domingo, 29 de dezembro de 2019

Adeus, Lolita

Sue Lyon em Lolita. 
E Humbert (James Mason) encantado.  


Em 1961, antes da estréia, Manchete antecipou detalhes das filmagens da "heroína mais escandalosa
do século". Reprodução Manchete

por Ed Sá

Sue Lyon em foto recente.publicada
no site Star Station
Sue Lyon, a Lolita do filme homônimo de Stanley Kubrick, baseado no romance de Vladimir Nabokov, morreu aos 73 anos em Los Angeles, distante da fama, pelo menos para as novas gerações.
Mas se houvesse internet em 1962, quando o filme foi lançado, Lyon, então com 14 anos, seria recordista dos trend topics por meses. A imagem da adolescente de biquíni, no filme Dolores Haze,  que se relaciona com Humbert Humbert, de meia-idade, interpretado por James Mason, agitou a mídia, provocou ligas de moralistas e encheu as salas de cinema.

O papel foi sucesso e fardo na carreira da atriz. Virou um rótulo. Dois anos depois ela filmou "A Noite do Iguana", quando seduz um homem mais velho, dessa vez interpretado por Richard Burton.

Até a vida real imitou a arte, de certa forma: ela se casou em 1964, aos 16 anos, com um roteirista dez anos mais velho.

Lolita ganhou o carimbo de cult e entrou para a história do cinema. Tanto que é um dos filmes que mais geraram trívias, as historinhas de bastidores das filmagens que fazem a cabeça de nerds e cinéfilos e que circulam até hoje em dezenas de sites.

Conheça algumas dessas revelações of câmeras:

* Stanley Kubrick viu Sue Lyon em um programa de TV onde ela "seduzia" um professor. Um detalhe o convenceu a contratar a atriz: o tamanho dos seios, que eram avantajados para a idade dela na época (13).


* Uma das imagens mais icônicas de Sue Lyon como Lolita é a que mostra a atriz de óculos em forma de coração e chupando um pirulito. É uma criação do fotógrafo Bert Stern, foi usada para divulgação e a cena não aparece no filme.


* O escritor Vladimir Nabokov teria preferido que Lolita fosse interpretada pela atrizinha francesa Catherine Demongeot vista em "Zazie dans le metro". Stanley Kubrick também. Mas o diretor optou por uma atriz um pouco mais velha e que aparentava ainda mais idade. Preferiu evitar problemas ainda maiores com a censura e "envelheceu" a ninfeta que no livro tem 12 anos.

* O livro, de 1955, foi proibido em vários países. Por isso, o roteiro do filme se afasta da trama original. Além disso, Kubrick preferiu filmá-lo secretamente em Londres.

* Sue Lyon não foi à estréia em Nova York em junho de 1962. Nos Estados Unidos, o filme foi proibido para menores de 18 anos. Mas ela compareceu à estréia de Londres, dois meses depois.

* Cary Grant foi convidado para fazer o papel do Humbert. Recusou por achar o filme imoral.

* O desempenho de Sue Lyon lhe valeu o prêmio de revelação do ano no Globo de Ouro de 1963.

* Lolita é morena no livro e loura no filme.

* No começo do filme, Stanley Kubrick aparece rapidamente, saindo da cena, no momento em que Humbert abre a porta.

* Caso a censura fosse intransigente, Kubrick tinha uma carta na manga: fazer com que Humbert e Lolita se casassem em um estado onde isso não fosse ilegal.


*Em 1997, Dominique Swain, então com 16 anos, protagonizou o remake de Lolita, dirigido por Adrian Lyne, com Jerymi Irons e  Melanie Griffith. Essa versão é mais fiel ao romance de Nabokov. 

2 comentários:

J.A.Barros disse...

Imagina se esse filme "Lolita ", pode ser considerado " imoral "como foi comentado pelo ator Gary Grant.Se ele visse a série " Game of Thtones " ficaria horrorizado e cometeria o suicídio. Nessa série, não existe uma só cena de sexo explícito mas muitas delas e variando de homens com homens, mulheres com mulheres. Mulheres nuas às pencas e homens nus com o sexo de fora bem focalizados. Não só a vida comum mudou mas também o cinema como arte e divulgação do comportamento do homem na sociedade se transformou no copiador de da vida desse mesmo homem nos dias de hoje. Tempos pra lá de modernos.

Ludmila disse...

Só a hipocrisia da sociedade condenou esse filme que não tinha nada de mais. O teme foi apresentado com elegancia e respeito à situação humana que pode acontecer. A proposito, os casos horripilantes de pedofilia acontecem mais comumente em casa, por parte de pessoas da famílias ou em igrejas ou locais de religião por parte de padres, pastores, gurus, pais de santo etc.