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terça-feira, 22 de setembro de 2020

O Projeto Brasil para destruição da Amazônia e do Pantanal



Reproduções Twitter

Se há um projeto que o Brasil está realizando com espantosa e extraordinária competência é o da destruição da Amazônia. 

É uma típica iniciativa público-privada

Acelerou-se dramaticamente, mas teve o seu marco zero no anos 1970. Curiosamente, nas duas pontas, a do começo, naquela época, e a explosão das queimadas e do desmatamento, agora, estão militares. Na primeira etapa, a ditadura assumida; no atual governo, a infiltração fardada que Bolsonaro promove através da farta distribuição de "boquinhas" em todos os escalões do poder. 

Circulam no twitter reproduções de anúncios e reportagens que mostram e exaltam a ofensiva dos governos da ditadura militar para a ocupação da Amazônia. A gorilada no poder temia focos de guerrilhas no imenso e então praticamente inacessível território. A tentativa de instalação de um núcleo revolucionário no Araguaia ligou o alerta para o regime. Aquela guerrilha frágil e incipiente foi logo reprimida, menos com combates e mais com execuções a sangue frio, seguindo-se o projeto de "ocupação" da Amazônia. A Transamazônica,  as vilas rurais, o desmatamento para plantações e projetos agropecuários e de mineração, a represa de Balbina -  que configurou o maior desastre ecológico da época - a tentativa de instalação de fábricas poluentes, como uma, de papel, à beira de rios, tudo isso foi, de forma caótica e desordenada desconstruindo e depredando a floresta. 

O entusiasmo dos empresários, a euforia da mídia e a afluência de "colonizadores" eram exaltados nos jornais, nas revistas e na TV, no programa chapa-branca "Amaral Neto,o Repórter", em forma de anúncios, matéria pagas ou colaborativas distribuídas pela Assessoria de Relações Públicas da ditadura, a famosa AERP. 

Para falar de um tema próprio deste blog, a revista Manchete foi um desses veículos beneficiados, e muito, na divulgação da ocupação da Amazônia. Desde que a Manchete começou a ganhar importância, a partir dos últimos anos da década de 1950, a Amazônia foi um tema recorrente na revista. Foram publicadas centenas de reportagens memoráveis sobre os povos indígenas, os rios e os ribeirinhos, os sertanistas desbravadores e as belezas naturais que, hoje, vistas na coleção digitalizada da revista na Biblioteca Nacional, compõem uma valiosa história da região. Na década de 1970, embora repórteres e fotógrafos abnegados e até apaixonados pela Amazônia continuassem a mostrar e essência da floresta e os riscos que começava a correr, o ecojornalismo da Manchete foi contaminado por interesses comerciais impulsionados pelas verbas do governo e das empresas que disputavam obras na região. A Bloch certamente ganhou dinheiro, mas a submissão ao "Brasil Grande" da ditadura deixou marcas na imagem da revista.

É o que as redes sociais recordam no momento em que a Amazônia arde em fogo.

Por uma questão de justiça, registre-se que após o fim da ditadura a revista voltou à Amazônia (e ao Pantanal, agora também em chamas) com olhar mais crítico. Rios poluídos por mercúrio, ataques de posseiros, fazendeiros e garimpeiros contra índios, fiscais e líderes ambientalistas, como Chico Mendes, ocupação desordenada pelo agronegócio voraz, queimadas e desmatamentos em larga escala foram denunciados pelos repórteres e fotógrafos da Manchete. 

O que acontece nesse momento é. infelizmente, um capítulo ainda mais dramático - apoiado pelo atual governo por omissão, incentivo e ação -, do projeto predatório que o Brasil mantém para a Amazônia. 

Provavelmente até o fim.

domingo, 8 de setembro de 2019

Amazônia ainda na mídia internacional e a gangue das queimadas acima da lei




A mídia internacional enviou equipes para testemunhar no próprio local a destruição da amazônio pelo fogo de fazendeiros, posseiros e garimpeiros. A mídia brasileira aos poucos reduz espaço para o assunto. Nessa semana, apenas a revista Época destaca o problema que persiste e focaliza a gangue que incendeia a mata. Segundo os ambientalistas, setembro é o mês onde tradicionalmente ocorrem mais focos de queimadas. A ver se a mídia nacional vai agir como extintora ou denuncia

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Amazônia: a política do fogo

Nove entre dez matérias sobre as queimadas na Amazônia destacam que "os incêndios sempre existiram".
É verdade, mas isso não os legitima, claro.
Esquecem de dizer que jamais houve queimadas na intensidade atual e com poder tão grande de devastação. Entre outros motivos está o fato de que até uma década atrás parte expressiva das queimadas era realizada por pequenos ou médios agricultores ou pecuaristas em menores áreas. Atualmente, a maioria dos incêndios é corporativa, por trás estão grandes empresas do agronegócio detentoras de latifúndios em expansão em áreas de florestas nativas. Da mesma forma, embora passivos, nenhum governo ou autoridade teve antes ousadia de apoiar em declarações, medidas e estímulo, a destruição da Amazônia. Bolsonaro, sim. E não está sozinho. Como se viu: governadores do Norte estão fechado com o incendiário na devastação da floresta, consideram o fogo algo sazonal, querem mineração sem restrições e garimpos adoidados, mesmo sabendo que não conseguem combater nem mesmo a mercurização mortal dos rios amazônicos. .

sábado, 24 de agosto de 2019

Mídia - O fogo amazônico demorou a chegar à mesa dos editores...

O jornal Folha do Progresso noticiou a decisão dos fazendeiros de botar fogo na Amazônia.
O "Dia do Fogo", em 10 de agosto, foi o gatilho da devastação. A floresta já queimava havia mais de uma semana quando o Brasil e o mundo despertaram para o crime ambiental que corria solto. 

No dia 10 de agosto, fazendeiros celebraram no sudoeste do Pará o "Dia do Fogo". Foi o gatilho para milhares de focos da maior queimada que a Amazônia já sofreu. Cinco dias antes, o jornal paraense Folha do Progresso noticiou que fazendeiros organizavam a "comemoração". O jornal afirmava que o grupo se sentia "estimulado" pelo discurso de Bolsonaro. As queimadas efetivamente começaram em intensidade inédita e a Amazônia queimou quase em silêncio por mais de uma semana.  No dia 19 de agosto, São Paulo escureceu, fotos da cena apocalíptica foram publicadas em jornais de vários países, e a mídia conservadora brasileira despertou. O gravíssimo crime ambiental saiu do campo de decisão dos editores e se espalhou pelo mundo.

A Época estacionou no sequestro na Ponte Rio-Niterói,
bem longe da Amazônia. Mas a versão digital está cobrindo bem
as consequências das queimadas.


A Veja ainda procura nexo em Bolsonaro, quando lógica é tudo o que o
representante da ultra direita demonstra. Tem, por exemplo, um claro projeto ambiental,
destruidor, mas bem coordenado e articulado há mais de seis meses. 

A Istoé especula sobre uma "rebelião" na tropa bolsonariana. Não há novidade nesse front,
outros ensaios de dissidência aconteceram sem abalar os rumos de ultra direita da nave palaciana.
Amazônia não foi capa da versão impressa e, na digital, a revista tentou provar que os incêndios "estão na média dos últimos 15 anos". Para isso, incluiu Mato Grosso e Pará, onde os focos teriam diminuído e "compensado" aumento expressivo
no Estado do Amazonas, onde fica a porção maior da floresta.

Curiosamente, as versões impressas das três revistas semanais brasileiras ainda parecem inebriadas pela fumaça. Veja, Época e Istoé não escalaram o assunto para capa. Alegar prazos de fechamento é inútil. Cada uma delas teve mais de 48 horas, geralmente o prazo estipulado pelas gráficas para imprimir as edições (em casos de fatos relevantes esse limite pode até ser encurtado). Não dimensionar adequadamente um acontecimento mundial foi decisão editorial. Veja, Época e Istoé impressas saem do episódio com algumas queimaduras.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Das cinzas da Amazônia...

* O mundo quer saber como os brasileiros foram capazes de eleger anomalias boçais para governar o país. É preciso explicar aos gringos que Bolsonaro teve cerca de 57,8 milhões de votos, Haddad recebeu 47.038.963 milhões.  Acontece que 21,3% se abstiveram, 5,8% anularam o voto e 1,7% teclaram em branco. Bolsonaro foi eleito por uma minoria de desorientados: teve exatos 57.797.466 contra um total de 89.508.828 de votos em Haddad, brancos, nulos e abstenções. Ou seja, Europa, não generalize, por favor. A maioria dos brasileiros está igualmente indignada com a destruição da Amazônia.

* A coluna de Merval Pereira no Globo, hoje, sobre o fogo na Amazônia, poderia perfeitamente ser assinada por Jair Bolsonaro. Merval cita Pequim e Tóquio como exemplos de cidades poluídas com "chuva negra", o que é uma forma de banalizar os efeitos da devastação da Amazônia. Tática aliás, muito usada por Bolsonaro, quando alega que a Europa também destruiu suas florestas. São argumentos do tipo "lá fora também é assim". Merval afirma que Bolsonaro está certo ao dizer que uma reunião do G7 para tratar das queimadas "evoca mentalidade colonialista". Merval faz acrobacias com estatísticas para afirmar que as queimadas estão próximas da média dos últimos 15 anos. Diz que embora no Amazonas e Rondônia os incêndios tenham aumentado, diminuíram no Mato Grosso e Pará. Esquece de dizer que o estado do Amazonas é o maior do país em extensão territorial e é todo ocupado pela floresta amazônica. Merval diz que "o governo brasileiro não se mostra tão avesso à proteção ambiental. O jornalista ignora o desmonte da fiscalização, coisa que nem o governo esconde, o corte de verbas e a ameaça às reservas e a rejeição a verbas internacionais para conservação da floresta. Nada disso é "retórica". Para não passar vergonha total, o colunista encaixa algumas críticas sob aspectos inegáveis do desastre. Mas se até Bolsonaro está apontando fazendeiros como "culpados" e agora chama as queimadas de "criminosas" não é nada demais. O saldo geral do artigo é governista. Carlos Bolsonaro também deve ter gostado.

* Possibilidades de sanções e boicote comercial ao Brasil estão na mesa há vários meses. O governo Bolsonaro criou essa ameaça. Só agora deu medinho nos ruralistas. Pode ser tarde. Supermercados europeus começam a rejeitar produtos brasileiros, a Finlândia estuda proibir importação de carne brasileira. O divulgação dramática do fogo sobre a Amazônia terá grande impacto entre os consumidores.  Se a crise persistir, resistirão os produtos com selos que atestem que sua produção não implicou em destruição de florestas.

* Mas a crise se agravará se a reação do Brasil for apenas chamar líderes de outros países de "idiotas".

* Retórica também não vai ajudar. O mundo exige medidas efetivas contra os criminosos incendiários. O jogo foi jogado.