quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Rio deprê: por essa nem Vinicius esperava, a melô do prefeito Crivella é a "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas". "Acabou nosso carnaval"...

Atitudes sempre revelam bem mais do que discursos. O prefeito do Rio deve sofrer de suores noturnos e alucinações fanáticas ao ouvir a palavra Carnaval. Só isso explica porque ele e sua equipe aparentam estar trabalhando intensamente para fazer do carnaval do Rio um desastre administrativo com data marcada.

Recentemente, a prefeitura anunciou com pompa e circunstância um calendário de eventos para 2018. Segundo a claque oficial, serão 104 realizações, entre shows, luau, festival de gastronomia, torneios esportivos etc. A maioria já existia. Alguns, como um espetáculo de fogos na Lagoa, serão novidades, isso se realmente acontecerem. Por enquanto, o cenário é duvidoso.

Notícias sobre a indefinição do tradicional Réveillon, por exemplo, há muito circulam na mídia. Um turista que pretende vir para Copacabana na virada no ano pode pensar duas vezes ao ler que a prefeitura, em outubro, ainda não tem patrocínio para a festa e não faz ideia do que organizará.

Os ensaios da escolas de samba, que atraiam milhares pessoas ao sambódromo durante todo o mês de janeiro, incluindo, é claro, muitos turistas, já foram cancelados. Para os desfiles propriamente ditos, em fevereiro, Crivella cortou verbas e mesmo o valor reduzido e acertado com as escolas ele ainda não pagou.

Os blocos, que se tornaram um atrativo a mais no verão carioca, também atraindo milhões de pessoas, nada sabem, por enquanto, sobre a infraestrutura essencial de segurança, banheiros etc, que terão para fazer seus desfiles. Essas notícias sobre a possível precariedade do carnaval de rua também há muito circulam.

Desde o primeiro carnaval, logo após a posse, Crivella já mostrou que não é o prefeito de todos os cariocas e acintosamente desprestigiou qualquer evento ligado a carnaval. Caso o prefeito, apesar da ojeriza, se colocasse no lugar de um turista que pretendesse passar o carnaval no Rio, ele poria fé numa festa que, nesse momento, parece um fiasco anunciado?

Se a prefeitura do Rio não consegue viabilizar manifestações cariocas tradicionais, como esperar que seu "calendário de eventos" não passe de uma fantasia do tipo banho-de-loja? E se o seu histórico, ao longo desse ano, foi o de cancelar eventos, o que é bem mais fácil e cômodo do que tentar viabilizá-los, qual a sua credibilidade no assunto ?

Dizem que no "calendário de eventos" de Crivella, cada acontecimento terá um "selo de qualidade".

Resta torcer para que não seja um selo de amadorismo qualificado.

Carlos Lyra compôs a "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas", em 1963. Vinicius de Moraes fez a bela letra. Poucos anos depois, a canção se encaixou no clima pesado do país e virou um hino de protesto contra a ditadura. O que Vinicius jamais imaginou foi que o carnaval do Rio de Janeiro teria pela frente um pesadelo chamado Crivella jogando contra os cariocas e que sua letra ganharia outro sentido, também de protesto contra o obscurantismo.

"Acabou nosso carnaval / Ninguém ouve cantar canções / Ninguém passa mais / Brincando feliz / E nos corações / Saudades e cinzas / Foi o que restou"...  

OUÇA VINICIUS E TOQUINHO CANTANDO "MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS"
CLIQUE AQUI

3 comentários:

Corrêa disse...

Prefeito sem experiência administrativa, exerceu um cargo político sem expressão, o de ministro da pesca, dá nisso. Nem fqlo de religião que não deve se misturar com política pois gera violencia, guerras e terrorismo com o mundo v~e

Jana disse...

Se botar bloco com louvores e escola com música gospel vai aparecer verba e turista crente. E eu vou pra Salvador.

Neusa disse...

Carnaval é festa do diabo. O bispo Crivella devia era proibir de vez. Que esse povo fornicador queime no inferno. Aleluia!