quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Operação "Lava Hollywood" : Jennifer Lopez agita mercado financeiro


por Ed Sá
Os novos escândalos financeiros brasileiros andam carentes de musas que tornam o noticiário da corrupção mais palatável. Na falta delas , o cinema concorre para quebrar o tédio. Mais precisamente, Jennifer Lopez agita o mercado. No filme "As Golpistas", que deverá chegar ao Brasil antes do fim do anos, a atriz e cantora lidera um grupo de strippers que arma um golpe contra investidores de Wall Street. Também fazem parte da gangue Julia Stiles, Lili Reinhart e as cantoras Lizzo e Card B. 

Nem tudo foi ódio - Deu match: "I love you!" (declaração de Bolsonaro para Trump)

Reprodução You Tube
por O.V.Pochê 

Segundo revelação de diplomatas brasileiros registrada pelo colunista Lauro Jardim (O Globo), Bolsonaro finalmente se comunicou em inglês ao encontrar Trump. "I love you", teria dito o brasileiro ao americano, que respondeu apressadamente com um casual "bom te ver por aqui". O Bozo escolheu uma frase cinematográfica. "I love you" é provavelmente a mais ouvida nas telas desde o fim do cinema mudo. Claro que o brasileiro poderia ter escolhido declaração mais complexa, mas precisaria de um teleprompter. Por exemplo," I would rather share one lifetime with you than face all the ages of this world alone (algo como "eu prefiro compartilhar uma vida inteira com você a encarar todas as eras deste mundo sozinho". A frase é do filme "O Senhor dos Anéis". Ou copiar Forest Gump: "I'm not a smart man, but I know what love is" ("Eu não sou um homem inteligente, mas eu sei o que é o amor"). Ou, ainda, "você me enfeitiçou, corpo e alma, e eu te amo. A partir deste momento, eu nunca mais quero me separar de você" (do filme "Orgulho e Preconceito"). "O amor é uma palavra muito fraca para descrever o que sinto", de "Noivo neurótico, Noiva Nervosa", também serviria. E finalmente, a frase “eu prometo que voltarei para te buscar. Eu prometo que nunca te vou deixar.”, do filme "O Paciente Inglês', diplomaticamente inspiradora, poderia ajudar a estreitar as relações Brasil-Estados Unidos. Bolsonaro teria esperado cerca de uma hora para dizer a frase ao Trump. Para os adoradores do "mito", valeu o esforço. 

"Bispo" Macedo é o novo redator do Globo?


Tudo indica que o estilo "bispo" Macedo fez a cabeça do jornalista (a) do Globo que escreveu a notícia acima.

Para ele (a), Isis Valverde devia ficar em casa cuidando de fraldas e papinhas.

Como a atriz ousa viajar para um compromisso profissional em Paris e "deixa" o filho? Isso deixou o autor (a) da nota nervoso (a).

Isis explicou que tinha agenda rápida e atribulada na França e preferiu não alterar a rotina do bebê Rael, que fará um ano em novembro e ficou aos cuidados de ninguém menos do que o pai, André Resende.

As redes sociais ficaram chocadas com o machismo do jornal.

Essa semana, Macedo revelou que não deixou as filhas fazerem faculdade porque não poderiam, "segundo a vontade de Deus", serem superiores aos maridos caso se casassem com um simples portador de diploma de ensino médio. O "bispo" já pode se candidatar a redator do Globo.

Banqueiro falando "papo reto"?

por Ed Sá

A nova campanha publicitária da Febraban na internet foi buscar inspiração nas gírias do tráfico carioca. "Papo reto" quer dizer "conversa franca", "direta", "séria". Quase invariavelmente, a expressão aparece em gravações telefônicas interceptadas entre criminosos e policiais corruptos durante 'acertos' de propina.
As gírias do tráfico, assim como aquelas que vêm do funk, costumam ser assimiladas rapidamente pelos cariocas de todas as classes. Muitas captadas a partir de letras de músicas que fazem a crônica das comunidades. Chegar a slogan de campanha de uma instituição conservadora como a Febraban é mais raro. No caso, com o "papo reto", os banqueiros tentam vender empréstimos para pequenas e médias empresas. Na cabeça do publicitário que foi buscar o slogan é a linguagem que a audiência entende. Então, tá.   

Trump, Boris, Macri e Netanyahu: o inferno astral dos "parças" de Bolsonaro



Depois de Macri (Argentina) e Netanyahu (Israel), Trump (EUA) e Boris (Reino Unido) veste saia justa política. A ultra direita amiga de Bolsonaro anda nervosa. O argentino tem pela frente uma reeleição difícil, o israelense não surfou nas urnas como esperava e vê o cerco se apertar no processo por corrupção que responde há anos e vinha conseguindo travar na justiça local. Boris Johnson tem sofrido seguidas derrotas no Parlamento, o que abalou sua arrogância. Donald Trump é agora alvo de pedido de impeachment por ter telefonado ao presidente da Ucrânia para investigar  Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca, e seu filho que é do conselho de uma empresa de gás ucraniana. Não há evidência de corrupção dos Biden no caso.
Em troca de um possível dossiê para uso eleitoral Trump prometeu favores à Ucrânia, provavelmente em forma de ajuda militar.
Se ficar provado que Trump pressionou um governo estrangeiro para obter vantagem na campanha para reeleição, o escândalo pode evoluir e caracterizar conspiração eleitoral, algo semelhante à interferência de Nixon no Caso Watergate, quando mandou invadir um escritório dos democratas em busca de documentos que pudesse usar nas eleições.

No El País: o neofascismo do governo brasileiro


Em entrevista publicada hoje no El País, com chamada na primeira página, Dilma Rousseff, a presidente deposta pelo golpe jurídico-parlamentar de 2016, reforça um rótulo que cada vez mais a mídia global associa ao governo Bolsonaro: é neofascista.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Ágatha: assassinato social



O assassinato da menina Ágatha, no Rio de Janeiro, domina a mídia social, principalmente, e os demais veículos. A clima é de indignação. Um sentimento que se repete a cada morte de crianças por balas perdidas ou perfeitamente direcionadas. 2019 já contabiliza milhares de mortes durante operações em favelas. Inocentes, suspeitos e PMs são os alvos que avolumam as listas de baixas na política de guerra. O tráfico mesmo pouco se abala, mantém-se, como é público em numerosos inquéritos, à base da sua própria política, a intimidação de moradores e a cooptação de agentes corruptos.

O Rio tem escolhido para todos os níveis uma maioria de políticos afinados com essa guerra sem trincheiras. Contraditoriamente, esses são bem votados nas comunidades pobres. Um fenômeno que é, em si, uma tragédia à parte. Traficantes, milícias, elementos que utilizam a religião como palanque eleitoral e currais políticos assimilados por essas forças controlam eleitoralmente milhões de votos no estado. Esse tipo de voto é o dedo invisível a apertar o gatilho que dispara contra inocentes.

sábado, 21 de setembro de 2019

A internet é folgada. Veja 5 exemplos...

por O. V. Pochê 

Você está no smartphone, clica em um link que interessa e do nada seres digitais se metem onde não foram chamados. Veja alguns exemplos:

* Você clica no X e deleta um anúncio. E aí o Google quer saber porque você não gostou do tal anúncio.

* Em um dia de calor você pesquisa preços de ventilador. Pra quê? Você vai passar uma semana recebendo mensagens sobre ventiladores em oferta.

* Você acaba de almoçar em um restaurante, tranquilão, e o celular dá sinal. Claro, você verifica, pode ser sua mãe reclamando que quase foi atropelada por uma patinete. Que nada. É o restaurante perguntando se você gostou e porque não posta uma foto sobre aquele momento inesquecível.

* Você sai do restaurante depois de finalizar o café com quatro Cointreau, já bambo, chega em casa e dorme no meio da série da Netflix. No dia seguinte, o localizador do Google te diz que você foi a tais e tais lugares, passou na rua tal... Não se pode ter mais amnésia alcoólica em paz.

*  Você está conversando, fala a palavra "futebol" e, de repente, o Google Assistente ouve o que você diz e começa a desenrolar a lista de jogos do dia, inclusive os da terceira divisão.


CNN Brasil: o que tem dentro dessa caixa preta jornalística?

O canal CNN Brasil está em construção desde o ano passado. A data de estreia ainda é um mistério. Fala-se em novembro próximo, outros rumores marcam o lançamento para o começo de 2020. Estará na TV paga e em plataforma digital.

Por enquanto, o que chama atenção são as contratações de apresentadores. Na lista estão Monalisa Perrone, Evaristo Costa, Reinaldo Gottino e William Waack. Este último, assumidamente alinhando com a direita, pode ser a pista de um segundo mistério que envolve a chegada do canal: é neoliberal, é ultradireita, é bolsonarista? É isentão?

A CNN americana vende a licença de uso da marca mas aparentemente não se preocupa muito com o que o adquirente fará dela em termos de linha editorial. Isso significa que o jornalismo da CNN original não necessariamente será espelhado pela franqueada. A CNN turca, por exemplo, é chapa branca e apoia o polêmico Tayyip Erdogan.

Há alguns meses, a Agência Pública publicou uma matéria razoavelmente esclarecedora sobre o dono da CNN Brasil e suas conexões políticas. O DNA está lá à vista. Pode ser um pista. Infelizmente os controladores da CNN Brasil não costumam dar entrevistas. E desde a reportagem da Pública nada mais aprofundado foi publicado sobre o novo canal.

Seu jornalismo é caixa preta ainda.

Veja a reportagem da Pública AQUI

O som ao redor. Olha o nível...


 Nada contra todos os gêneros musicais. Mas é osso a predominância de um só. Também na música popular, a crise está ligada. O quadro acima foi reproduzido de uma matéria do Globo de hoje sobre "as novas medidas do sucesso". À parte o novo mercado, é o som ao redor desses dias. Conclusão? O Brasil precisa de um divã urgente. (Ed Sá)

Profissões em alta no Brasil. Depois não digam que o governo não está criando empregos...

por O.V. Pochê

Especialistas em RH avisam que o Brasil precisa se preparar para o mercado de trabalho do futuro e as novas funções que surgirão. que nada, o Brasil já saiu na frente e abriu novos posto de trabalho. Veja alguns:

* Miliciano - um mercado em alta e que se espalha de norte a sul. Rende muito,  é isento de impostos e não é muito incomodado pelas autoridades.

* Criador de fake news - políticos estão contratando turmas de olho nas eleições do ano que vem.

* Robôs da internet - Ainda no campo promissor de redes sociais, cresce a procura por pessoas que se dedicam a retuitarr fake news ganhando por produção em regime de home office.

* Delator premiado - profissão muito rentável e o mercado tem previsão de alta. Há cases de sucesso. Fala-se que o MPF pode abrir concurso para vagas permanentes.

* Pastor evangélico - outro mercado em expansão. O problema é a concorrência. Em muitas cidades há ruas com cinco franquias de igrejas. A atividade é livre de impostos e não sujeita a Procon, Anvisa e Coaf.

* "Uber" do agrotóxico - Com o governo liberando centenas de novos venenos por mês, a demanda cresce exponencialmente. Aplicativos especializados abrirão milhares de vagas para entregador de defensivos agrícolas aos ruralistas. Fique de olho.

* Filósofo-guia para excursões à Terra Plana - O que começou como uma piada virou um negócio. Incentivados por autoridades do novo governo, brasileiros procuram fazer turismo em locais que provam a teoria. Há excursões marítimas e terrestres, sendo que essas serão feitas de bicicleta obviamente em regiões planas que comprovam a tese. Os guias são filósofos credenciados pelo ministério da Educação.

Gerente de "rachadinha" - Outro posto de trabalho requisitado. Com a popularização e impunidade do sistema usado por políticos para ficar com parte dos salários dos funcionários dos seus gabinetes há alta demanda por coordenadores do fluxo de dinheiro vivo gerado pelo esquema de baixo risco e grande rentabilidade. Não exige experiência nem curso superior.

* Analista de sexo e gênero - O governo está precisando de observadores culturais focados em ocorrências de casos de gênero LGTB, de livros obscenos, objetos suspeitos (caso da mamadeira de piroca), peças teatrais de sacanagem, filmes e exposições de putaria, mulheres com roupas curtas demais provocando estupradores, safadeza em baile funk etc. Será recrutado pessoal para denunciar tais ocorrências. Vagas ilimitadas. Denúncias serão premiadas em dinheiro.

* Desenvolvedor de xingamento - O ministério do Exterior está convocando profissionais criativos para criar memes e redigir ofensas espirituosas ou apenas grosseiras a chefes de Estado, suas mulheres, diretores da ONU, da União Europeia, institutos de clima e meio ambiente, China, críticos de armas para todos, direitos humanos etc.   

O Congresso não é deste planeta...

Reprodução/O Globo, 20/9/2019. Clique 2x na imagem para ampliar

A jornalista Ruth de Aquino (*) comentou no Globo, o projeto que em tempo de crise, e quando se exige dos brasileiros sacrifícios diários, turbina à estratosfera as verbas públicas para os partidos. Pior: "legaliza" o Caixa 2 e abre uma avenida para a lavagem de dinheiro.
O Congresso brasileiro está em plena jornada para as estrelas.

* Ruth de Aquino foi repórter da Manchete nos anos 1970

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Sujou! X-Men decretam o Brasil como o novo vilão mundial

Reprodução/Jamesons
É fato: a imagem do Brasil está no valão global. Mas o mundo não precisava exagerar.

Agora são os X-Men que estão tirando sarro da pátria amada. O Brasil entra nos quadrinhos da House of X#6 - que será lançado nos Estados Unidos em outubro -  como vilão da trama. É o novo inimigo dos Mutantes.

Acontece que Krakoa, país dos Mutantes, reivindicou assento na ONU para se consolidar legitimamente como nação independente e soberana. A maioria dos países votou a favor levando em consideração questões humanitárias. Mas algumas nações autoritárias preferiram acusar questões ideológicas e foram contrárias à admissão de Kakoa usando como pretexto a produção pelos Mutantes de uma droga que poderia curar doenças e melhorar a vida da população. 

Quem votou contra? Brasil, Irã, Coreia do Norte, Letônia e Venezuela, Honduras, Quênia e mais uns poucos países verdadeiros e fictícios.

A notícia que circula nas redes sociais foi publicada no blog Jamesons, de fãs dos X-Men.

Mais informações AQUI

Conselho de Barack Obama: presidentes não deveriam ver TV ou ler mídias sociais.

De Barack Obama em entrevista durante uma conferência de tecnologia em São Francisco, ontem.

* "Presidentes não deveriam assistir TV ou ler mídias sociais". Apenas obscurecem seu julgamento. Essas são duas coisas que eu recomendaria se você fosse presidente, porque isso cria muito barulho e atrapalha seu julgamento".

* "O que você precisa fazer é criar um processo no qual tenha confiança de que quaisquer dados disponíveis foram analisados, classificados e então você poderá ver os principais problemas que serão importantes para sua decisão". 
isco.
* "A ascensão da divisão globalmente - não apenas aqui nos Estados Unidos - e o grau em que nos tornamos mais tribais, mais polarizados, menos dispostos a ouvir um ao outro. Isso antecedeu as mídias sociais - mas as mídias sociais aceleram ".

Obama não mencionou Donald Trump em seus comentários sobre a TV e as mídias sociais. Nem foi necessário. O sucessor de Obama é um espectador viciado em twitter e tem três telas de TV no quarto que costuma ver até a madrugada comendo torrada com pasta de amendoim,  além de vários smartphones. Melania Trump dorme em outra suite e há anos não recebe likes.


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Pacaembu: exemplo de arquitetura art déco, estádio é privatizado às vésperas de comemorar 80 anos.

O Pacaembu com a arquibancada "tobogã" atrás do gol. Reprodução

Com a privatização, os concessionários construirão um edifício no local do "tobogã".
Reprodução/Divulgação 

Originalmente, havia a Concha Acústica, local para espetáculos. A faixa comemorava a conquista
da Copa do Mundo de 1958.  Reprodução.

por Niko Bolontrin 

No ano que vem o Estádio do Pacaembu comemorará 80 anos. Foi inaugurado no dia 27 de abril de 1940. Projetada o final dos anos 1930, a obra adotou o estilo art déco predominante na época. Outra influência visível é a presença de elementos, como as colunatas, semelhantes ao do Estádio Olímpico de Berlim, que havia sediado os Jogos de 1936, incorporados pelo arquiteto Domínio Pacheco em meio ao clima de grandiosidade das obras públicas do Estado Novo de Getúlio Vargas.

No mundo, algumas praças de esporte se destacam como obras art déco: além do Pacaembu e o de Berlim, o Estádio Olímpico de Los Angeles, erguido para os Jogos de 1932, é exemplo marcante. A Itália também preserva alguns estádios no estilo.

O prefeito Bruno Covas, de São Paulo, acaba de assinar a concessão do estádio a uma empresa privada. Estão previstas reformas, modernização e, no lugar da arquibancada conhecida como "tobogã", a construção de um edifício para escritórios, eventos, praça de alimentação etc.

A arquibancada "tobogã" foi inaugurada em 1970 e recebeu muitas críticas por ser um elemento de linhas retas a agredir a harmonia art déco do estádio. Em plena ditadura, os dirigentes não costumam ouvir qualquer voz contrária que fosse e a polêmica arquibancada tomou o lugar da Concha Acústica do Pacaembu, que recebia concertos de música clássica, balé, teatro e comemorações cívicas.

Segundo os concessionários, o novo edifício respeitará o estilo arquitetônico do estádio. Mas há preocupações com as condições imprecisas da privatização. Teme-se, por exemplo, a utilização pelos concessionários do potencial construtivo no local e o respeito ao zoneamento de proteção cultural (o conjunto é tombado) e ambiental.

Trump: nota de 20 dólares para ajudar a combater as queimadas da Amazônia...


Reprodução twitter/Reuters

por O.V. Pochê

A Reuter publicou no twitter, hoje, essa foto de Donald Trump embarcando no Air Force One.

Embora de rotina, a imagem chama a atenção por alguns detalhes: a nota de 20 dólares quase escapando do bolso traseiro e o chuca-chuca de bebê na cabeleira esvoaçante junto com a gravata.

A Casa Branca não informou ser o dinheiro é pessoal, se é verba publica ou se foi recolhido da caixinha de emergências do Salão Oval e ainda não declarado na contabilidade federal.
Também não se sabe se foi um presente discreto de algum amigo da NRA, a poderosa National Rifle Association que ele tanto apoia.

Pode ser também uma ajuda para combater as queimadas da Amazônia, reforço que o presidente americano está levando para seu tiete Jair Bolsonaro caso este apareça na ONU. 

O resto é mistério.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Mídia: revolução digital e democracia


Em entrevista para a GaúchaZH, o jornalista Rosental Calmon Alves fala sobre democracia e revolução digital, o chamado jornalismo declaratório e a consequências do jornalismo neutro. Seguem-se dois trechos da entrevista que você pode acessar no link abaixo.
GaúchaZH - Estamos na era da pós-verdade: o compromisso em discutir com base em fatos não é mais um pressuposto. O terreno é fértil para fake news. O que fazer?
Rosental Calmon Alves - Não gosto muito da expressão "era da pós-verdade", porque é como se a "era da verdade" tivesse sido encerrada. Na realidade, estamos na era dos ataques à verdade ou de assalto à verdade, que ocorre graças a um dos aspectos mais importantes da revolução digital: a democratização da informação. Um dos privilégios que os meios de comunicação tinha era deter quase que o monopólio da distribuição de informações. Isso foi rompido, o que empoderou as pessoas e organizações da sociedade civil a terem algumas dessas habilidades. Para nós, veteranos na revolução digital, essa mudança nos dava um grande otimismo sobre o futuro. Sonhávamos que isso fortaleceria a democracia, que as pessoas seriam mais bem informadas. Mas o sonho virou pesadelo. Não pensávamos que os maus seriam mais eficientes e rápidos do que os bons em aproveitar as características desse novo ecossistema. Chamo de maus aqueles que têm usado a tecnologia para manipular informação, influenciar as eleições e o pensamento político, levando a essa polarização que vemos ao redor do globo.

GaúchaZH - Por definição, o que governantes dizem é notícia ou tem potencial de ser. Mas como lidar com a profusão de declarações de políticos sem base em fatos e na ciência? A imprensa deveria deixar de reportar?

Rosental Calmon Alves - A imprensa não pode usar a mesma metodologia de avaliação do que é notícia que usava no mundo anterior. De maneira geral, na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, vemos que a maior parte da imprensa continua usando esse critério. Em uma situação de assalto à verdade como vemos hoje, o jornalismo feito simplesmente com a mesma neutralidade anterior torna-se um amplificador das mentiras, falsidades que os news makers (pessoas que a imprensa acompanha) tentam levar à população. Sabe-se que muitos leitores não passam da manchete e do primeiro parágrafo da notícia. Se você simplesmente dá uma manchete que reproduz uma falsidade que um poderoso disse, não importa que, no quinto parágrafo, você diga que ele se contradiz. Você já ajudou a espalhar a mentira. O jornalismo é dinâmico e precisa mudar com a criação desse novo ambiente midiático. Deve tomar medidas de precaução para não ser só uma correia de transmissão de mentiras.
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NO SITE DA GAÚCHAZH, CLIQUE AQUI


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O brado retumbante da censura



Na ditadura a tesoura tinha assinatura e carimbo do Divisão de Censura de Diversões Públicas. Era o autoritarismo explícito que o Brasil imaginava ter eliminado. Bolsonaro e dos seus adeptos em vários níveis de governo instituíram a censura dissimulada em total desprezo pela Constituição. O cinema tem sido um alvo preferencial. Pelo menos dois filmes são vítimas dos neofascistas de Brasília. "Marighella", dirigido por Wagner Moura, está em exibição em vários países mas teve sua estréia suspensa no Brasil. O filme conta a história do guerrilheiro que lutou contra a ditadura. "Chico, artista brasileiro", que deveria participar da mostra Cine de Brasil 2019, no Uruguai, segundo noticia a Revista Fórum, mas telefonema de "uma mulher que falou em nome do ministro das Relações Exteriores do Brasil" obrigou o exibidor a cancelar a participação do filme de Miguel Faria.
Os tempos sombrios estão de volta.

Memória da redação: Há 50 anos, a cobertura do sequestro do embaixador americano pelos guerrilheiros da ALN

Charles Burke Elbrick na Fatos & Fotos, Setembro de 1969

A página dupla de abertura da reportagem. 

O Fusca dos sequestradores fechou o Cadillac de Charles Elbrick na rua Marques, em Botafogo. 

Outro Fusca , um táxi, devolveu Elbrick três dias depois à rua São Clemente, onde morava. 

Operação militar para prisão dos guerrilheiros. E a casa onde Elbrick foi mantido em cativeiro,
na Rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido. 
Na Base Aérea do Galeão, treze dos 15 presos políticos libertados, entre os quais Luiz Travassos, Vladimir Palmeira, José Dirceu, Flávio Tavares, Maria Augusta Ribeiro, Outros dois embarcaram em Recife, Gregório Bezerra e Mário Zanconato. 

Gregório Bezerra, que sofria bárbaras torturas na prisão, chega ao México. 

A edição 451 da Fatos & Fotos trazia na capa o embaixador americano Charles Elbrick fotografado no momento em que chegava em casa na Rua São Clemente, no Rio, depois de passar 75 horas em poder de guerrilheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Ele havia sido sequestrado na noite de 4 de setembro de 1969. Foi libertado após a ditadura concordar com as duas exigências dos sequestradores: divulgar na imprensa um manifesto que justificava a ação e soltar 15 presos políticos que eram vítimas de torturas diárias e levá-los ao exílio do México.

Fatos & Fotos cobriu o passo a passo da ação da ALN realizada por um grupo de 15 guerrilheiros entre os quais Manoel Cyrillo, Cid Queiroz Benjamin, Vera Magalhães, Franklin Martins, Fernando Gabeira e Joaquim Câmara Ferreira.

O prédio da Manchete, em 1969. No canteiro em frente, no interior de uma escultura de Bruno Giorgi (à esq. do Fusca vermelho) os guerrilheiros deixaram
bilhete com instruções para as negociações. 

O embaixador foi devolvido ileso, à exceção da coronhada que sofreu, razão do band-aid que exibia na foto. Infelizmente, como era comum na época, o crédito da intensa cobertura da Fatos & Fotos foi registrado à "Equipe", não é possível identificar repórteres e fotógrafos envolvidos. A Bloch foi, ainda, uma coadjuvante involuntária da notícia: um dos bilhetes dirigido às autoridades contendo as instruções para a devolução do embaixador tão logo as exigências fossem aceitas foi deixado no canteiro em frente ao Edifício Manchete, na Rua do Russell, então recém-inaugurado.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Censura: o ataque histérico dos Odoricos Paraguaçus da vida real

O ataque censório do prefeito-"bispo" Crivella à Bienal do Livro do Rio de Janeiro foi felizmente rebatido pela Justiça, pela opinião pública que se manifestou com ênfase nas redes sociais e pelos cariocas que compareceram em peso ao Riocentro em evidente demonstração de repúdio à ofensiva contra a cultura e contra a Constituição.

Mas é preciso destacar no episódios dois absurdos

- Um prefeito e um governador (em outro caso, em São Paulo, João Dória mandou recolher arbitrariamente uma apostila escolar. A Justiça também corrigiu o rompante de autoritarismo) simplesmente têm um ataque de talibanismo e decidem como se Odoricos Paraguaçu fossem. Se essa moda se espalha, a cultura fica a depender de qualquer boçal do executivo. Um cidadão que se sinta ofendido por qualquer forma de arte ou de comunicação pode se queixar ao Ministério Público, as autoridades nervosinhas ou preocupadas com eleições devem fazer o mesmo.

- Outro fato sempre chocante mas típico do atual governo: presidente e ministros ficaram em absoluto silêncio diante da ofensiva censória. Não apenas nos dois casos recentes, mas em episódios semelhantes que atingiram espetáculos, exposições, livros e filmes. Obviamente porque concordam. 

Marie Claire inglesa: fim de linha para a edição impressa

por Clara S. Britto

Em 2000, reportagem premiada
por denunciar o drama das mulheres
na guerra no Congo.
A edição impressa da britânica Marie Claire pede desculpas e sai de cena. Em um ano, a tiragem caiu quase 40% e os editores decidiram concentrar esforços na versão digital.

Foram 31 anos nas bancas. O novo site estará integrado a uma plataforma de compras operada por parceiros varejistas.

A revista marcou época - ganhou prêmios da Anistia Internacional por matérias como uma que denunciava o estupro como arma de guerra no Congo -  mas carrega uma marca negativa: demitiu uma editora, a jornalista Liz Jones, que se recusou a usar modelo bulímicos nas produções de moda da revista.

Tá russa! Ekaterina Dorozhko, namorada do atacante Luiz Adriano, é a nova musa da torcida do Palmeiras

Ekaterina Dorozhko, namorada do atacante Luiz Adriano é...

...a musa do Palmeiras. Fotos Reprodução Instagram
A russa fez sucesso no Allianz Parque.
Foto Reprodução Instagram


Luiz Adriano, o goleador do Palmeiras.
Foto Cesar Greco/
Ag. Palmeiras/Divulgação
por Niko Bolontrin

No jogo Palmeiras 3 x 0 Fluminense ninguém contesta que o atacante Luiz Adriano foi o grande destaque, deixando seu hat-trick nas redes tricolores.

Mas nas arquibancadas do Allianz Parque despontou uma atração à parte: a namorada do centroavante, que jogou no Spartak, de Moscou, a modelo russa Ekaterina Dorozhko, 23, chamava atenção.

E não era para menos.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Concurso Wildlife Photographer of the Year 2019: concorrentes flagram o embate da vida selvagem contra a vida moderna

Foto de Jason Bantle

Foto de Matthew Ware

No dia 15 de outubro, o Museu de História Natural de Londres anunciará os vencedores da 55ª edição do Wildlife Photographer of the Year 2019. São mais de 40 mil fotógrafos em competição. Muitas fotos mostram cenas da vida selvagem contaminada por elementos modernos. Como uma imagem de Jason Bantle de uma guaxinim que mora em um Ford abandonado nos anos 1970. Ou de uma tartaruga que chegou à praia presa a uma cadeira de praia largada no mar (foto de Matthew Ware).

VOCÊ PODE VER MAIS FOTOS NO SITE da PREMIAÇÃO, AQUI


terça-feira, 10 de setembro de 2019

Para o porta voz do clã Bolsonaro, o que atrapalha o governo é a democracia

por Flávio Sépia

Alguns estão chocados com essa declaração de Carlos Bolsonaro.

"Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos".

Chocados porque querem. 

Bolsonano e suas facções não escondem desde as manifestações de rua que querem a volta da ditadura. Para eles, as instituições, mesmo aquelas já cooptadas. atrapalham. Outro rebento do clã já disse que "bastam um cabo e um soldado para fechar o SFF". Elogios a torturadores e ditadores brasileiros e ao corrupto e sanguinário Pinochet são rotina. Intervenções na PGR, no próprio STF, na PF, no Coaf têm sido recorrentes. A censura velada ou explícita ameaça, livros, filmes, peças, exposições e até debates em universidades.

O governo de ultra direita passou a receber críticas mais fortes até dos jornais conservadores. Apenas, diga-se, nos casos de medidas que atingem "costumes" e diante de frequentes declarações agressivas  de Bolsonaro sobre chefes de Estado.  No mais, apoiam integralmente a política econômica, as reformas, os cortes de verba e as privatizações em massa. Nessa linha de critico-ali e apoio-aqui um colunista, recentemente, apontou os erros de Bolsonaro, mas exaltou Paulo Guedes e Sérgio Moro, apesar de todos fazerem parte de um mesmo e coeso governo..

Não dá para ficar em cima desse muro. Todos jogam no mesmo time.

Alguém poderia falar do governo da Alemanha Nazista desancando Hitler e elogiando seu "núcleo duro", Goebbels, Himmler, Speer e Goering?

Futebol - Porque os europeus tomaram a bola do jogo e, tudo indica, não vão devolver

por Niko Bolontrin

Se você estiver vendo os jogos das Eliminatórias da Eurocopa e, ao mesmo tempo, conferindo os amistosos entre seleções sul-americanas, terá muito a observar e comparar.

Conforme-se, um antigo trio de excelência do futebol - Brasil, Argentina e Uruguai - caiu para a  Segundona mundial, ao lado das demais seleções do continente.

O futebol sul-americano ainda produz craques, mas os envia cedo para a Europa. Os times europeus se valorizaram tremendamente, principalmente nas duas últimas décadas, e construíram uma potência financeira. E os milhões de euros resultaram em poder político. A UEFA, hoje, desafia a Fifa. Com o apoio da entidade, redesenhou o calendário. As chamadas "datas Fifa", que eram a oportunidade para os sul-americanos enfrentarem em amistosos as melhores seleções da Europa foram ocupadas por torneios fechados do Velho Continente. Atualmente, além dos jogos classificatórios e da Eurocopa em si, foi criada a Liga das Nações, que preenche as datas que sobraram. Em consequência, uma seleção com a do Brasil tem que se contentar em enfrentar adversários menos qualificados. O mesmo vale para Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia etc.

Seleções europeias ganharam as últimas quatro Copas do Mundo, uma sequência que jamais aconteceu desde o primeiro mundial em 1930. Aliás, apenas uma vez eles ganharam duas Copas seguidas. Foi com a Itália em 34 e 38. Depois disso, Uruguai, Brasil e Argentina sempre interromperam o domínio, até 2002, ultimo ano em que uma seleção sul-americana venceu um mundial. No caso, o Brasil.

A transferência para a Europa de craques formados e, cada vez mais, promessas de craques, também afeta a qualidade do futebol sul-americano, especialmente nas suas características individuais, o drible, o improviso, a criatividade. Ao trabalhar com os jovens que recebem nos times, como Vinicius, Jesus, Paquetá e outros, os treinadores europeus costumam falar que a primeira etapa, antes que garantam vagas de titulares, é a "adaptação".  Essa reciclagem nada mais é do que encaixá-los no atual padrão do futebol dominante, que reduz, ou inibe, as opções por jogadas individuais. Isso fica claro no estilo dos nossos "estrangeiros" quando atuam na seleção brasileira. Quer um simples exemplo? Jogador em condição de finalizar prefere, não raro, transformar a última bola em mais um passe, às vezes para um companheiro em posição menos favorável para um chute a gol.  Aconteceu  mais de uma vez no recente Brasil 2X2 Colômbia. Passes laterais e em profundidade, tempo de posse de bola e marcação alta são fundamentos do novo futebol em detrimento da maioria das iniciativas individuais. Um Maradona que hoje pegasse a bola e corresse por 55 metros driblando adversários em fila irritaria treinadores. Pelo menos, até que se surpreendessem com a bola dentro do gol.

As seleções sul-americanas estão aos poucos abrindo mão dos seus estilos sem, ao contrário do que os teóricos do futebol esperavam, assimilar o jogo europeu, até por, evidente, falta de tempo para treinar.

Um tempo que, segundo os poderes da Fifa e da UEFA e as restriçoes do novo calendário, não mais terão.
  

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Fotomemória da redação: "Não esquece o Maverick".

Equipe Manchete na Copa de 1978 e o Maverick - obtido por permuta com a Ford - e que tinha espaço recomendado em matérias com direito a registro da equipe. Na foto em Mar del Plata aparecem Gil Pinheiro, Ney Bianchi, Gervásio Baptista, Tarlis Batista e Frederico Mendes.  
Nesta foto, Éldio Macedo, Gil Pinheiro, Ney Bianchi, David Klajmic, Gervásio Baptista, Frederico Mendesce Tarlis Batista e onipresente Maverick.

por Ed Sá

Com a Copa do Mundo de 1978 sediada na Argentina, bem ao lado, a Manchete enviou uma equipe mais numerosa. E com maior apoio logístico. Uma permuta comercial com a Ford garantiu carros à disposição dos jornalistas, repórteres fotográficos e diretor de publicidade.
Em meio às pautas esportivas usuais, os editores da Manchete e da Fatos & Fotos devem ter repetido várias vezes, por telefone, do Rio, uma instrução importantíssima: "Não esqueçam de fotografar o Maverick".
E assim foi feito. O Brasil perdeu a Copa, a Argentina, que vivia uma das épocas mais dramáticas da sua história - uma ditadura sanguinária - levou a taça, mas o carro que a Ford fabricou no Brasil até 1979 apareceu na revista mais do que muito jogador.

domingo, 8 de setembro de 2019

Já pensou nessa pergunta essencial? Quando o Brasil começou a não dar certo? Essa capa da Manchete pode ser uma pista


por O.V.Pochê

Os institutos de pesquisa jamais fizeram a pergunta essencial: quando o Brasil começou a não dar certo?

Quando Cabral desembarcou? Quando a família imperial chegou ao Rio de Janeiro? Quando Deodoro proclamou a República? Quando Getúlio saiu da vida para entrar na história? Quando Jânio foi eleito? Quando militares fizeram a "revolução" de 64? Quando inventaram o axé?  Ou quando a música sertaneja se tornou a trilha sonora do país que já foi da bossa nova? Quando o "bispo" Macedo escreveu sua biografia? A eleição de Bolsonaro? Essa não ajuda, é mais um complicador na escolha.

Difícil responder à pergunta. .

Melhor ficar com uma capa representativa da Manchete, em 1992: Chico Anysio e Zélia Cardoso de Mello.

Essa capa e esse encontro sentimental tão inesperado de figuras nacionais deve significar alguma coisa. O humorista e a ministra que entrou para a posteridade ao confiscar a poupança de milhões de brasileiros.

Carlos Heitor Cony contava um caso que cabe nesse post. Nos anos 60, intelectuais se reuniam em um casarão da rua das Palmeiras, em Botafogo, para discutir a "conjuntura". O Brasil estava no escuro e não havia qualquer indicação luminosa da porta de saída. O debate lançava todo tipo de ideia para a possível solução do impasse institucional. Lá pela madrugada - contava Cony - levanta-se um idoso, voz trêmula, e faz sua única e última intervenção: "Temo que não dê certo".

Essa frase deveria estar na bandeira do Brasil no lugar do insípido "ordem e progresso".

Ou, pelo menos, na chamada de capa da Manchete.

Amazônia ainda na mídia internacional e a gangue das queimadas acima da lei




A mídia internacional enviou equipes para testemunhar no próprio local a destruição da amazônio pelo fogo de fazendeiros, posseiros e garimpeiros. A mídia brasileira aos poucos reduz espaço para o assunto. Nessa semana, apenas a revista Época destaca o problema que persiste e focaliza a gangue que incendeia a mata. Segundo os ambientalistas, setembro é o mês onde tradicionalmente ocorrem mais focos de queimadas. A ver se a mídia nacional vai agir como extintora ou denuncia

Brasil de joelhos: a teocracia avança

por Flávio Sépia 
A censura avança em desafio aberto à Constituição. Episódios de restrição da liberdade começam a se tornar perigosa rotina, como a ofensiva contra a Bienal do Livro, exposições de arte, peças teatrais e obras didáticas.

A maioria dessas iniciativas autoritárias é movida pelo fundamentalismo religioso. Não se trata aqui de criticar uma denominação. A mesma Constituição que os fanáticos desrespeitam assegura a todos o direitos de exercer a fé que lhes aprouver.

Criticar censura, perseguições a cultos afro, apropriação de verbas públicas, ocupação de funções publicas e a contaminação de parte da Justiça em desafio à laicidade constitucional do Estado não têm a ver com fé. Trata-se de denunciar projeto político de dominação e opressão, de imposição de preceitos, de sufocamento das liberdades individuais em nome de uma lucrativa indústria de altos faturamentos e altamente subsidiada por favores dos governos e que mira um domínio político partidário sobre todos os brasileiros.

Nos últimos 20 anos vários partidos, tanto conservadores quanto social democratas ou de esquerda, de olho em votos fáceis, colaboraram para a ascensão desse complexo político-industrial-religioso, que espalha influências sobre todos os aspectos da vida do país, com digitais no golpe que derrubou Dilma Rousseff, na supressão de direitos dos mais carentes e no desmonte de leis de proteção dos trabalhadores, casos das reforma da Previdência e trabalhistas. O agravamento da distribuição de renda e consequente aumento da pobreza favorecem à máquina partidária da fé. O desprezo ao meio ambiente e a liberação de armas também estão entre suas bandeiras políticas.

O Brasil paga caro por ter estimulado a serpente a sair do ovo. E, mais uma vez, não se trata de religião mas de lucro, política e poder.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Janir de Hollanda: uma vida dedicada ao jornalismo

Janir de Hollanda, em 1995, em Moscou, quando fez matérias para a Manchete
sobre a Rússia e os desafios do pós-comunismo. 
Janir de Hollanda foi um dos tripulantes da "nave louca" da Rua do Russell. Em épocas diversas, revistas como Amiga, Mulher de Hoje, Conecta e Manchete levaram sua marca.

Esta foto é de 1982. A revista Manchete comemorava
30 anos. Janir de Hollanda, Roberto Muggiati, Lincoln Martins, Edson Pinto,
Roberto Barreira, Daisy Prétola e Gervásio Baptista. Na primeira fila: Marília Campos,
Justino Martins, Vera Gertel, José Resende Peres e Thereza Jorge.
Os anos 1990 não foram fáceis para quem dirigia publicações da Bloch. Além dos desafios crescentes do mercado, cada jornalista enfrentava a instabilidade de uma editora em crise. A incerteza passeava nos corredores da redação enquanto as equipes se debruçavam sobre exaustivos fechamentos.

Ao longo da sua carreira, Janir lançou vários produtos jornalísticos visando nichos do mercado. Era atento aos novos caminhos. Os anos difíceis não abalaram essa sua característica. Mesmo em meio àquela década criou a Conecta, revista especializada no universo digital e esteve à frente da Manchete on line, que tentou inserir a marca em um novo tempo.

Em um texto que escreveu há alguns anos, Janir analisou o impacto da internet na atividade a que tanto se dedicou. "O grande desafio para figurões e figurinhas da mídia é entender e se aproveitar da grande revolução que está em marcha. O futuro não é o de jornais e revistas de hoje embrulhados em formato digital. O que está em gestação é uma nova forma de fazer jornalismo. Uma mesma história poderá ser contada de diferentes maneiras, usando áudio, vídeo e texto, uma nova especialização para as futuras gerações de jornalistas. É possível até que esta revolução bote no lixo um dos mais importantes cânones da construção da notícia, as cinco perguntas que formam a estrutura do texto jornalístico: quem, quando, como, onde e por quê. No espaço limitado do papel ou do tempo no rádio e na tv, essas perguntas botaram ordem na casa do jornalismo. Mas na internet, na qual cada internauta é um editor em potencial e onde viceja um novo idioma, o internetês, o mínimo que se pode esperar é que uma nova pergunta seja acrescentada às cinco consagradas: pra quê?
A morte anunciada de revistas e jornais impressos, sob a avalancha da internet, beira o catastrofismo. Em todo caso, de que a coisa está feia ninguém dúvida".

Quase na reta final da Bloch, editou a Manchete na versão tradicional. O fim da editora o levou à Ediouro e, depois, às alternativas que a crise do modelo jornalístico impôs a muitos profissionais. Escreveu livros e criou revistas corporativas.

Até há poucos dias, Janir trabalhava em um novo projeto. Um infarto o atingiu ontem enquanto estava estava envolvido na seleção de fotos, edição e textos para um livro ilustrado sobre a história do Circo. Foi o ponto final da sua intensa e múltipla trajetória.