sábado, 20 de abril de 2013

Privacidade e educação não cabem nas tramas de “Salve Jorge”


por Eli Halfoun
Se as novelas servirem como exemplo, fica claro que privacidade é coisa do passado e que não existe mais o menor respeito ao direito de cada um preservar sua vida. Em todas as novelas os personagens entram nas casas uns dos outros sem pedir licença e, portanto, sem bater na porta. Em todos os edifícios residenciais e até os quase sempre bem guardados hotéis as pessoas sobem e descem como se estivessem na casa da mãe Joana: nenhum porteiro avisa ao morador que alguém o está procurando, o que mostra que em novelas, por mais modernas ou reais que tentem ser, nenhum interfone funciona e ninguém jamais está em paz em sua própria casa. Resumindo é uma verdadeira festa para ladrões.
“Salve Jorge” exagera nesse comportamento vale tudo no qual ninguém é de ninguém. Em recente capítulo Theo (o complicadinho personagem de Rodrigo Lombardi) subiu até o apartamento de Lívia Marine (Claudia Raia) sem pelo visto nem passar prela portaria. Só depois que estava socando a porta do apartamento da criminosa chique é que a novela lembrou que existe comunicação telefônica e permitiu que Lívia pedisse socorro por telefone para a segurança. Em “Salve Jorge” as empregadas (aliás, a empregada da delegada trabalha todo o tempo e em várias casas, ou seja, não tem folga, mas será que recebe hora extra?) e se mete em tudo e passeia pelas casas como se dona fosse. Se na vida real fosse fácil assim edifícios residenciais não precisariam de porteiros e os hotéis de segurança. E nenhum de nós aceitaria (aceita, muito menos agora) uma empregada chata que mete o bedelho em tudo.
Esses são apenas os pequenos defeitos de “Salve Jorge” que continua tendo uma trama cada vez mais confusa: a novela continua pulando de galho em galho na tentativa de dar sentido às muitas tramas criadas desde o início e que acabam deixando a autora em uma sinuca e permitindo ao público e a imprensa todo tipo de especulação: o que se diz agora é que Lívia matará Érica (Flavia Alessandra) depois de ferir Morena (Nanda Costa) com um tiro. Faz sentido: só assim Theo terá a oportunidade de ficar com Morena sem deixar um filho para Érica criar sozinha. É verdade que mães grávidas e abandonadas existem aos montões na vida real, mas nesse sentido novela é outra coisa: precisa dar bons exemplos. O que, convenhamos, nem sempre faz. (Eli Halfoun)

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