segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O Teste Guilaroff de Cinefilia • Por Roberto Muggiati

Sydney Guilaroff e Marilyn Monroe

O primeiro cabelereiro a ter nome nos créditos


Guilaroff, o primeiro à esquerda, no enterro da amiga MM

Amantes do cinema se reconhecem pelo apego ao detalhe. No caso, aqueles créditos de produção que, nos anos 40 e 50 rolavam sempre no começo da “fita”. Dos atores principais ao diretor, passando por cenário, fotografia, música, orquestrações, figurinos e ... cabelos. De tanto ir ao cinema, ficávamos – os mais curiosos – com aqueles nomes gravados na memória. Foi assim que nosso diagramador João Américo Barros me surpreendeu uma tarde na redação ao perguntar a um crítico da
Manchete, à queima roupa, se ele conhecia Sydney Guilaroff. O crítico não era um crítico qualquer, mas um daqueles Moniz Vianna’s boys que galopavam com os cavalarianos de John Wayne no Monument Valley e davam relutantes duas ou três estrelas aos filmes em cartaz no famoso quadro de cotações do Correio da Manhã. Sem nenhum pudor ou culpa o crítico respondeu: “Sidinêi quem?” Vibrei com o Barros, Sydney Guilaroff foi um nome que, desde que o vi na tela pela primeira vez, eu carregaria na cabeça para o resto da vida, mesmo sem conhecer ainda sua incrível história. E saquei na hora também que o Barros tinha criado o teste definitivo de cinefilia. Se o cara ignorava Sydney Guilaroff, não merecia ser considerado cinéfilo, mesmo assinando todas as críticas do mundo. 

Joan Crawford

Filho de um casal russo, Sydney Guilaroff nasceu em Londres em 1907 e ganhou fama em Hollywood. Cabeleireiro principal da Metro Goldwyn Mayer, atuou em mais de 2000 filmes, shows de televisão e apresentações públicas. Tornou-se o primeiro cabeleireiro a ter o seu nome nos créditos de um filme. Em 1930, Guilaroff foi responsável pelo icônico penteado (“capacete”) de Louise Brooks, a maior estrela do cinema mudo. Mas foi Joan Crawford quem mudou sua vida: depois que Sydney penteou seus cabelos nunca mais quis abrir mão dos seus serviços. Durante três anos, a cada novo filme, ela atravessava a América de Hollywood a Nova York para que Sydney criasse um estilo de cabelos para cada papel. Irritado com aquilo, o chefão da MGM Louis B. Mayer resolveu o problema contratando Guilaroff para dirigir o departamento de cabelos do estúdio. Guilaroff trabalhou para a MGM de 1935 a 1970. Correu até a anedota de que, antes de filmarem o leão rugindo para o logo da MGM, Guilaroff penteou suas jubas. Veja aqui

https://www.youtube.com/watch?v=DhNMHcRSNdo

Vivien Leigh

Embora exclusivo da MGM, foi Guilaroff quem fez os penteados de Scarlett O’Hara em ...E o vento levou. Insatisfeita com os profissionais do estúdio de David O. Selznick, Vivien Leigh contratou Guilaroff para criar os penteados que ela desfila ao longo de um dos maiores filmes de todos os tempos. 

Claudette Colbert

Judy Garland

Lucille Ball

Greta Garbo em versão cacheada

E a Garbo como Ninotchka

Ingrid Bergman com o cabelo que virou moda
e foi capa da Time



Marlene Dietrich

Entre outras criações, Sydney assinou a franjinha de Claudette Colbert que ela adotaria para o resto da vida), as tranças de Judy Garland em O mágico de Oz, transformou Lucille Ball numa ruiva, fez os cabelos da turma de Cantando na chuva; modelou duas Garbos radicalmente opostas, em A dama das camélias e Ninotchka. Quando Ingrid Bergman ia estrelar em Por quem os sinos dobram – baseado no romance de Hemingway sobre a Guerra Civil da Espanha – o produtor David Selznick pediu a Guilaroff um corte despojado que o papel exigia. Os cabelos curtos e cacheados da heroína Maria viraram moda e foram adotados por mulheres no mundo inteiro. Já o estilo elaborado que Sydney criou para Marlene Dietrich em Kismet foi algo espetacular e também ousada e diferente a peruca que criou para Marlene em A marca da maldade, de Orson Welles. 

Jean Harlow

Fez ainda perucas para Jean Harlow, a Vênus Platinada, que estava ficando calva de tanto oxigenar os cabelos e morreu precocemente aos 26 anos. E como Esther Williams mantinha os cabelos em ordem sem sair das piscinas? Guilaroff encontrou uma solução simples: um toque de vaselina. 

Guilaroff com Liz Taylor

Grace Kelly no altar by Guilaroff. 
Fotos DP

Elizabeth Taylor, outra estrela que se tornou sua amiga, ameaçou abandonar a filmagem de Cleópatra na Inglaterra quando os sindicatos locais proibiram o ingresso de Guilaroff. Liz insistiu e conseguiu que Sydney fizesse seus cabelos todas as manhãs bem cedo, sem colocar os pés nos estúdios em Pinewood. Foi ele quem penteou Marilyn Monroe para o seu primeiro teste e ficou seu amigo e confidente pelo resto da vida. Foi o cabeleireiro do ultimo filme de MM, Os desajustados, e um dos amigos que carregaram o caixão da estrela. . "Sydney conhecia todo mundo e os segredos de cada um”, disse Debbie Reynolds, estrela da Cantando na chuva e sua amiga. “E era totalmente confiável.” Quando Grace Kelly casou com Rainier de Mônaco, Guilaroff atravessou o Atlântico em voo VIP a fim de preparar suas madeixas para a cerimônia nupcial. 

Guilaroff nunca se casou e em 1938 se tornou o primeiro solteiro nos Estados Unidos a adotar um filho (chamou-o Jon, em homenagem a Joan Crawford.) O estado da Califórnia tentou sustar a adoção, mas Guilaroff não só venceu a causa, como adotaria mais dois filhos. Em seu livro de memorias, Crowning Glories, ele alega que teve relações românticas com greta Garbo e Ava Gardner. Não só as estrelas o adoravam, Sydney era o cabeleireiro favorito de astros como Cary Grant, Clark Gable, Fred Astaire, James Stewart, Spencer Tracy, Tyrone Power, Robert Taylor e Frank Sinatra. 

Satisfeito? Agora você já pode passar no Teste de Cinefilia Sydney Guilaroff…


PS • Nem nossa Pequena Notável escapou de Sydney Guilaroff. Em 1948, o produtor Joe Pasternak convidou Carmen Miranda a fazer dois musicais em cores para a Metro Goldwyn Mayer, A Date with Judy/O Príncipe Encantado e Nancy Goes to Rio/Romance carioca (1950). Particularmente na primeira produção a MGM se esmerou para oferecer uma imagem diferente de Carmen, sem os turbantes típicos e revelando pela primeira vez seus cabelos, com penteados criados por Guilaroff e trocando os trajes de baiana por vestidos e chapéus elegantes desenhados por Helen Rose.



domingo, 21 de fevereiro de 2021

Na capa da Istoé: vida alegre na pátria da morte

 


Para alguns governantes, geralmente autoritários, o poder é uma festa. Idi Amin gostava da balada e desafiou a Rainha Elizabeth para se divertir em Uganda e conhecer um "homem de verdade"; Pinochet era abonado e gostava de gastar dólares ao lado de companhias masculinas nas praias da Espanha; parte do PIB das Filipinas era gasto em sapatos para Imelda Marcos; Saddam Hussein dividia os prazeres da riqueza com os filhos. Manter coleções de Ferraris, passar temporadas nos Alpes e fechar boates em Paris até champanhe escorrer nas calçadas era o que a família iraquiana entendia por viver. A Istoé usou na chamada de capa das doces férias do clã poderoso o título de um filme tipo "sessão da tarde". Mas, na ficção da tela, a diversão durava apenas um dia. Para esses tipos, a curtição é interminável e governar com tudo pago é só felicidade.

O filme O Enigma de Andrômeda, lançado há 50 anos, antecipou a tese atual de um cientista britânico: o vírus da Covid-19 é um E.T

Cena de O Enigma de Andrômeda. Sem vacina, microrganismo
 extraterreste contamina pequena cidade.

por Jean-Paul Lagarride 

Em agosto do ano passado, o jornal português Diário de Notícias publicou matéria com o cientista britânico Chandra Wickramasinghe, que defende uma teoria polêmica. Segundo ele, que trabalha no Centro de Astrobiologia de Buckingham, o vírus da Covid-19 chegou à Terra através de um meteorito que caiu na China em 2019, dois meses antes do aparecimento do SARS-CoV2. 

Em meio a tantas teorias da conspiração, Wickramasinghe foi levado a sério por alguns - afinal, ele tem cerca de 80 artigos publicados em revistas científicas e a própria tese "espacial" saiu na revista  Advances in Genetics -  e ironizado e ridicularizado por outros. 

A suposta ameaça de vírus extraterrestres não é uma questão nova e não apenas a ciência abordou o assunto. Em 1971, há 50 anos, Andromeda Strain (no Brasil, O Enigma de Andrômeda) impressionou muita gente.  No filme, baseado em um livro de Michael Crichton, dirigido por Robert Wise e estrelado por James Olson, Arthur Hill, David Wayne, Charles Dutton e Ruth Leavitt, um grupo de cientistas é convocado para investigar a causa das mortes em uma pequena cidade logo após a queda de um satélite na região.

Em meio à pandemia, O Enigma de Andrômeda tornou-se atual. Principalmente porque cientistas da OMS ainda não chegaram a uma conclusão sobre a origem do vírus da Covid-19. Em pesquisas que ainda se desenrolam na China, a equipe descartou a tese de "acidente em laboratório biológico"  e ainda não se convenceu da alegada origem do microrganismo em frutos do mar ou animais silvestres. 

Se a investigação científica não tem uma resposta e Wickramasinghe insiste na contaminação via meteorito, a ficção científica se apresenta e O Enigma de Andrômeda é buscado no You Tube e nos serviços de streaming. Pelo menos no cinema, o alienígena já esteve entre nós.

Estados Unidos, 500 mil mortos. Na capa do New York Times, hoje, cada ponto uma vida

 




sábado, 20 de fevereiro de 2021

Brasil, um país de "temporários" e "intermitentes"

por Flávio Sépia

O Brasil perdeu a Revolução Industrial. É, até hoje, um país agrário. Vende apenas e praticamente commodities, o que equivale a trocar bens por espelhos e colares, como faziam os nativos diante do colonizador europeu. 

Todas as tentativas de Getúlio Vargas, JK, Jango, Lula e Dilma - e mesmo da ditadura militar - de transformar o país em algo mais do que exportador de grãos e minério de ferro (e, por tabela, de empregos) foram demolidas pela elite empresarial quase sempre aliada a interesses que mantêm o país em eternos subdesenvolvimento e dependência.. 

O Brasil perde agora a Revolução 5.0, a era da inovação, a que leva trabalhadores a atuar em ambientes onde podem expandir seus conhecimentos e criar soluções e não apenas a repetir processos. 

O choque do futuro preconizado por Alvin Toffler chegou e o Brasil não fez check in. 

A cada dia, a produção é gerada menos em fábricas e mais em qualquer lugar, em casa, garagens, hotéis, salas de universidades e institutos de pesquisa. As maiores corporações da atualidade não foram construídas em linhas de montagem. 

Bem no meio dessa revolução, o Brasil faz uma reforma trabalhista que cria as exóticas categorias de trabalhadores "temporários" e "intermitentes" que tendem a excluir  do processo inovador a peça mais criativa, o colaborador da empresa. O "temporário" é o trabalhador com prazo de validade curto e com o carimbo de "vencido" sempre à vista. Seu compromisso tem data para acabar. O "intermitente"  é o que diz "bom dia" ao chegar e não sabe se estará ainda no seu posto de trabalho a tempo de dar uma "boa noite" de despedida. Esse nem tempo tem para se integrar a um processo inovador de produção. 

E a tendência é que o país se transforme em "intermitente". A modalidade que mais cresce no mercado de trabalho. Tudo a ver: uma das definições para intermitente é ""com interrupções, intervalos; sem continuidade".

Permanente só a exclusão.

De ministro a ordenança

Ao nomear um general para presidir a Petrobras Bolsonaro distribui mais um boquinha. E deixa Paulo Guedes com o bibico atrás da orelha. Embora tenha estudado no Colégio Militar, em BH,
ele não é da caserna. A favor, no núcleo duro da direita radical, ele tem no currículo o fato de  trabalhado e trabalhar para os regimes de dois "líderes" sul-americanos do ramo fascista: Pìnochet e Bolsonaro. O que pode lhe ajudar a manter emprego.  

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Você conhece algum ator canadense? • Por Roberto Muggiati


A morte de Christopher Plummer, o aristocrático marido da Noviça rebelde, que eu julgava um britânico da gema, me fez acordar para o fato de que não existem atores canadenses. Ou melhor, há uma legião, mas passam por americanos ou ingleses aos olhos do grande público. Plummer, considerado o melhor intérprete shakespeariano da sua geração, era um deles, nascido em Toronto. 



Outro em plena atividade aos 85 anos: Donald Sutherland fez cerca de 200 filmes, só a comédia desvairada M*A*S*H de Robert Altman bastaria para imortaliza-lo. Sem esquecer também sua atuação como o Casanova de Fellini.  (Creditem a ele ainda seu filho Kiefer Sutherland, o Jack Bauer da série 24 horas.) 





Apesar das dezenas de filmes que fizeram, Raymond Burr e Raymond Massey se celebrizaram por um papel marcante: Burr como o esquartejador da Janela indiscreta de Hitchcock (54) e Massey como o pai de James Dean em Vidas amargas (55). Burr – notório vilão de filmes noir – fez ainda sucesso na TV como Ironside, o investigador na cadeira de rodas. A filha de Massey, Anna Massey, brilhou na cena britânica: atuou em Frenzy (75), de Hitchcock, e ao lado de Anthony Hopkins em Casa de bonecas. Uma das darlings do cinema mudo, a canadense Mary Pickford fundou a United Artists com D.W. Griffith, Charlie Chaplin e seu futuro marido Douglas Fairbanks.

Lorne Greene celebrizou-se nos anos 60 no papel do rancheiro patriarca Ben Cartwright, no seriado Bonanza, que ficou 14 anos no ar e foi considerada uma das melhores séries da TV americana. William Shatner interpretou James T. Kirk, o capitão da nave estelar USS Enterprise, na série de TV Star Trek/Jornada nas estrelas. Depois de apenas três temporadas, em 1969, o seriado foi cancelado, mas as reprises fizeram de Shatner, um astro. Leslie Nielsen atuou em mais de 100 filmes e mais de 150 programas de televisão, tendo interpretado cerca de 220 personagens. Fez o capitão do navio em O destino do Poseidon e uma série de comédias malucas como Um astronauta fora de órbita, Apertem os cintos o piloto sumiu, Uma escola muito louca e Corra que a polícia vem aí.


Com 50 anos de carreira, Dan Aykroyd, de Ottawa, além de ator é roteirista, músico, vinicultor e ufólogo. Indicado para o Oscar e vencedor do Emmy, foi um dos membros originais do lendário programa de comédia Saturday Night Live, um dos criadores dos Irmãos cara de Pau  (com John Belushi) e dos Caça-fantasmas. Atuou em Conduzindo Miss Daisy, Indiana Jones e o templo da perdição, O escorpião de jade (de Woody Allen) e fez o papel de Mack Senett em Chaplin. Um dos comediantes mais brilhantes da sua geração, John Candy coestrelou com Dan Aykroyd em As grandes férias e Os Irmãos Cara-de-pau. Em 1987, fez sucesso no despretensioso  Antes Só do que Mal Acompanhado, que acabou faturando 150 milhões de dólares. Candy morreu aos 43 anos, de um ataque do coração. Seu último filme, lançado antes de sua morte,  Jamaica abaixo de zero, com bilheteria de 154 milhões de dólares, tornou-se o filme mais rentável de sua carreira.


Keanu Reeves, nasceu no Líbano, mas foi criado em Toronto, com nacionalidade canadense por conta do padrasto. Em 35 anos de carreira vitoriosa fez dezenas de filmes, as séries Speed e Matrix, o mocinho no Drácula de Coppola e em Ligações Perigosas de Stephen Frears e foi O pequeno Buda, de Bertolucci, Ganhou sua estrela na Calçada da Fama em Hollywood em 2005. 



Para ganhar fama e sucesso bastou a Michael J. Fox, nascido há 60 anos em Edmonton, sua irresistível interpretação de Marty McFly na trilogia De volta para o futuro, de Robert Zemeckis, um dos filmes que marcaram os anos 80. Em 40 anos de carreira, 


Jim Carrey
celebrizou-se por comédias escrachadas como Debi & Loide, O mentiroso, O pentelho, Ace Ventura, e também papeis dramáticos em filmes como O Show de Truman, Cine Majestic, O brilho eterno de uma mente sem lembranças, além de ter feito o Charada em Batman Eternamente. Outro que começou no início dos anos 80, Rick Moranis fez o seu nome Os caça-fantasmas, Querida encolhi as crianças, A pequena loja dos horrores, Os Flintstones. 


Ator, músico, produtor e diretor de cinema, Ryan Gosling, 40 anos, começou sua carreira como ator mirim no programa do canal da Disney, Clube do Mickey, e apareceu também  nas séries de terror infantil Você Tem Medo do Escuro? e Goosebumps. Depois de atuar em filmes mais sérios, Gosling foi consagrado em 2016 ao protagonizar o musical La La Land – Cantando Estações, que lhe valeu indicações para o Oscar e para o BAFTA e a premiação no Globo de Ouro. Fecha a lista o cantor, compositor e ator Justin Bieber, o darling da Geração Z.





E as meninas canadenses? Pamela Anderson ganhou o mundo como a bombshell da série sobre guarda-vidas Baywatch/SOS Malibu. Manequim de lingerie, capa da Playboy, fez ainda a série Barbwire/Bela e perigosa e hoje é ativista da causa dos direitos animais. Margot Kidder celebrizou-se no papel de Lois Lane, a namorada de Clark Kent, na série do Superman. Atuou em Irmãs diabólicas, o primeiro filme de Brian De Palma, e no drama sobrenatural The Amityville Horror. Rachel McAdams 42 anos, 20 de carreira, pontificou em filmes como Sherlock Holmes, na segunda temporada da série True Detective, que lhe valeu os elogios da crítica e vários prêmios. Por seu desempenho como a jornalista Sacha Pfeiffer em O Caso Spotlight (2015) foi indicada ao Oscar  de Melhor Atriz Coadjuvante. Segundo a revista Forbes, McAdams foi a terceira atriz mais rentável de Hollywood em 2009 (gerando às suas produtoras trinta milhões de dólares para cada milhão investido). Em 2017, foi uma das Pessoas do Ano da revista Time. Desde 2016, é uma das pessoas de maior bilheteria de todos os tempos nos Estados Unidos, com seus filmes faturando mais de 1,6 bilhão de dólares. 


Neve Campbell
ficou conhecida como a protagonista Julia Salinger, do seriado d Party of Five (no Brasil  O Quinteto), entre 1994 e 2000. Seu primeiro filme de maior lucro foi The Craft, de 1996. No mesmo ano, interpretou Sidney Prescott na quadrilogia de terror Scream, que foi um sucesso. Em 1998, foi colocada na lista das "50 Pessoas Mais Bonitas" da revista People. Voltou a brilhar em Panic (2000), ao lado do compatriota Donald Sutherland. Em 2006, estreou no teatro em Londres, em Resurrection Blues de Arthur Miller, ao lado de Matthew Modine e Maximilian Schell, dirigida por Robert Altman. A partir de 2015 entrou para a série da Netflix House of Cards. 


Rae Dawn Chong
ficou conhecida ao atuar nos filmes A Guerra do Fogo (1981), de Jean-Jacques Annaud, A Cor Púrpura (1985), A Loucura do Ritmo (1984), Comando para Matar (1985), Os Irmãos Corsos (1984) e Um Hippie nos Anos 90 (1990), em que trabalhou com seu pai, Tommy Chong, descendente de chineses, escoceses e irlandeses. Às vésperas de completar 60 anos, continua ativa no cinema e na televisão. Carrie Anne-Moss marcou seu nome na série Matrix e em Jessica Jones da Marvel. Molly Parker brilhou nas series de TV Dexter e House of Cards. 


Para terminar, a figura ambígua de Elliot Page (nascido Ellen Grace Philpotts-Page que, aos 33 anos, já protagonizou filmes como Juno e Hard Candy/Menina Má.Com, considerado pela crítica “uma das mais complexas, perturbadoras e assombrosas performances do ano”. Page recebeu ainda a chancela de qualidade Woody Allen, ao ser incluída no elenco de Para Roma com amor (2012), no qual interpreta um papel feminino e é creditado como Ellen Page.

Retomando o fio da nossa meada, quando você se interessar por algum ator/atriz que considera americano ou britânico, confira se por acaso não é canadense. Ou australiano? Ou neozelandês? Mas isso já é outra matéria...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O DIA pergunta. E a resposta é óbvia...

 


FENAJ: Pesquisa mostra que 93 jornalistas perderam a vida após contrair Covid-19. Quatro deles eram colegas da Manchete




Pesquisa realizada pelo Departamento de Saúde da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) revela que desde o início da pandemia de Covid 19 no Brasil até o final de janeiro de 2021, pelo menos 93 profissionais de imprensa (da ativa e aposentados) perderam a vida após contrair a doença. Os autores do relatório advertem que "esses dados podem não refletir a crua realidade das mortes na categoria, pois não existe um mecanismo oficial de registro dos casos", o que pode significar que os números são maiores. 

O dossiê mostra que pelo menos três colegas jornalistas que passaram pela Manchete perderam a vida por Covid-19:  Luiz Edgar de Andrade, Sérgio Jorge e Jesus Chediak. Não consta da relação o fotojornalista Zeka Araújo, que também trabalhou na Manchete e faleceu após a conclusão do levantamento. 

A Fenaj fez a pesquisa como uma forma de homenagem aos jornalistas. A maioria contraiu a doença trabalhando para levar informação crucial aos brasileiros. Não são números, são vidas e ajudaram a salvar outras vidas, considerando que o país governado por criminosos negacionistas não fez sequer campanhas oficiais de esclarecimentos à população. Para isso, o Brasil contou e conta apenas com os meios de comunicação. 

A todos o nosso pesar e eterno reconhecimento. 

Você pode acessar o relatório da Fenaj  AQUI

Vacina: vai pra Cuba!


Segundo reportagem do New York Times, Cuba está na reta fina para uma conquista científica extraordinária: a produção em massa de uma vacina contra o coronavírus inventada na ilha. "Uma das quatro vacinas desenvolvidas por cientistas cubanos entrará na fase final de testes no próximo mês, um passo crucial para a aprovação regulatória que, se bem-sucedida, poderá colocar a ilha no caminho para inocular toda a sua população e começar a exportar até o final do ano". A vacina se chama Soberania 2. Apesar das limitações econômicas causadas pelo longo e desumano bloqueio americano, cientistas cubanos afirmam que o governo provavelmente enviará doses aos países pobres, em conformidade com sua longa prática de fortalecer as relações internacionais por meio da doação de medicamentos e envio de médicos para tratar de crises de saúde pública no exterior.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Fotografia: O Homem da Meia-Noite sem carnaval...

 

Reprodução Twitter

Faltam vacinas e sobram crimes contra a população

 

Reprodução Twitter

O comentário acima foi postado no twitter e logo ganhou mais de 3 mil retuítes. Alerta para a estratégia mentirosa da comunicação do Planalto sempre que se vê acossado por fatos. 

O regime bolsonarista tem vasto prontuário de crimes em relação à Covid-19. Negacionismo, propaganda e até imposição de medicamentos que cientistas de vários países classificam de inúteis, além de perigosos, incentivo explícito às aglomerações, deboche sobre medidas recomendadas, como o uso de máscara e quarentena, essa foi a política de saúde do governo federal. 

A falta de vacinas, que era anunciada e agora se tornou real, é apenas mais um desses crimes contra a população. O governo Bolsonaro recusou compra de vacina da Pfizer em negociações que foram abertas em julho do ano passado e logo depois suspensas. Recentemente, não quis comprar 2 milhões de doses também da Pfizer por considerar, segundo admitiu, muita pouca quantidade. O sociopata no poder declarou no ano passado que não compraria vacinas da China. Toda essa incompetência misturada com ideologia doentia que deixou o Brasil sem cobertura de imunizante cobra o custo em vidas. Suspender a vacinação por falta de doses é mais um crime na extensa relação.

Como o tuíte afirma, os próximos dias serão de factóides oficiais para desviar a atenção dos brasileiros.


Brasil não desenvolveu um imunizante mas já tem a versão canalha: a "vacina de vento"

Reprodução

por Flávio Sépia

O Brasil não conseguiu desenvolver uma vacina contra a Covid-19, mas criou uma versão canalha; a "vacina de vento". Já são vários casos, alguns registrados em vídeo, em que o profissional de saúde - no caso, falso profissional - apenas finge que aplica o imunizante. Geralmente as vítimas são idosos. O MP está investigando esses casos. É bom que o faça e encontre uma explicação, já que a vacinação se estenderá por meses. 

Não se sabe se por corporativismo ou ingenuidade, circula a hipótese de que pode ser apenas um erro da pessoa que aplica a vacina. É bom duvidar disso. Pelo menos um vídeo mostra que no momento da aplicação o êmbolo da seringa vazia não é acionado. Ou seja, não é crível que um verdadeiro  profissional de saúde faça a picada no braço do cidadão e "esqueça' de empurrar o êmbolo. 

Funcionários flagrados já foram afastados, segundo as autoridades, e a investigação deverá responder sobre o objetivo do funcionário flagrado envolvido no ato. Iria guardar a vacina para um amigo? Teria um parente esperando pelo imunizante? Quanto valeria no mercado negro a dose surrupiada? 

A fraude já está assustando idosos que agora já não têm certeza de que se vacinaram realmente ou se foram enganados. Alguns pensam em fazer testes para saber se desenvolveram anticorpos ou apenas gases após injetados pela "vacina de vento".

Recado forte na capa do Estado de Minas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Filmes insólitos • Por Roberto Muggiati





Com minha coleção de filmes num guarda-móveis por conta da brusca mudança de Botafogo para Laranjeiras, ando correndo atrás de DVDs para aliviar meu fim de noite, depois de um dia de trabalho. Muitos dos filmes que encontrei – Doutor Jivago, Lolita, O desprezo, O poeta e o carteiro – protegidos contra pirataria, não tocam no computador, só no DVD-player, que está enfiado numa mala de roupas. 

Vibrei ao encontrar Quanto mais quente melhor e conseguir abri-lo. Tenho uma relação especial com esse filme. É um daqueles que vi em condições especiais – e muitas vezes insólitas. Como Stalag 19, projetado pelos milicos no quartel do CPOR em Curitiba. Ainda no quartel, graças a uma duvidosa unha encravada, fui dispensado de uma marcha noturna carregando 36 quilos de equipamento: ao sair para ir ver Casablanca pela primeira vez quase fui atropelado por meus companheiros, minha casa ficava na rota da marcha. A sensação do interdito deu a Casablanca um sabor especial. Fugindo de uma nevasca em Munique abriguei-me num cinema que passava Paris Blues... dublado em alemão. Ilhado em Florianópolis por causa de um temporal, vi lá A embriaguez do sucesso, um noir sobre os bastidores do jornalismo em Nova York, é um filme que revejo sempre. Maria Candelaria, o melodrama mexicano que foi o primeiro vencedor da Palma de Cannes, eu vi projetado num lençol num galpão de arrasta-pé de caiçaras em Guaratuba. E houve muitos outros, vistos em situações esdruxulas, como The Seven-per-cent Solution, num voo noturno entre Nova York e Londres, e um filme estrelado por Vittorio de Sicca num voo da Sicília para o Rio.

Vi Quanto mais quente melhor de madrugada duas ou três vezes seguidas num cinema de Nice enquanto fazia hora para pegar o voo das cinco da manhã para Londres. Nunca mais o revi. Só agora, com o distanciamento de 62 anos (o filme é de 1959), consigo apreciá-lo devidamente. Na Chicago de 1929, dois músicos (Tony Curtis e Jack Lemmon) testemunham por acaso o massacre de uma gangue de mafiosos por outra. Os bandidos se dão conta de que foram vistos e correm para elimina-los. Vestidos de mulher, os músicos escapam se integrando a uma banda feminina que viaja de trem para uma temporada na Flórida. Curtis e Lemmon se apaixonam por Marilyn Monroe, a cantora e tocadora de ukelele da banda. A situação se presta a comentários sobre transgênero e feminismo nos diálogos espertos do diretor Billy Wilder e do roteirista I.A.L. Diamond. Num happy end honesto, Tony Curtis conta a verdade para Marylin – que o acreditava um milionário – e a moça se conforma com sua sina de se apaixonar por saxofonistas tenores pobres. A frase final do filme é considerada uma das melhores na história do cinema. O milionário Osgood Fielding III (Joe E. Brown, o Boca Larga), apaixonadíssimo por “Daphne” (Jack Lemmon) só quer saber de dançar La Cumparsita com uma rosa entre os dentes e casar com a parceira. Quando Lemmon enumera a impossibilidade final (“Mas eu sou um homem!”), Osgood releva: “Ninguém é perfeito...”

PS: A morte misteriosa de MM • As condições confusas em que foi encontrado o corpo e a celebridade da atriz não tardaram a acionar a Teoria da Conspiração. No livro polêmico de 1973, Marilyn: A Biography, Norman Mailer afirma que Marilyn foi assassinada por agentes do FBI e da CIA, que julgavam o caso amoroso entre RFK e MM prejudicial aos interesses do país. Uma quantidade de escritores e jornalistas endossou a tese de Mailer. MM continuou sendo matéria fértil para escritores: a feminista Gloria Steinem publicou em 1988 Marilyn: Norma Jean e Joyce Carol Oates teve uma tradução da biografia romanceada Blonde relançada agora no Brasil, enchendo as páginas dos cadernos culturais com as fotos icônicas da loura que, pelo jeito, não vai nos abandonar tão cedo. Marilyn e Robert Kennedy foram autopsiados pelo Dr. Thomas Noguchi, o Legista-Chefe do condado de Los Angeles, que também fez a autópsia de Sharon Tate, Natalie Wood, William Holden, Janis Joplin e John Belushi, entre muitos outros. (Nas matérias da Manchete, eu o chamava de “o satânico Dr. No[guchi]”.)


Quando Marylin foi encontrada morta em sua casa de Los Angeles por seu psiquiatra, às três da manhã de domingo, 5 de agosto de 1962, eu sobrevoava o Atlântico num avião da BOAC com destino a Londres, onde iniciaria meu período de três anos no Serviço Brasileiro da BBC. Instalado num hotel próximo a Trafalgar Square, acordei cedo na segunda-feira. Era feriado, um Bank Holiday, o centro de Londres estava vazio, mal botei o pé na rua na manhã cinzenta e chuvosa vi os stands de jornais cobertos de cartazes MM DEAD, MM DIES, o Daily Mail dava na primeira página: MARILYN MONROE: ‘IT LOOKS LIKE SUICIDE’. Minha chegada a Londres ficou marcada por aquela triste notícia. Eu – como toda a minha geração – amava aquela garota.

PPS: Em abril de 1962 Marilyn tinha começado a filmar Something's Got to Give para a 20th Century-Fox, com Dean Martin e Cyd Charisse, sob a direção de George Cukor. Mas o estúdio a demitiu no começo de junho, culpando-a por todo o atraso da produção, e cancelou a filmagem, arquivando durante décadas os 37 minutos que restaram. Mais recentemente, o filme inacabado foi disponibilizado pelo YouTube. Vejam aqui os preciosos últimos minutos de MM nas telas

https://www.youtube.com/watch?v=zVfKpx-aSRk&t=439s


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Assinado por 1004 jornalistas, manifesto histórico que denunciava manipulação da investigação do Caso Vladimir Herzog completa 45 anos.


Reproduções/Instituto Herzog

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por José Esmeraldo Gonçalves

Em fins de janeiro de 1976, um importante documento circulou nas redações do Rio, São Paulo e outras capitais. Era o manifesto "Em Nome da Verdade" que pedia esclarecimentos sobre a investigação do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, no Doi-Codi paulista, em 25 de outubro de 1975. 

A farsa estava montada. Uma portaria do II Exército se referia à apuração do "suicídio", já impondo a futura e falsa versão oficial da ditadura em proteção aos torturadores que mataram Herzog. 

Restava reagir à mentira. Um total de 1004 jornalistas assinaram o manifesto. Ler a relação é simbolicamente reencontrar nomes de uma geração de caros e combativos colegas, entre os quais muitos que deixaram saudades. O documento circulou nas redações da Bloch, no Russell, onde Pedrosa Filho, então chefe de reportagem da Fatos & Fotos, colheu assinaturas. Em toda a Bloch foram mais de 30 apoios. O manifesto foi publicado no Estadão, no dia 3 de fevereiro de 1976, há 45 anos. 

Em março de 2020, o MPF apresentou denúncia contra seis pessoas pelo assassinato e por terem forjado o suicídio de Herzog. O caso foi parar na 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo, famosa por negar  todas as denúncias do MPF sobre os crimes da ditadura militar. Dois meses depois, a denúncia foi... rejeitada.



Reprodução

No livro "Dossiê Herzog - Prisão, tortura e morte no Brasil",. Fernando Pacheco Jordão agradece aos 1004 jornalistas que assinaram o manifesto.

O texto do manifesto "Em nome da Verdade", com a relação dos jornalistas que o assinaram (agora 1006, com dois nomes recuperados) pode ser lido AQUI

Como Trump foi derrotado e as lições que o Brasil pode tirar do autoritarismo miliciano que pôs em risco a democracia americana

 

Ler essa reportagem da Time deveria ser dever de casa da esquerda brasileira e de quem prefere viver em um país democrático. 

Sob o título "A história secreta da campanha nas sombras que salvou as eleições de 2020", a revista escaneia o movimento social que deteve Trump. Não era segredo que, havia meses, as milícias de direita estavam se preparando para a batalha, enquanto Donald Trump desacreditava o processo eleitoral. Tudo era parte de uma conspiração que, após o fechamento das urnas, se intensificou. Entre 3 de novembro de 20 de janeiro, o candidato derrotado passou a abrir processos, fazer pressão sobre autoridades estaduais e, finalmente, a convocar suas gangues de apoiadores, muitos armados, para o comício que incentivou a invasão do Capitólio.  

O golpe contra a democracia planejado por Trump, com apoio da direita radical do Partido Republicano e da massa de trumpistas e dos proud boys, entre os quais supremacistas brancos e neofascistas, foi vencido com uma união de forças difíceis de se juntarem, mas que se tornou necessária, formadas por empresários liberais (lembrando que, nos Estados Unidos, o liberalismo contemporâneo defende a justiça social, as liberdades civis, a igualdade e a economia mista. Não é a aglomeração de selvagens concentradores de renda que, no Brasil, a mídia comumente chama de "liberais") e trabalhadores. "O aperto de mão entre as empresas e os trabalhadores" - diz a Time -  "foi apenas um componente de uma vasta campanha interpartidária para proteger a eleição - um extraordinário esforço paralelo dedicado não a ganhar o voto, mas a garantir que fosse livre e justo, confiável e não corrompido. Por mais de um ano, uma coalizão de militantes vagamente organizados lutou para apoiar as instituições dos Estados Unidos à medida que estas eram atacadas simultaneamente por uma pandemia implacável e um presidente com inclinação autocrática". Juntos, segundo a revista, buscaram financiamento público e privado, se defenderam de ações judiciais de supressão de eleitores, recrutaram exércitos de voluntários eleitorais, fizeram milhões de pessoas votarem pelo correio pela primeira vez e pressionaram com sucesso as empresas de mídia social a adotar uma postura mais dura contra a desinformação.  Com um detalhe: muitos republicanos perceberam o risco que Trump representava para a democracia e participaram da campanha-cidadã.

A revista destaca um personagem especial e decisivo: Mike Podhorzer, um experiente conselheiro político da maior confederação sindical do país. Em fins de 2019, ele se convenceu de que as eleição sob Trump seria um desastre e decidiu protegê-la. Ao sair em campo, descobriu que não era o único a pensar nesses termos. Conversou com centenas de lideranças em vários setores. "O que ele queria saber" - escreve a Time - "não era como a democracia americana estava morrendo, mas como poderia ser mantida viva". 

Se você perceber na longa reportagem da Time muitos pontos de contato entre o assalto ao poder planejado por Trump - um protótipo de ditador que conseguiu chegar à Casa Branca -, e as ações organizadas de Jair Bolsonaro à frente dos seus militares, milicianos, magistrados e políticos adquiridos no balcão do Congresso, não será mera coincidência. 

Mas há uma diferença crucial: Bolsonaro chegará às eleições de 2022 com maior sustentação do que Trump teve para tentar impor um segundo mandato do seu regime autoritário. 

Leia a reportagem da Time, AQUI 

Deputado recarregável...

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O jurídico tá no divã. "Essa peça de acusação é um tesão' (???)

 

Imagem reproduzida do DCM


por O.V. Pochê 

Em uma das conversas dos procuradores da Lava Jato, no Telegram, Deltan Dallagnol refere-se à preparação de uma das peças da acusação contra Lula e confessa: 

- "Será um tesão escrever isso".

Diria que a coisa está saindo do controle. Mudando o foco, aparentemente, e entrando em um terreno psicologicamente pantanoso. Nesse ritmo de confissões jurídicas, a defesa do ex-presidente vai ter que buscar jurisprudência na Viena, de Freud, na Suíça de Jung e seus arquétipos. 

Um Godzilla digital apavora jornalistas que foram parças da Lava Jato...


Imagem ilustrativa iStock
Godzilla digital assusta alguns jornalistas que atuaram como apêndices da Lava Jato. Os terabytes das conversas de Moro, Dallagnol, procuradores, "capi" da mídia conservadora e repórteres vêm à luz aos poucos e lançam certos e conhecidos profissionais nas trevas de pesadelos monumentais. 

Ao publicar os vazamentos sites jornalísticos independentes passam tarja preta nos nomes dos repórteres que cumpriam apenas a obrigação de falar com fontes da Lava Jato sem entregar aos procuradores a dignidade e a correção, mas expõem veículos e repórteres que arranharam a ética e foram além dos princípios do jornalismo. 

Aberta a caixa de terabytes O Globo, TV Globo, Folha, Estadão, O Antagonista, cardeais como João Roberto Marinho, jornalistas como Vladimir Neto e Diogo Mainardi surgem como os parças que recebiam informações, geralmente vazadas pela força-tarefa, e davam uma espécie de "consultoria de comunicação" à facção curitibana. Vê-se, hoje, que a maioria das reportagens "investigativas"  eram, na verdade, pautas passadas por Curitiba segundo estratégia abertamente política de condenar na mídia e na opinião pública, antes de julgamentos e da conclusão de investigações, personagens-alvo da conspiração jurídica encabeçada por Moro e Deltan Dallagnol. 

A mais recente revelação saiu no site Conjur (Consultor Jurídico). Em conversas com Dallagnol, o repórter Thiago Prado, então na Veja, sugeria ao procurador prisão de pessoas, mandava e-mails que supostamente incriminariam suspeitos, documentos, extratos bancários e até pedia quebras de sigilo. A "colaboração" era tanta que, segundo o Conjur, Dallagnol brinca que o repórter "já pode entrar para o Ministério Público". 

Thiago Prado já se envolveu em outra polêmica, anos atrás. Ele foi um dos que assinaram uma matéria na Veja que revelava que o senador Romário mantinha uma conta não declarada na Suíça com o equivalente a mais de 7 milhões de reais. Uma das "provas" era um extrato do BSI. Romário, indignado, viajou para a Suíça e foi direto ao banco para comprovar que não era dono do dinheiro. Conclusão, de acordo com o BSI, o "extrato" apresentado pela revista era falso. Romário passou a ironizar a Veja nas redes sociais pedindo que revelasse quem era o atravessador do documento falsificado. 

Thiago Prado atualmente é um dos editores do Globo.

Tudo indica que Godzilla ainda tem muito fogo para cuspir à medida em que a tampa dos terabytes vai soltando mau cheiro.    

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Fotomemória da redação: "reunião de pauta" no Arab da Lagoa

A coletânea "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" nasceu em mesa de bar. Da esq. para a dir., alguns dos autores: Jussara Razzé, José Rodolpho Câmara, Renato Sérgio, Maria Alice Mariano, José Esmeraldo Gonçalves, João Américo Barros e Roberto Muggiati.

Uma foto, um tempo, 15 anos atrás. A ideia de fazer um livro sobre a vivência de cada um no mundo indecifrável da Manchete surgiu em um bar, o do Hotel Novo Mundo. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" talvez tenha sido a única do gênero que ganhou corpo e alma em muitas "reuniões de pauta" quase festivas. Novo Mundo, Degrau, Barril 1500... A foto acima, de 2006, no Arab, da Lagoa, mostra alguns dos autores. Por incrível que pareça, o livro não ficou só em "conversa de bar". Saiu das mesas para a editora, a Desiderata, e foi lançado em 2008. 

Neymar é criticado pela imprensa francesa por se lesionar com muita frequência.


por Niko Bolontrin
Na última quarta-feira, durante jogo da Copa da França contra o Caen, Neymar se machucou mais uma vez. Agora, foi problema muscular não relacionado com ação do adversário. Exames revelaram lesão do adutor esquerdo. Ele não joga contra o Nice, pela Ligue 1, nem contra o Barcelona, ​​na próxima terça, pela Champions League. Para o jogo de volta contra o Barça, no Parc des Princes, na quarta-feira, 10 de março, permanece como dúvida. 

A mídia esportiva indaga os motivos de tantas lesões. 

Sem descartar a agressividade aplicada por adversários para tomar a bola do habilidoso Neymar ou as reações iradas diante de dribles "humilhantes" (a origem da maioria dos problemas), o estilo de vida do brasileiro, dado a festas e comemorações, horas de sono dedicadas às redes sociais, é apontado como um dos fatores suspeitos. Para muitos, ele fixa a imagem de quem não se cuida. 

A habilidade e o talento de Neymar, a sua capacidade de decidir jogos, são reconhecidos. 

A questão é saber se ele é um atleta. No passado, o futebol brasileiro teve muitos supercraques extraordinários que não cabiam no figurino padrão atleta, como Garrincha, Gerson, Sócrates... A dedicação ao físico era até relativa. Brito, o lendário zagueiro do Vasco, não era um monge, mas foi eleito o jogador mais bem preparado da Copa de 1970. A lista dos não-atletas seria longa. Apesar disso, os citados e muitos outros fizeram história, muita história. 

Hoje, é mais difícil até aqui na periferia. O futebol mudou. Um Garrincha talvez não se divertisse jogando sob os tais técnicos atuais, do tic-tac e do jogo de posição etc. No exigente e competitivo futebol europeu, nem se fala. 

Enfim, são tempos, cada um no seu. Neymar, com o seu fantástico talento, talvez tenha chegado atrasado. 

É um artista. Treinadores e adversários abominam seus improvisos e seu interminável repertório de dribles. O futebol parece fazer Neymar feliz apenas quando está em campo, com a bola. Todo o pacote que vem junto parece entediar o brasileiro.

Greenpeace, 50 anos: documentário conta como uma organização fundada por jornalistas despertou o mundo para a defesa do meio ambiente

 


Greenpeace: a primeira missão. Foto/Divulgação 

por Ed Sá 
O canal por assinatura Curta exibe hoje o documentário "A História do Greanpeace". A mais antiga organização ecológica do mundo comemora 50 anos. Em 1971, a agenda ambiental não estava em pauta nos meios de comunicação e muito menos na opinião pública. Os jornalistas Rex Weyler, hoje com 73 anos, e Bob Hunter, o primeiro presidente da ONG, falecido há 15 anos, participavam do movimento pacifista contra a Guerra do Vietnã. Em uma das reuniões, inspirados pelos hippies, eles acrescentaram à bandeira do grupo, Peace, o Green que lhe dava uma nova identidade ambiental. 

Em meio século foram muitas - e arriscadas - as missões do Greenpeace no mundo desde a primeira ação, quando um grupo de 12 ativistas partiu de Vancouver rumo ao Alasca decidido a impedir a realização de testes nucleares em uma remota ilha. 

O documentário é dirigido pelo francês Thierry de Lestrade, conta com muitas imagens de arquivo e entrevistas de ativistas. Será exibido hoje nos canais 556 da NET / Claro TV, 75 da Oi TV e 664 da Vivo Fibra, além de em operadoras associadas à NeoTV.

Recentemente, o Greenpaace realizou a operação Asas da Emergência, um rede de solidariedade que  levou oxigênio para Manaus e cidades mais distantes da capital. 

A política do extermínio em massa

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A eterna espada sobre a democracia brasileira

No livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", lançado pela Fundação Getúlio Vargas, o ex-comandante do Exército confessa que os posts que escreveu no Twitter às vésperas do julgamento de um habeas-corpus apresentado pela defesa de Lula foram publicados com o aval do Alto Comando. Os tais posts pressionavam diretamente o STF, em tom pouco velado de ameaça. Caso fosse aprovado, Lula não iria para a prisão após condenação em segunda instância. Por seis votos a cinco, a sentença foi mantida e o general se acalmou e desceu dos coturnos.

Villas Boas também garante que Fernando Haddad assumiria 'normalmente' se tivesse vencido Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.

Isso só mostra que a democracia brasileira é uma concessão frágil. Pode ser revogada a qualquer momento, como já o foi várias vezes ao longo da história. Basta que o país saia do script conservador e anacrônico desenhado pelas elites políticas e financeiras. 

O Brasil controlado por um modelo selvagem concentrador de renda e distribuidor de privilégios e que fabrica pobres e desempregados aos milhões não incomoda a espada. Muito ao contrário. Ela permanece lá, pendurada, para lembrar que defende o sistema que mantém o país em crônico atraso.