sábado, 13 de abril de 2019
sexta-feira, 12 de abril de 2019
Crivella em transe...
Crivella parece a ponto de desabar, tal qual a cidade que ele finge administrar.
Durante coletiva, o prefeito Crivella entrou em surto ao ouvir perguntas da repórter Larissa Schmidt, da Globo, e acusou a TV de fazer "drama com coisas corriqueiras".
Aparentemente tresloucado, o "bispo" empurrou o microfone, afastou a repórter e improvisou um discurso:
- “É impressionante como a Rede Globo de Televisão é absolutamente contra a cidade do Rio de Janeiro. É a televisão que anuncia, o tempo todo, os problemas do Rio, que faz drama sobre coisas corriqueiras que acontecem na nossa vida desde que eu nasci aqui”, disse .
- “O senhor acha que o que aconteceu aqui foi um drama corriqueiro? Perdão prefeito, o senhor acha que o que aconteceu, a pior chuva em últimos 22 anos, foi um drama corriqueiro?”, pergunta Larissa.
ter.
- “Com licença, com licença, vou falar para cá, vou falar para cá”, respondeu Crivella.
- “Com dez pessoas mortas, prefeito, desculpa”, insistiu Larissa.
- “A cidade do Rio de Janeiro... Não, não, não, não vou falar com vocês. Dá licença, é um direito que eu tenho, é um direito que eu tenho. (...) O que a Globo quer é dinheiro na sua propaganda, o que ela quer é que a gente faça uma festa no carnaval e ela possa vender 240 milhões com a prefeitura pagando todo o carnaval”, disse Crivella.
A Globo reagiu em nota:
“A Globo repudia a atitude do prefeito Marcelo Crivella de afastar a repórter Larissa Schmidt dos jornalistas que cumpriam a obrigação de entrevistá-lo. A Globo também repudia a afirmação de Crivella de que a emissora fez drama com coisas corriqueiras na cobertura jornalística do temporal de segunda-feira.,A Globo cobriu uma tragédia que tirou a vida de dez cariocas e cumpriu a obrigação jornalística de mostrar que a prefeitura demorou a acudir a população - um fato reconhecido pelo próprio prefeito, num momento raro de autocrítica. A Globo lamenta também as declarações descabidas de Marcelo Crivella quanto ao carnaval. A Globo compra os direitos de transmissão das escolas de samba e paga um valor seis vezes maior do que aquele que elas recebem de subvenção da Prefeitura. A Globo se solidariza com a repórter Larissa Schmidt e, mais uma vez, com os cariocas, em especial, com as famílias dos mortos na tragédia”.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro também divulgou nota de protesto:
"Cabe a toda e qualquer autoridade atender aos questionamentos da imprensa, que visa esclarecer à população sobre as medidas do poder público. Eventuais atitudes que cerceiem o trabalho das equipes de reportagem comprometem o direito de a população avaliar o trabalho da administração municipal, tanto no que diz respeito aos aspectos positivos, quanto aos negativos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro se solidariza com todos os profissionais de imprensa presentes à entrevista coletiva, que se viram prejudicados com a suspensão repentina da prestação de contas à população carioca, por parte do prefeito Marcelo Crivella." (SJPMRJ)
Para o prefeito, perguntar sobre o trabalho dele, ou a falta de, é ofensa, como mostra o vídeo AQUI
Já viu? O doodle do Google hoje celebra os 100 anos da Bauhaus
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Doodle de hoje no Google |
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O prédio da Bauhaus Dessau, de Walter Gropius |
Ela está nas linhas em concreto do prédio da esquina, na cadeira da sala, na pequena luminária que hoje parece tão comum, nos prédios de Oscar Niemeyer e de Le Corbusier, nas criações de Lina bo Bardi, em Ligia Clark, Hélio Oiticica e Ivan Serpa, pode estar na revista que você folheia e até na cozinha funcional do seu apartamento.
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Cadeira Wassily |
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Luminária Borman |
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Bule Bauhaus, de Marianne Brandt |
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Cozinha de Marcel Breuer |
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A Bauhaus editou uma revista vanguardista que até hoje influencia diagramação, tipologia e artes gráficas em geral. |
A Staatliches Bauhaus, criada por Walter Gropius, foi aberta no dia 12 de abril de 1919. O doodle do Gooogle (a ilustração do dia na capa do site de buscas) celebra o centenário da primeira escola de design do mundo, a oficina que irradiou o Modernismo, apoiada pela República de Weimar. Por lá passaram nomes que revolucionaram a arquitetura, o design, as artes gráficas e a tecnologia durante 14 anos de funcionamento, até 1933 quando foi fechada pelos nazistas que a consideravam um aparelho comunista.
Preste atenção ao voltar hoje para casa. A Bauhaus está no seu caminho.
quinta-feira, 11 de abril de 2019
Protestos na web condenam prisão do ciberativista Julian Assange. Até Pamela Anderson, ex-Baywatch, diz que "Reino Unido virou a puta da América"
Depois de passar sete anos asilado na embaixada do Equador, em Londres, o fundador do Wikileaks, o ativista e jornalista Julian Assange, australiano com cidadania equatoriana, foi preso em Londres.
A polícia britânica entrou na embaixada após ação coordenada com o atual presidente do Equador, Lenin Moreno, que se tornou um fiel seguidor de Donald Trump e apoiador da ofensiva política, militar e neoliberal do governo americano sobre a América do Sul.
Assange está sujeito agora a ser extraditado para os Estados Unidos, que o acusam de hackear e divulgar informações sigilosas do governo americano.
A expectativa é que se confirme a dupla submissão de dois países: o Equador ao retirar o status de asilado e a Inglaterra por agir em nome dos Estados Unidos e, em breve, entregá-lo aos órgãos de segurança americanos.
Assange respondeu a um processo na Suécia, que o acusava de suposta agressão sexual. Ele negou envolvimento com o caso, não foram apresentadas provas. A justiça sueca arquivou o processo por questões legais de prazo. Esse processo era visto como um pretexto para detenção e entrega do ativista à CIA.
O comitê sobre Detenções Arbitrárias da ONU considerou ilegais as várias prisões que o ativista sofreu antes de se refugiar na embaixada.
Para muitos, Julian Assange é um herói do ciberativismo. Ele foi um dos fundadores do Wikileaks, um portal de denúncias e de vazamentos de informações. Em nome da liberdade de expressão e da luta contra censura, recebeu prêmios de veículos como The Economist , revista Time e Le Monde. Graças a ele, crimes de guerra dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque vieram a público. Wikileaks denunciou também a espionagem americana sobre governos aliados.
A prisão de Assange abala um instituto internacional: o do asilo em embaixadas que, a partir de agora, a depender do alvo e da submissão do país que eventualmente abrigue perseguidos, pode ser facilmente revogado, como o Equador e a Inglaterra acabam de demonstrar.
Em dezembro do ano passado, o New York Times revelou que o presidente do Equador negociou com os Estados Unidos a expulsão de Assange em troca de alívio de dívidas. De fato, o Equador assinou recentemente um acordo de mais de 4 bilhões de dólares com o FMI. A reação do presidente do Equador é atribuída a vingança.
O Twitter regista as reação contra a prisão do jornalista. Veja alguns posts:
Fotomemória das enchentes cariocas: a cápsula Gemini V quase naufraga no Rio e jornal compra barco para resgatar jornalistas...
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Cenas cariocas durante as chuvas de 1966: no Passeio Público, a enxurrada ameaçou ou cápsula espacial Gemini V em exposição no Rio , apavorando o engravatado agente americano. |
O Rio vive dias de um caos que se repete ao longo de décadas. Neste 2019, dois elementos que não caíram dos céus - a negligência e falta de iniciativa do prefeito Crivella - foram os agravantes que multiplicaram os efeitos das enchentes. Mas o fato é que no passado e no presente e, pelo jeito, no futuro, as chuvas alagaram, alagam e alagarão a cidade e levaram, levam e levarão para a lama a imagem dos prefeitos e governadores de ocasião. Alguns até mostraram trabalho na contenção de danos - não é o caso de Crivella - mas não foram competentes na ação preventiva.
Em 1966, a redação do Última Hora ficava na Praça da Bandeira, onde durante temporais só se transitava de barco. O transtorno era tão frequente que, segundo matéria da Manchete, a direção do jornal comprou um barco para transportar seus funcionários em dias de enchente e resgatá-los ao fim do expediente.
Também em 1966, a cápsula espacial Gemini V quase naufragou no Rio. A nave que passou sete dias em órbita poucos meses antes, em agosto de 1965, pilotada pelo astronauta Gordon Cooper, estava em exposição no Passeio Público em evento organizado pela embaixada americana. A enxurrada que veio da Lapa e das escarpas de Santa Teresa quase arrastou o veículo da NASA.
terça-feira, 9 de abril de 2019
Serginho, o sobrevivente - O garoto da Manchete que driblou os 80 balaços
Para a mídia, ele é "o sogro".
Para quem trabalhou na Manchete, é o Serginho.
Na tarde de domingo, 7, militares do Exército metralharam um carro nas proximidades do Piscinão de Deodoro, em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro. Soldados teriam confundido o carro que levava uma família com o de bandidos que supostamente circulavam na região. Oitenta tiros, no mínimo, segundo a Polícia Civil, foram disparados; mataram o músico Evaldo dos Santos Rosa e feriram gravemente um homem que se aproximou para socorrer as vítimas da fuzilaria. O Ford Ka levava Luciana, mulher de Evaldo, o filho do casal de sete anos e uma amiga, que não se feriram. No banco do carona estava o padrasto de Luciana, Sérgio Araújo Gonçalves, 51 anos, que foi atingido por dois tiros de fuzil, um deles tendo perfurado o pulmão. Ele está hospitalizado, inspira cuidados, mas não corre risco de morte, segundo boletim médico.
Na manhã de segunda-feira, mensagens no WhatsApp, vindas de colegas da velha Manchete, identificaram "o sogro".
A foto acima, e recortada ao lado, é, provavelmente, de um dia qualquer em 1987. A Manchete preparava a edição especial comemorativa dos 35 anos. Era de lei, nessas ocasiões, incluir uma foto da redação. Nas internas, com sarcasmo, essa foto ficou conhecida como "A Santa Ceia".
Serginho era, na época, um dos auxiliares da equipe, cuidava dos telefones e do"tráfego", como as agências de publicidade denominam a movimentação interna de fotos, material de redação, pastas de pesquisa (no tempo em que não havia Google) etc. Na medida do possível, o prestativo Serginho também era eficiente "assessor especial" para questões bancárias, burocráticas, pagamentos de boletos e, importantíssimo, cuidar da renovação da carteirinha que dava aos privilegiados acesso à tribuna da imprensa do Maracanã, o que, não raro, dependia do seu poder de argumentação.
Serginho trabalhou na Manchete, diretamente com o diretor, Roberto Muggiati, e com o secretário de redação, Alberto Carvalho, durante mais de dez anos.
"O Serginho ainda estava comigo em 1996, quando fui para a "Santa Genoveva" (N.R. a sala do décimo-primeiro andar do prédio do Russell, que abrigava diretores de revistas provisoriamente destituídos da função). Mas não mais quando reassumi a Manchete em novembro de 1997. Acho que foi quando ele partiu para ser motorista autônomo", recorda Muggiati.
Ao Serginho e família, a nossa solidariedade.
Que a Justiça se faça e que esse crime absurdo não permaneça impune como tantos outros.
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Jornalista recebe ameaça de morte...
O repórter Carlos de Lannoy, da Rede Globo, denunciou no Instagram ameaça que recebeu logo após cobrir, no Rio, o caso do fuzilamento, por parte de militares do Exército, de um carro que conduzia uma família. O ataque deixou um morto e dois feridos, um deles em estado grave.
O autor da ameaça é Erik Procópio de Moura, que já foi candidato a vereador Nisia Floresta, no Rio Grande do Norte. Nas redes sociais, o sujeito se diz formado em Direito, se mostra apoiador de Jair Bolsonaro e da ditadura militar, além de admirador de Sérgio Moro. Na mensagem em que deixa clara a ameaça, avisa que o jornalista "assinou sua sentença" e promete que a família "vai pagar".
A Federação Nacional dos Jornalistas levou o caso ao Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. A FENAJ recomenda aos jornalistas que recebam ameaças que procurem suas empresas e o seu sindicato. Além de tentativa de intimidação direta, uma mensagem dessas serve de incentivo a indivíduos igualmente perigosos e no momento disseminados pelo país.
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Quando os presidentes comunicam e se trumbicam - "É a sintaxe, estúpido!"
por Ed Sá
A linguagem dos presidentes já foi bem mais formal. Talvez porque eles se expressassem mais por discursos. Entrevista coletiva nunca foi o forte dos presidentes e ditadores brasileiros. E as exclusivas geralmente eram e são concedidas a jornalistas escolhidos e veículos idem, evitando maiores riscos. Bolsonaro, por exemplo, radicaliza essa seleção e tem promovido um amistoso café da manhã com coleguinhas de "lista amiga" onde ele dá as cartas, além do pão com manteiga, recebe tapinhas nas costas, sorrisos e likes ao vivo.
Mas nada incomoda mais do que as metáforas que os habitantes do Palácio do Planalto incorporam. Parece que há um vírus linguístico entranhado na tapeçaria do gabinete presidencial.
Lula usava e abusava do futebol. "Virar o jogo", "em time que ganha não se mexe", "catimba", "chute na canela" foram expressões usadas por ele ara nomear crises ou os bastidores da política. Em 2010, ao fim do segundo mandato, definiu a situação assim: "Vamos trabalhar para ganhar as eleições. Não é uma eleição fácil. É como time de futebol. Quando o time está ganhando de um a zero, de dois a zero, quando o time está ganhando, recua, não quer mais fazer falta, pênalti, fica só rebatendo a bola. E quem está perdendo vem para cima com tudo, e é com gol de mão, de cabeça, de chute, de canela. Não tem jogo ganho ou fácil"...
Temer era uma espécie de "novo culto", o equivalente de "novo rico", era um ser pronominal, mas tudo nele soava falso. Parecia se homiziar em erudição fast food. Preferia as mesóclises e as citações literárias ou juristas. "Procurarei não errar, mas se o fizer consertá-lo-ei". O capricho na colocação dos pronomes não livrou os problemas: o coronel Lima desconcertou sua biografia cheia de verbas e verbos. No discurso de posse, Temer mandou um "sê-lo-ia" que ecoou no Congresso. Inspirava-se provavelmente em Jânio Quadros, o do famoso "fi-lo porque qui-lo", que, aliás, segundo o professor Sérgio Rodrigues, está errado na segunda ênclise, já que o "porque" deveria atrair o pronome.
Temer também encaixava frases em latim no cipoal de pronomes. Ficou famoso o "verba volant, scripta manent" que ele inseriu em uma carta enviada a Dilma. "As palavras voam, os escritos permanecem", diz a frase. Ironicamente, mensagens escritas e permanecidas no Whatsapp estão entre os elementos do seu indiciamento por corrupção.
Sarney produzia frases rebuscadas. Político escolado, ele elaborava cada declaração como se falasse à posteridade em busca da absolvição da História. Com uma característica: sempre exaltava sua própria figura. Achava-se o máximo, apesar de ter sido um presidente medíocre. “Consultei um futurólogo e ele previu que o Brasil só terá outro presidente nordestino daqui a 1.900 anos. Então, acho que mereço ficar os seis anos (argumento para prorrogar o mandato); “Sou apenas um menino do Maranhão que o destino disse: vai José, ser Presidente” (quando se sentiu ungido pelo destino como um César do Maranhão); "Não me perdoam por ter chegado ao poder passando por cima do cadáver de Tancredo Neves" (usando o falecido para lamentar críticas); "Durante o meu mandato a história se contorceu, mas a democracia não murchou na minha mão" (no dia em que o espírito de Lincoln arrepiou seu bigode épico).
Dilma confundia a nação com seus anacolutos. No trono da República, era rainha na prática de desestruturar frases, eliminar o pé,o tronco e a cabeça de sentenças inteiras. "Quero dizer para vocês que, de fato, Roraima é a capital mais distante de Brasília, mas eu garanto para vocês que essa distância, para nós do Governo Federal, só existe no mapa. E aí eu me considero hoje uma roraimada, roraimada, no que prova que eu estou bem perto de vocês"; "Eu acredito que nós teremos uns Jogos Olímpicos que vai ter uma qualidade totalmente diferente e que vai ser capaz de deixar um legado tanto… porque geralmente as pessoas pensam: 'Ah, o legado é só depois'. Não, vai deixar um legado antes, durante e depois"; "Foi muito, houve uma procura imensa, tinham seis empresas que apresentaram suas propostas, houve um deságio de quase… Foi um pouco mais de 38%, mas eu fico em 38% para ninguém dizer: 'Ah, ela disse que era 38′, mas não é não. É 39, 38 e qualquer coisa ou é 36. 38, eu acho que é 39, mas vou dizer 38". Isso foi Dilma sendo Dilma.
Fernando Henrique se sentou na cadeira de presidente mas nunca deixou a cátedra. Falava com se desse aula. “A barbárie não é somente a covardia do terrorismo mas também a intolerância ou a imposição de políticas unilaterais em escala planetária”; “No candomblé, o mal e o bem coexistem. São irreconciliáveis, mas são eternos. Num momento em que há tantos maniqueístas no mundo, em que as pessoas querem simplificar as coisas – o bem está de um lado, o mal está de outro, uns são formidáveis, outros são horríveis -, o candomblé nos ensina que as coisas são um pouquinho mais complexas"; “Os países podem estar em um processo que, ao mesmo tempo, tenha concentração de renda e diminuição da pobreza"; "Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se" ; "O mundo nunca é maravilhoso para todos, mas há uma similitude efetiva entre um grande período da expansão do capitalismo comercial, da eclosão do Renascimento e das Descobertas -- naquela altura, em que o homem era a medida de todas as coisas, embora não fosse, na verdade, mas como referência passou a ser e é o que está acontecendo hoje em dia".
Apesar da erudição, FHC também dizia coisas como essa: "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata".
Bolsonaro, talvez acometido por algum espírito de quilombola freudiano, relaciona a política a casamentos, namoro, relacionamento, traição etc. Para disseminar seu "bolsonarês, ele tem, como nenhum outro presidente, o alcance das rede social.
Sobre parceria com Paulo Guedes quando ainda candidato"Aîn, estamos namorando"; Sobre desentendimento com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara: "Aîn, isso aí foi briguinha de namorado". Sobre o escritório de representação em Jerusalém e a futura transferência da embaixada do Brasil em Israel: "aîn, todo casamento começa com namoro e noivado".
Frequentemente, a linguagem do Bolsonaro é ofensiva. E esse é um diferencial marcante em relação a presidentes anteriores. "Abraço ´hetero" (em Gabeira), frases racistas e homofóbicas e ofensas às mulheres, aos negros, aos índios pontuaram o vocabulário do atual presidente. "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais"; "eu falei que não ia estuprar você porque você não merece" (para a deputada Mara do Rosário); “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu” (para Preta Gil).
Mas aí não é pra rir, é pra chorar.
A linguagem dos presidentes já foi bem mais formal. Talvez porque eles se expressassem mais por discursos. Entrevista coletiva nunca foi o forte dos presidentes e ditadores brasileiros. E as exclusivas geralmente eram e são concedidas a jornalistas escolhidos e veículos idem, evitando maiores riscos. Bolsonaro, por exemplo, radicaliza essa seleção e tem promovido um amistoso café da manhã com coleguinhas de "lista amiga" onde ele dá as cartas, além do pão com manteiga, recebe tapinhas nas costas, sorrisos e likes ao vivo.
Mas nada incomoda mais do que as metáforas que os habitantes do Palácio do Planalto incorporam. Parece que há um vírus linguístico entranhado na tapeçaria do gabinete presidencial.
Lula usava e abusava do futebol. "Virar o jogo", "em time que ganha não se mexe", "catimba", "chute na canela" foram expressões usadas por ele ara nomear crises ou os bastidores da política. Em 2010, ao fim do segundo mandato, definiu a situação assim: "Vamos trabalhar para ganhar as eleições. Não é uma eleição fácil. É como time de futebol. Quando o time está ganhando de um a zero, de dois a zero, quando o time está ganhando, recua, não quer mais fazer falta, pênalti, fica só rebatendo a bola. E quem está perdendo vem para cima com tudo, e é com gol de mão, de cabeça, de chute, de canela. Não tem jogo ganho ou fácil"...
Temer era uma espécie de "novo culto", o equivalente de "novo rico", era um ser pronominal, mas tudo nele soava falso. Parecia se homiziar em erudição fast food. Preferia as mesóclises e as citações literárias ou juristas. "Procurarei não errar, mas se o fizer consertá-lo-ei". O capricho na colocação dos pronomes não livrou os problemas: o coronel Lima desconcertou sua biografia cheia de verbas e verbos. No discurso de posse, Temer mandou um "sê-lo-ia" que ecoou no Congresso. Inspirava-se provavelmente em Jânio Quadros, o do famoso "fi-lo porque qui-lo", que, aliás, segundo o professor Sérgio Rodrigues, está errado na segunda ênclise, já que o "porque" deveria atrair o pronome.
Temer também encaixava frases em latim no cipoal de pronomes. Ficou famoso o "verba volant, scripta manent" que ele inseriu em uma carta enviada a Dilma. "As palavras voam, os escritos permanecem", diz a frase. Ironicamente, mensagens escritas e permanecidas no Whatsapp estão entre os elementos do seu indiciamento por corrupção.
Sarney produzia frases rebuscadas. Político escolado, ele elaborava cada declaração como se falasse à posteridade em busca da absolvição da História. Com uma característica: sempre exaltava sua própria figura. Achava-se o máximo, apesar de ter sido um presidente medíocre. “Consultei um futurólogo e ele previu que o Brasil só terá outro presidente nordestino daqui a 1.900 anos. Então, acho que mereço ficar os seis anos (argumento para prorrogar o mandato); “Sou apenas um menino do Maranhão que o destino disse: vai José, ser Presidente” (quando se sentiu ungido pelo destino como um César do Maranhão); "Não me perdoam por ter chegado ao poder passando por cima do cadáver de Tancredo Neves" (usando o falecido para lamentar críticas); "Durante o meu mandato a história se contorceu, mas a democracia não murchou na minha mão" (no dia em que o espírito de Lincoln arrepiou seu bigode épico).
Dilma confundia a nação com seus anacolutos. No trono da República, era rainha na prática de desestruturar frases, eliminar o pé,o tronco e a cabeça de sentenças inteiras. "Quero dizer para vocês que, de fato, Roraima é a capital mais distante de Brasília, mas eu garanto para vocês que essa distância, para nós do Governo Federal, só existe no mapa. E aí eu me considero hoje uma roraimada, roraimada, no que prova que eu estou bem perto de vocês"; "Eu acredito que nós teremos uns Jogos Olímpicos que vai ter uma qualidade totalmente diferente e que vai ser capaz de deixar um legado tanto… porque geralmente as pessoas pensam: 'Ah, o legado é só depois'. Não, vai deixar um legado antes, durante e depois"; "Foi muito, houve uma procura imensa, tinham seis empresas que apresentaram suas propostas, houve um deságio de quase… Foi um pouco mais de 38%, mas eu fico em 38% para ninguém dizer: 'Ah, ela disse que era 38′, mas não é não. É 39, 38 e qualquer coisa ou é 36. 38, eu acho que é 39, mas vou dizer 38". Isso foi Dilma sendo Dilma.
Fernando Henrique se sentou na cadeira de presidente mas nunca deixou a cátedra. Falava com se desse aula. “A barbárie não é somente a covardia do terrorismo mas também a intolerância ou a imposição de políticas unilaterais em escala planetária”; “No candomblé, o mal e o bem coexistem. São irreconciliáveis, mas são eternos. Num momento em que há tantos maniqueístas no mundo, em que as pessoas querem simplificar as coisas – o bem está de um lado, o mal está de outro, uns são formidáveis, outros são horríveis -, o candomblé nos ensina que as coisas são um pouquinho mais complexas"; “Os países podem estar em um processo que, ao mesmo tempo, tenha concentração de renda e diminuição da pobreza"; "Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se" ; "O mundo nunca é maravilhoso para todos, mas há uma similitude efetiva entre um grande período da expansão do capitalismo comercial, da eclosão do Renascimento e das Descobertas -- naquela altura, em que o homem era a medida de todas as coisas, embora não fosse, na verdade, mas como referência passou a ser e é o que está acontecendo hoje em dia".
Apesar da erudição, FHC também dizia coisas como essa: "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata".
Bolsonaro, talvez acometido por algum espírito de quilombola freudiano, relaciona a política a casamentos, namoro, relacionamento, traição etc. Para disseminar seu "bolsonarês, ele tem, como nenhum outro presidente, o alcance das rede social.
Sobre parceria com Paulo Guedes quando ainda candidato"Aîn, estamos namorando"; Sobre desentendimento com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara: "Aîn, isso aí foi briguinha de namorado". Sobre o escritório de representação em Jerusalém e a futura transferência da embaixada do Brasil em Israel: "aîn, todo casamento começa com namoro e noivado".
Frequentemente, a linguagem do Bolsonaro é ofensiva. E esse é um diferencial marcante em relação a presidentes anteriores. "Abraço ´hetero" (em Gabeira), frases racistas e homofóbicas e ofensas às mulheres, aos negros, aos índios pontuaram o vocabulário do atual presidente. "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais"; "eu falei que não ia estuprar você porque você não merece" (para a deputada Mara do Rosário); “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu” (para Preta Gil).
Mas aí não é pra rir, é pra chorar.
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domingo, 7 de abril de 2019
O oligarca da mídia mundial....
por Flávio Sépia
A Carta Maior compartilha no Twitter matéria do New York Times sobre os governos que Rupert Murdoch - controlador de uma corporação de mídia global, a News Corp -, ajudou a derrubar no mundo.
À primeira vista, pensa-se no recente golpe que abalou o Brasil. Aparentemente, não mereceu muita atenção do oligarca. A reportagem, embora longa, não cita a terra do pau-brasil. Talvez porque é país mestiço demais para o gosto do Murdoch, que faz parte de uma sociedade que prega a eugenia. O que não o impede de ver com simpatia as ideias do Jair Bolsonaro. Na recente visita aos Estados Unidos, o brasileiro recebe tratamento privilegiado na Fox News, onde deu entrevista exclusiva e ganhou edição favorável.
O australiano que ajudou a plantar alguns governos de direita no mundo, é dono de 789 empresas em 52 países, nos cinco continentes. The Times, New York Post , The Sun, Fox Network, MySpace, 20th Century Fox, Directv, a editora Harper Collins e The Wall Street Journal, entre outros veículos.
O oligarca australiano fez campanha a favor do Brexit. Ele admite publicamente que "odeia" a União Europeia.
Um objetivo declarado de Murdoch é comprar o New York Times, jornal que agora revela todo o alcance do seu nefasto poder conspirador.
Murdoch, que acumula conquistas corporativas e assediou tantos governos, esqueceu de cuidar do seu próprio terreiro. Em 2013, ele descobriu que sua esposa, Wendi Deng, botou-lhe um par de chifres reluzentes. E quem enfeitou a cabeça do oligarca foi ninguém menos do que Tony Blair, ex-primeiro ministro do Reino Unido. Murdoch pediu divórcio após o ex-primeiro ministro invadir seu conglomerado mais íntimo.
sábado, 6 de abril de 2019
O Brasil – acreditem – já foi elegante: pelo menos nos cinco anos em que circulou a revista Senhor • Por Roberto Muggiati
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Cenas cariocas clicadas pela Senhor: Didu Souza Campos, o apanhador no campo de polo.
Fotos: Reproduções Senhor |
A capital do país mudou para o Planalto, mas os cariocas não tomaram conhecimento. Quando surgiu a sigla da construtora de Brasília, Novacap, eles batizaram sua cidade de Belacap – e capital da beleza nacional o Rio continuou sendo, e também da inteligência.
A beleza se media nos badalados concursos de Miss no Maracanãzinho. Já o talento intelectual passava a desfilar na passarela de uma nova revista, lançada há exatos 60 anos, em março de 1959. Sediada no Rio, ela começou com o logotipo SR. – a palavra SENHOR inserida verticalmente na perna do R, e o lema “Uma revista para o senhor". Seu modelo era mais a intelectualizada Esquire do que a Playboy, que estourava nas bancas dos EUA com suas louraças peladas. Senhor tratava de elegância, etiqueta, política, economia e literatura (publicando contos e crônicas), mas não deixava de ter um olho arregalado também para mulher bonita, embora não exibisse corpos nus como alcatra num açougue, A praia da Senhor (o logotipo passou a aparecer por extenso a partir de abril de 1960) era o bom gosto e a sofisticação. Formulava um estilo de vida para o novo homem brasileiro que emergia do desenvolvimentismo de JK.
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Walter e Elisinha Moreira Salles na SR. |
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O Melhor da SR revisitado em 2012 |
Eram tempos vibrantes: bossa nova, cinema novo, Sputnik, beats, cool jazz, revolução cubana – e, claro, revolução sexual. Todos esses temas encontravam espaço nas páginas da Senhor. O aquecimento do mercado garantia um respaldo publicitário para manter a Senhor nas bancas todo mês, com anúncios de moda, bebidas, cigarros, automóveis, eletrodomésticos, aparelhos de som, linhas aéreas. Foi uma bela aventura jornalística e cultural que durou até janeiro de 1964, um total de 59 edições, que tiveram sua memória resgatada em 2012 pela antologia facsimilar O Melhor da SR, ideia e coordenação de Maria Amélia Mello, organização de Ruy Castro (520 páginas, incluindo o suplemento SR. Uma senhora revista, Imprensa Oficial de São Paulo).
Revejo com satisfação e – por que não? – orgulho, minha assinatura no ensaio em página dupla “Os Moralistas Corruptores”, que a Senhor publicou em outubro de 1962, quando eu já estava em Londres, trabalhando no Serviço Brasileiro da BBC.
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Rebolado segundo José Ramos Tinhorão |
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Senhor, agosto de 1961 |
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Vinicius fala de poesia com Antonio Maria |
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Garrincha no ultimo número, janeiro de 1964. A foto de Alberto Ferreira foi Prêmio Esso. |
Lembro meu primeiro contato com a equipe – estelar, mas simpática e acessível. Reynaldo Jardim, mestre da diagramação que criou os revolucionários espaços em branco no Jornal do Brasil; a sofisticada Bea Feitler, na flor dos seus 21 anos, que depois iria brilhar em Nova York como chefe de arte nas revistas Harper’s Bazaar, Vanity Fair e Rolling Stone; Nahum Sirotsky, um dos primeiros diretores da Manchete; Cláudio Mello e Souza, poeta neoconcreto, recém-batizado por Nelson Rodrigues de “o remador do Ben-Hur” (o filme fora lançado naquele mesmo ano da Senhor); Luiz Lobo, um dos melhores textos de nossa imprensa; Ana Arruda, sua contrapartida feminina. Cito aqueles que frequentavam a redação e que conheci pessoalmente. Os colaboradores eram uma plêiade que fez história na cultura brasileira: Manuel Bandeira (O biquíni é casto), Drummond, Clarice Lispector, os Antônios (Callado e Maria), os Ottos (Lara Resende e Maria Carpeaux), Ferreira Gullar, Millôr Fernandes, Rubem Braga, Tom, Vinicius e por aí vai. Foi na Senhor que Jorge Amado publicou em primeira mão a novela “A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Agua”; e Guimarães Rosa o conto "Meu Tio, o Iauaretê”.
O aspecto visual da revista marcou época, criado com ousadia por artistas plásticos como Carlos Scliar, Darel e Glauco Rodrigues, pelos cartunistas Claudius e Jaguar e por fotógrafos como Armando Rozario, Flávio Damm e Fulvio Roiter.
Eu estava no Rio em 1960 quando Jorge Amado organizou o Festival do Escritor. Jean-Paul Sartre lançou o livro Furacão sobre Cuba e passei horas agradáveis na fila quilométrica dos autógrafos em companhia dos novos amigos da Senhor. Um ingênuo perguntou a Sartre quando ele escreveria sobre o Brasil. “Façam primeiro sua revolução” – disparou o escritor. O Festival Sartre & Simone no Brasil durou mais de dois meses. Meu professor de filosofia em Curitiba, Fausto Castilho, conseguiu convencer Sartre – que proclamara em 1955 “Não pode haver mais filósofos neste momento” – a falar especificamente sobre filosofia na famosa Conferência de Araraquara.
Na palestra do autor de A Náusea, na Faculdade Nacional de Filosofia e Letras, no Rio, quem roubou o show foi um colaborador da Senhor (e depois da Manchete), o romancista Carlos Heitor Cony, que provocou Sartre com a pergunta: “Por que o senhor não se suicidou aos 35 anos?” Referia-se a um conceito que o escritor defendera em seus romances. Sartre fuzilou Cony com seu olhar zarolho, mas deu uma resposta ponderada e filosófica. Pouco antes de morrer, falando sobre a revista, Cony lembrou: “Eu trabalhava no Correio da Manhã, um jornal sério. Na Senhor tinha mais liberdade para escrever. Foi uma época que me deixou muita saudade."
Não só você, Cony: a Senhor deixou saudades nas dezenas de jornalistas que passaram por suas páginas brilhantes.
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Gervásio Baptista (1923-2019): uma vida dedicada à fotografia
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Foto José Cruz/Agência Brasil |
A Agência Brasil acaba de noticiar a morte de Gervásio Baptista, aos 95 anos, em Brasília. Nos últimos anos, Gervásio morava no Espaço Sênior, no Bairro de Vicente Pires, no Distrito Federal. Frequentemente era visitado pelos amigos fotógrafos Hermínio Oliveira, Sérgio Lima, André Dusek, Eugênio Novaes, Marcello Casal, entre outros. A informação foi confirmada pelo filho Júlio Baptista. Ícone do fotojornalismo brasileiro, Gervásio captou com suas lentes, para a Manchete, a famosa foto de Juscelino Kubitschek acenando com a cartola para o povo na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960. A família aguarda a chegada da filha de Gervásio, Selma Baptista, que estava em Madri, para definir detalhes sobre o velório. A cerimônia deve ocorrer na capital federal, no Cemitério Campo da Esperança. Em seguida, o corpo será cremado e as cinzas serão levadas ao Rio de Janeiro para serem espalhadas na Baía de Guanabara.“Ele manifestou em vida que fizéssemos os mesmos procedimentos que fizemos com minha mãe”, contou o filho. “A ficha ainda não caiu. Mesmo que eu já viesse me preparando há tanto, tanto tempo. Ouvia ele dizer que já estava cansado, que queria muito partir. A gente acha que está preparado, mas, quando a coisa acontece, a gente vê que não estava.” (por Agência Brasil)
Fotografia: ensaio mostra o sufoco dos passageiros do metrô de Tóquio. Não é por nada não, mas os japoneses compraram a Supervia...
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Reprodução BBC/Brasil (link abaixo) |
Há até batalhões de funcionários destacados para empurrar os usuários trem adentro.
O sistema transporta 6,2 milhões de pessoas por dia. A empresa proprietária admite que toda a capacidade é utilizada. Alguns passageiros diriam que a superlotação dos trens indica que essa capacidade é ultrapassada além dos níveis civilizados. Para a empresa, a regra tradicional é extrapolar a capacidade em nome do lucro.
O fotógrafo alemão Michael Wolf registrou em um ensaio chamado Tokio Compression o sufoco dos japoneses na ida e volta para o trabalho, espremidos e contorcidos contra janelas. Em algumas fotos, uma condensação acrescenta dramatismo às imagens. É produto da respiração e do suor dos passageiros.
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Reprodução BBC Barsil (link ao lado) |
A BBC Brasil publicou há algum tempo uma boa matéria com as fotos e as impressões de Michael Wolf.
A propósito, os japoneses acabam de comprar a Supervia, a empresa que opera os trens suburbanos no Rio de Janeiro.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA FOTOS MICHAEL WOLF NA BBC BRASIL, AQUI
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Do Jornalistas & Cia: Roberto Canázio estreia dia 15/4 na Rádio SulAmérica Paradiso
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Reprodução Jornalistas & Cia |
O comunicador Roberto Canázio deixa a Rádio Globo, depois de 12 anos, e se prepara para estrear o programa "Manhã Paradiso" na Paradiso FM. A notícia está no Jornalistas & Cia.
Quando trabalhava na Rádio Manchete, o boa praça Canázio era a voz oficial dos comerciais da revista Manchete, que semanalmente divulgavam o conteúdo da edição. Foi ele quem popularizou o famoso e exclusivo slogan da revista "Aconteceu, virou Manchete". Para ouvir Canázio, sintonize 95,7 FM a partir do dia 15 de abril, das 8h às 10h.
Memória da redação: quando a fotógrafa Annie Leibovitz fez um frila para a capa da Manchete
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Jerry Hall na capa da Manchete, fotografada por Annie Leibovitz |
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Nas páginas internas, entrevistada por Daisy Prétola, com fotos de Carlos Humberto TDC. Reproduções. |
Ao chegar à suíte do Copacabana Palace, no Rio, em 1984, para uma entrevista com a modelo Jerry Hall, a jornalista Daisy Prétola, da Manchete, admirou-se ao ser recebida pelo próprio Mick Jagger, sorridente, falando português.
Quando o fotógrafo Carlos Humberto TDC concluiu a sessão, eis que chega uma outra equipe, comandada por uma mulher, dando ordens em inglês para todo o seu grupo. Ia também fotografar Jerry Hall.
Enquanto a modelo se preparava para posar, a fotógrafa se dirigiu a Daisy Prétola e perguntou se a Manchete não gostaria que ela mesma fizesse as fotos de capa. Prontificava-se também a fazer a produção das fotos e não cobraria nada.
Foi feita a proposta ao diretor da revista, Roberto Muggiati, que quis saber quem era a tão "prestimosa" fotógrafa.
Era Annie Leibovitz, já famosa mundialmente, foram dela as últimas fotos de John Lennon, em 1980, pouco antes do assassinato do beatle. Ela estava no Brasil exclusivamente para trabalhos com Jerry Hall, para as revistas Vogue e Vanity Fair, e com Mick Jagger para a Rolling Stone.
Annie Leibovitz pedia apenas que a revista pagasse a revelação de todo o material em um laboratório especificado por ela.
E assim foi feito. E a capa está lá na edição 1.706 da Manchete.
(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata).
Leitura Dinâmica - Tchutchucas, Neymar fecha com Debi e Loide, vovó sentou, Temer e Moreira (não deu match na madruga)...
por Ed Sá
* Queimou o filme - A imagem de Neymar na França e Espanha já não é lá essas coisas. E não vai melhorar com o último episódio em que se envolveu gratuitamente. Ao trocar mensagens com Debi e Loide (Netanyahu, atualmente processado por corrupção, e com Bolsonaro, visto na Europa como fascista), o brasileiro importou para as arquibancadas do PSG, onde não raro é vaiado, mais uma animosidade.
* "Tô fora" - A propósito, é fake news o rumor de que o Jesus ou o Messias evitaram baixar à Terra Santa no começo dessa semana para não sofrer o vexame de ser recebido pela dupla Bolsonaro-Netanyahu.
* República das tchutchucas - O deputado Zeca Dirceu foi injusto ao dizer que Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, é "tigrão" com aposentados, agricultores e professores e"tchutchuca" com os privilegiados e"amigos banqueiros'. Injusto porque não é só o Guedes. O governo todo é "tchutchuca" carinhosa dos banqueiros, dos madeireiros, dos latifundiários, dos olavistas, dos militares, dos grandes empresários, dos fabricantes de armas, de Trump, de Netanyahu, da CIA, do Queiroz, dos terraplanistas, dos criacionistas, do Steve Bannon...
* O Posto Ipiranga virou tchutchuca - Irritado por ser chamado de 'tchutchuca", o "tchutchuca' Paulo Guedes xingou a mãe do deputado em rede nacional. Até aí, normal, sempre sobra para as mães nessa hora, mas o ministro resolveu incluir na praga a "vó". "Tchutchuca é a mãe, é a vó". Avós também são mães, claro, mas costumam ser poupadas no destempero popular, tanto que existe a expressão "filho da puta", mas não o xingamento "neto da puta".
* "Senta aqui vovó" - Já que a palavra "tchutchuca" entrou nos trend topics, vale relembrar a letra do "Bonde do Tigrão": "Vem tchutchuca linda/Senta aqui com seu pretinho/Vou te pegar no colo/E fazer muito carinho/Eu quero um rala quente/Para te satisfazer/Escute o refrão/É do jeitinho q eu vou fazer/Vem, vem/Tchutchuca/Vem aqui pro seu Tigrão/Vou te jogar na cama/E te dá muita pressão!"
*"Conje" na rede - Moro acaba de abrir uma conta própria no Twitter (@SF_Moro). Antes, só a mulher dele, a "conje", como ele prefere denominar, atuava nas redes sociais.
* Não deu match na madrugada - Segundo a Veja, a Operação Lava Jato entregou ao Tribunal Regional Federal da 2ª (TRF2) transcrição de rápido diálogo que Michel Temer e Moreira Franco tiveram via WhatsApp, em plena madrugada, horas antes de serem presos. Temer digitou: "Estás acordado?". Moreira prefere telefonar de volta. Temer não atende e o parça digita: “Sim. Liguei, mas vc não atendeu". A PF avalia que a conversinha é indício de que Temer foi informado da ordem de prisão. Talvez não, vai ver Temer queria comentar o filme que estava vendo no Netflix.
*Dentro, Temer - Temer, aliás, que nunca foi bom de voto, continua péssimo em pesquisas de opinião. Depois de deixar o governo com 2% de aprovação, agora vê que, de acordo com enquete do Atlas Político, 87% dos brasileiros o querem atrás das grades.
* Com os cumprimentos de Ghiggia - O Flamengo perdeu do Peñarol, do Uruguai, por 1x0. O jogo foi no Maracanã. O detalhe é que o gol dos uruguaios foi na chamada "trave de Barbosa" ou "gol do Barbosa", onde Giggia decretou o fatídico 2x1 que tirou do Brasil a Copa de 50. Ghiggia, aliás, foi jogador do Peñarol. Ontem Viatri, autor do gol, foi o carrasco do Flamengo. Maracanã é terreno paranormal do vizinho do Sul.
* Deu ruim - No mais, como diz o escritor moçambicano Mia Couto sobre a expansão da ciranda financeira e o aumento da concentração de renda, "em vez de riquezas estamos produzindo ricos".
* Queimou o filme - A imagem de Neymar na França e Espanha já não é lá essas coisas. E não vai melhorar com o último episódio em que se envolveu gratuitamente. Ao trocar mensagens com Debi e Loide (Netanyahu, atualmente processado por corrupção, e com Bolsonaro, visto na Europa como fascista), o brasileiro importou para as arquibancadas do PSG, onde não raro é vaiado, mais uma animosidade.
* "Tô fora" - A propósito, é fake news o rumor de que o Jesus ou o Messias evitaram baixar à Terra Santa no começo dessa semana para não sofrer o vexame de ser recebido pela dupla Bolsonaro-Netanyahu.
* República das tchutchucas - O deputado Zeca Dirceu foi injusto ao dizer que Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, é "tigrão" com aposentados, agricultores e professores e"tchutchuca" com os privilegiados e"amigos banqueiros'. Injusto porque não é só o Guedes. O governo todo é "tchutchuca" carinhosa dos banqueiros, dos madeireiros, dos latifundiários, dos olavistas, dos militares, dos grandes empresários, dos fabricantes de armas, de Trump, de Netanyahu, da CIA, do Queiroz, dos terraplanistas, dos criacionistas, do Steve Bannon...
* O Posto Ipiranga virou tchutchuca - Irritado por ser chamado de 'tchutchuca", o "tchutchuca' Paulo Guedes xingou a mãe do deputado em rede nacional. Até aí, normal, sempre sobra para as mães nessa hora, mas o ministro resolveu incluir na praga a "vó". "Tchutchuca é a mãe, é a vó". Avós também são mães, claro, mas costumam ser poupadas no destempero popular, tanto que existe a expressão "filho da puta", mas não o xingamento "neto da puta".
* "Senta aqui vovó" - Já que a palavra "tchutchuca" entrou nos trend topics, vale relembrar a letra do "Bonde do Tigrão": "Vem tchutchuca linda/Senta aqui com seu pretinho/Vou te pegar no colo/E fazer muito carinho/Eu quero um rala quente/Para te satisfazer/Escute o refrão/É do jeitinho q eu vou fazer/Vem, vem/Tchutchuca/Vem aqui pro seu Tigrão/Vou te jogar na cama/E te dá muita pressão!"
*"Conje" na rede - Moro acaba de abrir uma conta própria no Twitter (@SF_Moro). Antes, só a mulher dele, a "conje", como ele prefere denominar, atuava nas redes sociais.
* Não deu match na madrugada - Segundo a Veja, a Operação Lava Jato entregou ao Tribunal Regional Federal da 2ª (TRF2) transcrição de rápido diálogo que Michel Temer e Moreira Franco tiveram via WhatsApp, em plena madrugada, horas antes de serem presos. Temer digitou: "Estás acordado?". Moreira prefere telefonar de volta. Temer não atende e o parça digita: “Sim. Liguei, mas vc não atendeu". A PF avalia que a conversinha é indício de que Temer foi informado da ordem de prisão. Talvez não, vai ver Temer queria comentar o filme que estava vendo no Netflix.
*Dentro, Temer - Temer, aliás, que nunca foi bom de voto, continua péssimo em pesquisas de opinião. Depois de deixar o governo com 2% de aprovação, agora vê que, de acordo com enquete do Atlas Político, 87% dos brasileiros o querem atrás das grades.
* Com os cumprimentos de Ghiggia - O Flamengo perdeu do Peñarol, do Uruguai, por 1x0. O jogo foi no Maracanã. O detalhe é que o gol dos uruguaios foi na chamada "trave de Barbosa" ou "gol do Barbosa", onde Giggia decretou o fatídico 2x1 que tirou do Brasil a Copa de 50. Ghiggia, aliás, foi jogador do Peñarol. Ontem Viatri, autor do gol, foi o carrasco do Flamengo. Maracanã é terreno paranormal do vizinho do Sul.
* Deu ruim - No mais, como diz o escritor moçambicano Mia Couto sobre a expansão da ciranda financeira e o aumento da concentração de renda, "em vez de riquezas estamos produzindo ricos".
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Vale faz "barragem" suíça para não pagar impostos...
Você já sabe que a Vale faz mal à saúde, provoca mortes e emporcalha o meio ambiente. O que você não sabia e o Instituto de Justiça Fiscal descobriu é que a empresa usou uma manobra comercial para deixar de pagar R$ 23 bilhões em impostos nas exportações de minério entre 2009 e 2015. É o que mostra matéria do repórter Eduardo Militão, do UOL.
LEIA AQUI
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Juliana Paes é o meio e a mensagem...
por Ed Sá
Juliana Paes publicou essa foto no Instagram, ontem. O post promove a linha de lingerie da atriz na marca Triumph. Em poucas horas recebeu quase 450 mil curtidas. Um impacto desse, imenso e imediato, explica porque veículos tradicionais há muito já perderam publicidade para as redes sociais.
Dá para encarar? Além das curvas, Juliana tem 17,5 milhões de seguidores.
The Face impressa volta para combater a síndrome da ansiedade provocada por redes sociais
por Jean-Paul Lagarride
Fechamento de revista tem sido uma rotina. Por isso, salve, chegou a vez de noticiar a ressurreição de uma publicação.
The Face, que foi inicialmente especializada em música, tornou-se veículo de interesse geral, cultura, comportamento, política e moda e marcou gerações. Circulou de maio de 1980 a maio de 2004.
Ela volta aos poucos. Inicialmente, terá uma conta no Instagram. Em duas semanas, o website será ativado. Em julho sairá a primeira edição impressa, agora com periodicidade trimestral.
A ideia é ser uma boia de salvação contra a extrema ansiedade do tempo real digital. “Queremos formar um espaço em que as pessoas possam desacelerar e ter perspectiva sobre o que está acontecendo", diz o editor Stuart Brumfitt.
Fechamento de revista tem sido uma rotina. Por isso, salve, chegou a vez de noticiar a ressurreição de uma publicação.
The Face, que foi inicialmente especializada em música, tornou-se veículo de interesse geral, cultura, comportamento, política e moda e marcou gerações. Circulou de maio de 1980 a maio de 2004.
Ela volta aos poucos. Inicialmente, terá uma conta no Instagram. Em duas semanas, o website será ativado. Em julho sairá a primeira edição impressa, agora com periodicidade trimestral.
A ideia é ser uma boia de salvação contra a extrema ansiedade do tempo real digital. “Queremos formar um espaço em que as pessoas possam desacelerar e ter perspectiva sobre o que está acontecendo", diz o editor Stuart Brumfitt.
A guerra que revolucionou o fotojornalismo de combate
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Guerra Civil Espanhola - Em apoio aos fascistas, aviação alemã e italiana bombardeia Bilbao. Foto de Robert Capa/International Center of Photography. |
A Guerra Civil Espanhola terminou oficialmente no dia 1° de abril de 1939. Com a derrota dos Republicanos, e com o último tiro disparado em Madri, o ambiente político da Europa não mudou muito. Mas o fotojornalismo jamais seria o mesmo. Na linha de frente, Robert Capa revolucionou a fotografia de guerra. É o que diz o site da Magnum - agência que ele fundou ao lado de Cartier Bresson e outros fotógrafos - a propósito dos 80 anos do fim do conflito na Espanha. Aquela aliança vitoriosa entre fascistas e nazistas fez da Espanha o laboratório para ensaio totalitário que gestou a Segunda Guerra Mundial, que começou cinco meses depois e logo levaria Capa de volta ao front.
E, sim, fascistas e nazistas eram de direita. No caso, a História é a agência de checagem que desmascara Bolsonaro, o militar aposentado que caiu no ridículo mundial ao afirmar em Israel que o nazismo é ideologia de esquerda.
VEJA AS FOTOS DE ROBERT CAPA NO SITE DA AGÊNCIA MAGNUM, AQUI
terça-feira, 2 de abril de 2019
Publimemória: quando ser sócio de vídeo clube era sinal de status...
por Ed Sá
O streaming era futuro, a Netflix nem ficção era.
A Sharp lançou em 1982 o primeiro vídeo cassete brasileiro. Não estava ao alcance de muitos: custava cerca de 390 mil cruzeiros, moeda da época. Uma fita virgem, Basf ou Maxell custava entre 7 mil e 10 mil cruzeiros (em maio de 1982, o salário mínimo foi reajustado para Cr$ 16.608,00).
A campanha da Sharp, acima - anúncio publicado na Manchete três anos depois, em 1985 -, oferecia algo mais. Quem comprasse um aparelho podia ser tornar sócio do Vídeo Clube do Brasil que tinha lojas em 50 cidades. Esse tipo de clube emitia até carteirinha de associado. Dava um certo status. Adquirir um vídeo cassete implicava em adotar um rotina que as novas gerações nem imaginam: ir a uma locadora escolher os filmes para ver no fim de semana. Esse programa era mais obrigatório do que ir à missa. O feliz proprietário da nova mídia gastava alguns minutos percorrendo estantes repletas de filmes, invariavelmente ouvia sugestões e dicas do freguês ao lado. Escolhia alguns, comprava pipoca e cerveja e garantia um novo lazer. Quem esquecesse de rebobinar a fita ao fim da sessão doméstica pagava uma multa ao devolver o filme.
Todo esse ritual agora se resume a um clique. Gastava-se uma hora nesse brincadeira. Hoje, só o tempo de carregamento do filme. Se a conexão for boa, menos de um segundo.
10 perguntas sem respostas...
por O. V. Pochê
1) Quem mandou matar Marielle?
2) Onde estudaram os engenheiros que fazem as barragens da Vale?
3) Quem mandou fazer o vídeo pró-golpe divulgado pelo Palácio do Planalto?
4) Contra o disse-e-não-disse de Bolsonaro não está na hora de instalar o VAR para tira-teima?
5) Um bom nome para dirigir o "escritório comercial" do Brasil em Jerusalém não seria o Queiroz? Ele entende de negócios.
6) O Ibope já pode fechar? O ministro Barroso, do STF, diz que sabe ouvir os "anseios da sociedade". O homem é um instituto de pesquisas ambulante.
7) Corromper a língua portuguesa é crime? Falar "conje" é motivo de demissão de um ministro da "Justissa"?
8) Católicos da Polônia queimam livros de Harry Potter. Revistas pornôs de padres pedófilos escaparam da fogueira?
9) Você fica mais rico quando a Bolsa sobe? Você é liberado de pagar boletos quando a Bolsa cai? O banco alivia seus juros do cartão quando o mercado financeiro ultrapassa o recorde dos 100 pontos? Então por que bater palmas para a Globo News quando a comentarista anuncia feliz que a Bolsa tá de boa?
10) O que é mais bizarro? Ser Olavo de Carvalho ou ser aluno de Olavo de Carvalho?
1) Quem mandou matar Marielle?
2) Onde estudaram os engenheiros que fazem as barragens da Vale?
3) Quem mandou fazer o vídeo pró-golpe divulgado pelo Palácio do Planalto?
4) Contra o disse-e-não-disse de Bolsonaro não está na hora de instalar o VAR para tira-teima?
5) Um bom nome para dirigir o "escritório comercial" do Brasil em Jerusalém não seria o Queiroz? Ele entende de negócios.
6) O Ibope já pode fechar? O ministro Barroso, do STF, diz que sabe ouvir os "anseios da sociedade". O homem é um instituto de pesquisas ambulante.
7) Corromper a língua portuguesa é crime? Falar "conje" é motivo de demissão de um ministro da "Justissa"?
8) Católicos da Polônia queimam livros de Harry Potter. Revistas pornôs de padres pedófilos escaparam da fogueira?
9) Você fica mais rico quando a Bolsa sobe? Você é liberado de pagar boletos quando a Bolsa cai? O banco alivia seus juros do cartão quando o mercado financeiro ultrapassa o recorde dos 100 pontos? Então por que bater palmas para a Globo News quando a comentarista anuncia feliz que a Bolsa tá de boa?
10) O que é mais bizarro? Ser Olavo de Carvalho ou ser aluno de Olavo de Carvalho?
Futebol celebra a Democracia. Diretoria do Flamengo faz gol contra
No jogo da Democracia, alguns clubes de futebol do Brasil e da Argentina bateram um bolão na última semana
Aqui, foram poucos mas representativos. Apenas Corinthians, Bahia e Vasco da Gama postaram em suas redes no dia 31 de março - data que marcou os 55 anos do golpe de 1964 e da ditadura que se seguiu perseguindo, sequestrando, torturando e assassinando brasileiros - mensagens contra o autoritarismo e pelas liberdades democráticas.
A Argentina celebrou o Dia Nacional Pela Memórias, Liberdade e Justiça. No país que também sofreu ditadura sangrenta, muitos clubes fizeram manifestações alusivas à Democracia. "Nunca mais", assinalaram os torcedores, condenando a opressão.
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Nota oficial do Flamengo |
No Rio, o Flamengo foi a dissidência anti-democrática. A diretoria, não uma parte da sua torcida. No último domingo, rubro-negros fizeram na sede de remo uma homenagem a Stuart Angel, ex-remador do clube. Filho da estilista Zuzu Angel, Stuart foi preso, torturado e assassinado no Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, em 1971. O jovem, então com 25 anos, foi amarrado a um veículo, com a boca colada ao cano de escapamento e arrastado até à morte no pátio do quartel. Anos depois, outros presos, além de ex-soldados que testemunharam a sessão de tortura, denunciaram a crueldade. Incomodada com a homenagem a Stuart Angel, a diretoria do Flamengo divulgou nota condenando o gesto dos torcedores. Nas redes, os internautas, incluindo rubro-negros reagiram contra o posicionamento dos cartolas. O mais curioso é que a nota oficial publicada no site do Flamengo tem na página os logotipos de patrocinadores. As marcas também assinam a nota? Estão incluídos entre os apoiadores a estatal Eletrobras, o Governo do Rio de Janeiro, Lei do Incentivo ao Esporte, Ministério da Cidadania, e o "Patria amada Brasil" do governo Bolsonaro. Ah, bom.
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Vasco
segunda-feira, 1 de abril de 2019
"Furacão Anitta": biografia não autorizada nem desautorizada...
por Ed Sá
Leo Dias, do jornal O Dia, colunista de celebridades e apresentador do programa "Fofocalizando", do SBT, acaba de lançar a biografia "Furacão Anitta" (Agir), apresentada como "não autorizada".
O livro amplia a frente do reporting-book para figuras famosas e populares e também inaugura um gênero que seria o da "biografia não autorizada mas aprovada". Segundo o próprio autor, "Furacão Anitta" é "uma homenagem" à cantora. "Não estou aqui para deturpar a imagem da protagonista do livro. Ela é a heroína da própria história", disse ele em entrevista ao UOL.
O autor e a cantora são amigos - os muitos elogios deixam isso bem claro - e é bem possível que trechos tidos como polêmicos tenham recebido o OK da musa do autor.
Com a crise das revistas impressas especializadas em celebridades, livros como esse atendem a um público que não tem em sites e redes sociais tanto volume de dados sobre a vida dos seus ídolos.
O gênero de biografias não autorizadas surgiu no Estados Unidos e tem como característica o tratamento literário-jornalístico de informações exaustivamente levantadas sobre o biografado.
Geralmente, quando bem feitas, vendem mais do que aquelas escritas pelos próprios personagens exatamente porque contam tudo aquilo o que a celebridade gostaria de esconder. Não necessariamente difamam - até porque o risco de processos nos Estados Unidos, país que tem mais advogados do que leitores, é alto -, mas levantam fatos preferencialmente comprovados que nem sempre afagam egos dos biografados.
No caso do "Furacão Anitta, os fãs, publico-alvo, podem ficar tranquilos: o livro é de admirador para admiradores da cantora.
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