Roberto Carlos comemora 50 anos de carreira. Foi tema em praticamente de todos os jornais e revistas do país. As revistas da Bloch acompanharam passo a passo a vida do cantor e os arquivos da Manchete e da Amiga, que em breve serão leiloadas pela Massa Falida da extinta editora, guardam certamente raras imagens da trajetória do RC. Aqui vai uma delas, reproduzida da edição Nº 963 da revista, uma página dupla com foto do saudoso Gil Pinheiro. Em outubro de 1970, Carlos Lacerda - em período sabático-político após o fracasso da Frente Ampla e em plena ditadura que ele ajudou a implantar e que, depois, o congelou - virou colaborador da Manchete, a expressão não existia na época mas o ex-governador e político combativo tornou-se "repórter de celebridades". Uma das suas primeiras tarefas foi entrevistar Roberto Carlos . Lacerda deu ao perfil extremamente bem escrito que fez do cantor um título sugestivo: Roberto Carlos, rei da jovem guarda, príncipe da melacolia". Curioso é que Lacerda não ia à casa das "celebridades". Os entrevistados iam à sala do entrevistador. Com inegável talento, o repórter, de cara, aborda um tema-tabu até hoje na vida de Roberto Carlos: o acidente que sofreu, criança, em Cachoeiro do Itapemirim. Lacerda comenta que foi entrevistar Roberto e conheceu o Zunga, apelido de infância do cantor. E o Zunga vira a chave e o rumo de uma entrevista reveladora. Trechos:
"Zunga esteve lá em casa. Veio vestido de Roberto Carlos, de calça veludo frappé como as que Jean Bouquin vende naquela loja louca de St. Germain. Mas é de Zunga que se trata, o menino de sua mãe, que aos seis anos, numa festa escolar, levou um esbarro da locomitiva e perdeu uma perna e hoje a tem toda nova, de metal polido, deve ser prateado, o que o faz coxear um pouco". (...) "Pois Zunga é uma espécie de Édipo. O rei é Édipo-Rei. O filho amoroso de todas as mães, flor amorosa de três raças tristes" (...) "Zunga é um solitário e isto se vê nos seus olhos, no seu rosto contido, de tímido tenso".
É ou não é um retrato permanente do do RC, traçado há quase 40 anos?
E Lacerda faz ao entrevistado uma última pergunta e um comentário final:
- Se você fizesse um filme com a história da sua vida, como é que acabava?
- Eu, numa rua, andando na chuva"
- Ô solidão!"
9 comentários:
Carlos Lacerda precisa ser olhado e entendido por esse seu lado erudito, de sua inteligência voltada para a poesia, a literatura, enfim, um homem em que o seu lado humanístico, o seu perfil de homem comum se sobre saia e sobrepuja o seu lado político. que é mau e vingativo. Infelizmente esse lado inquisidor e perverso venceu o seu lado generoso e compreensivo. Dono de uma oração primorosa, do alto das tribunas evocava céus e infernos no ataque aos seus adversários. Cícero mais moderno dos anos cincoenta, derrubando reis e presidentes jormalista extremado, sucumbe diante de uma simples entrevista e revela o seu lado humando e sensível. Humildemente revela ao mundo dos tietas o lado sensível e doloroso do cantor mais querido desse infeliz país.
Gil Pinheiro...que saudade. Já falei dele aqui.
Fomos juntos para Rondonia -revista e TV - na matéria mais linda sobre os indios de lá. Claro que foi capa de Manchete. E ganhamos prêmios.
TV e Revista.
Lacerda não conheci. Era neném.
Mas Roberto entrevistei muiito. Na Globo e na Manchete. Gente boa demais.
A primeira matéria que fiz na Fatos e Fotos foi com o Gil Pinheiro. Lembro muito bem que meu querido chefinho José Esmeraldo, disse que eu só poderia falar com Gil bem baixinho ... pode? O Esmeraldo adorava me pregar peças, era e continua terrível, rs. Tenho muita saudade daquela época. Eu também entrevistei o Rei numa coletiva, ele é um querido!!!!
Sou eu de novo só para dizer que isso tudo aconteceu a pouco tempo ahahahahaha
Se Carlos Lacera me perguntasse com é que acabaria o filme da minha vida?: "Eu, sozinho, andando nu embaixo da chuva"
perdoem a falha, escrevi a pouco tempo em vez de escrever há pouco tempo ahahahahahaha
que que isso debarros????!!!! Se andar nu aqui na Baixada, o bicho pega
Gostaria de conhecer o Barros, gosto de homens ousados ...
Cara Norminha, não procure conhecer ninguém depois dos 30 anos. A decepção é muito maior do que vc possa imaginar. O sonho vale uma vida, a realildade acaba com a vida. O sonho é o melhor que existe em nós. Continuemos sonhando porque do sonhador será o reino dos céus.
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