por Eli Halfoun
É evidente que ninguém que
preza a democracia é contra manifestações pacíficas. A manifestação popular é a
melhor forma de expressar a democracia, ou seja, de protestar contra alguma coisa
e de ter uma digamos unânime opinião coletiva. Manifestações só têm sentido e
valor quando não partem, para a ignorância e um vandalismo absurdo que,
convenhamos, é uma forma antidemocrática de quem quer impor ditatorialmente uma
opinião. Vandalismo é a utilização da força bruta e força bruta tem tudo a ver
com ditadura e nada a vê com democracia. É verdade quer nem todos os que
participam de manifestações pacíficas se juntam ao bando de vândalos que só está
nas manifestações para criar tumulto e danificar o patrimônio público e
privado. O pior é que se dizem estudantes e ao que se saiba estudantes não são
os arruaceiros que atrapalham qualquer manifestação democrática, como a que
acontece com a do aumento dos ônibus.
Manifestações só são
vitoriosas quando fazem ouvir o grito do povo e não criam a revolta do próprio
povo que é sempre o maior prejudicado com o exagero de alguns manifestantes (na
verdade apenas vândalos). Minha geração participou de várias manifestações e
lembro com orgulho que quando caminhei na passeata, no Rio, pelas
eleições diretas, quando não houve uma única conduta que levasse o movimento a provocar
a indignação e a revolta do povo contra o povo. Caminhamos em paz, gritamos
em paz e vencemos. As eleições diretas estão aí e são hoje a expressão maior da
democracia. Um país só é realmente democrático quando sabe protestar
pacificamente e quando respeita acima de tudo o povo. Nas manifestações contra
o aumento das passagens de ônibus está faltando principalmente respeito ao
próximo, ou seja, ao povo. Está sobrando vandalismo e violência e violência é,
sabemos todos, a arma de quem não tem razão ou argumentos inteligentes para
dialogar. (Eli Halfoun)
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