre aumento de vendas do comércio no fim de ano que se revelou inconsistente.

Foram os efeitos do espírito de Natal, dos fogos de artifício e do espumante?

O ano virou e a realidade veio à superfície. Inflação acima da meta, ao contrário do que os jornalistas e colunistas de mercado festejaram, queda brusca da produção industrial, explosão do endividamento das famílias, aumentos de produtos, serviços e alimentos, além de queda das exportações e uso das reservas estratégicas em dólar, o que significa começas a queimar o colchão que evita o caos nas contas.

Se no dia da divulgação desses números desfavoráveis a abordagem foi discreta, hoje o assunto praticamente sumiu das primeiras páginas. A exceção é a Folha que, mesmo assim, atribuiu as nuvens negras que jogaram água no chope neoliberal apenas à carne.

A ilha da fantasia começou o ano sob terremoto.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Tóquio 2020: fabricante avisa que camas da Vila Olímpica são de papelão e só podem suportar duas pessoas de cada vez. Ménages não vão ganhar medalhas...

Reprodução Twitter

por Niko Bolontrin

Duas informações sobre a Olimpíada 2020, em Tóquio, chamam atenção, hoje, das redes sociais.

Uma, é o aviso do Comitê Olímpico Internacional sobre as regras que impedem manifestações políticas durante as cerimônias de abertura, de encerramento ou nos pódios. Os atletas, contudo, não estão impedidos de emitir opiniões em entrevistas nas áreas reservadas à imprensa.

A outra é sobre as camas da Vila Olímpica, que são ecológicas e feitas de papelão. Talvez ciente de que as acomodações dos jovens atletas podem se transformar em um espécie de pódio do sexo, o fabricante Airwave alerta que apenas duas pessoas, de cada vez, podem usar o móvel. Mais do que isso, a cama politicamente correta vai desabar. Ou seja, ménages serão materialmente inviáveis.

Não é segredo a agitação das Vilas Olímpicas onde a testosterona alcança níveis estratosféricos. Basta dizer que na Rio 2016 foram distribuídas 450 mil camisinhas entre os atletas.

Nas redes sociais há que diga que 80% dessas camas de papelão não resistirão às maratonas noturnas.

Sufoco no cafofo do Barbosa

Desde que a bolsonarista Letícia Dornelles foi nomeada para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, polêmicas e controvérsias rondam a instituição. A nomeada foi criticada por não ter qualificação para o cargo. A ausência de currículo seria agravada pelo fato de a Casa não é apenas guardar acervos de escritores, mas funcionar como um importante centro de pesquisa literária.
Ao Globo, ela mesma citou como qualificação o fato de ter trabalhado no "Fantástico" e de ter feito um curso de gestora.
A presidente já afastou diretores dos centros de Filologia, História e Direito.
Entre as primeiras realizações de Dornelles estão, segundo O Globo, homenagens a Margaret Thatcher e Ronald Reagan, que serão temas de palestras e exposições. Não por acaso, essa dupla dinâmica da direita é idolatrada pelos bolsominions. A nova presidente alega que tem tudo a ver a celebração da ex-primeira ministra britânica e do ex-presidente estadunidense porque "Rui Barbosa era diplomata", o que, segundo ela, justifica o projeto "Países & Personalidades".
O nome do projeto é aliás, amplo, e pode abrigar qualquer coisa. A presidente não antecipa os próximos homenageados. O que não quer dizer que os apoiadores do novo governo não possam sugerir pautas. Uma exposição sobre a vida e obra do astrólogo Olavo de Carvalho, por exemplo, faria a nova gestão ganhar pontos no Planalto. "Países & Personalidades" é uma parceria da FCRB com o Ministério das Relações Exteriores, hoje um fortim direita radical. A vida do primeiro-ministro da Hungria (Viktor Orbán), outro ícone do governo atual, poderia render um seminário para militantes, assim como o "Terraplanismo e a Literatura". Um evento interessante seria "Um Passeio na Biblioteca de Donald Trump que Rui Barbosa não Conheceu". Tudo bem que o tour vai durar menos de um minuto, mas vale por mostrar esse aspecto desconhecido do maior amigo do presidente brasileiro depois do Queiroz.
Se a Dornelles puder ler algo além das redes sociais bolsonarianas, é recomendável o "Metrópole à Beira-Mar - o Rio Moderno dos Anos 20". Ela vai gostar de um trecho em que o autor, Rui Castro, fala de Ruy Barbosa, quando senador:
"Em 1900, derrubou a emenda que instituía o divórcio no Brasil. Em 1904, votou contra Oswaldo Cruz e a vacina obrigatória. Em 1922, deu o voto decisivo que permitiu a Epitácio Pessoa decretar o estado de sítio na sequência da rebelião do forte de Copacabana. (...). O Brasil deveu a Ruy cinco anos sem garantias constitucionais".
Além do que o livro relata, sabe-se que Rui Barbosa mandou destruir milhares de documentos referentes à escravidão no Brasil.
Tudo isso é praticamente a antecipação do ideário bozoroca que a Casa da Mãe Joana, desculpe, a Casa Rui Barbosa, passa a cultuar.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Filantropia: nudes para ajudar a Austrália


Reprodução Twitter

Através do seu perfil no Twitter a modelo Kaylen Ward, 20 anos, se comprometeu a mandar fotos nudes exclusivas para quem doar 10 dólares, e comprovar isso, para ajudar as vítimas dos incêndios na Austrália. Ela tem mais de 300 mil seguidores. A modelo alega que após a publicação do apelo filantrópico foi rejeitada pela família e pelo namorado, mas se mantém firme na missão humanitária. Nas redes sociais, Ward informa que já arrecadou 1 milhão de dólares. Ela vem publicando comprovantes de repasses a instiuições australianas.

Trios comerciais invadem o carnaval carioca. É o circuito Crivella de megatrios elétricos

Reprodução O Globo de 09-01-2020

A coluna de Ancelmo Gois (O Globo) noticia hoje uma opinião de Rita Fernandes, presidente da Sebastiana (Associação de Blocos de Rua da Zona Sul ) sobre a invasão dos megatrios comerciais no carnaval do Rio de Janeiro.

De fato, nos últimos anos e no ritmo do lobby, empresários têm conseguido liberar as ruas para trios alienígenas enquanto blocos de bairros ganham vetos ou sofrem dificuldades para atender às exigências oficiais.

A nota cita os trios de Cláudia Leitte, Lexa, Anitta, Ludmila e o sertanejo Chora, Me Liga. Existem outros, como o da Preta Gil e o das Favoritas.

Em geral, impulsionam marcas, divulgam shows e fazem o marketing de cantores que se apresentam em turnês carnavalescas em outras capitais.

O prefeito Marcelo Crivella adota para o carnaval a política de desmonte do Rio que prevalece em sua administração. Trata a festa com desprezo enquanto estimula a invasão de ambulantes nas ruas, deixa as vans à solta, não fiscaliza efetivamente as construções ilegais, se omite no caos das chuvas, permite os cercadinhos vips e a invasão de praias por empreendimentos comercias e quer liberar ruas e encostas para altos gabaritos de espigões.

Crivella odeia o Rio, na verdade. 

Atende a todos, menos à tradição e cultura cariocas.

Segundo O Globo, até 7 de janeiro, mais de 60% dos blocos não tinham ainda autorização da PM e dos Bombeiros (no caso, de responsabilidade estadual) para desfilarem. Um dos encargos: blocos com mais de mil pessoas deve contratar ambulância, maqueiros, médicos e enfermeiros. De um desses blocos foi exigido disponibilizar seis equipes médicas, número difícil de ver até em desabamentos de encostas nas chuvas de verão.

Ao contrário dos megatrios, a maioria dos blocos de bairro que reocuparam a cidade e fizeram o carnaval de rua renascer a partir de iniciativas autênticas e localizadas não tem condições de atender tudo isso. Foram eles que fizeram o Rio voltar a se divertir nas ruas e criaram o fenômeno que hoje atrai milhões de turistas.

É nessa onda que os megatrios empresariais, que podem cumprir os encargos com facilidade, pegam carona.

Pena que, para isso, desloquem o verdadeiro espírito da festa.     

Censura: o segundo atentado contra o Porta dos Fundos

Os sinais do Brasil sob regime arbitrário são agora lançados diariamente. Perseguições, ameaças, preconceitos, mentiras, difamação de opositores, decretos, assassinatos de ambientalistas e índios,  até atentados com artefatos incendiários e a volta da censura. Na mesma semana em que a TV Brasil - onde o veto a determinados temas parece ter se  tornado uma prática editorial - corta trecho de uma reportagem sobre uma exposição que revivia a história do Pasquim, eliminando a referência sobre a prisão dos jornalista na ditadura, um desembargador manda que a Netflix retire do ar o especial humorístico do Porta dos Fundos, a sátira "A primeira tentação de Cristo".
É uma espécie de segundo atentado ao grupo, depois de um bando lançar coquetéis molotov contra a sede da produtora.
O desembargador Benedicto Abicair alegou que "o direito à liberdade de expressão, imprensa e artística não é absoluto", daí a censura. Curiosamente, o mesmo desembargador se manifestou, em 2007, sobre um processo contra Jair Bolsonaro, em argumentação contrária. A propósito de declarações homofóbicas e racista do então deputado no programa CQC, Abicair declarou em seu voto, segundo reportagem do Globo, hoje, que não via como "em uma democracia censurar o direito o direito de manifestação de quem quer que seja".
Ou desembargador mudou de opinião ou deve-se considerar que o Brasil não está mais em uma democracia.
ATUALIZAÇÃO: A Netflix recorreu ao STF e o ministro Dias Toffoli liberou o especial do Porta dos Fundos, cancelando a decisão do desembargador.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

O Brasil vai à guerra no Irã. Verás que os filhos dos outros não fogem à luta








por O.V.Pochê

As redes sociais estão lotadas de memes sobre a crise EUA-Irã. Por enquanto, são piadas, mas tem que esteja levando a sério.
O Brasil já teria avisado a Washington que "estamos aí para o que precisar". Ou seja, se depender do Planalto, o bicho vai pegar. Digamos que o Tio Trump, após bombardear os 52 alvos da terra dos aiatolás, precise enviar tropas terrestres e ligue para o seu ajudante de ordens, o Bozo, pedindo alguns batalhões.
Sabe-se que operações aéreas destroem e matam, mas para conquistar território mesmo, como foi o caso do Iraque, é preciso botar o pé na estrada. É aí que o Brasil pode ser convocado.
O ideal é abrir um voluntariado para formar uma tropa mais motivada. O atual governo tem ministros extremamente bélicos, assim como apoiadores loucos para encarnar os Rambos e Braddocks da nova era. Bolsonaro pode convocar a turma pelo twitter. Deputados, senadores e governadores que foram eleitos na onda do capitão inativo certamente não vão se negar a se alistar nas forças brasileiras que integrarão a coalização que vai botar os aiatolás pra correr.  Olavo de Carvalho pode ser o estrategista principal. O próprio Bolsonaro seria o Churchill tropical. Os zero um, dois e três já estão praticamente treinados para o combate. Damares poderia comandar os pelotões femininos e Janaína Paschoal preencheria a cota de mulheres no Estado Maior. O general Heleno seria o Patton à frente da meia dúzia de tanques brasileiros que ainda rodam. Onyx Lorenzoni poderia ser o motoqueiro do iFood para alimentar as tropas no deserto. O ginasta Diego Hypólito, agora próximo ao clã, cuidaria da preparação física dos soldados. Queiroz seria responsável pela intendência e movimentação financeira da ofensiva. As operações aéreas seriam coordenadas pelo astronauta Marcos Pontes. A equipe do Antagonista se ofereceria para o corpo de correspondentes de guerra ao lado de Ratinho, Sílvio  Santos, Datena e Eliane Cantanhêde. O "bispo" Macedo vai de capelão-mor. Regina Duarte e Márcio Garcia vão  cuidar do entretenimento para as tropas, o que incluirá shows de Gustavo Lima, Zezé di Camargo e Eduardo Costa, entre outros. Mas a festinha após cada batalha vencida ficará por contra de Neymar, o anfitrião das baladas. Empresários não se negarão a trocar seus gabinetes pelas trincheiras. Paulo Skaff faria a Fiesp virar um bravo comando de Seals. Luciano Hang comandaria um batalhão de funcionários da Havan, até uniformes eles já têm. As Lojas Riachuelo podem doar os coturnos de campanha. Dallagnol seria o administrador do grupo de Whatsapp do Alto Comando. As manifestantes que costumam ir às ruas com a camisa da CBF serão enfermeiras-voluntárias e muitas doarão suas ricas aposentadorias para o esforço de guerra.  O jogador Felipe Mello vai se alistar, mas só será utilizado quando os combates entrarem na fase do corpo a corpo.
Após a vitória final, o Brasil, como integrante da coalizão vitoriosa, terá direito a participar do novo governo do Irã. Aí entra o Paulo Guedes que fará as reformas da previdência e trabalhista do país conquistado e privatizará tudo, incluindo as ruínas de Persepólis, que ele não sabe bem pra que servem e que transformará em um condomínio residencial, o "Vivendas de Teerã". Nos campos de petróleo infelizmente não vai poder mexer, é área do Tio Trump.
Como se vê, o Brasil está preparado.
Só falta o Trump dizer quando será o Dia D. Ou melhor, o Dia B.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Com o fim da marca Beatle, o Fusca vira memória e se despede definitivamente. Veja o vídeo que celebra o adeus do mito sobre rodas


por José Bálsamo

O Fusca já se despediu várias vezes na última década. Brasil e México foram os últimos países a dar adeus ao Fusca.
No Brasil, registre-se, saiu de cena duas vezes: em 1986 e 1996 (depois de por intervenção do então presidente Itamar Franco o Fusca voltar a ser fabricado a partir de 1993)
Agora, nos Estados Unidos, acontece o fim da marca Beatle, que não será mais utilizada em nenhum lançamento. O Volkwagen Beetle saiu de linha em 2019 e levou junto um mito do automobilismo.
Para marcar a despedida definitiva, a Volkswagen USA divulgou há poucos dias um vídeo especial chamado "A última milha".
Observe bem que no meio da multidão que aplaude o Fusca aparecem Kevin Bacon, Andy Warhol e Andy Cohen, um conhecido apresentador da TV americana. A trilha sonora Let it Be, dos Beatles, acompanha a última jornada do Fusca que é pontuada por uma frase: "quando uma estrada acaba, outra começa".

VEJA O ADEUS DEFINITIVO DO FUSCA, CLIQUE AQUI 

A loucademia da Inteligência Artificial

por Flávio Sépia
A inteligência artificial está avançando quase na velocidade de um Fórmula 1. A coisa está tão acelerada que começa ficar fora de controle. Com a velocidade de conexão 5G batendo à porta, a cada dia aparece um robô superdotado para ocupar uma atividade antes reservada a humanos. Já existem robôs-jornalistas, robôs-pilotos, robôs-médicos, robôs-faxineiros, robôs-operário, robôs-barmen etc.
A novidade mais recente da dupla inteligência artificial+robô é um sofisticado equipamento para fazer pízzas. Você digita o tipo e tamanho que você quer e a máquina entrega a massa em minutos. A geringonça é capaz de fazer 300 pizzas por hora. O pizzaiolo dança.
A robótica também chega à religião e pastores, padres, rabinos, pais de santo e gurus em geral  etc também correm risco. Em troca de uma moeda e com o simples apertar de um botão o pecador poderá ouvir orações, salmos, pregações a gosto e fala direto com o santo ou com os búzios. Poderá criar, por exemplo, um avatar e levá-lo a visitar um paraíso virtual. Poderá fazer selfies em 3D com a divindade de sua preferência.
O problema vai ser o que fazer com os milhões de desempregados pela tecnologia. O mercado de entrega e comida por aplicativo não vai absorver tanta gente.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Drones de guerra: a morte voa em silêncio

O drone MQ-9 Reaper do tipo que explodiu o general iraniano. Reprodução Twitter.


No filme Good Kill, a rotina dos pilotos de drone a milhares de quilômetros do alvo. Na foto,o ator Ethan Hawke, que faz o papel do piloto e a co-piloto interpretada por Zoe Kravitz. Foto: Divulgação

A morte de Qassem Soleimani, o líder da Força Quds, a tropa de elite da Guarda Revolucionária do Irá, é a notícia que abre o ano no planeta. No caso, como diria McLuhan, o meio foi a mensagem. O drone. O auge da guerra tecnológica.

Esqueça Patton e seus tanques e a lama dos campos de batalha. As armas do século 21 são profiláticas.

Assim como fez de Patton um herói, Hollywood mostrou em Good Kill, filme de 2014, a rotina dos operadores do drones que a milhares de quilômetros do alvo cumprem missões como a que explodiu o general iraniano.

Dizem que Soleimani era um estrategista. Se era, esqueceu de olhar pra cima. Não que ele pudesse enxergar o inimigo que voa a mais de 10 mil metros de altura, mas deveria contar com essa possibilidade. Esse tipo de guerra está no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no Iémen...

Mas Good Kill (em tradução livre, Morte Limpa) não apenas celebra a tecnologia. Mostra uma  espécie de angustia que acomete os pilotos de drones. Eles são como funcionários que cumprem expediente, vão à guerra em turnos, no conforto do ar condicionado e, após as missões, voltam para casa e para mulheres e filhos em típicos  subúrbios americanos  O filme dirigido por Andrew Niccol vai muito além do ufanismo e capta os efeitos psicológicos dos top guns da poltrona. O protagonista, um major vivido por Ethan Hawke, passa 12 horas por dia lutando contra o Talibã de um bunker nas imediações de Las Vegas. Na mão, o joystick que comanda drones do outro lado do mundo. O drama existencial do major que o filme focaliza não é inteiramente fictício. A Newsweek fez há algum tempo uma matéria com um ex-operador de drones que viveu o impacto psicológico da função de matar pessoas por controle remoto. A era do guerreiro de home office. Depois de seis anos na Força Aérea, o entrevistado da Newseek voltou à vida civil com estresse pós-traumático e se surpreendeu ao ver que sua ficha registrava participação em 1.626 mortes. Impossível garantir que todos eram terroristas. Quase invariavelmente, inocentes entram na cota do "dano colateral". O que, independentemente da ação comandada por Donald Trump ser mais um ato eleitoral para tirar atenção de um processo de impeachment, está longe de transformar Soleimani em vítima colateral. Ao contrário, ele era o cruel gauleiter de uma ditadura religiosa e fundamentalista como muitas, de vários credos, que ameaçam democracias e que, no Irã, provocou milhares de mortes durante recente onda de protestos.

Fotografia: imagem planejada pinta cena com luz e técnica


Foto planejada por Johnson Barros, fotógrafo e sargento da Força Aérea Brasileira, está entre as tr~es melhores do mundo no ranking da revista especializada Aviation Week.
Veja no site Aeroflat como foi feita essa imagem, AQUI

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O que os Novos Anos 20 terão a ver com os Loucos Anos 20...



por José Esmeraldo Gonçalves

A edição de janeiro da revista britânica Tatler convidou Nicole Kidman para ilustrar uma capa temática sobre os Novos Anos 20.

A ilação remete a uma era do século passado quando o mundo desbundou de vez. A gíria não existia, mas serve para definir o período entre 1919 e 1929, os Loucos Anos Vinte, quando o planeta parecia girar mais rápido e acelerar mudanças sociais, industriais e culturais.

Depois da tragédia e do sofrimento provocados pela Primeira Guerra, a Europa mandava a mensagem dos seus Années Folles: cair de boca na vida antes que outra guerra acabe com a festa. E o mundo entendeu o recado. Os Estados Unidos embarcaram nos Roaring Twenties e até o Rio de Janeiro, como conta o novo livro de Ruy Castro - Metrópole à Beira-Mar - o Rio Moderno dos Anos 20 - também pirou na modernidade. Que não se entenda mal, aquelas gerações bebiam, dançavam, amavam as drogas e o sexo e com o mesmo dinamismo faziam a literatura, a arte, a música, a arquitetura, o comportamento, os direitos sociais, as indústrias cinematográfica e automobilística, a telefonia, o rádio e o jornalismo avançarem anos-luz. Eram os tempos de Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e Gertrude Stein. Sinclair Lewis, art déco, expressionismo, surrealismo, jazz, Bauhaus, Henry Ford, Man Ray, Max Ernst, Pablo Picasso, André Breton, Joan Miró, Marcel Duchamp e Salvador Dali, entre tantos outros. Aqui, o agito cultural era ditado por nomes como João do Rio, Lima Barreto, Gilka Machado, Álvaro e Eugenia Moreyra, Bidu Sayão, Vila-Lobos, Agripino Grieco, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Sinhô e Pixinguinha. O Rio, como conta Ruy Castro, fazia sua parte e tocava o Brasil para a frente.

Os Loucos Anos 20 chegaram ao fim em uma data precisa: 29 de outubro de 1929, a Terça-Feira Negra que quebrou a Bolsa de Valores de Nova York e espalhou pelo mundo um rastilho que transformou economias em cinzas e desempregou milhões de pessoas.

Não se sabe como serão nem como terminarão os New Twenties que a Tatler anuncia. Aqueles, os do século passado, acabaram em ditaduras e guerras das quais o mundo precisou novamente se recuperar nos anos 1950. Esses que agora começam estão sob a sombra dos avanços da direita, do fundamentalismo religioso, da intolerância e de uma economia que nega prosperidade para bilhões de pessoas,  concentra riquezas em pequeno percentual de bolsos e cofres e, por último mas não menos importante, despreza os impactos do aquecimento global. Mas aí é outro capítulo. 

Impostos-fantasia: a nova criação do governo para 2020...

Parece, mas não é piada. Até porque vai doer no bolso de muitos brasileiros. O governo Bolsonaro-Paulo Guedes extrapola na imaginação e agora cria impostos-fantasia.

Explica-se: a dupla que governa o Brasil decretou que os bancos podem cobrar uma taxa sobre o limite do cheque especial. Ou seja, sobre aquele valor que oferecem em tese ao cliente e que este nem sempre usa ou, em alguns casos, de reserva mais alta, nunca usam.

O outro imposto-fantasia é sobre o sol. Depois de, nos últimos anos, em razão de políticas de incentivo às energias renováveis, propagar o uso da energia solar,  o governo resolveu agora taxar o astro-rei. Na prática, os citados presidente e ministro   consideram que o sol é uma estatal ou um serviço público ao qual o usuário deve remunerar.

2020: a internet vibrou com essas mãos desgovernadas...

Papa Francisco: mão de barra-brava. Reprodução Twitter


Grazi: mão comemorativa... Reprodução Instagram

por Pedro Juan Bettencourt

Dois assuntos são campeões de cliques na internet neste começo de ano. Por acaso, os dois envolvem... mãos.

O primeiro a viralizar foi a cena da mão do papa Francisco que deu uma de barra-brava argentino e mandou um duplo tapa na igualmente mão da devota que lhe deu uns puxões na Praça São Pedro.

Já a mão de Grazi Massafera parece ganhar vida própria em uma foto de amigos em confraternização na Praia do Carneiros, em Pernambuco. Atentas, as redes sociais perceberam que assim como quem não quer nada a 'mão boba' alvejou em ponto estratégico o namorado da atriz, o ator Caio Castro.

Na mídia e nas redes sociais, a onda das fake news chega às estatísticas?

Os primeiros dias de 2020 jogam na praia da mídia e das redes sociais uma nova polêmica: a das estatísticas possivelmente fakes.

Inicialmente, uma suposta pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) trombeteou que as vendas de fim de ano tiveram um acréscimo de mais de nove por cento. Lojistas de uma entidade dissidente, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites, contestaram os números (70% dos seus filiados afirmaram que as vendas foram iguais ou inferiores às do ano passado) e o Ibope, a quem a Alshop atribuiu a confirmação das informações, publicou nota afirmando que não repassou dado algum para o tal levantamento.

O número de pessoas em Copacabana também levanta dúvidas. Segundo veículos da grande mídia, cerca de 3 milhões de pessoas assistiram nas areias de Copacabana à tradicional queima de fogos. O cálculo seria da PM. Nas redes sociais, moradores de Copacabana falam sobre impressão contrária: a de mais espaços vazios do que no ano passado. Já a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou que a cidade recebeu exatos 1 milhão e 700 mil turistas, mas não informa como chegou a esse número.  Em réveillons anteriores, a mídia deu destaque às ocorrências de violência ou arrastões e, principalmente, roubos de celulares. A PM não divulgou ainda o balanço total de ocorrências, mas informa que deteve apenas dez pessoas, número considerado bem baixo já em em 2015, 2017 e 2018 as cenas de delegacia lotada de turistas vítimas de roubo foram recorrentes.

Embora não tenha divulgado os números oficiais finais, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) esperava alcançar 100% das vagas ocupadas no Rio de Janeiro. A conferir.

No ano das fake news, em que o governo federal foi várias vezes flagrado divulgando números falsos, as estatísticas oficiais saem abaladas e entram em 2020 sob fortes dúvidas.

Em geral, a mídia divulga os números tal como os recebe. Na prática, deveriam ser checados por agências especializadas ou correm o risco de se transformarem em instrumentos de propaganda política ao gosto do freguês.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

2020: Rio de luz e cor...

Que venha 2020. Foto Fernando Maia/Riotur/Divulgação

Copacabana: a porta de entrada do Ano Novo. Foto de Alex Ferro/Riotur/Divulgação

O amanhecer de 2020. Foto de Alex Ferro/Riotur/Divulgação

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Mídia: a diferença entre jornalismo e cinismo

Reprodução El País

Os oligarcas da mídia brasileira são tão fanáticos pelo neoliberalismo que não conseguem nem mais pautar a realidade. Ao contrário, deturpam.
Está no ar no site do El País um tipo de jornalismo que os editores dos veículos conservadores são incapazes de ver ou são obrigados a fechar os olhos para os fatos.  E olha que El Pais não é exatamente um canal revolucionário ou de esquerda. Apenas, parece bem mais honesto.
EL Pais fala sobre um aspecto da precariedade do emprego: o dos entregadores de aplicativos que trabalham 16 horas por dia sem qualquer direito ou garantia.

Reprodução O Globo

A reportagem do site está no ar no mesmo dia em que o Globo, em acesso de cinismo, comemora outra evidência da degradação do trabalho: o crescimento do número de "trabalhadores intermitentes". Trata-se de uma nova geração de boias-frias agora legalizados pela reforma trabalhista, sem direitos nem segurança, que o jornal festeja como "retomada" da economia.

Informe-se, leia a reportagem do El Pais AQUI

Paolla Oliveira: a virada do ano

Reprodução Instagram
por Ed Sá

Já houve um passado recente em que revistas impressas de celebridades brigariam por uma foto dessas. Uma página inteira, uma capa. O conteúdo provocante que mantinha tais publicações hoje vai direto para as redes sociais.

Constantemente, celebridades satisfazem a curiosidade de milhões de leitores e fãs e postam rotinas, opiniões e curvas. E que curvas!


A foto acima, do Instagram de Paola Oliveira, recebeu em pouco tempo mais de um milhão de curtidas que dispensam os antigos intermediários: as revistas, as colunas de jornais impressos.

Sem saudosismo. A internet está aí para facilitar essa ligação direta. Nunca esse tipo de comunicação foi tão expresso.

São novos e mais ágeis dias. No caso da foto, mais democráticos, mais generosos e compartilhados tempos. Salve, Paolla!

domingo, 29 de dezembro de 2019

Adeus, Lolita

Sue Lyon em Lolita. 
E Humbert (James Mason) encantado.  


Em 1961, antes da estréia, Manchete antecipou detalhes das filmagens da "heroína mais escandalosa
do século". Reprodução Manchete

por Ed Sá

Sue Lyon em foto recente.publicada
no site Star Station
Sue Lyon, a Lolita do filme homônimo de Stanley Kubrick, baseado no romance de Vladimir Nabokov, morreu aos 73 anos em Los Angeles, distante da fama, pelo menos para as novas gerações.
Mas se houvesse internet em 1962, quando o filme foi lançado, Lyon, então com 14 anos, seria recordista dos trend topics por meses. A imagem da adolescente de biquíni, no filme Dolores Haze,  que se relaciona com Humbert Humbert, de meia-idade, interpretado por James Mason, agitou a mídia, provocou ligas de moralistas e encheu as salas de cinema.

O papel foi sucesso e fardo na carreira da atriz. Virou um rótulo. Dois anos depois ela filmou "A Noite do Iguana", quando seduz um homem mais velho, dessa vez interpretado por Richard Burton.

Até a vida real imitou a arte, de certa forma: ela se casou em 1964, aos 16 anos, com um roteirista dez anos mais velho.

Lolita ganhou o carimbo de cult e entrou para a história do cinema. Tanto que é um dos filmes que mais geraram trívias, as historinhas de bastidores das filmagens que fazem a cabeça de nerds e cinéfilos e que circulam até hoje em dezenas de sites.

Conheça algumas dessas revelações of câmeras:

* Stanley Kubrick viu Sue Lyon em um programa de TV onde ela "seduzia" um professor. Um detalhe o convenceu a contratar a atriz: o tamanho dos seios, que eram avantajados para a idade dela na época (13).


* Uma das imagens mais icônicas de Sue Lyon como Lolita é a que mostra a atriz de óculos em forma de coração e chupando um pirulito. É uma criação do fotógrafo Bert Stern, foi usada para divulgação e a cena não aparece no filme.


* O escritor Vladimir Nabokov teria preferido que Lolita fosse interpretada pela atrizinha francesa Catherine Demongeot vista em "Zazie dans le metro". Stanley Kubrick também. Mas o diretor optou por uma atriz um pouco mais velha e que aparentava ainda mais idade. Preferiu evitar problemas ainda maiores com a censura e "envelheceu" a ninfeta que no livro tem 12 anos.

* O livro, de 1955, foi proibido em vários países. Por isso, o roteiro do filme se afasta da trama original. Além disso, Kubrick preferiu filmá-lo secretamente em Londres.

* Sue Lyon não foi à estréia em Nova York em junho de 1962. Nos Estados Unidos, o filme foi proibido para menores de 18 anos. Mas ela compareceu à estréia de Londres, dois meses depois.

* Cary Grant foi convidado para fazer o papel do Humbert. Recusou por achar o filme imoral.

* O desempenho de Sue Lyon lhe valeu o prêmio de revelação do ano no Globo de Ouro de 1963.

* Lolita é morena no livro e loura no filme.

* No começo do filme, Stanley Kubrick aparece rapidamente, saindo da cena, no momento em que Humbert abre a porta.

* Caso a censura fosse intransigente, Kubrick tinha uma carta na manga: fazer com que Humbert e Lolita se casassem em um estado onde isso não fosse ilegal.


*Em 1997, Dominique Swain, então com 16 anos, protagonizou o remake de Lolita, dirigido por Adrian Lyne, com Jerymi Irons e  Melanie Griffith. Essa versão é mais fiel ao romance de Nabokov. 

Antonio Guerreiro (1947-2019): para sempre entre estrelas

Antonio Guerreiro no seus estúdio no Catete. Foto Manchete/Reprodução

E na Adega Pérola, em Copacabana, saboreando tapas. Foto Daniella Dacorso/Reprodução Manchete

A beleza de Sônia Braga...

...segundo Antonio Guerreiro. Reprodução Manchete

Antonio Guerreiro começou a se destacar como fotógrafo no Correio da Manha. Em dupla com o colunista Daniel Más, ilustrava uma página com personagens da cidade no fim dos anos 1960.

Mas foi o seu trabalho na revista Setenta, da Abril, que chamou a atenção de Justino Martins e Adolpho Bloch. A Setenta durou pouco e deixou como marcas o talento e o bom gosto de Guerreiro ao fotografar moda, o que lhe rendeu um convite para ser correspondente da Manchete em Paris.

Foram dois anos de matérias variadas. Ele não apenas cobriu os principais desfiles da Europa, como fotografou atrizes, festivais e personalidades que eram entrevistadas pela revista.

Após a temporada em Paris, Guerreiro voltou para o Brasil, montou seu estúdio, mas jamais rompeu o vínculo com a Manchete. Tornou-se um colaborador assíduo da revista, principalmente nos anos 1980, quando assinou dezenas de capas.

Suas lentes registraram a beleza de Sônia Braga, Sandra Brea, Bruna Lombardi, Claudia Ohana, Vera Fisher, Luíza Brunet e Luma de Oliveira, entre tantas outras modelos e atrizes.

Antonio Guerreiro morreu ontem, no Rio. Deixa no seu acervo as estrelas da cidade que amou e da qual ele próprio foi um personagem.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Fotomemória do Rio: estrelas de luz no Natal e Réveillon


Muito antes da Árvore da Lagoa,  Rio se iluminava para o Natal e o Ano Novo.

A foto é da Manchete, de 1953.

Uma empresa, a Predial Corcovado, gastou 50 mil cruzeiros para instalar milhares de lâmpadas em vários pontos da cidade. E olha que, na época, o patrocinador não tinha direito a abater dos impostos o valor investido - generosa colher-de-chá que os empresários atuais ganham dos governos -, e ainda teve que alugar geradores, já que a Light, então pertencente a canadenses, era pouco confiável.

O destaque da decoração foram as estrelas ao pé do Redentor, no Corcovado.

O Rio ficou assim brilhante e conduzido por estrelas de luz, como canta o célebre samba da Mocidade, até o dia 6 de janeiro.

Aquela decoração foi única, não se repetiu nos anos seguintes. O mais próximo das luzes natalinas e de Ano Novo que o Rio voltou a ver foi a Árvore da Lagoa, que foi montada pela primeira vez em 1996.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Mídia: jornalistas brasileiros têm hora marcada para sofrer assédio moral. Todo dia, na "coletiva" do escracho.

Foi cena recorrente em 2019. É uma espécie de calvário.

Jornalistas que são escalados para cobrir aquela paradinha abjeta em forma de "coletiva" que Bolsonaro oferece à nação todo dia, no portão do Alvorada, já saem das redações sabendo que vão para um cercadinho ser xingados, que as mães serão ofendidas, que ouvirão gritos, palavões e grosserias.

E, por tabela, também serão moralmente agredidos e ameaçados pela claque que é incentivada a aplaudir cada xingamento como se estivesse no auditório do Ratinho, do Datena ou do Sílvio Santos.

A culpa é do Bolsonaro? Claro, essa é a política oficial de comunicação. Mas o capitão inativo não é o único responsável pela cena deplorável de todas as manhãs. Os principais veículos têm coparticipação no espetáculo de assédio moral diário. Editores de fino trato continuam enviando os jornalistas para o curral da vergonha, com se mandassem gado para o abate.

Se fossem solidários, coleguinhas mais empoderados, como colunistas políticos e de mercado, articulistas fixos e convidados, editorialistas, âncoras de telejornais etc deveriam se voluntariar para substituir os pobres repórteres na "coletiva" do escracho, pelo menos durante um ou dois dias na semana.

Já tem plantonista apelando para o espírito cristão.

Afinal, tem mãe de jornalista que não aguenta mais ser esculhambada pelo presidente. 

Futebol: vivendo e aprendendo a perder

por Niko Bolontrin

Um dos destaques da mídia esportiva em 2019 foi certamente a cobertura da participação do Flamengo no Mundial de Clubes. Mas o espírito da coisa causou alguma perplexidade.

Boa parte dos jornalistas foi acometida da síndrome do elogio à derrota, algo que pode fazer o esporte perder o sentido e tornar os pódios alegorias desimportantes. No caso do Flamengo, a opção preferencial dos cronistas pela derrota agride até o hino histórico que a torcida canta nos estádios: "vencer, vencer, vencer"...

O Flamengo tem milhões de torcedores e isso impacta naturalmente as editorias esportivas dos jornais, TV e internet. É histórico o puxa saquismo editorial, menos por clubismo e mais por interesses econômicos nas respectivas audiências.

Mas não precisavam exagerar.  Um jornalista chegou a escrever que espera que a vitória do Liverpool em Doha ensine o Brasil a saber perder. Caramba! Em matéria de futebol, o Brasil já é pós-graduado em perder. A última Copa, por exemplo, foi a de 2002, que comemorará 20 anos no próximo mundial. Pouco países no mundo ostentam uma derrota tão acachapante quanto os 7 x 1 diante da Alemanha. Se aquilo não ensinou a perder, chamem a Alemanha de volta.

As torcidas andam tão carentes que, não é de hoje, supervalorizam o mundial de clubes. O que é compreensível: trata-se da única oportunidade de teoricamente medir forças com clubes europeus. Ao longo da história desse torneio, vários clubes brasileiros foram campeões, outros tantos foram derrotados e alguns venderam caro a derrota para gigantes da UEFA. Mas nenhuma dessas conquistas ou derrotas, principalmente, foi tão saudada quanto o fiasco do Flamengo no Catar.

É simples. O futebol desde sempre só oferece três resultados: vitória, empate ou derrota que, no caso, é fiasco. Não é exagero: o dicionário diz que fiasco é simplesmente qualquer insucesso, tipo o do Flamengo em Doha. Passes, posse de bola, boa "transição" e "marcação alta", para usar o jargão atual, não ganham jogo se aqueles três paus na linha de fundo não receberam a bola no filó.

Quem fizer mais gols, beleza, ganha a partida. Quem não fizer isso, um abraço, valeu, fica pra próxima.

Imagino o João Saldanha montando aquele time de feras e, no papo do vestiário, 'incentivando' os seus jogadores:

- "Não se preocupem, se não der pra ganhar o importante é jogar de igual pra igual".

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Papai Noel ganha companhia da "Santa Sexy". Duendes perderam o emprego...

por O.V.Pochê

A imagem do Papai Noel solitário que uma vez por ano deixa o frio da Lapônia e se multiplica pelo mundo já era.
O site eBay pôs à venda este ano fantasias de "Santa Sexy" para acompanhantes do Bom Velhinho.
Duendes perderam espaço em eventos e festas.


Na calçada do Ópera de Paris, bailarinas em greve fazem do protesto um espetáculo

Reprodução Twitter

Na véspera de Natal, temperatura a menos de 10°C, bailarinas e músicos da Ópera de Paris, em greve contra a reforma da Previdência, protestaram levando à calçada do teatro trechos do balé "O Lago dos Cisnes". Turistas que desafiavam o frio nas ruas aplaudiram a manifestação.

Então é Natal! Terrorismo religioso ataca Porta dos Fundos

O terrorismo religioso avança no Brasil. Já são numerosos os casos de terreiros de umbanda e candomblé atacados pelo braço armado do fundamentalismo, os chamados "traficantes bíblia". Não faz muito tempo, terroristas lançaram uma bomba incendiária contra um centro espírita do Humaitá, no Rio de Janeiro. Na madrugada de ontem, no mesmo bairro, pelo menos três pessoas atacaram a sede do grupo humorístico do Porta dos Fundos. O comando, que incluía uma camionete e um motocicleta, lançou coquetéis molotov que deram início um incêndio. Um segurança de plantão no prédio agiu rápido para conter as chamas. A ação foi filmada por câmeras e a polícia investiga a autoria do atentado. O ato terrorista foi uma represália à exibição pela Netflix do especial do Porta dos Fundos, "A Primeira Tentação de Cristo". O programa é uma sátira, ironiza costumes a a forma como figuras bíblicas são usadas para legitimar preconceitos e intolerâncias atuais. É humor e dá o que pensar.
O ataque à sede do Porta dos Fundos repercute internacionalmente. O jornal britânico Daily Mail publicou uma matéria sobre um campanha de bolsões de fanáticos contra o especial e o site Time24News relata o ataque incendiário. A Netflix se manifestou: "Valorizamos a liberdade artística e o humor por meio da sátira nos mais diversos temas culturais da nossa sociedade e acreditamos que a liberdade de expressão é uma construção essencial para um país democrático". E o Porta dos Fundos divulgou uma nota: "Na madrugada do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a sede do Porta dos Fundos foi vítima de um atentado. Foram atirados coquetéis molotov contra nosso edifício. Um dos seguranças conseguiu controlar o princípio de incêndio e não houve feridos apesar da ação ter colocado em risco várias vidas inocentes na empresa e na rua. O Porta dos Fundos condena qualquer ato de violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos. Contudo, nossa prioridade, neste momento, é a segurança de toda a equipe que trabalha conosco. Assim que tivermos mai detalhes, voltaremos a nos manifestar. Mas, por enquanto, adiantamos que seguiremos em frente, mais unidos, mais fortes, mais inspirados e confiantes que o país sobreviverá a essa tormenta de ódio e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão".

ATUALIZAÇÃO em 26/12/2019 - Ontem mesmo passou a circular nas redes sociais um vídeo em que mascarados assumem a autoria do atentado contra o Porta dos Fundos. Nele, os supostos terroristas se declaram da tropa de choque do Integralismo, movimento político católico que surgiu no Brasil nos anos 1930 e tentou emular aqui uma espécie de nazismo tropical. Os criminosos assinam como do " Comando de Insurgência Popular Nacionalista, da Família Integralista Brasileira” e demonstram a inspiração religiosa do crime.  “O Brasil foi fundado sob a cruz de Cristo e é Cristo a única solução para os problemas do Brasil”, declaram no vídeo.