sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A capa da bêbada equilibrista...

por Flávio Sépia 

2018 está aí, quase na boca da urna. Será um ano rico de interpretações para os analistas da mídia. A corrida eleitoral é imprevisível, muitas variáveis estão em jogo.

No momento, para falar apenas dos ponteiros na última pesquisa do Ibope, Lula tem 35% e Bolsonaro 15%. São esses os contendores que ilustram a capa da Veja.

A mídia conservadora e seus principais colunistas já saíram do armário ao se engajarem na campanha que derrubou Dilma Rouseff e levou ao poder o PMDB de Michel Temer e parte do PSDB de Aécio.
À medida em que o governo Temer mostrou cara, voz, malas e bolsos em gravações de negociação de propinas e com a Palácio do Planalto mais parecendo a antessala de um presídio, de tantos investigados que abriga, chega a ser comovente ver o esforço de alguns desses colunistas para embutir críticas, por mínimas que sejam, em textos-exaltação sobre a "recuperação" da economia, que supervalorizam até beirar a fake news. O Grupo Globo chegou a abrir baterias contra Temer, por ocasião da primeira denúncia, seus colunistas idem, mas agora uns e outros recolheram as armas. Que fique claro: os apoiadores de Temer também são responsáveis pela institucionalização do trabalho escravo, pela imposição anticonstitucional do proselitismo religioso em escolas públicas, pelas ofensiva de milícias da direita contra a liberdade de expressão, pelo enterro das políticas do meio ambiente, pelo derretimento dos poderes, pela compra aberta de votos parlamentares, pelos lobbies setoriais à solta em Brasília, pelo fim das políticas sociais, pelo desmonte da saúde pública etc. Não dá para fingir que não têm nada a ver com as consequências. Por tudo isso, se deram os anéis ao subirem no trem da alegria do PMDB, poderão perder o que restou, os dedos, a depender das escolhas em 2018.

Por enquanto os mais prováveis candidatos da grande mídia estão no piso inferior das pesquisas. Sabe-se que Geraldo Alckmin, João Dória, Luciano Huck e Henrique Meirelles são opções à vista. Joaquim Barbosa, o "herói do Mensalão" e Carmen Lúcia, do STF, foram cogitados mas aparentemente perderam gás. Aécio, o "menino de ouro" da mídia nas eleições passadas foi moído nos processadores da JBS.

A capa da Veja já dá o sinal do play off político do ano que vem. A revista admite que ambos são assustadores e aponta, a menos de um ano do primeiro turno das eleições presidenciais, para uma terceira via. Bolsonaro estará com o seu nome no visor da maquininha do TSE. Lula é incógnita, e depende da Justiça. Mas, digamos que os dois sejam o confronto final de 2018? Em quem a mídia vai teclar? Para quem o poderoso mercado daria seu aval? Em quem apostaria? Na prorrogação do mandato de Michel Temer? Não seria inédito para o PMDB. Sarney, da mesma facção, esticou seu mandato em um ano até que o mídia encontrasse seu golden boy: Collor de Mello.

2 comentários:

J.A.Barros disse...

O corrupto e o déspota desclarecido. Ficamos entre o mal e o canhão.

Bragança disse...

O PT fez coligações erradas nas primeira eleição do Lula e ja frustou muitos militantes do partido naquela época. E pior ainda, depois do golpe, saber que o PT e Lula querem se coligar ao PMDB. PT nunca mais. Meu voto vai para Manuela d'Avila do PCdoB