quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Na mídia e nas redes sociais, a onda das fake news chega às estatísticas?

Os primeiros dias de 2020 jogam na praia da mídia e das redes sociais uma nova polêmica: a das estatísticas possivelmente fakes.

Inicialmente, uma suposta pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) trombeteou que as vendas de fim de ano tiveram um acréscimo de mais de nove por cento. Lojistas de uma entidade dissidente, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites, contestaram os números (70% dos seus filiados afirmaram que as vendas foram iguais ou inferiores às do ano passado) e o Ibope, a quem a Alshop atribuiu a confirmação das informações, publicou nota afirmando que não repassou dado algum para o tal levantamento.

O número de pessoas em Copacabana também levanta dúvidas. Segundo veículos da grande mídia, cerca de 3 milhões de pessoas assistiram nas areias de Copacabana à tradicional queima de fogos. O cálculo seria da PM. Nas redes sociais, moradores de Copacabana falam sobre impressão contrária: a de mais espaços vazios do que no ano passado. Já a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou que a cidade recebeu exatos 1 milhão e 700 mil turistas, mas não informa como chegou a esse número.  Em réveillons anteriores, a mídia deu destaque às ocorrências de violência ou arrastões e, principalmente, roubos de celulares. A PM não divulgou ainda o balanço total de ocorrências, mas informa que deteve apenas dez pessoas, número considerado bem baixo já em em 2015, 2017 e 2018 as cenas de delegacia lotada de turistas vítimas de roubo foram recorrentes.

Embora não tenha divulgado os números oficiais finais, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) esperava alcançar 100% das vagas ocupadas no Rio de Janeiro. A conferir.

No ano das fake news, em que o governo federal foi várias vezes flagrado divulgando números falsos, as estatísticas oficiais saem abaladas e entram em 2020 sob fortes dúvidas.

Em geral, a mídia divulga os números tal como os recebe. Na prática, deveriam ser checados por agências especializadas ou correm o risco de se transformarem em instrumentos de propaganda política ao gosto do freguês.

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