sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Presidente da EBC de Temer e Secretário de Educação de Crivella atacam Taís Araújo. Sindicatos de Jornalistas, Radialistas e empregados da EBC divulgam nota de repúdio ao racismo

Um vídeo da atriz Taís Araújo durante palestra TEDXSão Paulo, gravado em agosto mas só divulgado agora, foi a polêmica da semana com ampla repercussão nas redes sociais. Naquela ocasião, Taís falou sobre o tema "Como criar crianças doces num país ácido” e abordou racismo e misoginia. Sobre o seu filho mais velho, de 6 anos, ela comentou:  "Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para sua escola, pegar uma condução, um ônibus, com sua mochila, com seu boné, seu capuz, com seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia. Ao ser confundido com um bandido. No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros".

Foi o que bastou para a brigada do ódio afiar suas armas.

Pelo menos duas pessoas com cargos públicos cerraram fileira ao lado dos raivosos.

O Secretário de Educação de Marcelo Crivella - um governo que dá sinais de intolerâncias variadas - rebateu com virulência a opinião da atriz.

"Nossa maior conquista — o conceito de povo brasileiro — desapareceu entre os bem-pensantes. Qualquer idiotice racial prospera. A última delas é uma linda e cheirosa atriz global dizer que as pessoas mudam de calçada quando enxergam o filho dela, que também deve ser lindo e cheiroso. Vocês replicam essa idiotice", escreveu o "secretário de Educação" de Crivella em post no Facebook.

Já o presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Laerte Rimoli, nomeado por Michel Temer, partiu para o deboche e compartilhou em sua página publicações racistas.

Governos sérios, em qualquer país, já teriam demitido essas duas figuras.




Ontem, a Comissão de Empregados da EBC, os sindicatos dos Jornalistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal e os sindicatos dos Radialistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal divulgaram nota em que pedem a demissão do presidente do órgão, Laerte Rimoli
 cor negra de seu filho faz “com que as pessoas mudem de calçada”.

Leia a íntegra da nota:

“Rimoli não desrespeitou só a atriz Taís Araújo, mas toda sociedade brasileira e a própria EBC
Nós, trabalhadores e trabalhadoras em greve da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), repudiamos com veemência os ataques racistas do presidente da EBC, Laerte Rimoli, à atriz Taís Araújo, sua família, toda sociedade brasileira e os princípios fundadores da Empresa Brasil de Comunicação.
As publicações racistas foram compartilhadas no perfil do presidente no Facebook, em modo público. Esse comportamento deplorável vai contra o posicionamento dos empregados e empregadas, que sempre lutaram por uma comunicação pública diversa, inclusiva, livre de preconceitos. Laerte Rimoli descumpre a própria lei que regulamenta a EBC e vai de encontro ao papel social da comunicação pública ao publicar comentários preconceituosos, contra os códigos de ética do serviço público e dos jornalistas.
Com nossas produções no rádio, na televisão e na web, nós, empregados e empregadas da EBC, lutamos diariamente contra a discriminação e o preconceito racial tão presentes na nossa sociedade. Um exemplo disso é que a EBC foi pioneira em práticas de afirmação contra a discriminação racial. Fomos a primeira TV aberta a exibir telenovelas com elenco majoritariamente negro, tivemos o primeiro correspondente fixo no continente africano e fomos a primeira televisão a exibir um desenho infantil com personagens negros. Assim, não aceitamos tal postura e exigimos respostas institucionais a esse desrespeito, incluindo ação imediata do Ministério Público Federal.
A atual gestão da EBC chegou junto à Medida Provisória 744, que entre outras providências extinguiu o Conselho Curador, um importante órgão que garantia a participação da sociedade na construção editorial da Empresa, colocando em xeque o compromisso com a diversidade que é natural da comunicação pública. O racismo, escancarado pelas piadas compartilhadas pelo atual diretor-presidente, hoje se reflete também dentro da EBC: contam-se nos dedos os funcionários que, atualmente, lideram equipes, têm funções de confiança ou estão em posição de destaque, como a reportagem em vídeo e a apresentação de programas. Em uma empresa onde a diversidade de gênero, raça e orientação sexual deveria ser prioridade, repete-se o triste estigma social e estético, que coloca as mulheres negras ocupando posições desfavoráveis ao seu protagonismo, prejudicando a imagem de representatividade que deveria chegar a cada cidadão e cidadã – os primeiros e mais importantes focos da comunicação pública.
A EBC pertence à sociedade brasileira, composta em sua maioria por negros e negras. Assim, não nos calaremos frente a mais esse retrocesso na defesa da comunicação pública do país. Por esses motivos, exigimos a imediata exoneração de Laerte Rimoli e a substituição dele levando em conta nomes indicados em lista tríplice pelo conjunto de empregados da EBC.
Racistas não passarão!

Comissão de Empregados da EBC

Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal

Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal”

2 comentários:

Wedner disse...

Tais está muito acima desses sujeitos

Lalo disse...

Se fosse sério, demitiram esses dois elementos.