Reprodução O Globo de 09-01-2020 |
A coluna de Ancelmo Gois (O Globo) noticia hoje uma opinião de Rita Fernandes, presidente da Sebastiana (Associação de Blocos de Rua da Zona Sul ) sobre a invasão dos megatrios comerciais no carnaval do Rio de Janeiro.
De fato, nos últimos anos e no ritmo do lobby, empresários têm conseguido liberar as ruas para trios alienígenas enquanto blocos de bairros ganham vetos ou sofrem dificuldades para atender às exigências oficiais.
A nota cita os trios de Cláudia Leitte, Lexa, Anitta, Ludmila e o sertanejo Chora, Me Liga. Existem outros, como o da Preta Gil e o das Favoritas.
Em geral, impulsionam marcas, divulgam shows e fazem o marketing de cantores que se apresentam em turnês carnavalescas em outras capitais.
O prefeito Marcelo Crivella adota para o carnaval a política de desmonte do Rio que prevalece em sua administração. Trata a festa com desprezo enquanto estimula a invasão de ambulantes nas ruas, deixa as vans à solta, não fiscaliza efetivamente as construções ilegais, se omite no caos das chuvas, permite os cercadinhos vips e a invasão de praias por empreendimentos comercias e quer liberar ruas e encostas para altos gabaritos de espigões.
Crivella odeia o Rio, na verdade.
Atende a todos, menos à tradição e cultura cariocas.
Segundo O Globo, até 7 de janeiro, mais de 60% dos blocos não tinham ainda autorização da PM e dos Bombeiros (no caso, de responsabilidade estadual) para desfilarem. Um dos encargos: blocos com mais de mil pessoas deve contratar ambulância, maqueiros, médicos e enfermeiros. De um desses blocos foi exigido disponibilizar seis equipes médicas, número difícil de ver até em desabamentos de encostas nas chuvas de verão.
Ao contrário dos megatrios, a maioria dos blocos de bairro que reocuparam a cidade e fizeram o carnaval de rua renascer a partir de iniciativas autênticas e localizadas não tem condições de atender tudo isso. Foram eles que fizeram o Rio voltar a se divertir nas ruas e criaram o fenômeno que hoje atrai milhões de turistas.
É nessa onda que os megatrios empresariais, que podem cumprir os encargos com facilidade, pegam carona.
Pena que, para isso, desloquem o verdadeiro espírito da festa.
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