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domingo, 21 de fevereiro de 2021

O filme O Enigma de Andrômeda, lançado há 50 anos, antecipou a tese atual de um cientista britânico: o vírus da Covid-19 é um E.T

Cena de O Enigma de Andrômeda. Sem vacina, microrganismo
 extraterreste contamina pequena cidade.

por Jean-Paul Lagarride 

Em agosto do ano passado, o jornal português Diário de Notícias publicou matéria com o cientista britânico Chandra Wickramasinghe, que defende uma teoria polêmica. Segundo ele, que trabalha no Centro de Astrobiologia de Buckingham, o vírus da Covid-19 chegou à Terra através de um meteorito que caiu na China em 2019, dois meses antes do aparecimento do SARS-CoV2. 

Em meio a tantas teorias da conspiração, Wickramasinghe foi levado a sério por alguns - afinal, ele tem cerca de 80 artigos publicados em revistas científicas e a própria tese "espacial" saiu na revista  Advances in Genetics -  e ironizado e ridicularizado por outros. 

A suposta ameaça de vírus extraterrestres não é uma questão nova e não apenas a ciência abordou o assunto. Em 1971, há 50 anos, Andromeda Strain (no Brasil, O Enigma de Andrômeda) impressionou muita gente.  No filme, baseado em um livro de Michael Crichton, dirigido por Robert Wise e estrelado por James Olson, Arthur Hill, David Wayne, Charles Dutton e Ruth Leavitt, um grupo de cientistas é convocado para investigar a causa das mortes em uma pequena cidade logo após a queda de um satélite na região.

Em meio à pandemia, O Enigma de Andrômeda tornou-se atual. Principalmente porque cientistas da OMS ainda não chegaram a uma conclusão sobre a origem do vírus da Covid-19. Em pesquisas que ainda se desenrolam na China, a equipe descartou a tese de "acidente em laboratório biológico"  e ainda não se convenceu da alegada origem do microrganismo em frutos do mar ou animais silvestres. 

Se a investigação científica não tem uma resposta e Wickramasinghe insiste na contaminação via meteorito, a ficção científica se apresenta e O Enigma de Andrômeda é buscado no You Tube e nos serviços de streaming. Pelo menos no cinema, o alienígena já esteve entre nós.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Comissária de companhia aérea censura decote de modelo. Caso levanta discussão sobre código "talibã" de vestimenta em voos

Comissária não gostou do decote e da barriga de fora da modelo Isabelle Eleonore, disse que ela não podia viajar de "biquíni" e mandou que se cobrisse.



A modelo denunciou o caso nas redes sociais.

"Aposto que seu eu tivesse seios menores ela não teria dito nada", disse, referindo-se à comissária. A companhia aérea pediu desculpas e afirmou que a tripulante errou. 
As fotos são reproduções do Instagram.  

por Jean-Paul Lagarride 

A tripulação de um avião de passageiros tem prerrogativas legais para tomar providências sempre que considerar que um usuário poderá colocar em risco a segurança do voo. O comandante detém a palavra final nessas avaliações. Desde que esses poderes foram ampliados a partir do ataque de terroristas islâmicos às Torres Gêmeas, alguns incidentes têm ocorrido, geralmente por excesso de zelo ou preconceito. 

Ultimamente, alguns tripulantes, por questões de moralismo e talvez até de fundamentalismo religioso, passaram a se preocupar com as roupas das mulheres que sobem a bordo. Jovens de shorts, saias curtas ou decotes têm sido obrigadas a trocar de roupa e cobrir-se ou não embarcam. Já aconteceu nos Estados Unidos e, dessa vez, o código de vestimenta foi imposto na Austrália. A modelo Isabelle Eleanore contou estava usando um top curtinho com alças e decote quando a comissária da Jetstar, em voo de Gold Coast para Melbourne, no domingo passado, avisou que ela não poderia viajar usando um "biquíni".  Não adiantou argumentar que a peça era um top. A tripulante trouxe-lhe um colete e mandou que o vestisse. 

Eleanore denunciou o caso e o constrangimento nas redes sociais. O jornal The Sun publicou sua história. A companhia aérea pediu desculpas. Alegou que a comissária errou e que as normas da Jetstar vetam só roupas que exibam imagens que possam ser consideradas ofensivas. 

No Instagram, ela comentou: "Aposto que seu eu tivesse seios menores ela não teria dito nada". 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Queima de arquivo da História: foi-se a primeira propina imperial

Quinta da Boa Vista. Aquarela do pintor alemão Thomas Ender. Reprodução

por Jean-Paul Lagarride 

A margem da enorme tragédia cultural que foi o incêndio que consumiu o Museu Nacional, vale retirar uma real news dos escombros da História.

O Palácio da Quinta da Boa Vista foi a primeira residência de D. João VI no Rio.

Não exatamente a primeira.

Ao chegar ao Rio em 1808, a Família Imperial hospedou-se no Paço da Praça Quinze, então Casa dos Governadores e Vice-Reis. Por sua localização, o Paço era o destino final das enxurradas que na época desciam das montanhas do Maciço da Tijuca – praticamente careca, desmatada que fora para o plantio de cafeeiros. Ao passar pelos bairros populares, estas enxurradas eram enriquecidas por todo tipo de sujeiras, entulhos, esgotos a céu aberto: pode-se imaginar o cheiro das águas lamacentas que regularmente invadiam o Paço Imperial.

Compadecido com a situação de D. João VI e de seus familiares, o rico comerciante português e traficante de escravos Elias Antonio Lopes presenteou-o com o sítio conhecido como "Chácara do Elias", onde havia um casarão que logo uma reforma completa transformaria em belo palacete.

Tudo isso, é claro, em troca de certos favores e sem risco de lava jato, equipamento que não atendia as carruagens nos idos de 1808... No mesmo ano, o esperto Elias foi nomeado tabelião da Vila de Paraty. Dois anos depois, em 1810, tornou-se alcaide-mor da Vila de São João del-Rei e, em seguida, provedor da Casa de Seguros da Corte, além de assumir a responsabilidade pela arrecadação de impostos e várias localidades.

Foi ali que cresceram os Pedros I e II. Dom Pedro II residiu ali toda sua vida, até sua destituição em 1889 e a deportação para a Europa.

Imperador culto, apreciador das artes e das ciências, montou na Quinta da Boa Vista um museu de valor incalculável, que tinha como uma das principais atrações a famosa múmia trazida do Egito.

Em mais um exemplo de descaso criminoso das "autoridades" brasileiras, mais de 20 milhões de  peças, de valor inestimável, foram consumidas pelo fogo no incêndio deste domingo, 2 de setembro de 2018.

sexta-feira, 17 de março de 2017

A lenda de Jean-Paul Lagarride: The Making Of

por Roberto Muggiati

A Manchete não era uma revista séria – ainda bem! Não se discute que publicava grandes reportagens nacionais, tinha escritores de renome no seu elenco e acesso aos melhores serviços internacionais de texto e fotografia. Mas o diretor da revista, Justino Martins, também tinha a alma de ficcionista e inventou um repórter internacional fortemente vínculado ao Brasil e à Manchete: Jean-Paul Lagarride.

Quando a Veja surgiu para disputar a hegemonia do mercado entre as semanais, seu editor, Mino Carta, começou em suas conversas com o leitor a alfinetar Lagarride – a quem chamava de “o guapo escriba bretão”.

Justino resolveu revidar. Inventou de publicar uma entrevista exclusiva na Manchete com Jean-Paul Lagarride. Irineu Guimarães passou um fim de semana na casa do Justino na Joatinga entrevistando o próprio – afinal, segundo Justino, “Lagarride c’est moi!” Até aí tudo bem. Mas faltava a foto para materializar o personagem. Justino teve uma ideia. Convocou Gene Anthony, ex-fotógrafo da Life – um daqueles profissionais norte-americanos que Adolpho Bloch contratou na bacia das almas, aproveitando-se da crise na imprensa ilustrada dos EUA. Gene era um gênio. Por isso mesmo ficou atônito quando o editor da revista o convocou para fotografar closes do rosto dos redatores e repórteres.

Baixou então o espírito do Dr. Frankenstein no Justino e, com as fotos ampliadas em preto-e-branco, munido de uma hedionda tesoura, passou a recortar um olho do Irineu, outro do Sandroni, metade do nariz do Muggiati, outra metade do nariz do Magalhães Jr, meia boca do Ivan Alves, meia boca do Alberto de Carvalho e assim por diante. Com estas partes dispersas, montou um rosto monstruoso – enfim, a própria Criatura – que atribuiu ao “guapo escriba bretão”.

Isso foi por volta de 1974, proliferavam na Manchete os pseudônimos, particularmente nas pequenas notas da seção Leitura Dinâmica. Ruy Castro tinha o mais curto, Ed Sá; Ney Bianchi o mais sonoro, Niko Bolontrim; Ruy inventou um Acácio Varejão. Um dia, uma nova redatora, Marilda Varejão, o interpelou. Ruy perguntou: “Mas existe algum Acácio Varejão?” Marilda: “Existe, sim. Meu pai.”
As áreas mais sisudas e conservadoras da Bloch não queriam que as redações fossem felizes. Principalmente o pessoal da publicidade e da administração.

Então delataram ao Adolpho que aquela inflação de pseudônimos não condizia com a imagem da revista. Na época, Adolpho costumava despachar os orçamentos gráficos com um funcionário chamado Possidônio, uma figura estranha com manchas roxas no rosto. A redação estava cheia de X-9s e todo mundo sabia que “o Adolpho emprenhava pelo ouvido.” Colérico, convocou o Justino à sua sala e ordenou: “Não quero mais nenhum texto assinado por possidônios na Manchete!”

O tempo passou, mas Panis resgatou nosso herói. Jean-Paul Lagarride 4ever!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Nudez no Palácio do Planalto virou "questão de Estado"? Bobagem. Os melhores estabelecimentos do ramo, da Casa Branca ao Palácio de Buckingham, já receberam seus ilustres peladões




por Jean-Paul Lagarride

Visto de perto ou via satélite, o Brasil sempre surpreende. Às vezes, pelos motivos errados.

A web me trouxe o recente caso da nudez no Palácio do Planalto. Soube que virou um pequeno escândalo e a funcionária que autorizou uma sessão performática de fotos e vídeo de uma modelo pelada sobre uma obra de arte (azulejos de Athos Bulcão) foi demitida.

A intervenção artística (reprodução acima) foi obra de Ana Siqueira, diretora do projeto Habitathos, que registra pinturas corporais em painéis originais de Athos Bulcão. O fotógrafo era o brasiliense Kazuo Okubo.

Parece-me um exagero transformar a performance em "questão de Estado".

E por dois motivos: circulam no ambiente pessoas cuja nudez seria muito mais comprometedora sob todos os pontos de vista; e centros de poder muito mais formais registraram episódios de nudez e a vida seguiu em frente.

Reprodução Facebook
Não faz muito tempo, um homem pelado foi visto descendo pela janela dos aposentos de Elizabeth II, no Palácio de Buckingham. O caso gerou especulações até que se soube que o peladão estava autorizado e participava de cena do seriado The Royals.

A Casa Branca também tem histórias semelhantes, com um detalhe: não são exatamente artísticas, como foi esse caso do Palácio do Planalto.

Dizem que John Kennedy aproveitava viagens de Jackie Kennedy para promover festas na piscina presidencial nas quais as maiores peças de tecido eram os guardanapos de linho que acompanhavam os comes e bebes. Principalmente, os comes.

J. Edgar Hoover (reprodução à direita), a autoridade policial mais temida pelos presidentes americanos na Guerra Fria e um dos caçadores de comunistas do macartismo nos anos 1950, tinha livre acesso à Casa Branca.

Mas não há registro de ter feito sua nudez transitar por aqueles corredores.

Os rumores são de que, nas madrugadas insones, ele preferia usar confortáveis vestidos afanados do guarda-roupa da mamãe Hoover. Ele era detestado nos bastidores do poder, mas não pelo gosto em matéria de figurino que vestia habitual e republicanamente.



Já Bill Clinton protagonizou uma nudez digamos mais dinâmica em pleno salão oval ao lado da estagiária Monica Lewinsky (na capa da Manchete, que a chamou de "a tiazona da América"). Bill quase perdeu o cargo mas lutou ereto. Foi processado por perjúrio e obstrução da justiça por inicialmente ter negado o episódio e acabou absolvido pelo Senado.
Clinton não fez o sucessor mas deixou a presidência com alto índice de aprovação. Participou da campanha e ajudou a eleger Barack Obama. O episódio tanto foi superado que Hillary Clinton lidera a atual corrida presidencial e o caso Monica Lewinsky, embora lembrado pelo adversário, não tem lhe causado dano. Pelo menos, até aqui.

Berlusconi recebia garotas ao fim do expediente. Depois de um dia de tediosas conversas políticas, ele jantava com empresários em salões animados por dançarinas nada monótonas.

Reprodução/Divulgação
A nudez presidencial mais ambicionada nunca vazou. Pelo menos, não em fotos feitas nos corredores e quartos do Palais de l'Élysée, em Paris, residência oficial do presidente da França, onde morou a modelo e cantora Carla Bruni, madame Sarkozi.

O mais próximo de um escândalo que a bela Bruni, à esquerda,viveu foi quando às vésperas de ser recebida pela rainha Elizabeth sua nudez foi estampadas nos jornais.

A Christie's anunciava naquele dia um leilão das suas fotos au naturel feitas ao longo da carreira.

E, voltando à Casa Branca, caso Donald Trump seja eleito, os Estados Unidos terão uma primeira-dama cuja nudez não será segredo de Estado.

No caso, os jornais já anteciparam as curvas nada secretas de Melania Trump, ex-modelo, que posou nua para a revista francesa Max.

Na época, com 25 anos, era era conhecida como Melania K. Em plena campanha presidencial americana, o New York Post foi buscar o material explícito da senhora Trump.

Donald Trump pode até ter ideias semelhantes às de J.Edgar Hoover, mas se chegar à Casa Branca levará para a suite presidencial algo visualmente melhor do que as curvas do ex-chefão do FBI.

Esse ponto positivo do seu programa de governo, talvez o único item aceitável, ninguém pode negar.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Por achar que a mídia conservadora não representa os 48% da população que votaram contra a Brexit, jornalistas britânicos lançam The New European, uma voz contra o atraso...

Reprodução Twitter

por Jean-Paul Lagarride
A ressaca da Brexit está aí e não vai passar tão cedo. Mas, pelo menos para o jornalismo, há boas notícias em torno da drástica decisão dos conservadores ingleses. A parcela que não apoia a saída do Reino Unido do bloco da União Europeia não se desmobilizou. Os 48% da população que foram contra a Brexit (52% votaram a favor do isolamento) dão sinais de que a luta continua.

Um novo jornal chegou às bancas de Londres. Lançado por um grupo que considera que a mídia tradicional não os representa, The New European pretende veicular fatos e opiniões do país que surge após a surpreendente vitória da direita, do neoliberalismo, da intolerância, do medo da imigração e até do racismo.

Os idealizadores do novo jornal avaliam que apenas dois veículos ingleses firmaram posição clara contra a Brexit e mesmo assim na reta final da campanha quando pouco poderia ser feito para mobilizar a população.

The New European tem apenas quatro edições programadas, com tiragens de 200 mil exemplares. Se vai continuar, depende do apoio dos leitores. E não pretende falar só de política e economia, mas de futebol, literatura, moda, comportamento etc.

The New European bate uma espécie de recorde: segundo o editor Matt Kelly, que idealizou o jornal ao lado de outros jornalistas, intelectuais, universitários e jovens economistas, da ideia à concepção do site e a chegada em bancas passaram-se apenas nove dias.

Segundo Kelly, o verão de 2016 será lembrado "como um momento zeitgeist na história política e social britânica e toda sexta-feira, durante quatro semanas, um novo jornal vai desempenhar o seu papel neste momento de discussões críticas". O editor avisa que The New European não está alinhado com partidos políticos mas com o "entusiasmo pela Europa". A redação reúne importantes profissionais da Inglaterra e da Europa e jornalistas independentes, como Peter Bale, do Centro para a Integridade Pública, grupo que revelou os Panama Papers.

Para tentar ultrapassar o limite de sobrevivência - as quatro edições programadas - The New European abriu uma site para venda tanto da edição impressa quanto da versão digital.
Agora é com os leitores.


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terça-feira, 26 de abril de 2016

Chernobil, 30 anos, hoje

Chernobil: os danos da explosão do reator em 26 de abril de 1986. Foto URSS


Pripyat, hoje

Algumas ruas estão tomadas por árvores.


Sob algumas condições, é possível visitar Pripyat, a pouco mais de 100km de Kiev. Turistas devem obter permissão, assinar um contrato eximindo o governo e agências de qualquer responsabilidade e usar um traje especial. Crianças e mulheres grávidas são proibidas de entrar nas áreas contaminadas. A visita não deve durar mais do que seis horas, o roteiro é por áreas de menores doses de radiação, é proibido fumar, sair do itinerário, pegar objetos ou pedras do local, beber álcool e acender fogo. Mas há grupos que fazem incursões clandestinas à região e que não obedecem a essas regras.

A nova cobertura da usina de Chernobil/ Reprodução

por Jean-Paul Lagarride
Há 30 anos, no dia 26 de abril de 1986, a tragédia da usina nuclear de Chernobil, na Ucrânia, assustava o mundo. Uma explosão que expôs o núcleo de um dos reatores e o incêndio que se seguiu espalharam uma nuvem radioativa que chegou ao Leste europeu, à Europa ocidental, à Rússia e Biolerússia. 

As causas jamais foram totalmente esclarecidas nem pela antiga União Soviética, da qual a Ucrânia fazia parte, na época, nem por investigadores internacionais. Tudo indicaria erro humano associado a falha técnica ou de projeto. À custa de vidas, o reator foi isolado - em um trabalho insano que durou meses - por um "sarcófago" de cimento e aço. Helicópteros fizeram cerca de 2 mil voos lançando uma mistura de cimento e chumbo sobre o reator destruído. Durante o acidente, morreram 47 trabalhadores. E seria impossível contabilizar as mortes posteriores por câncer em consequência da contaminação (a ONU estima que esse número poderá chegar a até 4 mil pessoas)

O vazamento foi contido mas a região já estava seriamente contaminada. Os outros três reatores da usina continuaram fornecendo energia à Ucrânia até o ano 2000, com os operadores reduzidos ao mínimo e trabalhando sob proteção extra, quando Chernobil foi inteiramente desativada. 

A previsão é de que o lugar permaneça inabitável por centenas, talvez milhares de anos. Mas não inacessível. Atualmente, grupos de turista visitam Pripyat, a 110km de Kiev. Há tours organizados rumo aos prédios, parques, ruas e praças abandonados às pressas em 1986. Os turistas ficam apenas algumas horas na região e são acompanhados por guias que aferem a radiatividade o tempo todo com contadores Geiger. São orientados a não tocar em objetos e muito menos a recolher souvenires. 

Cerca de 50 pessoas voltaram clandestinamente às suas casas em várias vilas, a maioria, idosos. Antigos moradores também visitam suas casas, eventualmente, outros voltam às igrejas locais, dependendo do nível de contaminação da área, para rezar. Nem todas essas viagens são autorizadas. A vegetação toma conta dos prédios e há animais, cachorros principalmente, nas ruas. 

Chernobil e Fukushima, no Japão, são os dois únicos acidentes nucleares da história que atingiram o nível 7, o mais alto. Há uma diferença, contudo: a antiga URSS empenhou-se em conter o vazamento que a ameaçava diretamente e à Europa. Empregou cerca de 500 mil trabalhadores, no total, e gastou em torno de 18 bilhões de rublos. O "sarcófago", que já esgotou sua vida útil, foi substituído por uma nova cobertura prevista para durar 100 anos, agora financiado pela União Europeia. Já no caso de Fukushima, o governo japonês e a empresa privada proprietária da usina ainda não controlaram inteiramente o acidente, que também tornou parte da região inabitável e continua a contaminar o Pacífico cinco anos depois do desastre. Ambientalistas acusam autoridades e empresários de irresponsabilidade social e técnica ao não dedicar todos os recursos para resolver o problema. 

E outra risco surge na região de Chernobil. Uma reportagem recente do New York Times levanta uma denúncia de uma alegada "vista grossa" do governo da Ucrânia favorecendo empresas que estão derrubando árvores em áreas contaminadas para vender madeira radioativa. O jornal aponta a suspeita de corrupção no esquema.   

Viaturas, militares, tanques, helicópteros, caminhões e carros que foram usados nos primeiros dias da operação de contenção do vazamento foram abandonados em Chernobil por acumularem altos níveis de radiação. Mas uma.... 
...foto recente captada por um satélite russo mostrou que a maioria sumiu. Suspeita-se que muitos veículos militares tenham sido recuperados,  "descontaminados", e incorporados às forças da Ucrânia, já em meio aos atuais conflitos com rebeldes e ao rompimento de relações com a Rússia. 
Fotos: Reproduções Internet  

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Direto de Paris: o Brasil bebeu?

por Jean-Paul Lagarride (ex-correspondente da Manchete, especial para o blog)
Amigos que adoram o Brasil estão preocupados. Nos últimos meses, a terra que deu a Bossa Nova ao mundo dá sinais de que o samba desafinou. Não fosse a idade (e a aposentadoria que derreteu nessa crise europeia que começou aguda e virou crônica), eu deixaria Vernon, onde nada acontece, para tentar desvendar o turbilhão brasileiro. Anotei no velho PC de pouca memória e tela curva, alguns dos sintomas nada animadores da atual conjuntura da antiga França Antártica. Tenho apenas perguntas e nenhuma resposta.
- Tenho lido na internet alguns dos principais veículos brasileiros. Acho que alguém precisa investigar porque quase sumiram as teclas HSBC dos computadores dos jornalistas. Pelo menos, quando trata de listar os figurões sonegadores e lavadores de dinheiro. Um jornalão já defende a tese de que os tais ricaços não poderão ser processados porque o vazamento da relação de fraudadores é ilegal. Defesa prévia? Aviso que aqui na Europa já corria um inquérito antes do vazamento. Seria demais suspeitar que o vazamento internacional veio depois para beneficiar os acusados? De qualquer forma, em Paris e Londres as teclas HSBC estão já gastas pelo uso nas últimas semanas.
- Quem é Eduardo Cunha? Um jihadista? Li que ele oferece a vida em sacrifício para impedir que seja votado um projeto que libera o aborto. É isso? Espera se imolar e ganhar vinte mil virgens no paraíso?
- É verdade que os brasileiros querem a volta da ditadura? Soube que em março acontecerão nas grandes cidades passeatas que pretendem derrubar a presidente Dilma Rousseff. Seria uma reedição das "marchas da família" que anunciaram as trevas em 1964.
- Conhecendo minhas ligações com o Brasil - se bem que a maioria dos jornalistas que eu conheci, já está no paraíso e sem direito a virgens - um tabloide parisiense me ligou para saber se eu conhecia o monsieur Bolsonarô. Há rumores de que ele assumirá o governo no próximo dia 31 de março.
- É verdade que o juiz que cuida do processo que envolve um milionário mandou aprender o Porsche e um piano do acusado, levou o carro e o instrumento musical para casa e foi visto dirigindo o bólido? Já foi fotografado teclando o piano?
- Um ex-presidente do Banco do Brasil, acusado de favorecer uma suposta milionária com empréstimos, voos em jatinhos oficiais, pagamento de anúncios no programa de televisão da referida socialite em uma rede que ninguém vê foi mesmo nomeado para "moralizar" a Petrobras?
- Leio nos jornais todos os dias detalhes do escândalo da Petrobras. Ao mesmo tempo, me informam que o processo corre em sigilo. Meus amigos dizem que o sigilo é relativo tanto que até hoje não vazou a lista dos políticos envolvidos com o esquema de pagamento de propinas. Dizem que está em andamento uma investigação sigilosa para apurar a quebra de sigilo. É isso mesmo?
- O Brasil vai tentar sair da crise cortando seguro-desemprego e pensões? Isso será mesmo suficiente? Não seria o caso de taxar grandes fortunas, combater a sonegação, os desvios de verbas públicas, cortar subsídios que beneficiam inclusive as corporações midiáticas, rever incentivos fiscais, cobrar as dívidas de empresas que recebem empréstimos públicos, taxar lucros de especulação? Não sei se é piada, mas dizem aqui que o ministro pretende tirar da informalidade os mendigos que atual nas grandes cidades brasileiras. Um estudo indicaria que taxar esmolas ajudaria no ajuste fiscal.
- É verdade que leis brasileiras de incentivo cultural e esportivo permitem que o governo financie desde shows da Beyoncé e Rihanna até torneios de tênis? Isso significa que o governo brasileiro pode transferir dinheiro dos impostos para ajudar no combustível dos jatinhos de tenistas milionários, golfistas idem e astros pop?
- É verdade que ao ser preso, menores que matam não são chamados de "presos" mas de "apreendidos". E a semântica ajudando a combater a violência?
- Soube que em São Paulo se faz protesto contra ciclovias? E há políticos que defendem a criminalização das ciclovias para evitar que se espalhem pela cidade. Isso é fato?
- Existe um aeroporto público no Brasil cuja chave do terminal é guardada por um fazendeiro bem relacionado?
- A polícia flagrou um helicóptero com 500 quilos de cocaína. Li sobre isso. A investigação teria identificado e prendido os transportadores da droga, o nome do proprietário do aparelho, o dono da fazenda onde pousou, o local onde foi reabastecido no trajeto desde a fronteira e não sabe até hoje a quem pertencia a droga?
- E verdade que os planos de saúde brasileiros cobram caro dos usuários e costumam encaminhá-los com frequência para a  rede pública sem que paguem nada por isso?
- No Brasil existe um "cassino" que especula com energia elétrica? Soube que quando o preço sobe nessa bolsa de especulação os investidores abocanham milhões de dólares e o consumidor para a conta?
- Vi um vídeo na internet que mostram um ex-ministro que levou a mulher para tratamento de câncer sendo hostilizado e sofrendo ameaças de agressão. Essa espécie de tropa SS seria formada por gente da equipe técnica do hospital mais caro do país e paciente milionários que estavam na sala de espera?  Então, a direita raivosa já chegou a esse ponto no Brasil?