Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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domingo, 8 de setembro de 2019
Já pensou nessa pergunta essencial? Quando o Brasil começou a não dar certo? Essa capa da Manchete pode ser uma pista
por O.V.Pochê
Os institutos de pesquisa jamais fizeram a pergunta essencial: quando o Brasil começou a não dar certo?
Quando Cabral desembarcou? Quando a família imperial chegou ao Rio de Janeiro? Quando Deodoro proclamou a República? Quando Getúlio saiu da vida para entrar na história? Quando Jânio foi eleito? Quando militares fizeram a "revolução" de 64? Quando inventaram o axé? Ou quando a música sertaneja se tornou a trilha sonora do país que já foi da bossa nova? Quando o "bispo" Macedo escreveu sua biografia? A eleição de Bolsonaro? Essa não ajuda, é mais um complicador na escolha.
Difícil responder à pergunta. .
Melhor ficar com uma capa representativa da Manchete, em 1992: Chico Anysio e Zélia Cardoso de Mello.
Essa capa e esse encontro sentimental tão inesperado de figuras nacionais deve significar alguma coisa. O humorista e a ministra que entrou para a posteridade ao confiscar a poupança de milhões de brasileiros.
Carlos Heitor Cony contava um caso que cabe nesse post. Nos anos 60, intelectuais se reuniam em um casarão da rua das Palmeiras, em Botafogo, para discutir a "conjuntura". O Brasil estava no escuro e não havia qualquer indicação luminosa da porta de saída. O debate lançava todo tipo de ideia para a possível solução do impasse institucional. Lá pela madrugada - contava Cony - levanta-se um idoso, voz trêmula, e faz sua única e última intervenção: "Temo que não dê certo".
Essa frase deveria estar na bandeira do Brasil no lugar do insípido "ordem e progresso".
Ou, pelo menos, na chamada de capa da Manchete.
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Gargalhadas na escuridão! Fachin nega quebra de sigilo de Temer
Brasília está em festa. O clima era de final de Copa com o Brasil hexa goleando a Alemanha por 7 x 1. Mas não se ouvia grito de gol.
A explosão de alegria em gabinetes do Planalto, corredores do Congresso, ministérios, salas de altos executivos de grandes corporações, empreiteiras, doleiros, operadores, diretórios de partidos, igrejas, Ongs, decoradores de mansões, nas salas vip do aeroporto, nas suítes das garotas e garotos de programa, nos caixas de publicidade da velha mídia, no Mercado e no Porto de Santos, entre outros setores, comemorava a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, de negar a quebra de sigilo telefônico do ilegítimo Michel Temer, investigado por corrupção.
Foi difícil achar a notícia no Globo de hoje, na página seis, sem chamada de capa e com Temer citado em segundo plano. |
Dizem que o trânsito chegou a parar por alguns minutos na avenida em frente ao Planalto. Não, não era manifestação de paneleiros, nem multidões envergando a camisa da CBF. Motoristas se assustaram com barulhos que lembravam tiroteios e balas perdidas. Uma passante avisou que eram apenas rolhas de champanhe estourando alguns andares acima lembrando réveillons inesquecíveis.
Ano novo, vida nova, Brasil novo. Tem que manter isso, viu?
terça-feira, 28 de março de 2017
Sapabonde do vôlei faz "ace" contra o preconceito...
por Clara S. Britto
Repercute na rede social postagem da jogadora de vôlei Naiane Rios. Ela protesta com humor contra o preconceito da "família tradicional brasileira". A atleta publicou uma foto ao lado da namorada Ana Antonine e do casal Carol Gattaz e Ariele, também jogadoras. "Vem pro sapabonde" é o chamado. Um saque certeiro a favor da diversidade.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Surreal! Manchete inventou a capa da meme pronta...
O papagaio ilustrou reportagem sobre "bichos que choram". |
Afinal, uma atriz. Maria Della Costa na capa. Pena que quase a soterraram com uma montanha de flores. |
Reportagem sobre o Mosteiro de São Bento rendeu essa estranha capa: dois religiosos, de mãos dadas diante de um altar. A capa podia ser inocente, mas o efeito foi pro lado oposto. |
A intenção era fazer da modelo uma margarida. Ficou parecendo um ovo estrelado. Dizem que Adolpho Bloch proibia capas de mulheres com chapéus. Deve ter sido após a experiência acima. |
Uma das primeiras capas de praia. Levaria muitos anos até uma musa como Rose Di Primo chegar a uma capa de verão. |
Danuza Leão posou para matéria de moda sobre noivas. E virou a cara, sabe-se lá porque. |
Nos seus primeiros números ao longo de 1952, a Manchete (que comemoraria 65 anos no próximo mês de abril) tinha foco editorial tão indefinido que algumas das suas capas já saíam com a meme pronta. Embora memes não estivessem nem no radar da melhor ficção científica.
Geralmente, revistas que se lançam vão sendo sintonizadas aos poucos. Não há exemplos de um projeto que não sofra adaptação e não tenha que se ajustar ao seu público-leitor edição a edição.
Mas a Manchete dos primórdios parecia atirar para todos os lados, com um certo toque de surrealismo.
Quem, em estado de sobriedade, faria uma matéria sobre a Academia Brasileira de Letras e poria na capa apenas um fardão em um cabide? Ou escolheria como assunto de capa da semana uma reportagem sobre bichos que choram ilustrada por um papagaio de perfil? Ou um especial de moda para noivas com uma chamada no quadro superior, ao lado do logotipo: "300 abortos por dia"? Ou uma matéria sobre a vida no Mosteiro de São Bento com dois religiosos placidamente de mãos dadas, e de costas à frente de um altar?
Se involuntário ou não, o fato é que havia um certo humor nas capas-memes dessa fase surreal da Manchete.
Hoje, seriam candidatas a viralizar e quebrar a internet.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Trump é o homem do ano da revista Time. Mas o diretor de arte fez seu protesto sutil na capa... Observe que o M virou o chifre do demo...
por Ed Sã
A Time aponta Donald Trump como "homem do Ano, Nada demais. A revista já elegeu Adolf Hitler como a personalidade de 1938.
O empreiteiro está na capa dessa semana. Só que o diretor de arte fez uma pequena sacanagem e plantou um par de chifres acima da testa da demoníaca figura. O detalhe não passou despercebido das redes sociais.
Se Trump vai detonar a bomba A sobre a China, se vai invadir Cuba, se vai lançar gás paralisante na Coréia do Norte, se vai instalar tornozeleira eletrônica em todos os mexicanos, nada disso está confirmado. O que é certo é que o futuro presidente dos States fará a festa dos humoristas e caricaturistas.
E, aí sim, ele poderá acionar os marines contra a rapaziada. Trump já dá sinais de que não vê como humor as gozações com a sua exótica figura nem com as suas correspondentes ideias. Tem reclamando tanto que até parece intimidação.
Nas últimas semanas, ele tem deixado de lado as ocupações da transição do governo para se preocupar com o programa Saturday Night Live, no qual o ator Alec Baldwin faz uma imitação que tem divertido a audiência.
Está tudo lá, incluindo a franja e o biquinho.
O programa está até dando uma folga ao roteirista do quadro. Segundo Baldwin, Trump é roteirista de sua própria série. "Todo o material que usamos, foi ele mesmo que nos deu”, diz ele.
E, para finalizar: a propósito de Trump agora fazer parte da galeria de personalidades do ano da revista, ao lado de Hitler, vale lembrar que, segundo o escritor e pesquisador John Lukacs, que escreveu o livro "Churchill X Hitler", o líder nazista tinha um "medo mórbido" de ser ridiculizado.
Há relatos de que ele chegou a assistir ao filme "O Grande Ditador", a genial sátira de Charles Chaplin e teria gostado apenas de ver Mussolini retratado com de baixa estatura. Isso não o impediu de determinar ao Partido Nazista agisse para proibir o filme, que só foi exibido na Alemanha em 1958.
Como Trump, Hitler era o autor do seu próprio roteiro. Nem Chaplin criou aquele ridículo bigodinho, nem o Saturday Night Live é o autor da bizarra franja do presidente eleito dos Divided States.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Pai trola filha para criticar as selfies sensuais da menina...
Reproduções Instagram |
por Clara S. Britto
Cansado de pedir à filha Cassie, de 19 anos, que parasse de postar selfies sensuais no Instagram, o pai da menina, Chris, que trabalha no controle de estoques de uma loja e, nas horas vagas, ganha uns trocados como comediante em eventos comunitários, partiu para a gozação e recriou poses da filha.
O caso chamou a atenção da revista US Weekly, que entrevistou a ambos.
Na rede, Chris foi chamado de idiota por outros pais, mas ganhou apoio da maioria.
Cassie achou engraçada a tática do pai para criticar suas selfies, mas não se comprometeu a mudar seu estilo.
sábado, 15 de outubro de 2016
terça-feira, 1 de março de 2016
"Ateu e defensor do Estado laico, Fabio Porchat é bomba-relógio na Record"
por Daniel Castro (do Notícias da TV)
Fabio Porchat dava entrevistas ontem (29), logo após ser apresentando como novo contratado da Record, dizendo que terá total liberdade, que poderá fazer anedota da Igreja Universal e entrevistar líderes católicos. Piada pronta. Há um ano, Xuxa também chegou à Record dizendo que teria total liberdade. Como se sabe, desde outubro seu programa é gravado para que ela não fale bobagens no ar e não constranja os bispos da Universal. Em 2009, Gugu Liberato também disse que poderia levar o padre Marcelo Rossi ao seu cenário. Isso nunca aconteceu.
Porchat é humorista, vive de fazer piadas. Foi contratado para comandar um talk show, formato em que terá que fazer entrevistas e... piadas. Ele poderá até fazer uma ou outra gracinha sobre a Igreja Universal, mas logo terá suas asas cortadas. Quem manda na Record é o bispo Edir Macedo, líder da Universal. Humor não é o forte de Macedo, principalmente quando sua fé é confrontada.
Fabio Porchat é uma bomba-relógio na Record. Essa bomba vai explodir no momento em que ele, à frente de um programa essencialmente opinativo, revelar sua principal bandeira política: a defesa de um Estado laico. Ateu, Porchat é contrário à ocupação de cargos públicos por bispos, pastores, padres, pais-de-santo, enfim, por religiosos. Seu princípio bate de frente com o grande projeto da Igreja Universal, que é alcançar o poder, tanto que ela comanda um partido político, o PRB. O novo contratado da Record, por princípio, não admite que Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho de Macedo, seja senador da República.
Quem acompanha Porchat pelas redes sociais ou lê sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo sabe disso. No Facebook, na semana passada, ele divulgou uma petição online "pelo fim das candidaturas de líderes religiosos para cargos políticos ou públicos", porque "uma bancada, com clara intenção de instaurar uma teocracia no país, vem sorrateiramente se infiltrando em todas as instâncias de poder".
No Estadão do último dia 21, Porchat foi contundente na defesa da laicidade do Estado. "O futuro de um país laico não pode depender das decisões de um cidadão não laico. Você pode crer no que você quiser, mas a partir do momento em que prega 'a palavra', digamos assim, está dizendo ao mundo que sua vida é regida por aquela crença, logo, você não consegue separar uma coisa da outra", escreveu. "Não poderíamos ter no governo alguém com título religioso, porque essa pessoa, antes de me defender, defenderia a sua crença, ou os praticantes daquela crença", acrescentou.
A opinião de Porchat é bem estruturada, tem fundamentos filosóficos profundos. "A religião é uma trava para muitas conversas que precisamos ter para evoluirmos como sociedade. Se alguns querem ficar presos a um livro escrito há quase dois mil anos, que fiquem, mas não me arrastem junto. Alguns dirão que evangélicos, judeus, católicos, enfim, também precisam de alguém que defenda seus direitos. Discordo. Antes de ser umbandista, muçulmano ou espírita, você é uma pessoa, portanto precisa de alguém que defenda o direito das pessoas. Independentemente de sua fé".
Porchat, logo em seu primeiro dia de Record, já demonstrou que será difícil de ser domado. Disse que que, se tudo der errado, ela paga a multa rescisória e vai embora, como fez José Luiz Datena em 2011, mas que não será um Britto Jr., preso a um contrato que permite que a emissora o tire do ar quando bem entender. Constrangido, o vice-presidente artístico da Record, bispo Marcelo Silva, teve que, diante dos jornalistas, afirmar que a fala de Porchat não era a fala da Record.
Anota aí: o bispo terá que dizer isso mais vezes.
Fabio Porchat dava entrevistas ontem (29), logo após ser apresentando como novo contratado da Record, dizendo que terá total liberdade, que poderá fazer anedota da Igreja Universal e entrevistar líderes católicos. Piada pronta. Há um ano, Xuxa também chegou à Record dizendo que teria total liberdade. Como se sabe, desde outubro seu programa é gravado para que ela não fale bobagens no ar e não constranja os bispos da Universal. Em 2009, Gugu Liberato também disse que poderia levar o padre Marcelo Rossi ao seu cenário. Isso nunca aconteceu.
Porchat é humorista, vive de fazer piadas. Foi contratado para comandar um talk show, formato em que terá que fazer entrevistas e... piadas. Ele poderá até fazer uma ou outra gracinha sobre a Igreja Universal, mas logo terá suas asas cortadas. Quem manda na Record é o bispo Edir Macedo, líder da Universal. Humor não é o forte de Macedo, principalmente quando sua fé é confrontada.
Fabio Porchat é uma bomba-relógio na Record. Essa bomba vai explodir no momento em que ele, à frente de um programa essencialmente opinativo, revelar sua principal bandeira política: a defesa de um Estado laico. Ateu, Porchat é contrário à ocupação de cargos públicos por bispos, pastores, padres, pais-de-santo, enfim, por religiosos. Seu princípio bate de frente com o grande projeto da Igreja Universal, que é alcançar o poder, tanto que ela comanda um partido político, o PRB. O novo contratado da Record, por princípio, não admite que Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho de Macedo, seja senador da República.
Quem acompanha Porchat pelas redes sociais ou lê sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo sabe disso. No Facebook, na semana passada, ele divulgou uma petição online "pelo fim das candidaturas de líderes religiosos para cargos políticos ou públicos", porque "uma bancada, com clara intenção de instaurar uma teocracia no país, vem sorrateiramente se infiltrando em todas as instâncias de poder".
No Estadão do último dia 21, Porchat foi contundente na defesa da laicidade do Estado. "O futuro de um país laico não pode depender das decisões de um cidadão não laico. Você pode crer no que você quiser, mas a partir do momento em que prega 'a palavra', digamos assim, está dizendo ao mundo que sua vida é regida por aquela crença, logo, você não consegue separar uma coisa da outra", escreveu. "Não poderíamos ter no governo alguém com título religioso, porque essa pessoa, antes de me defender, defenderia a sua crença, ou os praticantes daquela crença", acrescentou.
A opinião de Porchat é bem estruturada, tem fundamentos filosóficos profundos. "A religião é uma trava para muitas conversas que precisamos ter para evoluirmos como sociedade. Se alguns querem ficar presos a um livro escrito há quase dois mil anos, que fiquem, mas não me arrastem junto. Alguns dirão que evangélicos, judeus, católicos, enfim, também precisam de alguém que defenda seus direitos. Discordo. Antes de ser umbandista, muçulmano ou espírita, você é uma pessoa, portanto precisa de alguém que defenda o direito das pessoas. Independentemente de sua fé".
Porchat, logo em seu primeiro dia de Record, já demonstrou que será difícil de ser domado. Disse que que, se tudo der errado, ela paga a multa rescisória e vai embora, como fez José Luiz Datena em 2011, mas que não será um Britto Jr., preso a um contrato que permite que a emissora o tire do ar quando bem entender. Constrangido, o vice-presidente artístico da Record, bispo Marcelo Silva, teve que, diante dos jornalistas, afirmar que a fala de Porchat não era a fala da Record.
Anota aí: o bispo terá que dizer isso mais vezes.
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sábado, 9 de maio de 2015
Edson Aran, ex-editor de revistas, fala da crise que desmonta redações...
(do Comunique-se)
"Sexy, Vip, Playboy. Foi depois de editar essas três revistas masculinas, além de outras experiências como jornalista, que Edson Aran decidiu mudar. Desde o ano passado contratado pela Globo, o profissional aposta na carreira de roteirista, sendo, inclusive, um dos responsáveis pela reformulação do 'Zorra Total', que vai ao ar de cara nova neste sábado, 9. A mudança profissional tem motivo: falta perspectiva no mercado. "As empresas jornalísticas não investem mais em bons profissionais. Parece que decidiram se suicidar".
Autor de mais de 10 livros, Aran é um profissional multifacetado e sempre esteve envolvido com humor, principalmente em seu trabalho como cartunista. A mudança em sua vida profissional aconteceu diante da vontade de ter espaço e um convite para atuar como roteirista, área que ele já apostava com sua empresa, a Cão Filósofo Produções. "Não existe mais perspectiva de futuro no jornalismo. Adoro fazer revista e acho uma pena o mercado estar desta maneira, com desmonte de equipes". O jornalista comenta que a crise acontece no mundo inteiro, mas que o Brasil chegou a proporções trágicas. "Parece suicídio. Enquanto o jornalismo estiver entregue às mãos dos marqueteiros, o futuro é naufragar mesmo, não tem outro caminho. Aqui, o jornalismo foi nivelado por baixo. Você lê jornais e revistas e não encontra qualidade de texto e apuração".
LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA VÍDEO DO NOVO "ZORRA" NO COMUNIQUE-SE. CLIQUE AQUI
"Sexy, Vip, Playboy. Foi depois de editar essas três revistas masculinas, além de outras experiências como jornalista, que Edson Aran decidiu mudar. Desde o ano passado contratado pela Globo, o profissional aposta na carreira de roteirista, sendo, inclusive, um dos responsáveis pela reformulação do 'Zorra Total', que vai ao ar de cara nova neste sábado, 9. A mudança profissional tem motivo: falta perspectiva no mercado. "As empresas jornalísticas não investem mais em bons profissionais. Parece que decidiram se suicidar".
Autor de mais de 10 livros, Aran é um profissional multifacetado e sempre esteve envolvido com humor, principalmente em seu trabalho como cartunista. A mudança em sua vida profissional aconteceu diante da vontade de ter espaço e um convite para atuar como roteirista, área que ele já apostava com sua empresa, a Cão Filósofo Produções. "Não existe mais perspectiva de futuro no jornalismo. Adoro fazer revista e acho uma pena o mercado estar desta maneira, com desmonte de equipes". O jornalista comenta que a crise acontece no mundo inteiro, mas que o Brasil chegou a proporções trágicas. "Parece suicídio. Enquanto o jornalismo estiver entregue às mãos dos marqueteiros, o futuro é naufragar mesmo, não tem outro caminho. Aqui, o jornalismo foi nivelado por baixo. Você lê jornais e revistas e não encontra qualidade de texto e apuração".
LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA VÍDEO DO NOVO "ZORRA" NO COMUNIQUE-SE. CLIQUE AQUI
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Charlie Hebdo: o terror contra o humor...
Um dia trágico para a liberdade. Terroristas invadem a redação da revista Charlie Hebdo, em Paris, e metralham jornalistas e chargistas. Doze pessoas foram mortas e outras 20 ficaram feridas no ataque. Os assassinos saíram gritando "Allahu Akbar" (Deus é grande). É o fanatismo religioso como indutor de tragédias e derramamento de sangue e como crescente ameaça, a mais devastadora, à civilização. O humor foi a vítima de hoje, mas o objetivo da ofensiva em curso é claramente a intimidação sem fronteiras e sem limites.
Charlie Hebdo foi criada em 1969. Os tempos eram de rescaldo das manifestações de Maio de 1968. Inicialmente, a revista foi batizada de Hara-Kiri Hebdo. Em 1970, quando morreu De Gaulle, o grande vilão da repressão aos estudantes, os editores brincaram com a notícia. Poucos dias antes um incêndio em uma discoteca resultara em 146 mortos, o Hara-Kiri adotou a fórmula de jornal popular para ironizar o tratamento da mídia ao cobrir os dois acontecimentos e mancheteou: "Baile Trágico em Colombey: um morto". Foi o suficiente para o Ministério do Interior proibir a circulação da HK. Os editores então rebatizaram a revista de Charlie Hebdo, uma homenagem irônica ao falecido. O nome pegou e a publicação sobreviveu até 1981, quando saiu das bancas com problemas de circulação. Voltaria ainda mais crítica em 1992. Seus alvos preferenciais sempre foram a extrema direita, o radicalismo, seja político, islâmico, judaico ou cristão, as instituições financeiras, banqueiros, comportamentos, o moralismo em geral. A grande polêmica estourou em 2006 quando a Charlie Hebdo veiculou na primeira página cartoons de Maomé, que haviam sido publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands Posten. A revista, cuja tiragem média era de 100 mil, vendeu, naquela ocasião, mais de 300 mil exemplares. Desde então, entrou na mira dos terroristas islâmicos. Em 2011, um bomba destruiu a redação.
Entre os mortos na ação terrorista desta trágica manhã em Paris, estão quatro cartunistas: o editor Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; Tignous; e Georges Wolinski. Este, era considerado um dos mitos da contracultura com seu trabalho marcado por política e erotismo. Uma das suas personagens mais famosas, Paulette, foi musa dos quadrinhos do começo dos anos 70. Wolinski, 80 anos, que também atuou no Libération e, em 1968, fundou a revista L'Enragé, sobreviveu às pressões conservadoras, mas, sinal dos tempos, não teve chances diante do terror religioso.
Atualização - Roberto Muggiati, autor de livros e artigos que analisam a contracultura nas décadas 1960/1970, envia algumas observações que merecem registro. "O Charlie - herdeiro do Hara Kiri - adotou o nome porque publicava a tira do Charlie Brown, o Peanuts, nosso Minduim. O nome derivou de uma revista mensal de quadrinho chamada Charles Mensuel, editada por Bernier e Delfiel de Ton, em 1968 (ambos participaram da primeira equipe do Hara-Kiro Hebdo); e, também, claro, era uma gozação em cima do De Gaulle. Um detalhe que a imprensa omitiu e é óbvio para jornalistas. Você jamais encontraria a redação completa a não ser na hora da reunião de pauta, que era o que acontecia ontem ás onze horas. Em outros dias, os cartunistas trabalhavam em casa, quem sabe mandavam suas colaborações por e-mail. Não se tratava de um jornal diário, de redação presente para cada fechamento. Os assassinos tinham informação de dentro, talvez um contínuo amargurado, ou uma faxineira islâmica, quem sabe? O jornal hebdomadário saía às quartas. Chegaram ao local certo na hora certa, sabiam direitinho o que estavam fazendo. No Brasil, um repórter de TV comparou: é como se morressem o Jaguar, o Ziraldo, o Millor e o Henfil... Eu lembro: já o Leon Eliachar (jornalista de humor, frasista, trabalhou na Manchete, Última Hora, autor de livros como "O Homem ao Cubo" e "O Homem ao Quadrado"), nascido no Cairo, morreu assassinado a tiros".
Charlie Hebdo foi criada em 1969. Os tempos eram de rescaldo das manifestações de Maio de 1968. Inicialmente, a revista foi batizada de Hara-Kiri Hebdo. Em 1970, quando morreu De Gaulle, o grande vilão da repressão aos estudantes, os editores brincaram com a notícia. Poucos dias antes um incêndio em uma discoteca resultara em 146 mortos, o Hara-Kiri adotou a fórmula de jornal popular para ironizar o tratamento da mídia ao cobrir os dois acontecimentos e mancheteou: "Baile Trágico em Colombey: um morto". Foi o suficiente para o Ministério do Interior proibir a circulação da HK. Os editores então rebatizaram a revista de Charlie Hebdo, uma homenagem irônica ao falecido. O nome pegou e a publicação sobreviveu até 1981, quando saiu das bancas com problemas de circulação. Voltaria ainda mais crítica em 1992. Seus alvos preferenciais sempre foram a extrema direita, o radicalismo, seja político, islâmico, judaico ou cristão, as instituições financeiras, banqueiros, comportamentos, o moralismo em geral. A grande polêmica estourou em 2006 quando a Charlie Hebdo veiculou na primeira página cartoons de Maomé, que haviam sido publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands Posten. A revista, cuja tiragem média era de 100 mil, vendeu, naquela ocasião, mais de 300 mil exemplares. Desde então, entrou na mira dos terroristas islâmicos. Em 2011, um bomba destruiu a redação.
Paulette, de Wolinski, morto no atentado ao Charlie Hebdo. |
Entre os mortos na ação terrorista desta trágica manhã em Paris, estão quatro cartunistas: o editor Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; Tignous; e Georges Wolinski. Este, era considerado um dos mitos da contracultura com seu trabalho marcado por política e erotismo. Uma das suas personagens mais famosas, Paulette, foi musa dos quadrinhos do começo dos anos 70. Wolinski, 80 anos, que também atuou no Libération e, em 1968, fundou a revista L'Enragé, sobreviveu às pressões conservadoras, mas, sinal dos tempos, não teve chances diante do terror religioso.
Atualização - Roberto Muggiati, autor de livros e artigos que analisam a contracultura nas décadas 1960/1970, envia algumas observações que merecem registro. "O Charlie - herdeiro do Hara Kiri - adotou o nome porque publicava a tira do Charlie Brown, o Peanuts, nosso Minduim. O nome derivou de uma revista mensal de quadrinho chamada Charles Mensuel, editada por Bernier e Delfiel de Ton, em 1968 (ambos participaram da primeira equipe do Hara-Kiro Hebdo); e, também, claro, era uma gozação em cima do De Gaulle. Um detalhe que a imprensa omitiu e é óbvio para jornalistas. Você jamais encontraria a redação completa a não ser na hora da reunião de pauta, que era o que acontecia ontem ás onze horas. Em outros dias, os cartunistas trabalhavam em casa, quem sabe mandavam suas colaborações por e-mail. Não se tratava de um jornal diário, de redação presente para cada fechamento. Os assassinos tinham informação de dentro, talvez um contínuo amargurado, ou uma faxineira islâmica, quem sabe? O jornal hebdomadário saía às quartas. Chegaram ao local certo na hora certa, sabiam direitinho o que estavam fazendo. No Brasil, um repórter de TV comparou: é como se morressem o Jaguar, o Ziraldo, o Millor e o Henfil... Eu lembro: já o Leon Eliachar (jornalista de humor, frasista, trabalhou na Manchete, Última Hora, autor de livros como "O Homem ao Cubo" e "O Homem ao Quadrado"), nascido no Cairo, morreu assassinado a tiros".
O número 1 |
A edição que irritou o governo francês, que a considerou ofensiva a De Gaulle. O então Hara-Kiri foi fechado e voltou como Charlie Hebdo |
O Papa Francisco, em visita ao Rio, não escapou da gozação "pronto para atrair clientes". |
Desastre de avião virou piada para criticar abstenção em eleições |
Jesus revelou suas "mágicas" ao Charlie Hebdo. |
Submissão da França ao sinal verde de Obama também foi criticada |
Um milhão de rabinos em troca da Palestina... |
...profetas na mira dos chargistas ("100 chicotadas se você não morrer de rir") |
Michael Jackson, enfim branco, sem esquecer o detalhe da mão na pélvis... |
Casamento gay é "brega" segundo Charlie Hebdo |
Final feliz.. |
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