quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Mais uma onda de demissões. No jornalismo, "integração de redações", "sinergia", "reestruturação", "ajustes em função do desenho ideal" e "readequação" têm o mesmo significado: o RH te chama...

Nas últimas semanas, era tenso e triste o clima nas redações do SporTv. Havia sinais de que o tempo ia fechar. Desde o ano passado, falava-se em enxugamento da estrutura e gestão integrada dos eventos esportivos veiculados pela Globo, SporTV e Globoesporte.com e Globosat.

Pois essa águia pousou. A tendência de agrupar todas as mídias de veículos de um mesmo grupo tritura centenas de empregos. Só nessa semana, calcula-se em 40 o número de jornalistas demitidos.

Se financeiramente caem os custos das operações, o que se vê onde foi implantada a sinergia levada ao ponto crítico é uma perda de conteúdo. As plataformas excessivamente integradas tendem a replicar os mesmos assuntos, geralmente em prejuízo do meio impresso cujos processos são naturalmente mais lentos. Confira: a maior parte do conteúdo do jornal do dia seguinte pode ser lida na internet cerca de 12 horas antes.

Uma alternativa para valorizar o impresso seria um jornalismo crítico, de análise. Frequentemente,  isso é prometido, mas não é o que acontece na prática. As "análises" ficam a cargo de colunistas e articulistas convidados, com quase todos pensando da mesma maneira, e acabam se tornando meras opiniões sem base confiável em fatos ou distorcendo estes.

As emissoras de rádio do mesmo grupo, a partir de mudanças recentes e ainda em curso, demitem profissionais de longa atuação para absorver nomes da TV e dos canais por assinatura. Para o leitor, telespectador ou ouvinte, fica a impressão de um jogral jornalístico de repetição. Parodiando a famosa frase de Churchill, nunca tantos ouvirão as mesmas notícias na voz de tão poucos.

Em 2013, quando milhares de postos de trabalho foram extintos em jornais e revistas, o jornalista Bruno Torturra criou a figura do "ficaralho". Define, como o nome diz, os que ficam após os voos dos "passaralhos". Preservam os empregos, mas acumulam dupla ou tripla função e suprem cargos e funções vaporizados e que jamais voltarão.

Que jeito?

2 comentários:

Wedner disse...

Muitas profissões estão mudando rapidamente. No mundo todo empregos serão extintos. Por isso alguns países já estudam um remuneração para milhões de pessoas que não terão trabalho. Será o custo que o capitalismo pagará ou será o caos global.

Quevedo disse...

Cada um tem que redescobrir seu caminho no mercado. Patrões não querem saber